quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Cartas náuticas semelhantes

As cartas náuticas apresentadas neste post são todas da autoria do cartógrafo francês Jacques Nicholas Bellin (1703-1772) e foram produzidas em meados do século 18. Bellin fez ainda o "Plan de la Ville et du Port de Macao".
Carte de La Grande Baye de Canton

"Carte De L'Entree De La Riviere De Canton Dans La Chine". 
Versão a cores e a preto e branco ca. 1750. 

A imagem abaixo, por exemplo, faz parte da obra de 5 volumes publicada em 1764 "Le Petit Atlas Maritime Recueil De Cartes et Plans Des Quatre Parties Du Monde", de Bellin.

A primeira publicação - imagem abaixo - é de 1749
Carte de l'Entrée de la Rivière de Canton.
Dressée sur les Observations les plus Récentes.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

"Wharves of West Ward of Macau": curiosidades

Na época - quando os rolos a cores ainda não se tinham vulgarizado - a cor era 'introduzida' nestes postais de forma manual, ou seja, eram feitos um a um, daí que cada postal tenha um resultado diferente em termos de cores.
Esta fotografia é uma imagem icónica da década de 1950 em Macau. Foi tirada muito provavelmente do hotel Kuok Chai e nela pode ver-se o vapor/ferry Takshing atracado numa das docas do Porto Interior junto à rua das Lorchas. A tradução literal é "Cais do Bairro Oeste de Macau".

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

The capital of the tycoon: a narrative of a three years'residence in Japan

" (...) To look at Macao, as the steamer heads into its picturesque bay, see its imposing buildings, its convents and cathedrals, its praya and its batteries, with green hills and tree-embowered villas, no one would guess that this was the home of poverty and longdeparted prosperity - where bankrupt aliens find a refuge, and a mongrel race of Portuguese, Chinese, and Africans from Goa, all commingled, swarm, and breed, and live - God only knows how ! Once great and wealthy (built up chiefly with the gold and the spoils of Japan), in the pride of triumphant rivalry with Great Britain in her Eastern trade, then only in its infancy, it had long fallen into the sere and yellow leaf of a gradual decay, when our first war with China gave one of those chances which - to nations as to individuals - seldom come more thanonce in a cycle, of seizing fortune in its passage, and emergingfrom poverty to wealth, had those who governed only beengifted with sufficient prescience to see their opportunity. Theyhad but to declare it a Free port, and shake off the evil spell of mandarin rule, to become the great emporium of Western trade - become what Hongkong now is. It may, at all events, admit of question, if this bold and vigorous step had been taken at the right moment, whether, notwithstanding all the disadvantages of a shallow bay and bad anchorage attaching to Macao, the new colony of Hongkong would ever have beenadopted as the head-quarters of British houses. With its impracticable hills, its sultry and unhealthy atmosphere, its inconvenient distance from the main land, and the rivers which form the great lines of traffic between the interior and the coast, nothing could be less inviting. 
It had, originally, but one recommendation, in the natural advantage of a tine bay. But to this the British Government could attach freedom fromall the petty worry and vexatious exactions of corruption - in the hybrid form of a Portuguese colony, crossed by a Chinesecustom house. And above all, perhaps, security to life andproperty, only to be found in those latitudes under the British flag. We were very slow, however, as is our wont, to makeup our minds. Our merchants did not move; and an offer was even made to the Portuguese Government to purchase their right of possession of Macao, such as it was, under Chinese rule. Fortunately for us, in some respects at least, the pride of Portugal refused to cede this last poor relic of former greatness; and while we were thus groping our way, they missedthe only chance in a century of bringing back trade and wealth to their starving colony, by declaring it a free port, and ridding themselves of the incubus of a Chinese custom-house.

