No século 18 várias nações europeias aproveitaram a abertura comercial da China (apenas Cantão) ao mundo, com destaque para os britânicos, mas também holandeses, espanhóis, norte-americanos e franceses. Portugal já o fazia desde o século 16 a partir de Macau.
Em menor escala, países como a França ou a Suécia também participaram neste comércio.
A Companhia Sueca das Índias Orientais (CSIO) foi formada em 1731. A Carta Real concedeu à empresa os direitos comerciais nacionais exclusivos com a Ásia. As viagens de ida e volta começavam na sede da empresa em Gotemburgo e demoravam cerca de ano e meio (partiam da Suécia em Janeiro e chegava à China em Setembro), incluindo a estadia de alguns meses em Macau, de onde iniciavam a viagem de regresso no final de Dezembro.
As principais mercadorias compradas na China eram chá, seda, porcelana e especiarias. Ao todo a CSIO realizou 127 viagens até a empresa ser dissolvida em 1813, numa altura em que já apresentava poucos lucros e a Suécia sofre as invasões napoleónicas
Em 1746 teve início uma expedição sueca à China que duraria 3 anos. A bordo do Gotha Leyon seguia o cartógrafo Carl Johan Gethe que não só produziu mapas como o que é mostrado aqui como também escreveu um diário intitulado:
"Dagbok hallen pa resan till Ost Indien begynt den 18 octobr: 1746 och slutad den 20 juni 1749"
"Diário de uma viagem à Índia oriental iniciada a 18 de Outubro de 1746 e terminada a 20 de Junho de 1749".
Nos quase 100 anos em que a Companhia Sueca das Índias Orientais esteve activa oito embarcações da empresa - de um total de 38 - sofreram naufrágios.
Um deles foi o navio 'Götheborg' numa viagem de regresso à Suécia em 1745 com o desastre a acontecer com o porto de chegada à vista.
Na década de 1990 arqueólogos marinhos conseguiram salvar parte do navio original, e após um projecto de reconstrução durante dez anos, foi feita uma réplica do navio que viria a empreender uma nova viagem à China em 2006 e 2007 (imagem ao lado).
Para além do cartógrafo a bordo estava também Carl Gustav Ekberg, o cirurgião e naturalista amador, autor de desenhos a cores de rara beleza (sobretudo animais marinhos e embarcações chinesas) e que também escreveu um diário onde incluiu os seus esboços.
Os dois diários fazem actualmente parte da Biblioteca Nacional da Suécia.
A imagem abaixo é de um desses registos, manuscrito, onde é apresentada a transcrição fonética dos números de 1 a 10 em chinês.
Diário manuscrito em sueco de uma viagem a Cantão entre 1746 e 1749
Curiosidade: O sueco Anders Ljungstedt foi numa destas viagens chegando a Cantão em 1798. É da sua autoria o primeiro livro sobre a história de Macau (publicado em 1832), território onde viveu entre 1813 e 1835, quando morreu.
interessante, não conhecia a Suécia por esses lados!
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