segunda-feira, 31 de maio de 2021

"Blended beautifully with the old"

Send your clients to the new macao - Blended beautifully with the old
Come for the day - Or come and stay 
For Our New Color Folders Write
Macao
Centro de Informação e Turismo
A fachada da igreja Mater Dei (ruínas de S. Paulo) ilustram este anúncio de 1962 do Centro de Informação e Turismo de Macau cuja tradução pode ser esta:
"Envie seus clientes para o novo Macau - Numa graciosa fusão com o antigo. Venha por apenas um dia ou venha e fique. Obtenha os novos prospectos turísticos a cores escrevendo para "Macao - Centro de Informação e Turismo".
Ao que tudo indica a publicidade era dirigida aos profissionais do sector turístico.

domingo, 30 de maio de 2021

"Sparking Development of the New Macao"

"Sparking Development of the New Macao" / "Estimulando o Desenvolvimento do Novo Macau" é o mote deste anúncio de 1962 da STDM, empresa que acabara de ganhar o exclusivo da concessão dos jogos de fortuna e azar em Macau.

O anúncio é muito curioso por diversos motivos. O primeiro hotel que se refere ("luxuoso" com 32 quartos) é o hotel Estoril, junto à piscina (referência às piscinas municipais inauguradas na década 1950); o segundo hotel - de 108 quartos - nunca foi construído; o terceiro, de 200 quartos, hotel e casino, que se anuncia estar pronto no final de 1964 é o Hotel Lisboa que só ficou concluído em 1970; o "new steamer Princess Margaret" viria a ser uma nova embarcação nas ligações marítima com Hong Kong e seria baptizado "Macau"; quanto aos hydrofoils que se refere estarem disponíveis a partir de 1963 assegurando uma viagem em apenas hora e meia, assim foi de facto...
"O Casino do Oriente" é um dos motes do anúncio onde se informa ainda que "parte substancial dos lucros" serão reinvestidos no território em novas casas, estradas, escolas" com vista o "bem estar geral da população". 
No início da década de 1960 a economia local mostrava sinais evidentes de grande pujança. Entre 1953 e 1963 o valor das exportações aumentou seis vezes!

sábado, 29 de maio de 2021

A casa de Kou Ho Neng na Avenida da Praia Grande

Clicar na imagem para ver em tamanho maior
Este edifício nas traseiras da Sé pertenceu a Kou Hening( Kou Ho Neng). 
Foi uma das várias casas que este empresário chinês teve em Macau.
Actualmente é o número 679 da Avenida da Praia Grande (perto da Calçada de S. João). O edifício de três pisos apresenta marcadas arquitectónicas chinesas e portuguesas, típicas de uma determinada época do território propriedade de abastados cidadãos chineses.
Curiosidade: a designação Rua do Tanque do Mainato desapareceu para que a mesma artéria fosse designada Rua Comendador Kou Hó Neng.
Começa na Calçada das Chácaras, ao lado da Estrada de Santa Sancha e da Calçada da Praia, e termina na Rua da Boa Vista, ao cimo da Calçada do Bom Parto

sexta-feira, 28 de maio de 2021

"Estudo Insígnias de Macau"



Estudo - Insignias de Macau. 
De Beatriz Basto da Silva. Edição do Leal Senado, 1986.
Como o título indica trata-se de um estudo sobre as insígnias referentes a Macau utilizadas ao longo da história.
A ilustração da capa baseia-se na imagem abaixo, uma fotografia de um detalhe da fachada principal da Fortaleza do Monte.
Datado de 1626, ano da conclusão das obras da Fortaleza, no frontão triangular está esculpida a figura de S. Paulo, Patrono da fortaleza. 
A pedra rectangular por baixo tem um escudo de Portugal, encimado por uma coroa rematada com cruz. 
O escudo é flanqueado por dois querubins de pé, vestidos apenas de uma faixa esvoaçante, assente em cavalete. à esquerda um anjo ostenta sobre a redouça a Cruz de Cristo, enquanto o anjo do lado direito tem a esfera armilar rematada por uma estrela.


