Na edição de 1 de Julho de 1881 a revista Occidente publica uma gravura - imagem acima - e um pequeno texto sobre o "Quartel da Polícia em Macau":
"O governo do sr visconde de S Januario na India foi assignalado por muitos feitos importantes quer como militar e diplomata, subjugando as revoltas e pacificando o estado de excitação em que se achava a provincia quando para alli foi em 1870, quer como administrador da fazenda publica que organisou e gerio acertadamente. Ao seu governo da India seguiu-se o governo de Macau e aqui continuou a sua magnifica administração. As obras publicas mereceram-lhe especial attenção e entre os edificios importantes com que dotou Macau conta-se o quartel da policia que a nossa gravura representa. É uma magnifica construcção no estylo oriental que se impõe agradavelmente pela sua grandeza e architectura. Ao aspecto exterior corresponde a boa disposição interior podendo accommodar um batalhão regular com as commodidades precisas. Está construido em ponto elevado dominando a cidade e avistando-se de muitos pontos."
Para a conclusão do projecto - inauguração em 1874 - foram necessárias obras suplementares relacionadas com os enormes volumes de terra que resultaram do aterro de parte da colina incluindo a construção de um muro de suporte. O "orçamento supplementar" foi aprovado a 27 de Dezembro de 1873. (imagem acima)
O que viria a ficar conhecido como Quartel dos Mouros, uma vez que os primeiros a ocupar o edifício inaugurado em 1874 foram polícias mouros (designada Companhia dos Mouros) oriundos de Goa, foi o segundo edifício construído de raiz para albergar forças de segurança na cidade. O primeiro foi o Quartel de S. Francisco, construído em 1865 no local onde existiu o convento com o mesmo nome e que foi demolido passando a albergar o Batalhão de Linha, ou seja, uma força militar. Nesta época também ajudava nas acções de policiamento.
O Corpo de Polícia foi organizado em 1858 pelo macaense Bernardino de Sena Fernandes sendo o comandante até meados de 1863.
Entre os primeiros edifícios que albergaram o corpo de polícia - e também as forças militares - contam-se residências particulares e antigos conventos, para além das fortalezas existentes que manifestamente não tinham nem espaço nem condições para acolher o cada vez maior número de efectivos necessários para garantir a segurança do território, ao nível marítimo e terrestre.
A secção "Polícia do Mar" foi organizada em 1862 e em 1868 passou a designar-se "Polícia do Porto", ficando desligada da polícia da cidade. O quartel desta 'nova' polícia "continua sendo a bordo da lorcha Amazona* que servirá de pontão de registro e ao mesmo tempo de deposito das praças de marinhagem da estação naval que sahirem do hospital não estando no porto os navios a que pertençam", pode ler-se no ponto 6 do despacho do governador António Sérgio de Sousa a 3 de Setembro de 1868.
* A Amazona era uma lorcha de guerra.
Em 1869 o Corpo da Polícia era constituído por 306 homens e 25 cavalos. Destes, 190 homens estavam distribuídos por 15 estações (Santo António, Mongha, Flora, Porta do Cerco, Taipa, coloane, Patane, Lilau, S. Lázaro, Tarrafeiro, etc...)
Entre as diversas forças estavam os "loucanes" (36) que eram os "soldados chineses da polícia". Do uniforme faziam parte umas longas meias brancas por fora das calças e pequenos chapéus feitos de filamento de bambu. Em 1889 a Capitania do Porto de Macau tinha 59 loucanes ao serviço.
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