quinta-feira, 3 de junho de 2021

Plano de la Ciudad de Macao (1792)

Plano de la ciudad de Macao Colonia de los Portugueses, situada a la parte Meridional del Ymperio de China en la Latitud N. de 22º,12', 44'' y Longitud de Thenerife de 130º, 15' Lebantado por Manuel de Agote primer Factor de la Rl. Compañía de Filipinas. 
É este o título de uma "planta" de Macau feita em 1792 por um galego que trabalhava para uma empresa espanhola de transporte marítimo e, claro, inclui dados sobre navegação marítima no delta do rio.
É um documento curioso a vários níveis e com algumas semelhanças com o de Jacques Nicolas Bellin (de 1764) em termos de perspectiva. Já ao nível do detalhe o de 1792 é muito mais 'valioso'. 
Numa outra 'planta', de 1796, da autoria de George Leonard Staunton - A Plan of the city and harbour of Macao: a colony of the Portugueze, situated at the southern extremity of the Chinese Empire in Lat. 22 remit012'44" N., long. 113035'0" east of Greenwich / engraved by B. Baker, Islington - e publicada no“Authentic Account of an Embassy from the King of Great Britain to the Emperor of China” também se encontram muitíssimas semelhanças. 
Este mapa surge como ilustração da viagem à China de Lord Macartney. Nos dois mapas/plantas a cidade de Macau e o seu porto estão em destaque salientando-se as referências às altitudes, profundidades das águas (referido nas margens) e os edifícios mais importantes como as fortalezas, igrejas e mosteiros e capelas que surgem numerados.
Para além das indicações típicas deste tipo de 'plantas' tem ainda informação sobre a população. Graficamente as ruas são representadas (mas não são identificadas) bem como a área edificada.
Ao todo surgem 41 referências que dizem respeito às edificações mais importantes: 6 fortalezas (Monte, Guia, S. Tiago da Barra, S. Francisco, Bom Parto e Fortim de S. Pedro); 3 igrejas (Catedral, S. Lourenço e Sto António); 2 colégios (S. José e S. Paulo); 4 conventos (Sto. Agostinho, S. Francisco, S. Domingos e Sta. Clara); 4 ermidas (Hospital Misericórdia, S. Lázaro, Penha de França e Sta. Casa Misericórdia); 2 hospitais (Misericórdia e S. Lázaro).
São ainda assinalados: Casa do Senado, Porta de S. Lázaro, Porta Sto. António, Porta do Cerco, Campo de S. Francisco, Praia do Manduco, Praia pequena, Praia Grande, Alfândega, Bazar, Ilha Verde, Casa Branca (na China), dois templos/pagodes (Barra e Mong Há) e Taipa.
Tendo por base os registos das três paróquias o autor começa por fazer uma distinção entre as autoridades e o povo. Assim, na elite de então estão registados 93 eclesiásticos, 169 militares e 10 civis. Quanto à população civil na paróquia da Catedral (Sé) estão registadas 1500 pessoas (1218 maiores e 282 menores), na paróquia de S. Lourenço 1813 e na de Sto. António 790. Feitas as contas, no final do século XVIII vivem em Macau 4103 portugueses/macaenses e 7500 chineses o que perfaz um total de 11.871 almas.
Manuel de Agote fez ainda nesse ano este "Plano del rio por el qual se navega con embarcaciones menores entre Macao y Canton".
O basco Manuel de Agote e Bonechea (1755-1803começou a viajar com 24 anos, altura em que começou a trabalhar para a companhia Uztaris San Ginés and Company. Em 1787 foi designado para Cantão e Macau como o primeiro representante da Real Companhia das Filipinas na China. Efectuou diversas viagens entre Macau, Cantão, Filipinas e Acapulco, por exemplo.   Em Maio de 1781 viajou de Macau a Acapulco (chegou em Fevereiro de 1782) no navio espanhol Hércules a mando do capitão Francisco José de Mendizabal. Em Março de 1783 partiu da ilha de Puna em direcção a Macau onde chegou em Junho de 1784.
Nos diários que escreveu entre 1779 e 1798 revela-se um homem culto e com grande capacidade de observação, não só no que diz respeito aos aspectos relacionados como comércio mas também do ponto de vista político, antropológico e cultural.
Nessas viagens realizou um trabalho cartográfico apreciável. Era também um excelente desenhador e aquarelista e ilustrou com detalhe tudo o que despertou o seu interesse.
A obra de Manuel de Agote está depositada no Museu Naval Untzi e é uma fonte de grande valor para o conhecimento das relações com a Ásia Oriental, e especialmente a China, no final do século XVIII.

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