With a curious inconsistency, they took this very step, and ejected the Chinese officials when it was too late by ten years to profit them; and the bold step only cost the Governor his life, without any corresponding advantage to his country. to be as unfortunate for a man to arrive too late as too early, on the world's stage, when he has a part to play. Ten years earlier he might have changed the destiny of the two colonies; coming too late, he only sacrificed himself and changed nothing. Millions of dollars had then been expended on the sunbaked and sterile hills of Hongkong - by the Government, in roads, and barracks, and public offices; by our own merchants and those of other nations, in houses and godowns - driven at last to this expensive alternative by the vexatious impediments to which their trade was exposed in Macao, under the joint Chinese and Portuguese rule. Trade had irrevocably followed the heads and the purses which gave it vitality; and not even the pleasant hills and green shade of Macao, nor its fresher breezes, could ever while them back again. 
It is but a four hours' passage from Hongkong to Macao, and a passenger lands on the praya, while the convent bells fill the air with their chimes, feeling as though he had traversed a whole hemisphere in that short space - passed into another climate, and suddenly found himself in an old watering-place on the coast of Portugal in the year 1600! Here dark-tinted women in their black Mantos saunter through the streets, as to this day they saunter in the provincial towns of Portugal. The bright-colored kerchief round the head, and swarthy skins, meeting you at every step, tell of long connection with Goa and African possessions. Dwarfed children of all hues under the sun, and lazy-looking monks, or sable-i'obed padres, with portentous shovel hats, either drone through the halfdeserted streets (become too large for its population where the Chinese do not fill up the space), or help to swell some monkish procession, wending its way to the cathedral, precisely as did Spaniards and Portuguese alike in bygone centuries (when Auto-da-Fe's were more in vogue), and presenting the same pictures and groups as may still be seen m the land of their birth. ' Coelum non animam mutant' is indeed specially true in this Portuguese colony. (...)

Ilustração e excerto de texto de "The capital of the tycoon: a narrative of a three years'residence in Japan". 2 volumes. Da autoria de Rutherford Alcock. Publicado em Nova Iorque em 1863.
Rutherford Alcock (1809-1897) foi um médico e diplomata britânico. Entre 1844 e 1846 foi cônsul em Fuzhou e Xangai na China. Em 1858 foi nomeado cônsul-geral no Japão e enviado extraordinário e ministro plenipotenciário. É deste último período que trata este livro.

domingo, 3 de novembro de 2024

GPM no "Boletim Informativo Macau" de 1954

"A Delegação de Macau do Automóvel Clube de Portugal levou a efeito, nos dias 30 e 31 de Outubro de 1954, um certame de automobilismo, que reuniu dezenas de volantes nacionais e estrangeiros de Macau e Hong Kong e milhares de espectadores, muitos dos quais vindos, propositadamente, da vizinha colónia britânica. 


O programa, conforme se anunciou (ver acima), constou de duas provas distintas, ambas entusiasticamente disputadas e acompanhadas com muito interesse. No primeiro dia realizou-se uma prova de velocidade-regularidade, com o concurso de 20 automóveis, dos quais 9 de Macau. No dia seguinte, teve lugar o Grande Prémio de Macau, ao qual concorreram 15 volantes, dos quais um apenas de Macau. Três outros caros vindos de Hong Kong não puderam participar nesta prova devido a acidentes sofridos na véspera, durante os treinos.(…) Ambas as provas se realizaram no «Circuito da Guia» que mede, aproximadamente, 6,27 quilómetros. (…) Este circuito, que mereceu as mais elogiosas referências de todos os concorrentes, só se conseguiu após intenso trabalho de preparação, nele intervindo não só os organizadores como também o pessoal das Obras Públicas. (…)


Sua Ex.ª o Governador ofereceu a artística e linda taça destinada ao vencedor, a qual custou cerca de mil e duzentas patacas, tendo sido feita expressamente em Lisboa.
Sua Ex.ma Esposa de Sua Ex.ª o Governador, Sr.ª Dr.ª D.ª Laurinda Marques Esparteiro, a convite da Comissão Organizadora, cortou a fita simbólica colocada para a inauguração do circuito, acto que foi sublinhado por uma salva de palmas. Seguidamente, a mesma Ex.ma Senhora declarou aberto o circuito. Felizmente, e não obstante os justificados receios de todos, não houve desastres graves a lamentar, durante a realização das provas salvo pequenos acidentes de que resultaram apenas ligeiros ferimentos em alguns condutores, com algum dano material. Ganhou brilhantemente o Grande Prémio, no qual se classificou vencedor absoluto, o hábil volante português Eduardo de Carvalho, que conduziu na prova um «Triumph TR2», de 1991 cm3. A prova de velocidade-regularidade foi ganha, também brilhantemente, pelo cabo da R. F. A. Robert Ritchie, que conduziu um «Fiat 1100».
Teve brilhante actuação o único concorrente de Macau, Fernando Macedo Pinto, que, num «MG Special» se classificou em 4.º lugar, revelando-se, em perícia e regularidade, tão bom como os melhores.(...) O Jantar de Gala efectuou-se no salão do Clube de Macau, na noite do dia 31, a que presidiu Sua Ex.ª o Governador."
Excertos retirados de "Macau Boletim Informativo", n.º 31, 1954


