Em baixo a "Lista da carga da nau portuguesa Nossa Senhora do Bom Despacho", um documento de 1755.
No caso, trata-se de uma viagem Lisboa - Macau - Lisboa com duração de 18 meses, de Fevereiro de 1754 a Julho de 1755.
Cetim, damasco, chá, louças, leques, charões, almíscar, pimenta, anis, madeiras, pimenta são apenas alguns dos produtos mencionados que seriam depois vendidos em "leilão público".
Era uma "Nau de licença do Porto" (a Santa é padroeira do concelho da Maia), pertencente à companhia de Feliciano Velho de
Oldenburgo, um 'cristão-novo', comerciante e armador de origem alemã (pai alemão e mãe portuguesa).
Tudo começa quando o Marquês do Pombal aboliu o monopólio real do comércio, iniciado para Macau nos anos 50 do século XVI. Assim, a 16 de Março de 1753, Feliciano Velho Oldenberg foi autorizado a enviar a Macau a nau Nossa Sra. do Bom Despacho e por Decreto de 11 de Agosto de 1753 foi-lhe concedido o monopólio por um prazo de dez anos da navegação portuguesa entre Lisboa e Macau. Para isso, Feliciano criou com mais cinco sócios a Companhia de Navegação da Ásia Portuguesa, com sede em Lisboa.
O Secretário do Conselho Ultramarino, Joaquim Miguel Lopes do Lavre a 31 de Janeiro de 1754 enviou-lhe um bilhete onde referia o pagamento dos direitos correspondentes à pensão para mandar a sua nau “Nossa Senhora do Bom Despacho” para Macau. O Decreto de D. José, Rei de Portugal, sobre a criação da Real Companhia Portuguesa da Ásia é de 1754.
O terramoto, seguido de maremoto, a 1 de Novembro de 1755 destruiria as embarcações que a empresa tinha adquirido com empréstimos do Estado e ao ter que reembolsar esse dinheiro, Feliciano Velho Oldenberg entrou em falência em 1760 tal como a empresa.
Por esta altura, em 1755, foi fundada no Brasil, uma outra empresa, a Companhia do Grão-Pará e Maranhão com o patrocínio do Marquês de Pombal e também lhe foi permitido o envio de um navio de Lisboa a Macau em Janeiro de 1759. Com a chegada ao poder de D. Maria I (1777-1791), a Companhia foi extinta em 25 de Fevereiro de 1778.
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