Em 1837 a P&O (Peninsular Steam Navigation Company) transportava passageiros, correio e carga entre a costa sul de Inglaterra e Portugal e Espanha. Em 1840 passou a transportar correio entre a Inglaterra e o Egipto. Em 1842 estendeu o serviço para a Índia e em 1845 atingiu Hong Kong e Singapura. Em 1849 já distribuía correio para Shangai e em 1852 fará o mesmo na Austrália.
A propulsão a vapor tinha sido um avanço tecnológico significativo em meados do século 19 e no final do século o enfoque passa a ser a comodidade dos passageiros, incluindo a electricidade.
Em 1889, a Orient Steam Navigation Company (Orient Line) realiza um cruzeiro de 37 dias pelo mediterrâneo com o navio Garonne. Saiu de Londres em Fevereiro passou por Lisboa, Gibraltar, Argel, Palermo, Nápoles, Livorno, Génova, Nice, Málaga e Cádiz, regressando depois a Londres.
Terminada a primeira guerra mundial as viagens marítimas deixaram de se fazer apenas por imperativa necessidade dando lugar ao lazer e até às viagens com fins curativos/medicinais que o ares do mar proprocionavam. Os grandes navios transatlânticos são autênticos hotéis flutuantes. Deve-se à White Star Line os primeiro navios de passageiros mais luxuosos, (com piscina e campo de ténis, por exemplo), nomeadamente o RMS Olympic e o RMS Titanic. O naufrágio de 1912 do Titanic (levou ao desaparecimento da empresa comprada pela Cunard em 1934) abrandou o ritmo da procura e entretanto surge o primeiro conflito à escala mundial, fazendo com que muitos destes navios fossem usados no esforço de guerra. Terminado o conflito muitos são reconvertidos em paquetes de luxo. A partir de 1920, a "lei seca" nos EUA também deu um contributo decisivo para este mercado. Os navios de bandeira estrangeira, desde que fora do mar territorial dos EUA, podiam fornecer bebidas alcoólicas, pois não estavam abrangidos pela lei que vigorou até 1933.
As primeiras três décadas do século 20 seriam a época de de ouro dos cruzeiros glamourosos só acessíveis aos mais abastados. Nos anúncios publicitários o luxo a bordo e o exotismo dos destinos eram os grandes atractivos. Até à grande depressão de 1929 foi sempre a crescer mas mesmo em 1932 mais de 100.000 britânicos passaram férias nestes paquetes.
Entretanto um outro meio de transporte despontava. Se na década de 1920 já havia ligação aérea entre Londres e Paris (125 minutos de viagem), a partir do final da segunda guerra as viagens aéreas disparam. Era o princípio do fim do negócio dos navios transatlânticos.
Mas voltemos ao princípio da era dourada das "voltas ao mundo em cruzeiro". O Oriente representava o grande atractivo, nomeadamente a China e o Japão. E para ali chegar o porto de Hong Kong era escala obrigatória. Nos vários dias em que os navios estava parados para reabastecimento e motivos de outra ordem os passageiros eram convidados a visitar cidades vizinhas como Cantão e Macau, esta última com a particularidade de ser um 'pedaço' do Ocidente no Império do Meio.
No início da década de 1920 a oferta de cruzeiros até ao Oriente era vasta. Aqui ficam alguns exemplos com recurso aos anúncios da época:
- U.S. Shipping Board (do governo dos EUA): Over a Short Northern Route - from Seattle to the Orient on American Ships".
Two Raymond Whiteomb Cruises
Round the World
January 9 and 16 1923
New S.S. Resolute - United American Lines
New S.S. Volendam - Holland America Lines
"Shanghai and Hong Kong: the Open Doors to China, engrossing combinations of Western progress and Asiatic antiquity."
The Canadian Pacific Route Bridging two oceans and linking four continents
Fortnightly Service to the Orient
Fastest Time Across the Pacific
Four magnificent Canadian Pacific Empress Steamships, the largest, fastest and most luxurious on the Pacific will link Asia with America this year.
A Rota da Canadian Pacific
Unindo dois oceanos e ligando quatro continentes
Serviço Quinzenal ao Oriente
Tempo mais rápido do Pacífico
Quatro magníficos navios a vapor na linha Empress da Canadian Pacific, os maiores, mais rápidos e mais luxuosos do Pacífico, ligarão a Ásia à América este ano.
Empress of Canada 33,000 tons displacement
Empress of Australia 31,000 tons displacement
Empress of Russia 25,000 tons displacement
Empress of Asia 25,000 tons displacement
The Canadian Pacific Empresses hold the record for the fastest time to the Orient. The new palatial Empress of Canada and Empress of Australia now to be linked with the well known and popular Empress of Russia and Empress of Asia are marvelous achievements of modern science and marine architecture. They possess individually the grandeur speed and perfection of appointments that make them easily the choice of discriminating travelers.
Os navios da linha Empress detêm o recorde de tempo mais rápido para o Oriente. O Empress of Canada e o Empress of Australia, agora ligadas aos conhecidos e populares Empress o Russia e Empress of Asia, são conquistas maravilhosas da ciência moderna e da construção náutica. Cada um deles possui a grandeza, velocidade e perfeição dos compromissos que os tornam facilmente a escolha de viajantes exigentes.
Japan China and the Philippines
Fortnightly Service from Vancouver BC via Victoria.
The new Empress of Canada makes her maiden voyage June 29th. Plan your trip now to Japan, Korea and Manchuria. See Fujiyama, the sacred temple cities of Nippon, visit the Forbidden City of Pekin, the ancient wall of China, the great Oriental ports of Shanghai and Hong Kong and the exotic city of Manila in the Philippines.
Serviço quinzenal de Vancouver BC via Victoria.
O novo Empress of Canada faz a viagem inaugural a 29 de Junho. Planeie agora a sua viagem para o Japão, Coreia e Manchúria. Veja Fujiyama, as cidades dos templos sagrados do Japão, visite a Cidade Proibida de Pequim, a antiga muralha da China, os grandes portos orientais de Xangai e Hong Kong e a exótica cidade de Manila, nas Filipinas.
Curiosidade:
O Primeiro Cruzeiro de Férias às Colónias portuguesas (ocidentais) foi promovido em 1935 pela Revista O Mundo Português, órgão da Sociedade de Propaganda Nacional, com recurso ao paquete Moçambique.
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