O jogo é uma tradição enraizada na comunidade chinesa de Macau desde tempos imemoriais. Os registos mais consistentes que chegaram até aos nossos dias remontam ao início do século 19.
A 20 de Novembro de 1829 o mandarim da Casa Branca (de apelido Kou) publica um edital onde chama atenção (ao governador de Macau) para o facto do jogo ser proibido em Macau.
Na pintura produzida no território nos primeiros anos do século 19 o jogo surge amplamente retratado.
Sendo uma prática habitual no quotidiano das ruas do território, o cenário não escapou ao olhar atento de pintores como Auguste Borget (1808-1877) ou George Chinnery (1774-1852). No seu diário, a 10 de Janeiro de 1839, Borget escreve assim sobre os chineses: "Sempre que têm um momento de folga, divertem-se jogando com dados".
A seguir, apresento o testemunho de um norte-americano que passou por Macau no final da década de 1850:
Near Franch's Hotel*, on the praya, near the principal promenade ground, all the gentility of the place resort to take an evening walk and to enjoy the sea breeze. Macao is a much better place to find good society than Hong Kong yet like all other parts of China it has its miseries - rum and houses of doubtfub reputation are as plenty as they are in Hong Kong. A steamer plies daily between the two places distance sixty miles fare three dollars without meals.
Tradução
Perto do Franch's Hotel*, na praia, próximo da principal avenida, toda a gentileza do lugar convida a um passeio noturno e a desfrutar da brisa do mar. Macau é um lugar muito melhor que Hong Kong para encontrar boas pessoas mas, como todas as outras partes da China, tem as suas misérias - rum e casas de reputação duvidosa são tão abundantes quanto em Hong Kong. Um navio a vapor navega diariamente entre os dois lugares, a uma distância de sessenta milhas, custa três dólares sem refeições.
Retirado do livro A Cruise in the U.S. Steam Frigate Mississippi, de William F. Gragg, publicado nos EUA em 1860
* trata-se de um erro de impressão, deve ler-se French Hotel (Hotel francês); ficava na Praia Grande.
"Em um dos estabelecimentos do Vae seng** havia grande concorrencia sendo aquellas casas assignaladas por vistosas lanternas e brilhantes illuminações. As casas de jogo do pacapio**, do clu clu e outras, eram tambem muito animadas e concorridas."
Excerto de No Oriente: De Napoles á China. (Diario de viagem), de Adolpho Loureiro (esteve em Macau em 1883
** lotarias chinesas
Numa publicação de Junho de 1895, The Outlook, pode ler-se:
"Macao is the Monte Carlo of the East and from its gaming tables its impecunious government reaps 150,000 a year."
"Macau é o Monte Carlo do Oriente e das suas mesas de jogo o seu pobre governo colhe 150.000 por ano."
C. R. Sail, que visitou Macau no final do século 19, escreve sobre o fantan no livro Farthest East, and South and West, publicado em 1892:
"This splendid game is patronized by the Hongkong sportsmen who find a Saturday to Monday run to Macao pleasant and a little fantan exciting. The game is slow the counting of the counters being done very deliberately but there is no doubt of the intense interest the heathen Chinese takes in it observe him as he watches the croupier counting and as it appears that his last coin and his watch and the rest of the portable property about him are all engulfed in the bank."
"Este jogo esplêndido é apadrinhado pelos desportistas de Hong Kong, que consideram agradável e emocionante passar o fim de semana em Macau a jogar fantan. (...)"
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