quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

O estúdio de Floyd em Macau

William Pryor Floyd (1834 - c.1900) nasceu em Cornwall, Inglaterra, e é considerado um dos fotógrafos ocidentais de maior sucesso estabelecido no Sul da China entre 1863 e 1874.
Por volta de 1863, com 31 anos, Floyd trabalhou como assistente no estúdio fotográfico de R. Shannon & Co., em Xangai. Daqui mudou-se para para Macau onde instalou um estúdio na zona sul da Praia Grande, dedicando-se sobretudo aos retratos mas sempre fotografando as várias cidades costeiras da China, bem como Macau e Hong Kong. Em simultâneo passou a colaborar no conceituado estúdio de fotografia de Hong Kong, o Silveira & Co.,  de que mais tarde, em 1867, viria a ser proprietário. Mas não se ficou por aí. Na então colónia britânica viria ainda a criar a 'Victoria Photographic Gallery'  (activa até 1872) da empresa com o seu nome, a Floyd & Co.
Em anúncios que publicou na imprensa no ano de 1868 informava possuir séries de fotografias das cidades de Hong Kong, Cantão, Macau, Amoy e Foochow.
No final de 1874 Floyd publicou um pequeno livro de 17 páginas intitulado "The Typhoon -  Hongkong, September, 1874". Alusivo aos efeitos do tufão que assolou o Sul da China em  Setembro de 1874. Nesse livro, T. Preston, do Hong Kong Times, assina o prefácio onde escreve "Macao, a small peninsula belonging to Portugal, - suffered worse even than Hong Kong; being left literally a colossal ruin." / "Macau, uma pequena península pertencente a Portugal, - sofreu ainda mais do que Hong Kong; ficando literalmente uma ruína colossal."
Em 1875 Floyd vendeu o negócio e mudou-se para as Filipinas. Morreu ca. 1900
Fotocomposição com 4 fotografias da Praia Grande da autoria de Floyd tiradas ca. 1870

Duas notícias publicadas no ano de 1866 no jornal The Hong Kong Daily Press provam a existência em Macau de um estúdio de fotografia do "Sr. Floyd". A primeira é de 25 de Janeiro de 1866 com o título "Fire at Macao / Incêndio em Macau" e dá conta de um incêndio que destruiu o estúdio localizado na zona sul da Praia Grande. A notícia é feita tendo por base declarações do próprio Floyd.

The Hong Kong Daily Press: 25 Janeiro 1866
Fire at Macao – We have received accounts from Macao of the destruction by fire of Mr. Floyd’s photographic establishment at that place. He says “on Friday last about 8.30 A.M. two Chinese came to my place and were conversing near the window of the waiting room on the west side of the building; shortly after one came and addressed me, the other remaining near the window as above mentioned, the former wishing to learn the business and to purchase apparatus &c. I invited him inside and had verbally agreed to prices &c. 
About 2.30 P.M. whilst taking a cup of coffee in the Hotel, fire broke out on the west side and near the window of the waiting room; in less than fifteen minutes the entire building was in flames from end to end. I ran into the burning building and saved a camera which had just caught fire a chair and a pedestal; these are all that I saved from the fire, with the exception of a few chemicals that were in the Hotel. I cannot overestimate my loss as the goods cannot be replaced in this country.”

"Recebemos relatos de Macau sobre a destruição por incêndio do estabelecimento fotográfico do Sr. Floyd naquele local. Diz ele que "na sexta-feira cerca das 8h30 da manhã dois chineses vieram ao meu estúdio e estavam à conversa perto da janela na sala de espera no lado oeste do edifício e logo depois, um dirigiu-se a mim, enquanto o outro permaneceu perto da janela como mencionado acima, o primeiro desejando aprender o negócio e comprar aparelhos etc. Convidei-o a entrar e acertamos preços. 
Por volta das 14h30, enquanto tomava um café no Hotel, o fogo começou na ala oeste e perto da janela da sala de espera; em menos de quinze minutos todo o prédio estava em chamas de ponta a ponta. Dirigi-me ao edifício e conseguiu salvar uma câmera que tinha acabado de pegar fogo a uma cadeira e um pedestal; isto é tudo o que salvei do incêndio, com excepção de alguns produtos químicos que estavam no Hotel. Não posso fazer uma estimativa do que perdi já que nada pode ser substituído neste país.”
Apesar do incêndio onde Floyd garante ter perdido praticamente tudo, um anúncio de 25 de Agosto de 1866, no mesmo jornal, informa que o negócio está activo, pelo que Floyd não terá perdido todos os negativos.
Fotografia. O abaixo-assinado implora para chamar a atenção dos Excursionistas que visitam Macau, para o seu conhecido estabelecimento de Insuperável Carteirinha de Retratos. Uma Visita confirmará esta afirmação. Os pedidos podem ser encaminhados para Hong Kong através de um Agente, para qualquer endereço, a serem pagos na entrega, ou seja, $ 4 para a primeira dúzia, ou $ 9 para 3 dúzias, incluindo o negativo, que serão encaminhados com as notas de encomenda.
W. P. FLOYD, Artista fotográfico. Praia Grande, Sul,
Macau, 6 de Agosto de 1866 
Photography
The Undersigned begs to call the attention of Excursionists visiting Macao, to his well-known establishment for Unsurpassed Card Portraiture.
A Visit will confirm this assertion. Orders can be forwarded to Hongkong through an Agent, to any address, to be paid for on delivery, viz., $4 for the first dozen, or $9 for 3 dozen, including the negative, which will be forwarded with the Orders.
W. P. FLOYD,
Photographic Artist.
Praya Grande, South, Macao, 6th August, 1866

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