A 24 de Dezembro de 1925 (quinta-feira) o governador concedeu "tolerância de ponto nas repartições públicas depois da 1 hora sem prejuízo do serviço". Em jornais como "A Pátria" os inúmeros anúncios publicados atestam que a economia local vivia dias de grande dinamismo. A Avenida de Almeida Ribeiro (San Ma Lou) tinha sido inaugurada há poucos anos - ligando o Porto Interior ao Porto Exterior - e já competia com a Rua Central em termos de oferta comercial, mas a Praia Grande, ainda com a categoria de rua, mantinha-se como a grande montra fruto da localização privilegiada em redor da baía com o mesmo nome. Para além do Jardim de S. Francisco no cruzamento com a Rua do Campo, grandes firmas estavam ali instaladas tendo como vizinhos o Palácio das Repartições, o Palácio do Governo, o New Macao Hotel, e em breve, logo ao lado, também o BNU, cujo edifício sede estava quase pronto.
Um dos anunciantes era o Au Paradis des Dames, Ltda, "estabelecimento frequentado pelas pessoas chicas cá da terra" e inaugurado recentemente que oferecia "tudo o que há de melhor e de mais dernier cri de Paris, Londres e Nova-York". A oferta de produtos incluía malas de mão, carteiras, vestidos, casacões, lenços, etc... para senhoras, crianças e cavalheiros. O novo espaço da moda em moda estava localizado no piso térreo do nº 73 da Praia Grande, mesmo ao lado do edifício onde vivia então o poeta Camilo Pessanha.
| Postal da década 1920 - Rua Marginal da Praia Grande - onde assinalei o Grémio Militar |
Uma das notícias locais do jornal "A Pátria" tinha por título "Árvore de Natal":
Ontem, pelas 16 horas realisou-se a simpática festa da Arvore do Natal, em benefício das crianças pobres de Macau. Presidiu a Exma. Espôsa de S. Exa. o Governador, o qual também quis honrar a festa com sua presença, bem como o Exmo. Prelado de Macau e muitas senhoras e cavalheiros da mais distinta sociedade de Macau. Uma grande mesa em forma circular e que occupava o centro da plateia do teatro D. Pedro V, achava-se literalmente coberta de doces, bolos, etc. As crianças, em número de 200, entre as quais um grupo da Casa de Beneficência, foi servido um chá gordo, muito gordo mesmo. Em breve espaço, tôdas elas, chilreantes, limparam a mesa...
Em seguida, descerra-se o pano e, no proscénio, salienta-se o "Pai Natal": o velho simbólico, com a neve das barbas brancas a escorrer-lhe pelo peito. Em meio do palco a arvore do Natal esbraceja os seus ramos fosforescentes, donde pendem luminárias multicolores, balões de oxigénio, coisas várias.
O "Pai Natal" chocalha um saco que encerra os bilhetes da rifa dos brinquedos. Cada criança toma o seu bilhete e recebe um brinquedo. Estes são variados, para todos os gostos. Depois,... com o estômago bem recheado, fora o que levam no saco, as crianças ainda recebem $2,00, cada. Bela, simpática festa! Parabéns às senhoras e cavalheiros que a promoveram. Gastaram-se $854,00, mas foram muito bem empregadas."
Um dos anunciantes mais importantes na época era a Macau Electric Lighting Company, conhecida por Melco. Não só assegurava a distribuição de electricidade no território como também vendia uma parafernália de electrodomésticos que funcionavam, claro, com recurso a energia elécrica.
"Um Natal Alegre" era o mote da campanha publicitária:
"Quereis ver os vossos amigos alegres? Quereis ver satisfeitas as pessoas a quem offereceis presentes de Natal? Quereis offerecer prendas de utilidade, prendas que agradam e que podem servir por muito tempo? Já incluístes na lista dos vossos presentes alguns apparelhos eléctricos? Presentes que, além de úteis, são bonitos!
Comprai apparelhos para o vosso Natal. Lembrai-vos da utilidade e do embelezamento do vosso Lar. Lembrai-vos da comodidade que dais aos vossos amigos ou parentes offerecendo-lhes apparelhos electricos e ide ter com os commerciantes do genero e êles vos indicarão a forma de o fazerdes com facilidade; para isso também tereis sempre a Melco ao vosso dispor".
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