Na Fortaleza do Monte

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Travessa dos Vendilhões

“Viu as lojas e as caras morenas dos 'mouros', ladeou de perto os vendilhões ambulantes, ouviu vozes, risadas, gesticulações dos transeuntes e ninguém se referia a ela. Espreitou o poço público perto da escadaria para a igreja, donde se tirava uma água cristalina. (...)

Na apertada artéria, onde se atravancavam vendilhões de comidas, acepipes e fritos, penteadeiras com os seus apetrechos, o barbeiro e o dentista ambulantes, com as suas clássicas cadeiras de ofícios, riquexós aos gritos dos condutores e muito povo que ia e vinha nas compras nas lojecas e nos recantos da rua, ou a caminho do Mercado.” (...)
"Da janela subiam os ruídos do tardoz da casa. Gorjeios e risada de criançada, vozes de mulherio em palreio fiado, alguém a soprar num trombone, em desconjuntado esforço de harmonia. Galos crocitavam na vizinhança, e das janelas vinha o ruído de uma rua calma, vozes esparsas e pregões de vendilhão de comidas.”

Excertos do romance "Os Dores", de Henrique de Senna Fernandes, publicado postumamente em 2012.

Vendedor ambulante de patos. Fotos Neves Catela: Década 1930

Em 2012 existiam em Macau 1089 licenças de vendilhão de acordo com dados do Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais, menos 560 em relação ao ano de 1999.
Actualmente em declínio, as origens da actividade de vendilhão remontam aos tempos em que a estrutura das sociedades e da economia era rudimentar.
Uns ambulantes outros estacionados, os vendilhões tinham em comum o facto de exercerem a actividade na rua, ao ar livre. E vendem de tudo a um pouco: desde os produtos alimentares, como o peixe, a carne, a fruta, legumes, os ovos, os chás e as bebidas, aos gelados e outras guloseimas, bem como utensílios para a casa, livros, ou roupas.
Vendilhões no século 19 em Macau. Pintura de George Chinnery
Vendedor de "palitos de mel"

A Travessa dos Vendilhões, topónimo que reflecte a importância da actividade na história do território, fica entre a Rua do Almirante Sérgio e a Rua da Praia do Manduco, perto do Porto Interior.
Sugestão de leitura: "Vendilhões", Isabel Nunes, ICM, 1998

A 11 de Novembro de 2016 o Jornal Tribunal de Macau publicou um artigo sobre o tema onde se pode ler: "O presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões, O Cheng Wong, sublinha que o número de membros da associação caiu dois terços em comparação com 2004, ano em que o Governo aplicou um conjunto de medidas de apoio ao sector. “O número de membros da associação diminuiu de três mil para menos de mil”, revelou."

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Restaurante “Vasco da Gama” no nº 13 da Estrada da Flora

Na edição de 8 de Maio de 1898 o jornal Echo Macaense publica um pequeno anúncio do Restaurante “Vasco da Gama” situado no nº 13 da Estrada da Flora.
Na época esta zona era bastante afastada do centro da cidade, ficando junto à povoação chinesa de Lon Tin Chin.
Curiosidades:
- em Maio de 1898 foi inaugurada a Avenida Vasco da Gama, com 500 metros de extensão e uma largura média de 65 metros, situava-se entre a Estrada da Flora e a da Vitória, ia desde a Calçada do Gaio até ao Quartel da Flora.
- em Janeiro de 1919 por iniciativa do governador Artur Tamagnini Barbosa a Estrada da Flora passou a denominar-se Avenida Sidónio Pais (homenagem ao Presidente da República português assassinado no mês de Dezembro anterior), ainda que em chinês continuasse a ser conhecida por "I Long Hao", numa alusão à fonte (da Flora) ali existia.
- no início da década de 1980 quando foi inaugurado o Hotel Royal o restaurante de gastronomia portuguesa chamava-se "Vasco da Gama" (actualmente designa-se Fado).
Detalhe de um mapa de 1889

