sexta-feira, 16 de maio de 2025

Turistas do "grande paquete" Belgenlande em 1927

Jornal A Pátria Fevereiro 1927

A notícia de Fevereiro de 1927 do jornal macaense "A Pátria" refere "Belengland" mas o paquete de cruzeiros denominava-se "Belgenlande". Pertencia à empresa Red Star Line. A volta ao mundo durava 132 dias visitando 60 cidades em 14 países num total de 28 mil milhas. Este era o terceiro cruzeiro de volta ao mundo. A partida deu-se em Nova Iorque a 14 de Dezembro de 1926 rumo ao Japão. O clima de guerra civil na China impediu a escala em Xangai. Mas na escala em Hong Kong, como era habitual, muitos passageiros aproveitaram para visitar Macau. No regresso chegou a Nova Iorque a 24 de Abril de 1927.
Foi uma época de múltiplos cruzeiros à volta do mundo. Em Março de 1927 era o navio "California" que fazia escala em Hong Kong com 600 passageiros a bordo.
Num artigo publicado na edição de Jan/Mar de 1994 da RC, Henrique de Senna Fernandes explica como era Macau no final da década de 1920:
"Em 1927, reinava em Macau um largo optimismo. O reflexo do mundo em prosperidade chegava até aqui. O Porto Exterior não se revelara ainda o estrondoso falhanço que foi: os relatórios dos responsáveis auguravam um movimento de barcos de grande cabotagem, em manifestações oníricas de grandeza. A indústria de pesca crescia, impressionante. Na Capitania dos Portos estavam registadas mais de mil embarcações. Falava-se muito na modernização de Macau, em tirá-lo do isolamento duma cidade mediterrânica incrustada na China para transformá-lo em burgo activo de arcabouço americano.
Aquele optimismo concretizou-se com a organização e inauguração da primeira e única Feira Industrial, instalada nos terrenos de Mong-Há, mais ou menos no actual bairro dos funcionários junto à Avenida do Coronel Mesquita, onde havia um pequeno lago. Ali mostraram os industriais de Macau as suas potencialidades e, na opinião dos coevos, a Feira honrava a cidade e os organizadores.
Só nos lembramos da parte das diversões. Havia carrocel, montanha russa, "merry-go-round", imensas barracas de tiro e outros jogos em que se ganhavam pequenas lembranças e montes de rebuçados. No lago, havia barcos a remos para os namora-dos e para os românticos.
No enquadramento da época, a Feira foi um triunfo e bafejou Macau da certeza duma completa renovação. A Feira e o porto de grande cabotagem marcavam o começo duma nova era. Neste surto, havia ainda a sensação grata de que Macau iria ser aproveitado pelo turismo com a construção de dois hotéis modernos, o Hotel Riviera, inaugurado em 13 de Fevereiro de 1928, e o President Hotel, o primeiro arranha-céus, que seria inaugurado no Verão daquele ano.(...)
O oportunismo, bafejado pelo sopro de prosperidade, manteve-se em realizações que correspondiam a esse optimismo. Entre outras, aponta-se a inauguração do cabo submarino para a Taipa em 11 de Novembro desse ano. Poucos dias depois, em 19, iniciam-se nos CTT os serviços radiotelegráficos, instalados no 2º andar do novo edifício, com a presença do Governador."

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