Os resultados finais:
Prova de velocidade-regularidade:
Vencedor absoluto (taça oferecida pelo Leal Senado da Câmara de Macau) : Robert Ritchie, Fiat 1100, com 79 pontos;
Vencedor da Classe A: Manuel Magalhães, Renault, com 108 pontos;
Vencedor da Classe B: 1.º – Robert Ritchie, Renault 1100, com 79 pontos; 2.º – Wen Lenard, Fiat 1100, com 94 pontos;
Vencedor da Classe C: 1.º – D. N. Steane, Hillman, com 86 pontos; 2.º Dr. A. Nolasco, Volkswagen, com 90 pontos;
Vencedor da Classe E: 1.º Fernando Ribeiro, Vauxhall, com 84 pontos; 2.ª Maria F. Ribeiro, Vauxhall, com 85 pontos.
Por categorias:
Carros de desporto ou especiais:
1.º – Vencedor absoluto: Eduardo de Carvalho, «Triumph TR2». Completou 51 voltas ao circuito, em 4 h. 3m. e 19,1s.
2.º – Paul du Toit, «Triumph TR2», com 51 voltas, em 4h. 4m. e 46 s; (foto acima)
3.º – Reginaldo da Rocha, «Triumph TR2», com 50 voltas, em 4h. 1m. e 55,5 s; ao lado do seu pai.
4.º – Fernando Macedo Pinto, «MG Special», com 48 voltas, em 4h. e 3,4s 
Carros de turismo:
Classe B: Robert Ritchie, Fiat 1100, com 48 voltas, em 4h. 1m. e 57,6 s;
Classe D: D. N. Steane, Hillman, com 46 voltas, em 4h. 1m. e 29 s.
Classe E: K. O. Mak, Ford Zodiac, com 45 voltas em 4h. 1m. e 56 s.;
Paul du Toi num Helvia Special
Macedo

sábado, 2 de novembro de 2024

Uma "doca fluctuante" em 1889

Tendo sido apresentada ao governo por A. de Gessler uma proposta para o estabelecimento de uma carreira de vapores que faça viagens regulares entre um porto da China e o de Salina Cruz, no Mexico, tocando em Macau, ilhas Sandwich e S. Francisco da California pedindo como meio de facilitar a realisação d'este serviço em condições vantajosas que se lhe conceda, alem da isenção do imposto de tonelagem, a permissão para estabelecer no porto de Macau uma doca fluctuante e um deposito tambem fluctuante para carvão de pedra e sal;
considerando que a carreira projectada muito poderá contribuir para augmentar o movimento do porto de Macau; considerando que se só por lei póde conceder-se a isenção do imposto de tonelagem não ha senão vantagem em attender aos outros pedidos acima indicados. Sua Magestade El Rei por bem pela secretaria d'estado dos negocios da marinha e ultramar determinar o seguinte:
1º É auctorisado A Gessler a estabelecer no porto de Macau uma doca fluctuante 
2º Tanto na collocação d'esta doca como nos serviços a que ella é destinada deverá o concessionario sujeitar se aos regulamentos do porto e a todas as prescripções legaes que estiverem em vigor em Macau 
3º As tarifas de exploração da doca serão feitas de accordo com o governo havendo reducção para os navios de guerra que se utilisarem d'ella 
4º E egualmente auctorisado o mencionado A. de Gessler a estabelecer um deposito fluctuante para carvão de pedra e sal 
5º Com relação a este deposito o concessionario ficará egualmente sujeito aos regulamentos do porto e mais prescripções legaes 
6º As auctorisações concedidas por esta portaria não representam de qualquer modo um exclusivo em favor do concessionario 
7º O concessionario só poderá transferir as mencionadas concessões com approvação do governo
Paço em 27 de setembro de 1889 Frederico Ressano Garcia
Nota: Legislação feita em Portugal; a referida doca era no Porto Interior.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Delegação do ACP em Macau

