sábado, 31 de março de 2018

"Uma Viagem no Tempo" por Ou Ping - parte I

Navegando ao amanhecer: vista da colina da Penha
 Ou Ping: nest post apresento excertos do catálogo editado em 2005
Ou Ping foi director do Departamento de Assuntos Financeiros do Diário de Macau e um conceituado jornalista durante mais de 40 anos. Foi vice-presidente da Direcção da Associação Fotográfica de Macau e, como fotógrafo de mérito que é, foi também nomeado membro honorário da Associação Visual Internacional de Hong Kong.
No início da década de 60 do século passado Ou Ping inscreveu-se na Associação Fotográfica de Macau, onde se dedicou de corpo e alma ao estudo da fotografia, acompanhando amiúde os colegas entusiastas nas suas excursões fotográficas. Em 1967 foi eleito membro executivo da Direcção. Ao longo destes anos, o seu trabalho foi exibido em numerosas exposições públicas, em Macau e no exterior, sendo convidado várias vezes para integrar o júri de concursos de fotografia, em Macau e no estrangeiro. Recentemente tem visitado o estrangeiro com mais frequência, para colaborar em projectos artísticos de fotografia.
1969–1984 - Como presidente da Associação Fotográfica de Macau, Ou Ping foi secretário e Presidente da Comissão de Selecção, para além de desempenhar outras funções de responsabilidade.
1980 - Participou na exposição realizada por membros da Associação Fotográfica de Macau e realizada pela Associação de Fotógrafos da China. A exposição foi inaugurada no Museu de Arte Nacional da China e percorreu 18 províncias e cidades da China.
1981 - É convidado para júri permanente do Salão Internacional de Fotografia de Macau, evento organizado de dois em dois anos pela Associação Fotográfica de Macau. É igualmente convidado pela Associação de Fotógrafos da China para visitar Pequim como membro do júri da Primeira Exposição Fotográfica Internacional (Ásia) em Pequim.
1984 - Planificou e montou a exposição fotográfica da Associação Fotográfica de Macau realizada no Porto, em Portugal, onde posteriormente se dedicou a várias actividades artísticas.
1985 - Participou na Exposição de Arte Fotográfica Hong Kong-Macau, organizada conjuntamente por 12 associações fotográficas, que teve lugar no Museu de Arte Nacional da China.
2005 - Apresenta a exposição “ Uma Viagem no Tempo – Fotografias de Macau por Ou Ping” de que se fará um catálogo. A exposição é organizada pelo Museu das Ofertas da Transferência de Soberania, na dependência do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.
Durante os anos 60 e 70, as águas resplandeciam ao sol, reflectindo a sombra dos velas dos barcos e dos pescadores puxando as redes no Porto Exterior, junto da Pontão Nº1 (em chinês conhecido como “Ponte da Longevidade”), ou em Sai Van; as pessoas admiravam o pôr do sol na Aldeia das Três Famílias, na Penha; um corredor de sombra ondulava ao longo de Sai Van. Na Guia o farol e na colina da Penha uma igreja; os pescadores secavam as suas redes na Praia do Manduco; pequenos barcos aventuravam-se ao largo e as gaivotas mergulhavam nas águas em busca de alimento. Todos os anos, em Março, no fim da primavera, uma névoa pairava sobre tudo, como uma teia, criando um efeito magnífico.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Macau celebra a Páscoa com tradicional Chá Gordo


