Na parte "não official" da edição de 12.7.1851 do "Boletim da Província de Macao, Timor e Solor" pode ler-se: "João Baptista Gomes que, expontaneamente, e à sua custa, abrio novamente ao publico a optima agua da Bica do Bambú, que andava extraviada e barrenta, com grave prejuízo dos habitantes."
Numa das edições posteriores uma outra nota sobre a mesma fonte: "(...) o Sr Couvasgee Sapoorgce Langrena, negociante de Cantão, em nome da comunidade parse, na China, entregou na Secretaria do Governo, o donativo de 40 patacas, para a obra da Bica do Bambu. (...)"
Nos anos seguintes há a referência de um padre Almeida estar a tomar conta desta bica/fonte.
Edição de 12.7.1851 do "Boletim da Província de Macao, Timor e Solor" |
Ainda não encontrei informações relativas à localização desta fonte. Mas por certo seria fora dos muros da cidade... Vejamos este excerto da autoria de Francisco Maria Bordalo escrito em 1854:
"Macau tem duas portas principaes abertas no seu fraco muro de cêrca. Já te disse aonde uma estava situada proximo á Gruta de Camões a outra é na parte oppostá da cidade, chama-se a Porta do Campo e é por ella que vulgarmente saem os habitantes que vão a espairecer extra muros, com especialidade os cavalleiros e os que vão em carroagem. Sobe ao meu humilde cabriolet e saiamos tambem da cidade. Vês uma bonita estrada. À direita o fortesinho de S. João, a horta dos Parses, rica de flores exoticas e a horta do padre Almeida , que é depois da Gruta (de Camões), o logar mais conhecido de Macau; tem no centro uma casa circular com quatro galerias em forma de cruz que dão um aspecto inteiramente original áquelle grande pavilhão; na frente, tres torreões, lago, jardim; e fóra dos muros, sepulturas de chins, uma fonte, arvores e lá no topo a fortaleza da Guia A esquerda uma pobre povoação de chins christãos com a sua capella de S Lazaro que foi a primeira freguezia de Macau e mais além a aldea de Mong-há (...)" - ver foto abaixo
A horta do padre Almeida (Victorino José de Sousa Almeida) que se refere é nada mais nada menos que o espaço em volta do denominado Palacete da Flora. O edifício foi construído em 1848 e partir da década de 1870 passou a ser a residência de verão dos governadores.
Há registo de um João Baptista Gomes, Delegado do Procurador Régio e Juiz Administrador das Alfândegas. Casou em 1835, S. Lourenço, com Vicência Maria Franco. Morreu em 1838 pelo não pode ser o aqui referido.
Em 1848 na lista de cidadãos elegíveis como deputado de Macau às Cortes (Portugal) surge o nome de João Baptista Gomes. Em 1858 há registo de um requerimento em que João Baptista Gomes de Macau "pede que seus três filhos e um um seu enteado sejam isentos do serviço do batalhão provisório da mesma cidade". Deve tratar-se do Juiz de Direito da Comarca de Macau que exerceu as funções do antigo ouvidor, cargo entretanto extinto. Ou seja, o referido no boletim de 1851 deverá ser João Baptista Gomes nascido em Goa no ano de 1800 e falecido em Macau em 1889.
Sem comentários:
Enviar um comentário