O título do post é também o título de um artigo da página 2 da edição de 3.8.1901 do semanário português de Hong Kong "O Porvir". De forma resumida, o jornal mostra-se contra a introdução da electricidade em Macau, preferindo o gás e o petróleo.
"(...) N'uma cidade como Macau, sujeita e exposta a frequentes tufões e em que de noite reina a pacatez quase aldeã, podendo dizer-se que o toque de silêncio para as tropas da guarnição serve também para o resto da população, a iluminação a luz eléctrica era um luxo supérfluo se não fosse também um perigo; e, sabendo-se que a Câmara não abunda em recursos para prover a outros melhoramentos inadiáveis, seriada parte dela um esbanjamento montar uma iluminação de luxo em ruas transitadas, depois das 10 ou 11 horas da noite, apenas por uns vadios ou jogadores retardatários. (...)
Melhor do que ela para Macau acharíamos por isso a iluminação a gás, mais barata e que tanto serviria para uso público como doméstico. Pronunciamo-nos, todavia, pela continuação da iluminação a petróleo não somente por ela ser mais económica, mas também por ela ser presentemente susceptível de aperfeiçoamentos que, com manifesta vantagem, a podem fazer competir com o gás e até com a electricidade.
Fabricam-se hoje, para isso, na Inglaterra, por exemplo, candeeiros com um poder iluminativo superior, sem cheiro incomodativo e sem perigo, e produzindo uma luz mais intensa e límpida.
Procurando prover-se desses candeeiros que não são caros e alimentando-lhes a luz com petróleo vindo de Timor, o governo e a Câmara de Macau terão montado um bom sistema iluminativo e prestado um bom serviço aos munícipes e ao país, ao mesmo tempo. (...)"
Nota: A sugestão não vingou. A 18 de Abril de 1903 foi publicado o anúncio da abertura de concurso “para o fornecimento de energia eléctrica aplicada à iluminação das vias públicas da cidade” e a 17 de Setembro de 1904 viria a ser assinado o contrato de fornecimento de iluminação pública de Macau por electricidade, entre o Leal Senado e o engenheiro Marius Bert, um francês de Haiphong, Indochina, que ficou com o exclusivo desse fornecimento.
Para o efeito foi criada em Macau a Societé Eléctrique d´Extrême Orient sendo director Charles Ricou. O fornecimento regular da electricidade começou em Fevereiro de 1906. Em 1909 Ricou recebeu 'trespasse' da concessão inicial, assinou um contrato com o Leal Senado (BO 13.2.1909) e fundou a Macao Electric Lighting Company (Melco).
ai ai....se os meninos do Climáximo descobrem :)!
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