sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A "mala"

A 20 de Janeiro de 1798 foi publicado em Portugal o alvará de criação do Correio Marítimo. entre outros pontos estipulava-se que toda a correspondência enviada para fora de Portugal tinha de passar pela administração dos correios e era obrigatório o pagamento pelo destinatário de uma taxa (porte) que variava de acordo com o peso. O objectivo era acabar com os serviços similares prestados até então pelas embarcações particulares. Estes navios privados quando transportavam cartas tinham de o fazer dentro da denominada "mala de correio" que ficava sob responsabilidade do capitão/comandante da embarcação obrigado a entregá-la no porto de destino. Nesta "mala" seguiam também jornais que eram adquiridos ao longo dos portos de escala da viagem. Era através desses jornais que se ficavam a saber as novidades do mundo depois reproduzidas nos jornais locais. No caso de Macau não apenas nos títulos locais como até na parte "não oficial" do Boletim do Governo.
Nas imagens estão um anúncio e uma pequena notícia da edição de 21 de Janeiro de 1864 do jornal Ta-Ssi-Yang-Kuo. Têm em comum a referência à "Mala".
Curiosidade: O que refiro acima era a regra, mas havia excepções. Veja-se a Portaria de 7 de Agosto de 1798, adicional ao Alvará de Janeiro, pode ler-se: 
“A mesma Senhora (Rainha D. Maria) he servida permitir em benefício do comercio, que, toda a pessoa que passar dos portos deste reino para os Estado do Brasil, India e Ilhas, ou voltar dali para Portugal possa conduzir cartas, levando-as primeiramente ao Correio para serem mandadas, e pagando antecipadamente o seu port; o que se faz publico pela Repartição do Correio desta Corte da ordem de S. M. para que chegue à noticia de todos”.
Dois carimbos do "Correio Marítimo" de Macau no início do século 19
Directores do Correio Marítimo de Macau: Felix José Coimbra (1798-1817); Felix Vicente Coimbra (1817-1823); Bernardo Gomes de Lemos (1824-1839 e 1839-1845); Domingos José Barradas (1845-1853); Ignácio Pires Pereira (1853-1861); José da Silva (1862-1869); Ricardo de Sousa (1869-1884).

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