quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Rua Central & O. C. Moosa

“No Largo (da Sé), todo rodeado de casas assobradadas, ainda adormecidas, escutavam-se os primeiros pregões do vendedor de pão fresco e o encarregado da iluminação pública apagava os últimos candeeiros de petróleo. Havia poucos madrugadores na missa. Só algumas mulheres de do, correndo as contas do rosário ou debruçadas sobre o confessionário, e ainda grupos que iriam passar o domingo em piqueniques, na terra-china, ou à Praia da Boa Vista, à Areia Preta, ou à Praia de Cacilhas, famosa pela transparência das suas águas. O chique era a missa das onze horas e depois o passeio à Rua Central onde os mouro-mouros tinham os seus estabelecimentos, pejados das últimas novidades da moda, e dali se descia a Calçada de Stº. Agostinho, mais conhecida pela Travessa das Onze Horas, para a Praia Grande”.
Henrique de Senna Fernandes. «Uma Pesca ao Largo de Macau» in Nam Van.
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira década do século XX - antes da abertura da San Ma Lou em 1918, a Rua Central foi o centro da vida social e comercial da cidade Cristã. Olhando no mapa, pode ver-se que ficava perto do que de mais importante existia na cidade: o Leal Senado, o Teatro D. Pedro V, o Palácio do Governo, etc... Em chinês, a Rua Central designa-se por Leong Sang Cheng Kai, isto é, Rua Direita do Cume do Dragão.
Situada no bairro de S. Lourenço, foi aí que se instalaram os alfaiates e modistas, ourives e joalheiros, antiquários e livreiros, as lojas dos “mouros”, de sedas, cetins, toalhas e bordados, para além de roupas, chapéus, gravatas e brinquedos. Foi aí que se instalou inicialmente a famosa loja Omar Moosa, expressão da comunidade “moura” de Macau. No dia santo, terminada a missa das onze horas na Sé Catedral, a rua transformava-se numa espécie de 'passeio público', onde se exibiam as últimas modas, importadas das metrópoles europeias, conforme relatou Henrique Senna Fernandes.
Agradecimentos pela imagem (acima) a Joon Do

1 comentário:

  1. Muito obrigada pela história da Rua Central onde viveram no nº 51 os meus avos e filhas (minha mãe e minha tia) nos princípios do século XX.

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