Novembro é sinónimo de Grande Prémio de Macau e de mais um aniversário - 16º - do blogue Macau Antigo. Será pois um mês onde o GPM estará aqui em destaque e haverá ainda, tal como em anos anteriores, um passatempo com oferta de livros. Fiquem atentos!
Criada em Julho de 1954, a delegação do ACP em Macau só teve instalações próprias mais de uma década depois. A inauguração aconteceu no Verão de 1967. A delegação passou a funcionar no rés-do-chão do prédio Montepio, nºs 2 e 4, na esquina entre a Rua da Praia Grande e a Av. Dr. Oliveira Salazar (posteriormente denominada Av. Dr. Mário Soares), ao lado, do restaurante Solmar e de duas agências de turismo, junto à estátua de Jorge Álvares (que ainda hoje existe e permanece no mesmo local) e ao então Palácio das Repartições/Tribunal. 
Estas três fotografias documentam a fachada do edifício e o interior das instalações – destaque para alguns cartazes da prova na recepção do edifício da delegação macaense do ACP que para além de organizar o Grande Prémio prestava serviços aos seus associados nos mesmos moldes que em Portugal.
Agradecimentos ao Centro de Documentação do ACP pela cedência das imagens

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Testemunho de um turista em 1876

Numa edição de 1877 do "Tijdschrift van het Aardrijkskundig Genootschap" - jornal da Sociedade de Geografia da Holanda - foi publicado um testemunho de um turista feito no ano anterior.
"O viajante ou turista não precisa ficar muito tempo em Macau, porque dois ou três dias são suficientes para examinar tudo com precisão. Chegado de Cantão, embarquei no vapor (...) e cheguei àquele local ao fim de quatro horas. Devido a esta curta viagem, os residentes de Hong Kong passam frequentemente os domingos em Macau, para os quais os bilhetes de ida e volta são a um preço reduzido. Para a viagem só de ida pagam 3 dólares podendo visitar a mais importante e certamente a mais bonita cidade de toda a Ásia Oriental. Macau (...) parece ter entrado no sono da morte em comparação com o passado. Vindo-se de Hong Kong chega-se a uma cidade provinciana, ancoradouros rasos, fortes antigos e delapidados, fachadas de igrejas pitorescas, casas pintadas, uma população que se move lentamente, tudo isso são imagens dignas de uma cidade medieval que contrasta fortemente com a jovem, enérgica e bem construída Hong Kong, a cidade do trabalho, sendo Macau a cidade para descansar desse trabalho."
Vista panorâmica da Praia Grande. Fotografia ca. 1870/80
Imagem não incluída na obra referida

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Pintura "Bay of Macau"

Neste post uma pintura - óleo sobre tela 47 x 61 cm - com a representação da baía da Praia Grande em meados do século 19. Em primeiro plano do lado direito a zona do que viria a ser o Jardim de S. Francisco. Ao fundo à esquerda a colina e ermida da Penha.

É mais um exemplar da denominada "escola chinesa". Uma das características é não estar assinado. Existem outras pinturas muito semelhantes.

Detalhes da pintura

terça-feira, 29 de outubro de 2024

A viagem de comércio Macau-Manila nos séculos XVI a XIX

No post de hoje apresento uma sugestão de leitura com o livro "A viagem de comércio Macau-Manila nos séculos XVI a XIX", da autoria de Benjamim Videira Pires. 2ª edição pelo Centro de Estudos Marítimos, Macau, 1987.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

"Oficinas Navais de Macau: cem anos de construção e reparação naval"

A presença da Marinha portuguesa em Macau e o seu permanente envolvimento económico e administrativo na vida do Território sempre exigiu estruturas de terra capazes de apoiar a atividade no domínio marítimo. Assim, daquela necessidade, nasceram no final do século XIX as Oficinas navais de Macau, estruturas de apoio à pequena frota de embarcações da Capitania dos Portos e os navios da Marinha de Guerra em Comissão no Extremo Oriente.
"A partir da recolha de documentação dos arquivos da Capitania dos Portos e das Oficinas Navais de Macau, o autor traça a história de «Cem anos de construção e reparação naval», que se cruza com a história da Marinha e da presença portuguesa no Território, através de uma perspectiva metodológica que as ilumina mutuamente".
Oficinas Navais de Macau: cem anos de construção e reparação naval
Fernando David e Silva. Museu Marítimo de Macau, 1993