Mantendo-se bem enraizada e conservada em Macau, a Páscoa tem, principalmente entre a comunidade cristã do território, um significado muito especial, realizando-se diversas cerimónias nas ruas e paróquias, muitas delas adequadas à participação de toda a família, ganhando mesmo características únicas, como a procissão do Senhor dos Passos. (nas imagens)
Um ritual que se mantém vivo em Macau, constituindo um ponto alto das comemorações pascais, oferecendo aos turistas uma rara e memorável oportunidade de participar numa procissão medieval, e muitas outras actividades culturais e religiosas, incluindo concertos de música sacra nas diversas igrejas.
Outra das mais antigas e marcantes tradições da Páscoa em Macau é o Chá Gordo*, um ritual enraizado no seio da comunidade macaense, figurando como um dos mais apreciados costumes de uma cultura de sabores de distintas influências, reunindo a família à volta de uma mesa farta e de uma toalha rendada, onde não faltam iguarias como o minchi, o tacho, a capela, camarões panados, casquinha de caranguejo, chilicotes de carne picada, pãezinhos recheados, bebinca de leite, sanrasurável, marcazote, celicário, sola de anjo, fula-fula, lacassá e ginetes, entre outros. 
Iguarias que também esperam locais e visitantes nos mais diversos restaurantes de Macau, sendo uma montra da gastronomia macaense, inscrita na Lista do Património Cultural Imaterial de Macau em 2012 e que influenciaram a sua integração na lista da rede de Cidades Criativas na área de Gastronomia da UNESCO.
Parte das celebrações da Páscoa que se estendem por diversos dias, desde o Domingo de Ramos, passando pela Sexta-feira Santa ou da Paixão, dia em que a comunidade católica de Macau se reúne na Sé Catedral para venerar Jesus Cristo, seguindo depois em procissão para o Largo do Senado, Largo do São Domingos e a Travessa do Bispo antes de regressar à Sé Catedral, uma procissão acompanhada por grupos cerimoniais e bandas de música que conferem ao centro da cidade uma ambiência religiosa mas, contudo, animada. Celebrações que continuam no Sábado de Aleluia, para terminarem no Domingo de Páscoa ou da Ressurreição.
Texto: Delegação do Turismo de Macau em Portugal. Fotos: MGTO
*O chá gordo está associado a uma celebração - normalmente de aniversário, baptizado ou casamento - estando a sua origem ligada ao calendário da religião católica e a momentos como a Páscoa ou o Natal. Trata-se de um lanche ajantarado que inclui dezenas de iguarias da gastronomia macaense e que pode incluir pratos como: minchi, tacho, capela, arroz carregado, lou pak kou, camarões panados, casquinha de caranguejo, chilicotes de carne picada, apa-bico, pãezinhos recheados, bebinca de leite, bolo menino, sanrasurável, marcazote, celicário, sola de anjo, fula-fula, ladu, doce de camalenga, chacha bicho-bicho e ginetes, entre outros.


quinta-feira, 29 de março de 2018

Colecção de vários factos acontecidos nesta mui nobre...

Tendo por base antigos documentos do Leal Senado um autor anónimo de Macau escreveu a obra denominada "Colecção de vários factos acontecidos nesta mui nobre Cidade de Macao pelo decurso dos anos". No frontispício pode ler-se que foi "Dada a luz no anno de 1784". Trata-se duma lista cronológica de algumas datas ligadas à História de Macau, de 1553 a 1748.
 O documento estava na Biblioteca de Évora e foi 'redescoberto' por "Jack" Braga que estudou o manuscrito. O investigador macaense, de nome, José Maria Braga, publicaria o mesmo bem como algumas anotações e comentários, no livro "A Voz do Passado: redescoberta de a colecção de vários factos acontecidos nesta mui nobre cidade de Macau" (78 pp), edição do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, em 1964. Nesse mesmo boletim (Set. de 1964) começou por escrever um artigo intitulado: "A voz do passado: redescoberta de um velho manuscrito de Macau." O livro "A Voz do Passado" teve uma re-edição fac-similada em 1987 pelo ICM.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Seng Tac & Ca. - revelagem de filmes e papelaria

Laboratório fotográfico Seng Tac & Ca. na Av. Almeida Ribeiro. Uma relíquia guardada por Fausto Manhão a 23 de Dezembro de 1938. Nesta época- como se pode aferir pelo documento abaixo, a empresa era ainda "papelaria e loja de máquinas de escrever e contar"
Recibo de "um tinteiro de vidro"
A Seng Tac num fotografia da década de 1950/1960, na Av. Almeida Ribeiro, ao lado da firma H. Nolasco & Cia. Lda / Import-Export e Agentes de Navegação.

