segunda-feira, 23 de março de 2015

Carta de 1898 para a Alfândega de Pequim

Esta carta de Abril de 1898 é uma peça rara a vários níveis. Primeiro porque se trata de correio registado. Tem o registo nº 1404 dos Correios de Macau. Depois porque tem um selo de 1898. E ainda inclui carimbos dos locais por onde passou antes de chegar ao destino: Hong Kong, Shangai e Pequim. Era dirigida a Emílio d'Encarnação, do "Inspectorate General of Customs Peking (Serviços de Alfândega em Pequim). No envelope, note-se ainda que quem o enviou tinha alguma pressa e escreveu "per first steamer", ou seja, a carta deveria seguir no primeiro navio a vapor. Como se os correios não tivessem tal prática...  
PS: registe-se ainda o facto de ter sido lacrada garantindo assim a inviolabilidade da correspondência; não se conhece o remetente. Sir Robert Ho Tung trabalhou nessa alfândega (1878-1880).
Depois da Guerra do Ópio (Tratado de Nanquim, 1842), a China teve de se abrir ao comércio e tráfico de Ópio com os países ocidentais. Em breve as forças britânicas adquiriram o monopólio de metade do comércio externo da China.  O serviço da Alfândega marítima passou então para mãos estrangeiras
O Tratado de Nanquim foi firmado entre a China da Dinastia Manchu e a Grã-Bretanha em Agosto de 1842. É considerado o primeiro dos "Tratados Desiguais" ou "Tratados Iníquos", assinados entre a China Qing, o Japão Tokugawa e a Coreia Chosun com as potências industrializadas ocidentais, entre meados do século XIX e o início do século XX.
O diploma continha doze artigos, entre os quais destacam-se: Artigo 2º - Determinava a abertura de cinco cidades chinesas - Cantão, Fuzhou, Xiamen, Ningbo e Xangai - para a moradia de súbditos britânicos, além da abertura de tratados nessas mesmas cidades. Artigo 3º - A possessão de Hong Kong por tempo indeterminado pela rainha Vitória e seus sucessores. Artigo 6º - Indemnização pelos custos da guerra num valor de 21 milhões de dólares.

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