Actualmente só na ilha de Coloane se encontram praias, mas tempos houve em que na península de Macau também existiram praias... O documento em baixo é de Março de 1904. Trata-se de um "bilhete de admissão" para a "segunda estação balnear. Casa de Banho. No sítio denominado "Areia Preta" e pertenceu ao marinheiro Filipe Emílio de Paiva, tema de um dos próximos posts embora já tenha sido alvo de várias referências avulso.
Filipe Emílio Paiva (1871-1954), oficial da Armada e escritor, efectuou serviço em quase todas as possessões portuguesas, incluindo em Macau. Escreveu romances sob o pseudónimo de Emílio de San Bruno, e nessa condição obteve em 1927, o primeiro prémio do Congresso de Literatura Colonial com o romance Zambeziana. Obteria o mesmo prémio, no ano seguinte, com o romance “O Caso da Rua Volong”, cuja acção se desenrola em Macau.
Em "Curiosidades de Macau Antiga", Luís Gonzaga Gomes escreve: “Um dos sítios outrora mais procurados pelos chineses pela razão da sua beleza era a magnífica praia da Areia Preta. Incrustada numa pequena angra era ali que nas tardes de Verão os habitantes desta cidade concorriam em grande número para se divertirem, quer nadando quer gozando a fresca aragem vinda do mar. Frente à enseada, as escalvadas Nove Ilhas e a Lêng-Têng quebravam a monotonia do extenso horizonte com as suas recortada s silhuetas, disfrutando-se assim da praia um admirável e inspirador cenário. Enterradas na praia, os recifes e os penhascos, brunidos e exalviçados pela ressaca das vagas, forneciam outra nota de graciosidade ao local já de si tão aprazivelmente encantador.”
Esta descrição seria válida até meados da década de 1920 quando se iniciaram os trabalhos de aterros nesta zona denominada de Areia Preta. O temo em chinês designa-se por Hac Sa, curiosamente, uma das praias que ainda existe, em Coloane, nome que advém do facto da areia ter uma cor escura típica de alguns deltas de rio.
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