terça-feira, 27 de março de 2018

"Ilustração", 16 Outubro 1939

Capa da revista "Ilustração" nº 332 de 16 de Outubro de 1939. Na altura ia no seu 14º ano de publicação e cada exemplar custava 5 escudos. Quinzenal, tinha como sub-título "grande revista portuguesa". Existiu entre 1926 e Dezembro de 1939.
Este número com "uma linda paisagem de Macau" - legenda da capa - foi dos últimos a serem publicados apesar de em 1940/1941 e até 1975 (último número), por alturas de Dezembro, a Bertrand (última proprietária da revista) ter publicado alguns números, com uma ou duas páginas apenas, além da capa. Pela "Ilustração" passaram grandes nomes da cultura, quer como directores (Vitorino Nemésio, nos anos 60/70, por exemplo), quer como colaboradores. Fernando Namora em 22 Dezembro de 1975 faria a última capa onde o único conteúdo era um conto da sua autoria: "Fogo na noite escura".
A foto de Macau (provavelmente de Neves Catela)  é o único conteúdo sobre o território na edição.

segunda-feira, 26 de março de 2018

O relógio da torre de Santo Agostinho: 1868

In Boletim da Província de Macau e Timor: 23 Março 1868

Referência ao relógio da torre de Santo Agostinho montado em1868 "graças ao cuidadoso empenho e saber mecânico de um estimável cidadão d'esta colónia, o Sr. Carlos Vicente da Rocha".
O macaense Carlos Vicente da Rocha (1810-1883), foi capitão do Batalhão de Macau e homem de negócios. Foi também o autor do maquinismo que funcionava com um candeeiro de petróleo e acendeu-se pela primeira vez a 24 de Setembro de 1865, no farol da Guia. Foi ordenado Cavaleiro da  Ordem de Torre e Espada de Portugal

domingo, 25 de março de 2018

Elementos para a história da rádio e televisão


A primeira Estação de Rádio em Macau foi criada em 1933, no Edifício dos Correios, com emissões de 2 horas diárias, tendo mantido a sua actividade até 1941, sob as designações CQN-MACAU e CRY-9-MACAU.
Em 1938 surge a Rádio Polícia, por pertencer à PSP, que funcionou na Esquadra No 2, junto ao Canídromo, até 1941, sob a designação XX9-RÁDIO POLÍCIA.

Em 1941 foi criado o Rádio Clube de Macau, que passou a emitir programas em português, chinês e inglês, herdando o equipamento e instalações da emissora CRY-9-MACAU.
Em 1952 surge a Rádio Vila Verde, propriedade de Pedro José Lobo, com estúdios num edifício privado, emitia sob as designações CR9XL e CR9XM, em cantonense e português. Suspendeu a sua actividade em 1994, tendo retomado as suas emissões em 2002.
Estúdios da ERM na década de 1970 na Rua Francisco Xavier Pereira
Em 1962, o Rádio Clube de Macau deu lugar à ERM-Emissora de Radiodifusão de Macau, gerida por uma Comissão Orientadora. Em 1973 passa para a dependência do Centro de Informação e Turismo.
Em 1976 foi criado um Serviço Público de Radiodifusão, a Rádio Macau. Em 1982 é constituída uma Empresa Pública de Teledifusão (TDM) - Decreto-Lei n.º 56/82/M, de 4 de Outubro - que integra os serviços de rádio. Cria o canal Ou Mun Tin Toi (em língua chinesa) e o canal Rádio Macau (em língua portuguesa), ainda em funcionamento.
A TDM - canal de televisão - iniciou as emissões a 13 de Maio de 1984.


