Na edição de 11 de Junho de 1839 o jornal The Canton Register publica na primeira página um "aviso" da empresa que assegurava as ligações marítimas de passageiros e algum carga entre Macau e Cantão com escala em Lintin:
Notice – M/s Markwick and Smith are proprietors of the ferries Sylph, Alpha, Union and Rover. The numbers of our passengers has become small and we do not know how long we will be able or allowed to maintain the Canton / Macau service.
For the time being voyages to / from Macau and Canton, touching Lintin, will be $20 per head. Tickets to Kum Sing Mun and Hong Kong will be $25. No cargo is allowed and the attached Regulations of the General Chamber will be enforced. Baggage may be landed at the small Customs House on the Praia Grande but dutiable cargo (goods and silver) must be discharged at the inner harbour Customs House.
We no longer have a representative at Canton. C Lloyd will handle the boats there. Apply to him for passage and pay him for any mail you wish to send. All credit arrangements for cargo to Canton have ceased.
Markwick and Smith - Canton, 10th June 1839
Aviso – A firma Markwick e Smith é proprietária dos ferries Sylph, Alpha, Union e Rover. O número de nossos passageiros diminuiu e não sabemos por quanto tempo poderemos manter a ligação Cantão / Macau.
Por enquanto, as viagens de/para Macau e Cantão, passando por Lintin, serão de 20 dólares por pessoa. Os ingressos para Kum Sing Mun e Hong Kong custam US$ 25. Nenhuma carga é permitida e o Regulamento da Câmara Geral* anexo será aplicado. A bagagem pode ser desembarcada na Alfândega pequena da Praia Grande, mas as cargas tributáveis (mercadorias e pratas) devem ser desembarcadas na Alfândega do porto interior.
Já não temos representante em Cantão. C Lloyd cuidará das embarcações lá. Solicite a ele a passagem e pague-lhe por qualquer correspondência que desejar enviar. Todos os acordos de crédito para carga para Cantão cessaram.
Markwick e Smith - Cantão, 10 de junho de 1839
* "Regulamento da Câmara (de Cantão) – Os comandantes das balsas devem notificar a chegada e partida em Cantão para que as buscas possam ser organizada, se necessário. Os barcos devem parar no forte de Wang Tong durante uma hora em cada direção, caso os oficiais do exército desejem fazer buscas a bordo. Barcos usados para contrabando dentro ou fora do rio estão sujeitos a apreensão. Mesmo que os chineses não descubram, a Câmara vai retirar a licença das balsas que fazem contrabando. Passageiros e Lascars (marinheiro de origem árabe) não devem dar gratificações aos funcionários da alfândega chinesa. Se forem exigidas, devem informar esta câmara."
Era o prenúncio do inicio da primeira guerra do ópio: 1839-1842. Por ordem do imperador da China - que proibiu o comércio do ópio - o mandarim Lin Zexu foi enviado em 1839 a Guangdong (Cantão) para inspeccionar a situação do ópio. Confiscou o ópio inglês, mandou-o incendiar e bloqueou o acesso ao porto de Cantão de onde os ingleses foram expulsos, tendo ido, a pedido do capitão inglês George Elliot, para Macau. Dali sairiam depois para Hong Kong.
Charles Markwick e John Smith, os sócios da empresa já referida viriam a publicar um anúncio sobre como devia proceder quem pretendesse embarcar num dos navios da "frota britânica" a partir de Macau. Ou seja, para sair do território por recearem represálias das autoridades chinesas.
Advertisement – For passages between Macau and the British fleet, apply to Charles Markwick at Cheung Sha Wan or John Smith at Macau. The ferries on this route are the schooners Alpha, Union, Sylph and Black Joke and the cutters St George and Greyhound.
Anúncio – Para passagens entre Macau e a frota britânica, dirija-se a Charles Markwick em Cheung Sha Wan ou John Smith em Macau. As balsas desta rota são as escunas Alpha, Union, Sylph e Black Joke e as chalupas St George e Greyhound.
No final do conflito ganho pelos ingleses, entre outras cedências, a China reabriu o porto de Cantão com comércio com estrangeiros e cedeu Hong Kong à coroa britânica.
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