sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Rua da Felicidade: red-light district

A Rua da Felicidade era a zona de prostituição de Macau. Ladeada por bordéis, pensões, restaurantes, casas de jogo e casinos, casas de ópio, etc. O centro nevrálgico dos prazeres que remete para a expressão inglesa "red light district", bar da zona vermelha, precisamente a cor que na cultura chinesa simboliza a felicidade.
Início do século XX
Rua da Felicidade used to be the former centre of Macau's red light district; the street was lined with brothels and the lower section was full of inns, restaurants, gambling houses and casinos, opium dens, etc. In short, it was a paradise for nocturnal pleasure-seekers... It's suitably named Happiness Street in english.
Início do Século XXI
Vasco Ibanez descreveu assim a rua que visitou em Janeiro de 1924 :

"Esta Rua da Felicidade é pelo seu tráfico semelhante às que existem em todos os portos de mar, mas aqui oferece o interesse de serem unicamente chineses os que a frequentam, impelidos pelo estímulo da lascívia. Compõe-se de casas estreitas, cujo piso baixo é ocupado inteiramente pela porta. Através da sua abertura vê-se uma espécie de vestíbulo com o renque da escada que conduz às habitações superiores, e alguns assentos chineses, ocupados pelas donas e suas amigas. São mulheres de cabeça volumosa, membros delgados e tronco grosso, com um nariz tão achatado que apenas se torna visível quando mostram de perfil o seu largo rosto, amarelo como a cera. Estas fêmeas maduras, retiradas das pelejas sexuais, fumam grossos cigarros enquanto conversam lentamente. Outras penteiam-se entre elas à luz duma lâmpada colocada diante dos seus ídolos predilectos.
As pensionistas das ditas casas jogam no meio da rua como um colégio em férias. É, na verdade, a função que lhes corresponde, jogar pelos seus poucos anos. Todas elas são chinitas apenas entradas na puberdade. Perseguem-se como gatas travessas, soltando gritinhos de regozijo. Algumas acercam-se de nós depois de colocar uma máscara de aspecto monstruoso, uma máscara espantosa de dragão ou de génio, como unicamente sabem imaginar os artistas chineses e as pobrezinhas rugem para nos infundir pavor, rindo após a sua travessura.
Fixamo-nos nos diversos altares das casas. Todos eles ostentam num painel imagens de papel, doiradas e multicores: deuses ou deusas das Águas, do Vento, da Felicidade, etc. Nalgumas dessas vivendas as hóspedes não têm dinheiro para adquirir divindades protectoras, mas nem por isso carecem de altar. Colocaram na parede, sob dosseis de cores, um anúncio da Companhia Transatlântica Japonesa, com um vapor de quatro chaminés e um mar de grandes ondas, e acendem-lhe todas as noites uma lâmpada, tal qual como nas casas vizinhas. Tais improvisações não espantam nenhum chinês.
Tornamos a atravessar a grande rua de Macau, que reveste nas primeiras horas da noite um aspecto de capital de província. Passeiam pelos seus passeios numerosos sacerdotes e oficiais vestidos à paisana; jovens duma elegância marcial, com grande chapéu de feltro à mosqueteiro e casaco branco."

2 comentários:

  1. Na década de de 70 do século XX, havia um estabelecimento do ramo que se a memória não me falha era conhecido por lanterna vermelha, será oriundo ou era o mesmo do descrito neste artigo?

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