Programação de 13 de Abril de 1987 - Anúncio publicado no "Jornal de Macau"
Publicidade Rádio Macau Fevereiro 1983

sábado, 24 de março de 2018

"O Jogo" por Ninélio Barreira




Hotel Central
“De entre as muitas festividades que se celebram em Macau, uma das mais curiosas e que desperta a atenção geral, nela participando chineses e europeus é, sem dúvida, a do Ano Novo, designada por Sân-Nin em chinês. As festas do Ano Novo são móveis, uma vez que a tradição manda respeitar o ano lunar, a despeito de a China ter adoptado o calendário gregoriano, após a implantação da República em 1911.
Durante três dias Macau veste trajo de gala. Grandes arcos são erguidos nas ruas principais por onde tremulam bandeiras e largas faixas vermelhas com inscrições de grandes caracteres dourados. Os panchões estalam em longas fitas, enchendo o ar de fumo e cheiro a pólvora. Toda a gente vem para a rua usando roupas novas e fazem-se muitas compras que se trocam entre si, como prendas. E ninguém deixa de adquirir os lai-si – rectângulos de papel vermelho, onde se inscrevem saudações e frases auspiciosas.
Vamos apenas referir um outro aspecto que se integra nesta festividade e que diz respeito ao jogo. Note-se, todavia, que o jogo está de tal maneira enraizado nos hábitos chineses que é difícil encontrar outro povo que se assemelhe nesse aspecto. Desde o Mhá-jong – cujo batimento das pedras sobre as mesas que se ouve ao longo de todas as horas da noite, causando aos ouvidos do europeu recém-chegado um verdadeiro martírio que lhe perturba o sono das primeiras noites – o jogo das moedas que se lançam contra a parede, o das apostas dos caroços das tangerinas (muito da preferência dos vendedores e dos cules), o jogo das lotarias Pak-Kap-Piu, até dos jogos de casino – toda a gente joga, na rua, nas lojas, nos casinos e até nos templos os bonzos ocupam as suas horas de ócio… a jogar.
O chinês joga por instinto atávico; como se diz entre nós, o jogo ‘está-lhes na massa do sangue’. Dizia-me o Professor Luís Gonzaga Gomes que o jogador chinês não tem idade: jogam as crianças, as mulheres, os jovens e os velhos. Só não jogam as criancinhas de peito porque lhes falta o discernimento. Mas é durante aqueles dias do Ano Novo que o jogo nos casinos é permitido a toda a gente sem distinção.
Ao tempo, existiam apenas dois locais onde se praticava o jogo: o Hotel Central e uma casa na Rua da Felicidade. A elas, porém, não tinham acesso os magistrados, militares e para-militares e os funcionários públicos. Eram interditas também a pessoas de baixa condição social, como pescadores, vendedores ambulantes e mendigos. Mas nos dias festivos do Ano Novo tal interdição era suspensa. E para corresponder à invasão prevista, em vez das duas ou três salas habituais, armavam-se mesas de jogo em quase todos os andares do Hotel Central, ao tempo o mais alto edifício de Macau, com todos os seus pisos.
Gente vinda de toda a parte, das ilhas, da frota piscatória, de Hong Kong e até da China, da qual, aliás, nos separa apenas a Porta do Cerco, no istmo que liga Macau ao continente – dirigia-se para aquele Hotel e, durante três dias, muita gente havia que dali não arredava pé, se não para comer ou dormitar. O Hotel era, assim, autenticamente invadido por uma população ávida e sequiosa e não existia uma sala, uma mesa de jogo, que não estivesse permanentemente repleta.
“Vários tipos de jogo são ali praticados, mas o mais procurado, o mais popular e talvez o mais emotivo é, sem dúvida, o glu-glu. Vejamos em que consiste e do que se compõe.
Uma mesa grande, de cor esverdeada, em cujo tampo estão inscritos números que vão de 3 a 18. Um grosso traço divide os algarismos de 3 a 10 e de 11 a 18. Estas duas zonas são, respectivamente, o Siu (pequeno) e o Tai (grande). Uma campânula, três dados e uma campainha eléctrica. O processo mais simples de jogar (pois há muitos outros) consiste em apostar no ‘grande’ e no ‘pequeno’. Lançados os dados, a soma obtida decide a sorte. Quem apostou na parte que saiu, recebe a dobrar. Quem quiser pode arriscar exactamente um número, o que lhe dá menos probabilidades, como é óbvio, mas muito mais dinheiro… se acertar. Cada um dos dígitos tem prémios diferentes. Assim, se apostar no 3, no 7 ou no 18 – e isto são apenas exemplos, pois não tenho presente os prémios que correspondem a cada um deles isoladamente – receberá um valor bastante superior que, nalguns casos, vai até ao décuplo! Há ainda combinações de cores e uma determinada combinação que, quando sai, tudo o que está sobre a mesa fica para a ‘casa’.