terça-feira, 25 de maio de 2021

Rituais de morte

Na imagem a procissão de um funeral ocorrido na década de 1950

Excerto de texto da autoria da professora Ana Maria Amaro sobre os antigos rituais de morte na China:
" (...) A noção de Alma, para os chineses, não é de forma alguma semelhante à do Ocidente. Não existe, para aqueles, uma essência una e imortal que tem o corpo como morada. Existem, sim, 2 grupos de espíritos, de acordo com a dualidade cósmica do Yin--Yang, considerado o princípio do eterno equilíbrio. Não sendo perfeita a equivalência entre alma (essência superior que anima o corpo) e espírito (energia vital), cada pessoa tem três almas (sam wan三魂 ) e 7 espíritos (chat pak七魄).
As almas são consideradas essências espirituais, celestes, e os espíritos, almas sensitivas, terrestres. A manifestação física das almas sensitivas, aparece sob a forma materializada do corpo. Da reunião deste conjunto dual, (respectivamente Yang-Yin), e ainda da actividade consciente ou vontade, o chama do I ( 意 ), resulta o San ( 神 ), a manifestação do Eu.
Um dos 3 wan, depois da morte, ascende ao mundo do Além, outro fica na terra acompanhando o corpo, e o terceiro fica a residir na estela funerária, que deve ser colocada e venerada no altar ancestral. (...)
Não há coisa mais importante, para um chinês conservador, do que ser sepultado "como deve ser", isto é, de forma a que os seus familiares, nomeadamente o seu filho mais velho, que o substituirá na chefia da casa, lhe dêem força bastante para alcançar o Mundo espiritual dos Antepassados, onde irá renascer e iniciar uma nova experiência. Daí o novo nome que, nessa altura, recebe.
Por outro lado, a pompa funerária é sempre um sinal de prestígio para a Família, e de consideração para o filho exemplar, que tão grandes mostras dá da sua piedade, chegando a empenhar-se, por vezes, para fazer um funeral condigno ao seu progenitor.
Ter um bom caixão, já comprado em vida e ainda com saúde, é, para um chinês, um motivo de paz e de tranquilidade, chegando a guardar tal objecto no seu próprio quarto, o que nos horrorizaria, a nós Ocidentais. Nisso, para o chinês, não há nada de macabro. É perfeitamente natural. Motivo de desgosto e de preocupação é não possuir o seu caixão, se possível em boa madeira, talhado num tronco de árvore antiga, e revestido de secções de madeira em lúnula, o que lhe confere uma forma muito característica. (...)
O caixão é colocado no meio da sala principal, que se reveste de panejamentos brancos, a cor lutuosa, que corresponde ao leste, o lugar da vida, de onde sopra a renovadora brisa Primaveril. Todos os familiares, segundo a sua proximidade de parentesco, bem estabelecida na China, envergam, então, fatos simples, em ramé ou burel chinês, cobertos de tecido grosso de canhâmo, bem' como barretinas de modelo antigo, no que respeita aos filhos varões e grandes capuzes no caso das filhas. As noras colocam na cabeça grandes lenços alaranjados com decorações vermelhas que fazem parte do seu próprio enxoval de casamento.
Simples faixas brancas na cintura e na cabeça, é o traje lutuoso dos netos e parentes próximos. Alguns ostentam uma pincelada vermelha aplicada no tecido para evidenciar parentesco mais próximo.
A cor branca lutuosa tem, na China, um significado simbólico: representa um estado de passagem, qualquer coisa de vazio, de provisório, que vai ser preenchido, contrariamente à cor negra que evoca uma perda definitiva, uma queda sem retomo no Não-Ser. 
Mulheres de um lado e homens do outro, segundo uma ordem estabelecida, ajoelhados em esteiras, os filhos e as noras devem bater 3 vezes com a cabeça no chão em profundo Kau tau, reverência que antes era devida ao próprio Imperador.
O caixão fica exposto na casa familiar ou num quarto existente para esse fim, pelo menos durante 3 dias.
Entretanto, chegam os parentes afastados, os amigos, os conhecidos, com ofertas de tecidos para cabaias, mantas, porcos assados, frutos e outros alimentos. Curvam-se por três vezes em reverência perante o caixão, seguidos pelos familiares e ao som dos seus lamentos bem como dos das carpideiras profissionais, contratadas para a ocasião.
Os recém-vindos recebem um lenço, um doce e um envelope com lai-si, para afastar a má influência que, porventura, o contacto com semelhante cena de dor lhes possa provocar. Aliás, o doce, por homofonia do seu nome, t'im, com continuidade, é um voto simbólico de longa vida.
Após o passamento, a família manda preparar, em papel e bambu, a estela funerária, e também reproduzir os utensílios de que o falecido mais gostava, incluindo malas com roupas, acessórios, casas apalaçadas com mobiliário e criadagem, pontes de prata e de ouro, triciclos (ou, dantes, cadeirinhas) e, modernamente, automóveis, barcos e até um avião, para facilitar a sua travessia para o Além.
O primeiro sinal de luto que o mundo exterior tem de que faleceu alguém, é a colocação, à porta principal da casa familiar, de duas lanternas ou balões azuis e brancos, em sinal de luto e de uma placa armada em bambu, em forma de montanha, com faixas brancas e azuis ganga. (...)
O caixão não sai nunca pela porta da casa, mas sim por uma janela ou porta lateral ou por uma escada de bambu exterior, no caso de a Família morar num prédio de andares. Isto para não molestar os vizinhos e para que a alma do morto perca a noção da porta de entrada da sua residência, deixando a Família em paz.
Na rua, formam-se longas procissões. Adiante, segue uma das figuras mais espectaculares de chi-chat (nome do artesanato de papel relacionado com os rituais funerários). É o Deus do Inferno que abre caminho e afugenta todos os elementos perturbadores da alma do falecido que possam surgir no trajecto. Atrás, vai o neto mais velho, levando ao ombro um bambu de folha fina (Kun lâm chôk), que se crê ter o poder de afastar as almas penadas, tal como os bambus velhos as atraem. Enquanto caminha, vai espalhando mãos-cheias de sapecas em papel de cinco cores (rodelas de papel recortado nas 5 cores do arco-íris, correspondendo às 5 cores dos pontos cardeais, que na China incluem o centro).

