"Moedas Chinezas" é o título de um pequeno artigo publicado no jornal português "Archivo Pittoresco - Semanário Illustrado" em 1857 com uma ilustração das ditas moedas:
O governo na China só faz cunhar uma única espécie de moeda. É de cobre, misturado com zinco c chumbo, e tão frágil, que chega a desfazer-se com a circulação. No centro tem um buraco quadrado, como se vê na estampa, onde esta moeda está desenhada no tamanho natural. Os chins chamam-lhe tsin, mas em Macau dão-lhe o nome de sapecas. O furo no centro serve para as enfiar n'um cordel ou junco, para mais fácil transporte e contagem. Vêem-se ás vezes os chins, que andam a compras, trazerem uma longa enfiada de sapecas ao pescoço. Usam tambem ordinariamente enfial-as aos centos, e correm como entre nós os cartuchos de pequenas moedas de prata. Dez cachas, peso infimo da prata, fazem um condrim de prata; dez condrins compõem um maz, e dez mazes um tael, que é a unidade máxima do peso para regular a prata ou ouro; metaes de que não se cunha dinheiro, mas que correm como tal, em barra ou pedaços, que tem uma certa forma, e que são tomados a peso em todas as transacções. O tael representa uma onça chincza de prata fina, e vale aproximamente 1:400 réis da nossa moeda. Note-se que desde tempos immemoriaes usam os chins do systema decimal, assim nos pesos, corno nas medidas lineares, o qual apenas agora começa a generalisar-se na Europa.
As patacas hespanholas são o dinheiro europeu que mais concorre aos portos da China, onde é livre o commercio com a Europa. São ellas recebidas como dinheiro ou prata corrente ao peso de sere mazes e dois condrins, que é o de uma boa pataca. Apenas qualquer chim recebe patacas, logo as carimba com a firma ou signal de que usa, ou o seu estabelecimento, de modo que dentro em pouco o cunho totalmente desapparece, e tornam-se n'umas informes chapas de praia, que por si mesmas se quebram, ou que se panem quando ha necessidade de dar trocos com mazes e condrins. Reduzidas a este estado, chamam-lhe prata quebrada, que é o que mais gira era Macau.
Por isto é raro ver na China uma pataca perfeita, ou limpa, como lá dizem, isto é, sem carimbos; mas nem por isso as que ha tem mais valor que a prata quebrada, à excepção das do cunho de Carlos IV, de Hespanha, que para os chins tem mais valia, e não querem outras no mercado de Shangae.
A relação entre a pataca e as sapecas, que são a raiz ou bilhão do systema monetário chinez, varia segundo o estado das transacções com o commercio europeu, e a maior ou menor abundância de prata na China. Actualmente abunda esta, porque muita vae da Europa, e trocam-se as patacas em Macau somente por 1:100 sapecas, correspondendo assim cada uma d'estas a oito décimos de um real; mas de ordinário ainda menos valem. Apesar de tão infimo valor, ha cousas que se compram por uma sapeca, principalmente comestíveis. Este systema de moeda permite o commercio dos infinitamente pequenos, e qualquer chim, em possuindo algumas dúzias de sapecas, improvisa-se em negociante.
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