Um outro jogo que atrai igualmente os curiosos e muitos jogadores e que se resume a um monte de botões, uma campânula e uma vareta de bambu é o fan-tân. Os jogadores dispõem-se à roda do banqueiro ou vão para o andar superior, cujo sobrado é aberto em cercadura onde há um gradeamento de madeira, em forma de balcão. Daqui fazem as suas apostas, lançando-as num cestinho preso a um cordel que sobe e desce que é manobrado por um auxiliar da banca. Feitas as apostas em 1, 2, 3 ou 4, o banqueiro destapa a campânula e munido da vareta de bambu, conta os botões, separando-os em grupos de quatro. Conforme restarem 1, 2, 3 ou 4 botões, assim se decide a sorte dos que apostaram, pagando três vezes o valor de cada aposta, aos que tiverem tido melhor golpe de vista, palpite ou sorte.”
Artigo da autoria de Ninélio Barreira publicado em 1957 no suplemento do Diário Popular; incluído no livro “Ou-Mun – coisas e tipos de Macau”, edição Instituto Cultural de Macau, 1994

sexta-feira, 23 de março de 2018

Ainda o CAN... na Taipa

A Aviação Naval surgiu em Portugal em 1917 e foi extinta em 1952. Foi tendo por base este organismo que surgiu a aviação naval em Macau onde teve uma existência ainda mais curta... de 1927 a 1942
Começou por funcionar na Taipa - na primeira imagem acima com um hidroavião britânico de Hong Kong em 1928 e na segunda imagem o Fairey com o nº de código 20 sobrevoando Macau - e depois entre 1940 e 1942, no Porto Exterior.


Em 1927, por necessidade de vigilância das águas territoriais, face à pirataria e às contingências da guerra civil na China, foi estabelecida uma Secção da Aviação Naval em Macau subordinada ao Chefe dos Serviços de Marinha. Três hidroaviões Fairey (incluindo o F17 Santa Cruz, da viagem de Gago Coutinho e Sacadura Cabral...) ficaram baseados na Ilha da Taipa, efectuando voos de reconhecimento até à extinção da unidade em 1933. 
Em 1937, face à situação criada pela invasão da China pelo Japão, foi decidido reforçar a defesa de Macau, sendo nessa altura reactivado o CAN. Para isso foi enviado o aviso de 1ª classe Afonso de Albuquerque com o seu avião Osprey, (imagem ao lado) levando também o análogo do Bartolomeu Dias. Em 1938 foi formalmente criado o Serviço de Aviação de Macau, tendo-se estabelecido o quadro do pessoal e adquirido mais 4 hidroaviões Osprey. Ao todo a esquadrilha passou a ter 6  aparelhos idênticos. 

Curiosidade: o F17 Santa Cruz regressaria de Macau para Lisboa, empacotado, sendo depois montado e pode ser visto no Museu da Marinha.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Arcadas








Dado o clima sub-tropical do território, com forte calor e chuvas intensas, a solução arquitectónica de arcadas adequa-se sobretudo aos peões. Mas estas galerias acabam por proteger as paredes dos edifícios da exposição solar e, ao mesmo tempo, evitam os efeitos da forte pluviosidade. Em Macau algumas das zonas onde estas galerias de arcadas são mais evidentes estão localizadas no Largo do Senado, Av. Almeida Ribeiro/San Ma  Lou, Porto Interior, entre outras.