Fernando Alberto Carvalho David e Silva (n.1947) ingressou na Marinha em 1965 como Cadete da Escola Naval. Prestou serviço embarcado (1969-1976), no Corpo de Fuzileiros, Direcção do Serviço de Manutenção, Arsenal do Alfeite, Escola Naval, Oficinas Navais de Macau e de novo na Escola Naval. Promovido a contra-almirante em 2000, foi nomeado Director de Navios, cargo que exerceu até 2004. Entre 2004 e 2011, quando passou à situação de reforma, serviu na Superintendência do Serviço do Material, no Conselho Superior de Disciplina da Armada e como juiz-militar no Tribunal da Relação do Porto. É licenciado em História, mestre em História Marítima e doutor em História Contemporânea, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 
Curiosidade: a denominação original é oficina de máquinas da Doca D. Carlos I


Década 1960
Década 1950

domingo, 27 de outubro de 2024

Meio milénio do nascimento de Camões na revista Macau e na Revista Cultura

Com o blogue Macau Antigo a celebrar mais um aniversário já no próximo mês e num ano repleto de efemérides, incluindo o meio milénio do nascimento de Camões, aqui ficam as referências aos dois artigos que publiquei recentemente na revista Macau (edição em português) e na edição internacional da Revista Cultura, ambas editadas em Macau.
Artigo
"A Gruta de Camões: história e memória"
in revista Macau, Julho 2024
Artigo 
"Descrições e iconografia do Jardim e da Gruta de Camões no século XVIII", 
in n.º 75 da edição Internacional da Revista de Cultura (Macau, 2024)

sábado, 26 de outubro de 2024

Edital que oferece "alviçaras": 1889

"D'ordem do Leal Senado se faz publico, que se offerecem alviçaras* a quem puder descobrir carne de gado bovino e suino abatido fóra do matadouro municipal, e bem assim áquelles que apprehenderem os que trazem egual carne para vender no mercado" (...)
Excerto de um edital publicado num edição de Setembro de 1889 do Boletim da Província de Macau e Timor.
*Alvíssaras: recompensa dada por boas novas, pela restituição de objeto perdido ou por prestação de qualquer serviço ou favor. Do árabe al-bixrā que significa "boa nova".

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Marble's Round the World Travel-Guide

"Marble's Round the World Travel-guide" é um guia turístico com 429 páginas da autoria de Fred Erbel Marble. A primeira edição é de 1925. Em 1927 surge uma edição revista e aumentada. Ambas são profusamente ilustradas e incluem mapas.
Macau surge a partir da página 142 e inclui um anúncio dos vapores que faziam a ligação entre Hong Kong e o território.
"(...) The city itself is a medieval Portuguese town (...) Among the places of interest are the Praia Grande, a mile-and-a-half crescent esplanade along the waterfront; the Bishop's Palace with his splendid view of the city and surrounding country; Casa Garden, where Camoens, the great Portuguese poet (...)"

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

"Uma tarde triunfal de sol" no Outono de 1908

No romance "Os Dores", Henrique de Senna Fernandes descreve um dos passatempos preferidos da população local nos primeiros anos do século XX.
"Era uma tarde triunfal de sol, naquele dia de Outono de 1908. O Verão de S. Martinho continuava luminoso, o céu sempre límpido, sem um cisco de nuvem. O canal, entre as ilhas da Taipa e Coloane, fulgia de miríades de cintilações, a paisagem circundante muito nítida, como se desenhada a lápis. (...) Dos cinco passageiros que tinham alugado a embarcação de recreio para a pesca à linha ou à cana, ao largo de Macau, quatro saltaram para terra, mergulhando as pernas na onda ligeira. Desentorpeceram os membros da pouca mobilidade da embarcação, depois de horas de boa safra que enchera os cabazes de peixe".

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Detalhes da "Planta Geral da Cidade e Novo Porto" de 1927

