Situada no cimo do Jardim de S. Francisco, ao lado do antigo Quartel com o mesmo nome e para quem suba as escadas, vindo dos lados do Clube Militar, depara-se com esta pequena Torre de um andar, uma “pérola” do nosso Património, que não passa despercebida aos transeuntes que por aquele local deambulam ou se dirigem ao Hospital de S. Januário, que fica no topo desta colina.
Este Jardim que dá pelo nome de Jardim dos Combatentes da I Grande Guerra Mundial (1914 – 1918), conforme está bem patente ao público, na placa em cobre, junto à entrada principal desta mini-Torre de uma beleza, que quanto a nós tem tanto de simples como de extravagante.
Outro símbolo que ainda permanece intocado é o belíssimo logo da Associação dedicada a esses combatentes, onde sobressaem o escudo, os castelos e as cinco quinas da nossa bandeira, bem no centro e que deve ter sido descerrada, de certeza, com toda a pompa e circunstância em tempos idos. Uma homenagem aos militares que se bateram arduamente nos campos de batalha da Flandres e em La Lys, em particular, nesse conflito mundial de que Portugal fez parte, enviando um corpo expedicionário de muitos milhares de soldados, a maioria dos quais por lá ficaram para sempre, dizimados pelo inimigo, as tropas alemãs ou pelas intempéries: frio e fome.
Esta pequena Torre de Macau foi, a partir de 28 de Fevereiro de 1963 e até Outubro de 1974, altura em que foi extinto este serviço, utilizada como a Estação Postal Militar de 3° Classe, uma vez que com o eclodir da Guerra Colonial e a deslocação de milhares de militares para as colónias, houve a necessidade de se voltar a ter um serviço postal militar eficiente, o que já tinha acontecido nos tempos da I Guerra, nos anos de 17 e 18, em França, com a criação do serviço postal militar.
E como em tempo de guerra se tratava foi criado um sistema de códigos para o envio da correspondência entre os militares e os seus familiares ou amigos. Nasce também o Aerograma, um exclusivo do Movimento Nacional Feminino, que em breves palavras se tratava de uma folha de papel com dobras exactas e que no seu exterior no canto superior direito, continha as palavras: –“ Correio Aéreo – Isento de porte e sobretaxa…”, e do outro: “O transporte deste Aerograma é uma oferta da TAP aos soldados de Portugal”.
Um sistema de correspondência muito prático e quase sem custos, utilizado por todos os militares e familiares incluindo, está claro, os que se encontravam por cá a prestar o serviço militar obrigatório, nesse período referido.
À memória veio-me ainda um dos seus últimos responsáveis, nos anos 70, um homem maravilhoso, de estatura média, franzino, mas cheio de humor e que fazia deste serviço o seu “Império do Meio”!
Muitos amigos, devem ainda lembrar-se do famoso “Capitão Noites” como era bem conhecido pelas “tropas” assim como pelo seu maravilhoso carro descapotável que enfrentava todas as intempéries, pois como ele não se cansava de repetir o chavão que era aplicado à letra na sua viatura: “Carro de militar não se molha com a chuva civil”! Um bólide que só se deslocava de noite, fizesse bom ou mau tempo, e com a particularidade de saber sempre o caminho de regresso para o Jardim dos Combatentes da I Grande Guerra, como se um piloto automático tivesse sido instalado no seu comando para esse fim.
Agora qual o uso que esta “pequena grande” Torre terá neste preciso momento é uma verdadeira incógnita para nós, mas a verdade é que poderia e deveria ser mais um local para o são convívio dos residentes. Não nos restam dúvidas, que sim!
Artigo da autoria de Luis Machado publicado no JTM de 13-7-2011
Nota: a sede da Liga dos Combatentes (cujo grande impulsionador foi Lara Reis) passou a funcionar neste local a partir de 1938; durante a guerra do Pacífico no local os mais carenciados podiam aceder a roupas e calçado que eram remendados/concertados pelos militares e voluntários entre os refugiados e a população local; o tema já foi abordado noutros post's.
Nota: a sede da Liga dos Combatentes (cujo grande impulsionador foi Lara Reis) passou a funcionar neste local a partir de 1938; durante a guerra do Pacífico no local os mais carenciados podiam aceder a roupas e calçado que eram remendados/concertados pelos militares e voluntários entre os refugiados e a população local; o tema já foi abordado noutros post's.
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