Esta 'carta' foi publicada em "Advertências a el-rei D. João IV por Jorge Pinto de Azevedo morador na China", 1646.
Na representação do delta do rio das pérolas, a península de Macau fica ao centro. Ou-Mun ou Macau pertencia, então, ao distrito chinês de Xiangshan, designação que abrangia igualmente a península, localizada na província de Guangdong. O território é banhado pelo Mar da China e por um braço do delta do rio das Pérolas. O rio, também chamado Si Jiang, nasce nas montanhas da província de Yunnan e estende-se ao longo de 2570 quilómetros até ao mar através de um delta. Era a via fluvial para o interior da China usada primeiros pelos portugueses e depois pelos estrangeiros (a partir de Macau) para atingir Cantão onde se efectuavam as feiras.
Na imagem pode ainda ver-se as ilhas da Lapa (também conhecida por Ilha dos Padres), de S. João ou Xiao-Vong-Can, da Montanha ou Tai-Vong-Can, da Taipa e de Coloane, da Macareira, Pinhal, Montanha, André Feyo e Lantao. São ainda representadas a muralha e a Porta do Cerco, bem como algumas igrejas, muralhas e fortalezas.
Advertências e Queixumes a D. João IV, em 1646, sobre a decadência do Estado da Índia e o proveito de Macau na sua restauração
No Dicionário Português-Chinês, cerca de 1580-1588, o nome chinês de Macau é Hou-Keng, que numa tradução literal significa "Espelho de Ostras". Também existiu a expressão Hoi Keng (Espelho do Mar).
De acordo com o testemunho de Jorge de Azevedo na época viviam em Macau muitas mulheres cristãs e que a viagem do Japão já não era suficiente para sustentar a cidade, recorrendo-se também à viagem de Manila. Uma ideia corroborada pelo vice-rei da Índia, Conde de S. Vicente, alguns anos mais tarde, em 1668, afirmando que era muita a cobiça sobre as riquezas e as muitas e bonitas mulheres de Macau. A razão é simples... os homens andavam a maior parte do tempo embarcados e empenhados no comércio ficando as mulheres em terra.