terça-feira, 20 de março de 2018

A comunidade sikh em 1927


Photograph depicts the Sikh Sangat of Macao with Chinese wives and children. The Sikh men in uniform have hand colouring applied to their turbans in the form of three green stripes. 
There are inscriptions in Punjabi along the bottom of the photograph and a stamp applied to the top from which the photograph title was derived. 
A translation of the Punjabi text is as follows: "This is a picture of the Sikh Sangat of Macau. Some of the Sikhs are sitting along with their Chinese Sikh wives and children."
The photo was donated to the Library by Barj Dhahan, co-founder of the Canadian Indian Education Society in 2013 to University of British Columbia Library.
Fotografia dos Sikh Sangat de Macau (13 Março 1927) com suas mulheres e crianças chinesas. Os homens sikhs estão de uniforme e turbante com três listas verdes. Existem inscrições em panjabi no rodapé da fotografia e ainda um carimbo no topo com a inscrição Khai Sa Dwan - Macao China.
Tradução do texto Punjabi: "Este é um retrato dos Sikh Sangat de Macau. Alguns dos Sikhs estão sentados junto com suas esposas e filhos chineses."
A foto foi doada em 2013 à Biblioteca da Universidade da British Columbia por Barj Dhahan, co-fundador da Canadian Indian Education Society.

domingo, 18 de março de 2018

Praia Grande e Fortim de S. Pedro no século XIX

O fortim de S. Pedro numa fotografia do final do século 19
Por Jules Itier em 1844


Ao lado um mapa de meados do século XIX (1838) - parte da baía da Praia Grande - onde ainda se pode ver assinalado o Opu da Praia Grande (demolido em 1849) - e permite dar uma ideia da localização do fortim de S. Pedro.
Na década de 1920/30 toda a aquela zona foi aterrada e o fortim desmantelado.



Em 1851, o governador Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande, mandou construir um palácio na avenida da Praia Grande, em frente do fortim de S. Pedro, para nele instalar o Palácio do Governo e diversos serviços.
Em 1884, a sede do governo passou para o palácio do visconde do Cercal, ficando no anterior palácio apenas os serviços públicos. 
Em 1951, o Palácio das Repartições (demolido em 1946) foi substituído pelo novo Edifício das Repartições Públicas, que a partir da década de 1980 albergou o Tribunal de Macau.

Esboço de G. Chinnery com o fortim ao centro
 O Fortim de S. Pedro pelas mãos do pintor George Chinnery


