No "Toponímia de Macau" Monsenhor Manuel Teixeira explica as origens do nome dado a esta travessa: "Foi-lhe dado este nome por se representarem ali os autos chinas. (...) Em chinês chama-se Ch'eng P'eng Hong, ou Ch'eng Sán Kai ou Ch'eng P'eng Chek Kai; tem este nome por lá existir o Cineteatro Ch'eng P'eng, que é o prédio nº 23 dessa travessa, construído um pouco antes de 1907."
Bento da França, na obra "Macau e os seus habitantes" de 1897 explica o que era o auto china.
"O theatro chinez é chamado em Macau o auto china. Esta denominação, cremos, veiu do nosso antigo theatro, pois assim eram designadas as composições dramáticas, ou dramatico-lyrico-comicas, de Gil Vicente, etc, em que tinha cabida toda a espécie de acção séria e burlesca. A sala de espectáculo é quasi despida de adornos. O palco levanta-se a uns dois metros acima da platéa, fazendo-se as mutações de scena á vista, porquanto não existe panno de boca. No proscénio vêem-se alguns bancos para espectadores. A scena tem poucas decorações. Ao fundo, que é de madeira, ostenta-se, na parte superior, um enorme letreiro vertical, indicando o nome da companhia que funcciona; mais abaixo ha duas portas, a da direita para as entradas e a da esquerda para a saida dos actores. Os músicos collocam-se ao fundo da scena, entre as duas portas. De um dos lados estadeia um cartaz com o annuncio do espectáculo. Em todas as suas representações theatraes ostentam os chinas muito apparato, e, qualquer que seja a peça que levem, ha sempre personagens em abundância, rasão pela qual as companhias são numerosíssimas. Todos os actores pisam o palco com a maior affectação; quer declamem, quer cantem, mudam a voz para falsete, pois que não admittem a naturalidade em scena. Ha espectáculos mixtos, em que fazem exercícios acrobáticos difficultosos, tornando-se insignes em saltos mortaes. Por lá ainda Talma e Arlequim confundem as respectivas artes. Todo o material scenico, mobiliário, adereços, etc, etc, se cifra em: uma mesa, seis cadeiras e três cannas, ou bambus.
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O Wing Wah, hotel chinês, ficava nesta travessa. |
"O theatro chinez é chamado em Macau o auto china. Esta denominação, cremos, veiu do nosso antigo theatro, pois assim eram designadas as composições dramáticas, ou dramatico-lyrico-comicas, de Gil Vicente, etc, em que tinha cabida toda a espécie de acção séria e burlesca. A sala de espectáculo é quasi despida de adornos. O palco levanta-se a uns dois metros acima da platéa, fazendo-se as mutações de scena á vista, porquanto não existe panno de boca. No proscénio vêem-se alguns bancos para espectadores. A scena tem poucas decorações. Ao fundo, que é de madeira, ostenta-se, na parte superior, um enorme letreiro vertical, indicando o nome da companhia que funcciona; mais abaixo ha duas portas, a da direita para as entradas e a da esquerda para a saida dos actores. Os músicos collocam-se ao fundo da scena, entre as duas portas. De um dos lados estadeia um cartaz com o annuncio do espectáculo. Em todas as suas representações theatraes ostentam os chinas muito apparato, e, qualquer que seja a peça que levem, ha sempre personagens em abundância, rasão pela qual as companhias são numerosíssimas. Todos os actores pisam o palco com a maior affectação; quer declamem, quer cantem, mudam a voz para falsete, pois que não admittem a naturalidade em scena. Ha espectáculos mixtos, em que fazem exercícios acrobáticos difficultosos, tornando-se insignes em saltos mortaes. Por lá ainda Talma e Arlequim confundem as respectivas artes. Todo o material scenico, mobiliário, adereços, etc, etc, se cifra em: uma mesa, seis cadeiras e três cannas, ou bambus.


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