A imagem é a reprodução da capa do diário de bordo do navio "Earls of Balcarras" durante a primeira guerra do ópio entre ingleses e chineses.
Com o conflito iniciado em 1839 vários navios partem de Inglaterra para se juntar à frota inglesa na China. O Earl of Balcarras, da EIC - Companhia Britânica das Índias Orientais - foi um deles. Partiu de Londres em Setembro de 1840 e chega a Bombaim apenas a 25 de Maio de 1841. Em Julho já está junto ao que viria a ser Hong Kong. No diário de bordo o comandante Alexander Bayne regista um tufão:
"(...) one of the severest typhoons ever felt in China, the whole fleet of ships driving about in all directions, some without masts which had been cut away & others flying to the shore as if they were tired of the tempest & there lodging ... on the rocks ... next morning the sight was horrible dead bodies floating about in all directions & several noble ships on shore ... had the typhoon lasted 20 minutes more we would have all been on shore (...)"
"(...)um dos tufões mais severos alguma vez sentidos na China, toda a frota de navios a navegar em todas as direções, alguns sem mastros que tinham sido cortados e outros a voar para a costa como se estivessem cansados da tempestade e ali alojados... nas rochas... na manhã seguinte a visão foi horrível: corpos a flutuar em todas as direções e vários navios na costa... se o tufão tivesse durado mais 20 minutos, estaríamos todos na costa (...)"
Passada a tempestade, a viagem prossegue rumo a Whampoa, uma pequena ilha já muito perto de Cantão:
"(...) moored ship at the new anchorage close by the 1st bar large ships not being able to pass over on account of the Chinese having sunk Junks with stones in them in order to block the passage up so as to make themselves secure from the infuriated Barbarians as they are graciously pleased to call us ... during our stay here we remain in constant dread of the Chinese fearing that they might break their good faith with us but no such thing ... however they had plenty of troops stationed round us to see that we did the same (...)"
" (...) navio atracado no novo ancoradouro junto à primeira barra, os navios de grande porte não conseguiam passar porque os chineses tinham afundado juncos com pedras para bloquear a passagem e se protegerem dos bárbaros enraivecidos, como gentilmente nos chamam... durante a nossa estadia aqui, mantivemo-nos em constante medo dos chineses, temendo que quebrassem a sua boa-fé connosco, mas tal não aconteceu... no entanto, tinham muitas tropas estacionadas à nossa volta para garantir que fazíamos o mesmo (...)"
Nesta altura a guerra ainda existia mas só no papel, porque na prática os combates já tinham terminado quase todos. Em Janeiro de 1841 foi assinada a chamada Convenção de Chuenpi, documento em que a China cede a ilha de Hong Kong à Grã-Bretanha. Este acordo seria posteriormente formalizado no Tratado de Nanquim em 1842. Os britânicos tomaram posse formal de Hong Kong a 26 de Janeiro de 1841, hasteando nesse dia a bandeira da Union Jack na ilha de Hong Kong. A zona costeira de Kowloon seria 'conquistada' na segunda guerra do ópio.
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