Sobre este assunto reproduzo um excerto de "História da Arquitectura em Macau", da autoria de Maria de Lourdes Rodrigues Costa.
A instalação defensiva mais antiga deve ter sido o (...) Forte do Patane (ou Palanchica), perto da Ermida de St.° António. A maior parte das fortificações foi construída a partir de 1622, por vezes em locais onde existiam já alguns baluartes que tinham constituído uma primeira linha de defesa. A cidade foi então cercada por uma muralha de taipa, que começava no Patane, onde existia uma porta em arco, chamada Porta de St.° António ou Porta de S. Paulo. Acompanhava a linha de costa do Porto Interior, para poente, dirigindo-se depois para a colina do Monte até à Fortaleza de S. Paulo, junto do seu bastião noroeste. A partir do bastião sudeste da mesma fortaleza, a muralha descia até ao Baluarte de S. João, junto do qual se encontrava a Porta do Campo ou Porta de S. Lázaro. Virava seguidamente em direcção ao Fortim de S. Jerónimo, terminando na Fortaleza de S. Francisco, na extremidade norte da baía da Praia Grande.
Outro troço de muralha, a sul da península, começava na Fortaleza do Bomparto, subindo a encosta poente da colina da Penha até ao Forte de Na. Sa. da Penha de França. Descendo a encosta nascente, terminava junto ao Porto Interior.
Com a experiência derivada das guerras noutras paragens, os portugueses aplicaram nas fortalezas que erigiram em Macau os mais modernos processos de construção da época: muralhas pouco elevadas, que não excediam cinco metros de altura, seguindo os contornos do terreno, com uma espessura de três a quatro metros terminando em degraus; plataformas, bastiões, casamatas, aterros avançados para defesa exterior. As muralhas eram feitas de taipa, com parapeitos de tijolos, os engenheiros militares portugueses, seus construtores, souberam adaptar os seus anteriores conhecimentos aos materiais e métodos de construção locais.
A Fortaleza de N.ḁ Sr.ḁ do Bomparto encontrava-se concluída em 1622, não se conhecendo ao certo a data da sua construção. Nesse local existira antes um eremitério dos Agostinhos. Os muros, de taipa e de pedra, assentavam nas rochas existentes na sua base e eram sustentados por fundações de granito que se elevavam a 1,20 m, em média, acima do nível dessas rochas. Destinada a dar fogo de cobertura ao Porto Exterior, servia simultaneamente de protecção ao acesso ao Porto Interior, defendendo a zona de transição entre ambos. Tinha inicialmente a forma de um quadrilátero irregular, modificada posteriormente com a sua ampliação. Dispunha de um depósito de munições e de alojamentos para a guarnição. Os parapeitos tinham oito aberturas para canhões e deles partia a muralha que ligava este forte ao da Penha, no cimo da colina a poente.
Outro dos fortes mais antigos, demolido, reconstruído e novamente demolido, foi o de N.ḁ Sr.ḁ da Penha de França. Dentro das suas muralhas foi construída uma ermida dedicada a N.ḁ Sr.ḁ, inaugurada em 29 de Abril de 1622. Situado no topo da colina da Penha era, no entanto, considerado fortificação costeira, tendo como principal objectivo a defesa contra ataques por mar. O seu poder de fogo alcançava grande parte do perímetro da península, pois os seis canhões da sua plataforma podiam disparar em arco por sobre a cidade.
Em 1617 começou a ser construída a maior e mais importante das fortalezas de Macau, a de St.ḁ Maria do Monte, sob projecto do padre Jerónimo Rho e de Francisco Lopes Carrasco, capitão de guerra. Situava-se junto à Igreja de S. Paulo, perto do colégio dos Jesuítas. A construção da fortaleza só viria a terminar em 1626, mas esta teve já um papel significativo aquando do ataque holandês de 1622. Situada no ponto de ligação das muralhas que, vindo do Porto Interior, a ligavam ao Baluarte de S. João e ao Fortim de S. Jerónimo, a sudeste, tinha poder de fogo que abrangia todo o litoral em redor da península, numa época em que o mar chegava ainda aos contrafortes das colinas. Era o eixo de defesa da cidade, contra uma possível ameaça da China e um eventual ataque por mar, dado que o alcance de tiro, em arco, cobria as costas nascente, poente e sul, para além de proteger qualquer operação em terra, ao longo das muralhas. A fortaleza tem a forma de quadrilátero, com bastiões nos cantos e dispunha de uma grande casa da guarda, armazéns de munições e uma torre de três andares com artilharia. Posteriormente foi ali edificada uma residência para o comandante do forte, um quartel para as suas tropas, reservatórios de água e uma escadaria de acesso ao portão existente na muralha sul voltado para o primitivo núcleo habitacional.
Entre as fortificações construídas na época encontra-se o Fortim de S. Pedro, situado no que era então o ponto médio da baía da Praia Grande, onde hoje se encontra o monumento a Jorge Álvares. Construído depois de 1622, estava ligado à Fortaleza de N.ḁ Sr.ḁ do Bomparto e à de S. Francisco por uma muralha de pouca altura. A sua finalidade era a defesa da costa do Porto Exterior. Tinha, de princípio, planta triangular, mais tarde ampliada e reforçada. A sua construção era de alvenaria, com blocos de pedra de quatro a cinco toneladas. As muralhas em talude encontravam-se apoiadas em fundações de pedra ligadas às rochas existentes no local. (...)
O fortim na década 1900/1910
Agradecimento especial ao tenente-coronel Armando Cação e a Jon Doo