quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Escolas particulares no século 19

Muito antes de existirem escolas sob a alçada do governo - a chamada instrução pública - o ensino fazia-se ou nos colégios religiosos ou a título particular e era acessível apenas aos mais abastados. Assim, na primeira metade do século 19 por vezes surgiam anúncios como este - de uma "escolla que ensine a meninas ler, escrever, cozer, bordar..." - publicado em 1836 no jornal o Macaísta Imparcial.
"No dia 27 de Abril de 1847, o Padre Jorge António Lopes da Silva aceita, perante o Leal Senado, o convite para reger a recém-estabelecida Escola Primária Municipal, sendo também mestre de primeiras letras, com o ordenado de 350 patacas por ano. Levará, porém, e isso é condição que apresenta, os meninos que até aí estudavam em sua casa. A escola ficou instalada em parte do Recolhimento de Sta. Rosa de Lima, mudando-se para o Convento de S. Francisco em 1849 mas, no mesmo ano, e porque chegou tropa auxiliar de Goa, voltou ao Recolhimento. 
No dia 16 de Junho foi inaugurada a Escola Principal de Instrução Primária, fundada pelo Senado, por meio duma subscrição e uma lotaria que renderam 4.000 patacas e com o donativo de 5.000 patacas que o negociante inglês James Matheson ofereceu, por ocasião da sua retirada para a Europa. O currículo era o já anteriormente pensado mais o ensino de inglês e francês. A escola foi apoiada, desde Setembro deste ano, por proventos de uma lotaria, visto ter muitos órfãos que recebiam instrução gratuita e o encargo ser demasiado para o Senado. A iniciativa de um “Bazar de obras curiosas”, com o mesmo fim, nasceu também neste ano, em Dezembro, e a primeira “edição” deste bazar rendeu $1073,83 patacas. A escola dispunha ainda dos fundos de um legado, como já vimos, e não pagava direitos. Foi seu primeiro director o Pe. Jorge António Lopes da Silva, natural de Macau."
in Cronologia da História de Macau, vol. 2, 2015, de Beatriz B. da Silva
"Aula de primeiras letras como ler, escrever e contar"
in Boletim da Província de Macao, Timor e Solor, 1846

A 5 de Janeiro de 1862 começou a funcionar a “Nova Escola Macaense” por iniciativa do Barão de Cercal que te autorização para obter fundos através de uma lotaria anual e ainda um subsídio do governo para auxiliar a fundação dum estabelecimento de instrução primária e secundária, cujo ensino deveria ser gratuito para os pobres. A escola funcionou até 1867 e com os fundos deste instituto e com o produto das acções subscritas fundou-se a “Associação Promotora da Instrução dos Macaenses”.
Em 1863 Bernardino de Sena Fernandes foi autorizado a estabelecer uma escola particular de meninas, dirigida por mestras francesas, irmãs do Instituto de S. Paulo, que em 1875 foi substituído pelo Colégio de Santa Rosa de Lima.
Em 1878 a taxa de analfabetismo entre os portugueses oriundos de Portugal era de 51% enquanto entre os portugueses locais era de 25%. Nesse ano, escreve João de Andrade Corvo nos "Estudos sobre as provincias ultramarinas", "além das escolas publicas ha 16 escolas particulares frequentadas por 407 alumnos sendo 245 do sexo masculino e 162 do feminino."
A 1 de Setembro de 1882 foi inaugurada a Escola Municipal de Instrução Primária, no nº 17 da Rua de S. Domingos.

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