A 15 de Fevereiro de 1941 uma forte tempestade sob a forma de ciclone atingiu vastas áreas de Portugal - incluindo a região da grande Lisboa - provocando mais de uma centena de mortes e avultados estragos materiais. O Estado Novo criou a Comissão Nacional de Socorros às Vítimas do Ciclone e para recolher fundos foi organizada uma campanha de propaganda através da Emissora Nacional e de alguns jornais.
Em Macau, apesar das dificuldades económicas vividas devido aos efeitos da guerra sino-japonesa - iniciada em 1937 - em especial o elevado número de refugiados que procuraram abrigo no território face à escassez de géneros alimentares, a sociedade mobilizou-se para angariar donativos para os sinistrados do ciclone em Portugal, nomeadamente a comunidade chinesa (com destaque para a elite comercial), desde as associações - Associação de Beneficência Tung Sin Tong, Hospital Kiang Wu, etc - aos comerciantes a título individual, que para o efeito criaram uma "comissão" liderada por Ko Ho Neng, a 27 de Março.
O Governo de Macau também participou activamente nas diversas iniciativas organizadas para angariar fundos.
Em várias edições de Março a Junho desse ano os jornais em chinês como o Va Kio e o Tai Chung Pou não só anunciaram de forma gratuita os eventos que se realizavam como publicaram notícias informando sobre a angariação de fundos. As acções mobilizaram ainda várias empresas locais. A Bao wen Lou, por exemplo, imprimiu os cartazes dos eventos que incluiram jogos de futebol, óperas, teatro, bazares etc...
Em Julho, ao fim de dois meses de acções, a comunidade chinesas angariou 31 mil patacas ( o equivalente a cerca de 300 mil patacas ao câmbio de 2024), de acordo com o cheque depositado pelo Banco Tong Tac Iun Kei (Av. Almeida Ribeiro, 96) na Caixa Económica Postal de Macau. A elite dos comerciantes chineses foi responsável por angariar cerca de metade do total. Sir Robert Ho Tung, por exemplo, doou 500 patacas. Huang Yu Qiao, outro comerciante chinês, dou 10.
A Voz de Macau 11.4.1941 |
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