Na edição do jornal Los Angeles Herald (EUA), de 27 de Fevereiro de 1887 surge este pequeno artigo na página 8 com o título "Macao" republicado de um original no jornal London Times.
In years gone by Macao was the most important trading station east of lndia, and it is still a place of note, although its commercial prosperity has been wholly destroyed by it's near neighbor, Hongkong. With the mushroom-like growth of the latter, the trade of Macao dwindled away to almost nothing, and the visitor of the present day wanders through its deserted streets, the lofty and solidly built houses of which still bear witness to its departed greatness, with a feeling that he is in a city of the dead. In its declining years Macao leading a disreputable existence. Its finances are largely dependent on gambling; its principle item of revenue is derived from the farming of the right to keep fan-tan, a game dear to the heart of the lower order of Chinese, is played.
The few hours' journey in the steamer from Hongkong takes us into another world. We leave behind us all the hurry, bustle and business of a great mart of trade, where but yesterday the inhabitants of a poor fishing village dried their nets; everything is new and is the work of men's hands; the very trees had to be brought from elsewhere and have scaroely yet reconciled themselves to their inhospitable soil and artificial surroundings. In Macao we are in Sleepy Hollow; we are transported in a few hours to a town of the Middle Age, which has somehow survived, where men dream away existence, for no seems to work. At nightfall a little animation may be observed in the neighborhood of the fan-tan shop, but otherwise all is picturesque torpor and stagnation.
I Gor. London Times.
Los Angeles Herald, 27.2.1887
Tradução:
No passado, Macau foi o principal porto comercial a leste da índia e ainda é um local digno de nota, embora a prosperidade comercial tenha sido totalmente destruída pelo seu vizinho próximo, Hong Kong. Com o crescimento semelhante a um cogumelo deste último, o comércio de Macau reduziu-se a quase nada, e o visitante dos dias de hoje vagueia pelas ruas desertas, cujas casas solidamente construídas ainda testemunham a grandeza perdida, como se estivesse numa cidade de mortos. Ao longo dos anos de declínio, Macau tem tido uma existência de má reputação, cujas finanças públicas dependem largamente do jogo, com a principal receita oriunda da concessão dos direitos do fan-tan, um jogo caro ao coração dos chineses.
A viagem de poucas horas no vapor de Hong Kong leva-nos para outro mundo. Deixamos para trás toda a pressa, agitação e negócios de um grande espaço de comércio, onde ainda há poucos tempo só existiam os habitantes de uma pobre vila de pescadores; tudo é novo e é obra das mãos dos homens; as próprias árvores tiveram de ser trazidas de outro lugar e, assustadoramente, conseguiram criar raízes num solo inóspito e ambiente artificial. Em Macau estamos em Sleepy Hollow*; somos transportados em poucas horas para uma cidade da Idade Média, que de alguma forma sobreviveu, onde os homens sonham com a existência, pois não parece funcionar. Ao cair da noite uma pequena animação pode ser observada no bairro das casas de fan-tan, mas fora isso tudo é um pitoresco torpor e estagnação.
* referência a uma lenda norte-americana que remonta a 1820 criada por Washington Irving "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça".
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