segunda-feira, 24 de maio de 2021

"Lyceu aprrovado": 1893

 

Na primeira edição do jornal Echo Macaense, a 18.7.1893, era publicada a notícia "local" que dava conta do "Lyceu approvado". O primeiro ano lectivo ocorreu no ano seguinte durando a instituição de ensino até 1999.

domingo, 23 de maio de 2021

"Moedas de Macau - Coins of Macau": edição C.I.T.



Luís Demée assina a autoria do desenho





Para cumprir a missão de divulgar Macau enquanto destino turístico, o Centro de Informação e Turismo (criado em 1959), foi responsável pela produção de mapas, guias, livros, anuário e outros produtos, incluindo pequenas carteiras de "Moedas de Macau - Coins of Macau". Foram feitas em várias línguas. 
Na que surge nas imagens o conjunto é composto por 17 moedas de patacas emitidas entre 1952 e 1972, de valor facial entre os 5 avos e as 5 patacas.

sábado, 22 de maio de 2021

A Casa das 16 Colunas

A casa das 16 colunas (demolida para dar lugar ao Instituto Salesiano), na rua de S. Lourenço foi desenhada pelo arquitecto macaense José Agostinho Tomás de Aquino (1804-1852), que deixou uma vasta obra de construção, reconstrução e remodelação no território. A freguesia de S. Lourenço foi precisamente onde ele nasceu. Formou-se em Lisboa onde viveu entre 1819 e 1825.

