sábado, 15 de maio de 2021

L'Illustration: 1858 e 1861

"L'Illustration Journal Universel" foi um semanário francês, publicado em Paris entre 1843 e 1957. Em 1891 foi o primeiro do país a reproduzir uma fotografia e, em 1907, o primeiro a publicar uma fotografia a cores. Ao longo da existência deu muita atenção às questões do Oriente, nomeadamente à China, tendo Macau sido abordado em várias edições. Escolhi para este post apenas algumas de 1858 e 1861.
L'Illustration - Journal Universel was a weekly French newspaper published in Paris from 1843 until 1957. In 1891 it became the first French newspaper to publish a photograph, and in 1907, the first to publish a color photograph. There are several editions concerning China and Macau. For this post I choose just a few from 1858 and 1861.
Edição de 10 Março 1858: inclui duas ilustrações do Templo da Barra tendo por base desenhos de Auguste Borget. O artigo intitula-se "Expedition Chinoise: le grand temple de Macao" e dá conta da chegada da "missão extraordinária (francesa) de M. Le Baron Gros à China".
Ilustrações: templo da barra (La pagode de rocher), vista geral (vue prise de Heang Shan) e uma rua de comércio (Une rue de Macau), ilustração de Gaidraut a partir de um desenho de M. V. Leonard. 
Excerto do artigo assinado por Henri Este:
"Macao.
Je ne suis resté à Hong-kong que tout juste le temps nécessaire pour visiter inutilement les boutiques de porcelaine de la ville et pour perdre vingt livres sur Good Chance, battu par Midsummer-night-dream. Le turf d’Happy-Valley est une jolie prairie dont chaque matin le rouleau égalise le gazon. La situation de ce magnitique champ de course est unique au monde, je suppose: il est entouré par trois cimetières: un catholique, un protestant et un zoroastrien où l'on brûle les corps. La vuede ces lieux engage les jockeys à se bien tenir en selle.
Certes, c'est plaisir d'habiter Hong-kong. La civilisation a marqué la commerçante cité de son sceau: elle y a introduit, dès le premier jour de l'occupation anglaise, comme à Cap-Town et à Singapore, le gaz, les trottoirset le macadam. Mais il prend au capitaine Lecoq de se subites fantaisies, que j'ai craint qu'il ne changeât d'aviset ne voulût plus descendre à Macao: je l'ai donc laissé à Hong-kong, et un brick anglais m'a emporté en une journée vers la vieille ville chinoise et portugaise. 
Nousavons croisé un vapeur remorquant une barque de pirates. Pauvres pirates! eux, les rois de la mer autrefois, eux qui faisaient trembler le Fils du ciel, comme on les traque! leur beau temps est passé. 
Elle est vraiment pittoresque, cette ville de Macao, qui s'appuye sur trois villages comme pour mieux grimper la roide colline où s'accrochent ses maisons de briques bleuâtres, ses temples boudhiques, ses églises et ses couvents catholiques, qui sont presque des antiquités sur cette jalouse terre chinoise.
Une journée pour aller à la pagode des Rochers, une pagode un peu dégradée, mais très-agréablement situee sur le port intérieur, pour méditer sur les brutalités du sort envers le génie, dans la grotte où Camoëns, le sublime borgne, acheva ses Lusiades, pour voir le beaumonde se promenant sur le quai de Praya Grande, et pour chercher une tasse à thé introuvable, c'est bien peu; mais le capitaine Lecoq n'a pas voulu m'accorder davantage, et il serait homme à mettre à la voile, sans moi, pour Canton. Demain matin, au petit point du jour, je retournerai à Hong-kong."
Edição 28.9.1861
 "Macau. Só estive em Hong Kong o tempo suficiente para visitar as lojas de porcelana da cidade (...) A relva do hipódromo de Happy-Valley é um belo prado (...). A localização desta magnífica pista de corridas é única no mundo, suponho: é cercada por três cemitérios: um católico, um protestante e um zoroastriano onde os corpos são queimados. A visão desses lugares faz com que os jóqueis estejam bem na sela. Claro, é um prazer morar em Hong Kong. A civilização deixou a sua marca na cidade comercial: desde o primeiro dia da ocupação inglesa, como na Cidade do Cabo e em Singapura, introduziu gás, calçadas e asfalto. 
Conhecendo as fantasias repentinas do Capitão Lecoq e temendo que ele mudasse de ideia e já não quisesse visitar Macau deixei-o em Hong Kong e apanhei um brigue inglês para ir visitar aquela velha cidade portuguesa. Passamos por um navio que rebocava um barco pirata. Pobres piratas! Eles, os reis do mar no passado, aqueles que fizeram o Filho do céu tremer, estão agora a ser caçados! os seus tempos de glória passaram. 
É realmente pitoresca esta cidade de Macau, formada por três núcleos urbanos com colinas íngremes onde se agarram as casas de tijolos azulados, os templos budistas, as igrejas e os conventos católicos, que são quase antiguidades nesta terra chinesa. 
Um dia para ir ao pagode da Rocha, um pagode ligeiramente degradado, mas muito agradavelmente localizado no porto interior, para meditar sobre as brutalidades do destino para com o génio, na caverna onde Camões, o sublime, terminou os Lusíadas, para ver o cais da Praya Grande, e procurar uma xícara de chá, é muito pouco; mas o capitão Lecoq não quis me conceder mais, e ele era homem para zarpar, sem mim, para Cantão. Por isso, de madrugada, voltarei a Hong Kong."

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