
Chuang Tzu e a Borboleta
Horas longas nas coisas deste mundo,
pouco a pouco me veio um sono brando
E um sonho tão jucundo que ninguém já teve, assim:
Sonhei que era uma lépida e elegante borboleta voando,
de pouso em pouso, sobre o néctar dulcíssimo das flores.
Tempos e tempos, uma vida inteira, andei eu
Com outras companheiras, numa doideira,
Na estação quente dos amores.
Tudo me parecia tão real, tal qual estou dizendo,
E até me lembro, que, numa tarde muito fria, quando sol procurava,
Um vento tão gelado de repente me assaltou,
Tão mal, tão mal, fiquei, que logo ali, sobre um jasmim, morri!
Despertei: e acordado, ainda insecto morto me julguei!
que sonhos tem a gente - extravagantes!
Sonhos?! - que fosse sonho, então acreditei,
Mas após muito cogitar vejo só um caso emaranhado!
Justifico: é que a minha convicção
De existir como insecto foi tão firme antes,
Como agora é a de ser de humana geração!
E, portanto: fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta,
ou sou agora uma borboleta que sonha que é um homem?
Erro do intelecto?
Não sei...
Versão Poética (adaptada) de Silva Mendes, Excertos de Filosofia Taoísta, Macau, Escola de Artes e Ofícios - Tipografia do Orfanato da Imaculada Conceição, 1930
O poema está ainda, p.e., em "Pensar Azul", Manual de Filosofia, 11º ano.
NR: Chuang Tzu - filósofo chinês da Escola Taoísta que morreu cerca de 275 a.C
O poema está ainda, p.e., em "Pensar Azul", Manual de Filosofia, 11º ano.
NR: Chuang Tzu - filósofo chinês da Escola Taoísta que morreu cerca de 275 a.C
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