Nas duas imagens acima, um desenho de George Chinnery em 1829 quando o edifício era a sede da Companhia Britânica das Índias Orientais. Nesse ano o comité local da empresa era composto por Sir James Brabazon Urmston, Kt. (Presidente), Francis Hastings Toone, e William Henry Chichely Plowden (daí a legenda "Mr. Plowden's house). Pimenta, chá, algodão, seda e ópio eram os principais produtos comercializados e transportados da China (Cantão) via Macau para o Ocidente.
A rua dá pelo nome chinês de "sâp lôk chu", o que significa dezasseis colunas.
Fotografias ca. 1910: 
a casa à esquerda, poço e escadaria de acesso à Igreja de S. Lourenço, à direita.
Em meados do século 20 o poço já tinha desaparecido
Em baixo aspecto da rua numa imagem do séc. 21
António José da Costa, governador de Macau (1780-1781) foi proprietário da Casa das 16 Colunas. Demolida em 1934 deu lugar em 1936 ao Orfanato Salesiano sendo actualmente o Instituto Salesiano da Imaculada Conceição.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

"Macao Survives Precariously As 2-way Window to China"

Roy Essoyan da Associated Press assina este artigo - "Macao Survives Precariously As 2-way Window to China" - publicado na edição de 26 de Março de 1959 do jornal Toledo Blade.
Excerto:
"East meets West and capitalist meets Communist at this Portuguese colony on the thresh-old of Red China. (...) It is one of the last remaining windows into communist China. But Macao e so small and China so big that the Portuguese authorities hre take no chances. They don't allow much peeking through the window". (...)

quinta-feira, 20 de maio de 2021

"Macao" na Longman's Gazetteer of the World: 1895

Macao
Sea port town in China province Kwangtung on the Canton Region, on a peninsula on an island of the same name. 38 miles West by S. Victoria (Hong Kong). The peninsula 2,5 miles in length by less than a mile in breadth, is connected with the island by a narrow low and sandy isthmus forming a land locked inner harbour 12 miles in circuit.
The town stands on declivities between this harbour and the outer anchorage and is surrounded by hills crowned by several forts; it is divided into two distinct parts, the Portuguese and Chinese. At the end of the town is a mansion and picturesque garden with the Grotto where Camoens composed a great deal of his Lusiad 1559-60.
Both harbours are within the region of typhoons and suffer greatly from them; the roadstead, badly sheltered, is bounded on the North by Hiang-shan and by nine small rocky islands. South by another group of islands, the principal of which form a small port preferred by many vessels to the large roadstead, which is too open and exposed; it has but little depth near the town, so that large vessels anchor 5 or 6 m from Macao.
The trade (much of which is contraband) is mainly carried on in junks by Chinese merchants. It is chiefly in rice, tea, silk, sugar and indigo and principally with Canton, Hong kong, Batavia and Goa. Salt is brought from Cochin, China.*
The Portuguese authorities and others form a senate, a governor and council but the government of the native inhabitants is substantially vested in a Chinese mandarin. Macao was granted to the Portuguese subject to an annual rent by the Chinese emperor in 1586 in return for assistance against pirates. In 1863 the payment of this tribute was rescinded and the land conceded by treaty to Portugal but jurisdiction over the Chinese inhabitants retained. (...)
in Longman's Gazetteer of the World, George Goudie Chisholm, 1895
Tradução:
Macau 
Cidade portuária na província chinesa de Kwangtung, na região de Cantão, na península de uma ilha com o mesmo nome. 38 milhas a oeste de S. Victoria (Hong Kong). A península, com 2,5 milhas de comprimento por menos de uma milha de largura, está ligada com a ilha por um estreito istmo baixo e arenoso, formando um porto interior, com 12 milhas de extensão. A cidade fica em declives entre este porto e o ancoradouro externo e é cercada por colinas coroadas por vários fortes; está dividida em duas partes distintas, a portuguesa e a chinesa. 
Nos limites da cidade encontra-se uma mansão e um jardim pitoresco com a Gruta onde Camões compôs grande parte dos Lusíadas 1559-60. Ambos os portos estão num região assolada por tufões e sofrem muito com eles; a enseada, mal protegida, é limitada a norte por Hiang-shan e por nove pequenas ilhas rochosas. A sul por outro grupo de ilhas, as principais das quais formam um pequeno porto preferido por muitos navios face ao grande ancoradouro, que é muito aberto e exposto; junto à cidade as águas têm pouca profundidade, pelo que os grandes navios ancoram a 5 ou 6 milhas de Macau. O comércio (grande parte do qual é contrabando) é realizado principalmente em juncos por mercadores chineses. É essencialmente baseado no arroz, chá, seda, açúcar e feito principalmente com Cantão, Hong Kong, Batávia e Goa. O sal é trazido de Cochim, Índia. * (erro no original)
As autoridades portuguesas têm um senado, um governador e um conselho de governo, mas o governo dos habitantes nativos (chineses) está substancialmente investido em um mandarim chinês. 
Macau foi concedido aos portugueses, sujeito a uma renda anual pelo imperador chinês em 1586, em troca de ajuda no combate aos piratas. Em 1863, o pagamento deste tributo foi rescindido e as terras concedidas por tratado a Portugal, mas manteve-se a jurisdição sobre os habitantes chineses.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

