Falecido esta terça-feira aos 83 anos, o escultor português João Cutileiro tem uma forte ligação a Macau que se iniciou na segunda metade da década de 1980.
Em 1988 fez uma exposição esculturas e desenhos na então denominada Galeria do Leal Senado em Macau e é também nessa altura que passa a ter uma obra no território. Conhecida pelo nome de “Menina Reclinada” a peça seria colocada num dos átrios do Centro Hospitalar Conde São Januário inaugurado em 1987.
Em 1999, ano da Transferência de Administração de Macau de Portugal para a China, Cutileiro assina a uma instalação no jardim do Centro Cultural de Macau (local das cerimónias oficiais), actual Museu de Arte de Macau.
Inaugurado a 19 de Março desse ano o grupo escultórico foi esculpido em mármore cinzento de Estremoz com um barco de pedra e cavaleiros preparados para a guerra. Inspiradas nos guerreiros de terracota de Xian - os cavaleiros, na foto acima - e no barco do lago do Palácio de Verão de Pequim - o barco - as esculturas pesam 79 toneladas e foram esculpidas em ruivina, o mármore cinzento de Estremoz, ao longo de três anos. Na foto abaixo pode ver-se Cutileiro durante a fase final dos trabalhos desta instalação.
João Cutileiro nasceu em Lisboa em 1937. Viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliers de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950. Fez a primeira exposição individual (“Tentativas Plásticas”) em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa (2017). Em 2018, recebeu a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo português, altura em que Cutileiro fez a doação do seu espólio ao Estado português.
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