Uma das primeiras descrições de Macau foi feita pelo italiano Marco d’Avalo que indica o nome Maccauw. Escrito provavelmente em italiano ou latim, admite-se que seja de 1638 mas só seria publicado num livro holandês (Amesterdão) em 1645/46 é acompanhado por uma ilustração datada de Maio de 1632 e de autor anónimo com o título Maccauw e a legenda Gezicht op Macao / Vista de Macau (sobre o Porto Interior). Nessa ilustração - imagem abaixo - mencionei algumas das representações mais significativas.
Também designado por Marcus e Mark, a descrição* deste comerciante não passou despercebida na época. Veja-se como é analisada num livro de 1706 "The History of the Works of the Learned, Or, An Impartial Account of Books lately printed in all parts of Europe...: "In the next place we have a Description of the Town of Macao by Mark de Avalo. He alledges that when he wrote this Description, this Town was the best, strongest and most profitable place that the Portuguese had in the Indies." Ou seja, Avalo "Alega que, quando escreveu esta Descrição, esta Vila era o melhor, mais forte e mais rentável lugar que os portugueses tinham nas Índias."
O livro, refira-se, foi traduzido em várias línguas, nomeadamente inglês e francês e será ao longo dos séculos 17 e 18, amplamente reproduzido como sendo a história de Macau até então. O excerto abaixo, de uma edição em inglês, refere-se apenas às fortificações.
"The city is surrounded by strong walls and ramparts and has three hills with a fort on the top of each one, forming a triangle. The strongest and most prominent of these castles is named São Paulo. (…) The second fort is named Nossa Senhora da Penha de França and holds inside it a hermitage of the same name. It possesses six light cannon that fire iron shot of six to eight pounds. The third fort is named Nossa Senhora da Guia and stands outside the town. It offers no advantage except that this hill is higher than the others an overlooks them, consequently, it is fortified, equipped and protected with four to five cannon. It too has a hermitage within its walls. (…) Moreover, the city has four bulwarks at low level, of which three are on the sea, or water side, and four on the land side. The first is named Santiago da Barra, and the ships pass by it. (…) The second bulwark is named Nossa Senhora do Bom Parto, is located on the southwest, on the hill of Penha de França, and has eight bronze cannon. (…) From here there begins a half moon (leia-se Praia Grande) serving as a sea wall, with a redoubt in the middle (referência ao fortim de S. Pedro), on which three cannon can be mounted in time of need. On the outside a low wall runs to another bulwark called São Francisco. Between these two bulwarks lies a beach lined with fine elegant buildings (…). The third bulwark, São Francisco, bigger than that of Nossa Senhora do Bom Parto, is mounted with twelve cannon and has a redoubt that projects far out to sea. In 1632 a platform was made at the foot of this bulwark, and on it was sited a culverin, which shoots a forty-eight pound iron shot (…). The fourth bulwark lies on the land side and is named São João. Three cannon are sited here, close to the land gate called São Lázaro. The wall climbs the hill to the São Paulo fort and from there it proceeds to the Jesuit house."
Gezicht op Macao, mei 1632. Onderdeel van de illustraties in het verslag van de reis naar Oost-Indië van Seyger van Rechteren, 1628-1632, No. 3. |
Tradução
"A cidade é cercada por fortes muralhas e baluartes e possui três morros com um forte no topo de cada um, formando um triângulo. O mais forte e proeminente desses castelos chama-se São Paulo. (…) O segundo forte chama-se Nossa Senhora da Penha de França e guarda no seu interior uma ermida com o mesmo nome. Possui seis canhões leves que disparam balas de ferro de seis a oito libras. O terceiro forte chama-se Nossa Senhora da Guia e fica fora da vila. Não oferece nenhuma vantagem, exceto que esta colina é mais alta que as outras e as domina, portanto, é fortificada, equipada e protegida com quatro a cinco canhões. Também tem uma ermida no interior das paredes. (…) Além disso, a cidade tem quatro baluartes a cota baixa, dos quais três do lado do mar, e quatro do lado da terra. A primeira chama-se Santiago da Barra, e por ela passam os navios. (…) O segundo baluarte tem o nome de Nossa Senhora do Bom Parto, situa-se a sudoeste, na colina da Penha de França, e possui oito canhões de bronze. (…) Daqui começa uma meia-lua (leia-se Praia Grande) a servir de paredão, com um reduto a meio (referência ao fortim de S. Pedro), onde podem ser montados três canhões em caso de necessidade. Do lado de fora, um muro baixo corre para outro baluarte chamado São Francisco. Entre estes dois baluartes encontra-se uma praia ladeada por belos e elegantes edifícios (…). O terceiro baluarte, São Francisco, maior que o de Nossa Senhora do Bom Parto, está armado com doze canhões e tem um reduto que se projecta mar adentro. Em 1632 foi feita uma plataforma ao pé deste baluarte, e sobre ela foi colocada uma colubrina, que dispara uma bala de ferro de quarenta e oito libras (…). O quarto baluarte fica do lado de terra e chama-se São João. Três canhões estão aqui colocados, perto da porta de terra chamada São Lázaro. A muralha sobe o morro até o forte de São Paulo e daí segue até a casa dos jesuítas."
O que tem assinalado como Fortaleza de N.Sª do Bomparto será a Fortaleza de Santo Iago da Barra. Um abraço.
ResponderEliminar