"A loteria chinesa é diária e feita por método mui singular."

A loteria chinesa é diária e feita por método mui singular. Todos os dias se vende um plano , que consiste em oitenta letras chinesas , impressas num pequeno pedaço de papel , que é ao mesmo tempo o bilhete, o qual o comprador toma pelo valor que prefere, numa certa escala de preços cujo mínimo é de cinco sapecas e combinada também em relação ao número de letras com que quer jogar o comprador, que, no acto da entrega as escolhe e nota com traços encarnados.
Das oitenta letras escolhe a direcção da loteria um número determinado, formando uma sentença ou pensamento para cada extracção diária, que se patenteia ao público. A felicidade do jogador está em se conterem nesta sentença algumas ou todas as letras que notou no bilhete e o prémio está na proporção do maior ou menor número de letras em que se acertou e do custo do bilhete. (...) Este sistema é muito engenhoso; mas de uma complicação incrível, e muito difícil de explicar nos seus pormenores. (...)
O testemunho é de Carlos José Caldeira e remonta a 1850 quando este viveu em Macau.
Memorabilia de 1904 pertencente ao marinheiro Filipe Emílio de Paiva
"Lista geral do PaKaPiu e bilhete do PakaPiu - custa 18 sapecas"
Vae Seng, Chimpupio, Pacapio, Sanpio, Chitam, Poupio, etc... são alguns dos diversos nomes das lotarias chinesas que vigoraram em Macau. As mais antigas são a Vae Seng e Pacapio, remontando a meados do século 19.
Como se pode atestar pelo documento de 1889 (ver em baixo) as receitas obtidas pelo Governo de Macau com a concessão do exclusivo do jogo fan tan e das "loterias chinezas" representavam mais de metade do total dos impostos directos.
A título de exemplo reproduzo um documento sobre a arrematação do exclusivo das lotarias Pacapio, Sanpio e Chimpupio.
A 3 de Abril de 1937 o Governo de Macau anuncia no "Boletim Oficial" que se procederá, pelas 15 horas do dia 15 de Abril de 1937, na sala das arrematações da Repartição Central dos Serviços de Fazenda, "à arrematação do exclusivo das lotarias Pacapio, Sanpio e Chimpupio em Macau, Taipa e Coloane, pelo tempo de 3 anos, a contar de 16 de Maio de 1937". A base de arrematação era de $600.000,00 e a garantia no valor $60.000,00 patacas. A caução desta garantia tinha de ser feita em dinheiro depositado no BNU.
"Os pombos correios. Todos os dias é aberta uma loteria em Macau a que os chinezes chamam pac côp pin, loteria de pomba. Depois da extracção os numeros que tem premios são marcados em pequenos cartões, e estes presos aos pés de pombos que logo que os soltam voam na direcção das aldeias a que pertencem levando a umas familias o triste desengano e a outras a suspirada alegria. É curioso vêr os pombinhos de variadas cores elevarem-se, tomarem differentes direcções, percorrerem leguas e leguas com um assobio entre as azas para que o caçador ouvindo os saiba qual é a missão de que vão encarregados e lhes não faça fogo tomando os por vadios."
Este curioso texto é da autoria de V. C. e foi publicado no "Novo almanach de lembranças Luso-Brazileiro para o anno de 1876".
Venda da lotaria Pou Pio (década 1930)

