A 24 de Junho de 1622 - há 400 anos - os invasores holandeses foram repelidos e derrotados em mais uma tentativa de invasão (a primeira foi em 1601), abandonando de vez as intenções de tomar o controlo de Macau. Ambicionavam o lucro do comércio com o Japão que dependia da quantidade de seda chinesa disponível, e cujo monopólio Macau detinha.
A armada holandesa (14 navios) chegou no dia 21. Os bombardeamentos começaram a 23 e a batalha/invasão terminaria a 24, dia de São João Baptista. O investigador Austin Coates relatou assim os acontecimentos.
Ilustração da invasão da autoria de Johan Nieuhof datada de 1665. |
(…) a escassa população de Macau – leigos e clérigos, homens livres e escravos – ergueu-se para a defender. Os Jesuítas rapidamente desalojaram os canhões dos seus postigos originais, posicionando-os ao longo da muralha norte do seu seminário-fortaleza. Refira-se a propósito que os padres jesuítas eram peritos em balística, habituados que estavam a lidar com a corte de Pequim (…).
Neste embate brutal era grande a escassez de armas e homens que as manejassem, especialmente numa ocasião em que a defesa mais eficaz residia na intensidade e na frequência do fogo de artilharia. Mas tal deficiência veio a ser compensada pela pontaria certeira de um padre-soldado. De facto, quando o inimigo se acercava já do sopé do Monte, o padre Rho começou a disparar o seu canhão, cujas balas caíram certeiras sobre os carroções que transportavam a pólvora da força holandesa, que rebentaram com estrondosa explosão. (…)
O grito de batalha lusitano, “Por Sant’Iago!”, brotou a certa altura de um qualquer peito, sendo um segundo depois gritado em uníssono por todas as gargantas, como em uníssono avançou a multidão, inspirada por uma força comum, caindo de todos os lados sobre o invasor holandês. (…) A coberto da mais intensa fuzilaria, a vanguarda portuguesa enfrentava já o inimigo em luta corpo a corpo. (…) O comandante da força invasora foi o primeiro a cair, após o que o resto das tropas holandesas, perdendo de vista o seu líder, vacilaram por completo. Momentos depois, tomados de pânico, batiam em retirada, desfazendo-se das armas, acossados pelos macaenses, que os perseguiam pelos campos trespassando com as espadas tantos quantos podiam. Uma mulher africana, vestida de homem, matou dois deles com uma forquilha."
O dia da vitória sobre os holandeses viria a tornar-se o Dia de Macau sendo feriado até ao ano de 1999. Actualmente ainda existem várias 'marcas' que assinalam a data.
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