Já antes dediquei um post a esta "Planta Geral da Cidade e Novo Porto de Macau", publicada pela Direcção das Obras do porto de Macau. 
Foi editada pela Tipografia Mercantil de M. T. Fernandes e Filhos em 1927 e litografada pela "Hongkong Printing Press", de Hong kong.
Trata-se de uma planta de grande formato na escala de 1:40000, dobrada em 4 vezes com dimensões totais de 130 x 99 cm.
Na planta já estão assinalados os aterros feitos nessa década no Porto Interior e no Porto Exterior, onde está assinalado, por exemplo, o "terreno reservado para a futura gare do caminho de ferro" no sopé da colina da guia na antiga praia de Cacilhas, projecto que nunca foi executado, tendo ali sido construído o reservatório. Refere-se ainda na zona marítima o local do "Novo Porto Exterior" já rodeado de molhes e reservado a "navios de alto bordo" com profundidade a rondar os seis metros.
Na zona Norte antigo hipódromo está referenciado como "Campo de Jogos Desportivos" e refere-se também a área do "Campo de Exposição e Feira (Industrial)" com um pequeno lago realizada esse ano numa vasta área que ia do templo de Kun Iam Tong (Av. do Coronel Mesquita) até à Avenida Horta e Costa.
Na parte inferior estão duas plantas de Macau: uma de 1840 por W. Bramston e outra "Macau e Territórios Visinhos". - Escala 1:80000
Inclui ainda uma ilustração de uma vista panorâmica da península/cidade.
É muito provavelmente a primeira planta onde surge representada pela primeira vez a Avenida de Almeida Ribeiro após a respectiva conclusão.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Estação para Jerinxás

 

A fotografia é da década de 1960. Trata-se provavelmente da rua Central (com calçada à portuguesa). Podem ver-se vários riquexós, ou jerinxás, como também eram designados. A placa assim o indica: Estação para Jerinxás". Dados de 1965 indicam que existiam um total de 123 na cidade de Macau.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

A Narrative of an Exploratory Visit to Each of the Consular Cities of China

"A Narrative of an Exploratory Visit to Each of the Consular Cities of China, and to the Islands of Hong Kong and Chusan, in Behalf of the Church Missionary Society in the Years 1844, 1845, 1846", Rev. George Smith, London, 1847.
Ilustração da Baía da Praia Grande incluída no livro
"As belas e largas estradas ao longo da praia semicircular apresentam uma aparência heterogénea das várias raças de descendentes de chineses e europeus que formam a sua população".
Nos primeiros anos da década de 1840 o reverendo norte-americano George Smith visita Macau, partindo de Cantão, numa viagem de 30 horas. Está no território cerca de duas semanas no mês de Novembro, para, por indicação médica, "mudar de ares".
Excertos:
"The combined effects of climate and close application to the study of Chinese on my health at length rendered it necessary in the opinion of my medical adviser that I should leave for Macao for change of air. Accordingly, on Nov 14th I left Canton soon after sunset in a native fast boat accompanied by two American gentlemen. After a voyage of about thirty hours, during which I suffered considerably from pain in the head and fever, we came to anchor in Macao harbour soon after midnight on the 15th. (...)
On landing I proceeded to a Portuguese hotel where I was confined to my room for three days and then removed to the house of an American Missionary the Rev. W. Lowrie. (...)
The view of Macao is very striking as seen from the harbour and the place itself forms the most delightful residence open to foreigners in China. Having been for two centuries in the possession of the Portuguese it presents to the eye the aspect of a European city with its assemblage of churches, towers and forts.
It stands on an inconsiderable promontory of the island of Heang shan, from which it is separated at the isthmus by a narrow fortification jealously guarded in former times by the Chinese to prevent communication with the interior. 
It possesses two fine harbours, the inner and the outer one, on each side of the headland. Its fine broad roads on the semi circular beach present a motley appearance of the various races of Chinese and European descent which form its population.
The European houses are spacious and of handsome exterior. Until the conclusion of the late war it was the only residence for the families of foreign merchants who were prohibited from taking their wives to Canton . (...)
On the morning of December 2nd, I left Macao for Hong Kong in a native passage boat crowded with Chinese passengers who pretty well divided their whole time between eating smoking and gambling."

domingo, 20 de outubro de 2024

Postal ilustrado: Largo do Senado no final da década 1960

Postal ilustrado (foto de K. H. Tam) impresso em Macau na tipografia Wing Tak.
Legenda: 
"Macau's unique Municipal Square where the flags of Portugal and mainland China flutter peacefully together as a symbol of the remarkable tolerance in the overseas province"

“A singular Praça Municipal de Macau (Largo do Senado) onde as bandeiras de Portugal e da China continental tremulam pacificamente como símbolo da notável tolerância na província ultramarina”

Nota: Nesta época viviam-se tempos mais calmos face aos recentes tumultos de 1966/67 fruto dos quais, entre outros aspectos, foi derrubada a estátua do coronel Vicente Nicolau Mesquita que se encontrava no largo