Excerto de artigo publicado na edição de 15 de Fevereiro de 1856 da "Illustração Luso-Brasileira":
"A licença, ou antes privilegio de estabelecer loteria, é obtido em hasta publica, de ordinario por um só individuo, especie de editor responsavel de companhia ou sociedade encoberta. A loteria é diaria e feita por systema mui diverso dos que se uzam na Europa. Todos os dias se publica um plano que serve tambem de bilhete, contendo oitenta caracteres chinezes. Ha uma escala para o preço dos bilhetes cujo mínimo é de cinco sapecas*. Os premios são calculados na rasão composta do preço escolhido pelo comprador e do numero de caracteres em que quer jogar e que marca com traços encarnados no acto da compra do que toma nota o vendedor.
A direcção da loteria escolhe certo numero de caracteres dos oitenta do plano, de modo que formem uma phrase ou pensamento. A felicidade do jogador está em ter marcado todos ou parte dos caracteres contidos nessa phrase que todos de dias de tarde se patenteia ao publico. N'isto unicamente consiste a extracção da loteria. Os premios são regulados por calculos de progressão muito intrincados e de modo que os jogadores mui poucas probabilidades tem de tirarem premios avultados. O systema é assaz engenhoso mas tão complicado que seria impossível explica-lo completamente."
*Sapeca: Moeda de composição mixta de estanho e cobre similhante na forma e espessura às moedas de 200 réis em Portugal, tendo de mais um buraco quadrado no centro."

terça-feira, 18 de maio de 2021

Colégio D. Bosco: antes e depois

Colégio D. Bosco num exercício comparativo 
com mais de meio século de diferença.
Clicar na imagem para ver em tamanho maior
A configuração original de 1949
E um registo fotográfico da década 1960

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Where Gambling Thrives

No final de 1938, já com a guerra sino-japonesa a decorrer e a invasão da China pelo Japão, Lim Keng Hor, jornalista do "The Malaya Tribune", esteve em Macau e faz uma importante reportagem do momento que se vivia no território. Jogo, fome, pobreza, exército japonês e milhares de refugiados são alguns dos temas abordados pelo autor que quase foi preso quando tirou fotografias nas salas de casino do hotel Central.
O lead do artigo publicado a 23 de Novembro de 1938 é bastante elucidativo:
"Onde o jogo prospera. Colónia Portuguesa do Oriente, Macau é o paraíso dos jogadores. A pobreza assombra o lugar, mas Macau é louco por apostas."
"Where Gambling Thrives
Portuguese Colony of the East, Macao is the gambler's Paradise. Poverty haunts the place, yet Macao is gambling-mad."
Uma fotografia da baía da Praia Grande ilustra o artigo do The Malaya Tribune, 23.11.1938








Agradecimentos: NLB, Singapure.