domingo, 30 de junho de 2013

Postal/Envelope: "Concorde" em 1985

This is a rare fully crew signed copy of the Macau special official British Airways cover issued for the first flight of Concorde from Hong Kong to London on 4 March 1985.  It has three Macau stamps cancelled on 4 March 1985 by a Macau Post Office handstamp.  It was carried from Macau to Hong Kong and then flown on Concorde G-BOAA from Hong Kong to London via Bangkok and Bahrain, and was backstamped by the Heathrow Airport Post Office on arrival.  Basic flight details and a special cachet appear on the face of the cover which is presented with an insert card providing full flight details incorporating a certificate of authenticity.  It's signed by nine flight deck crew members.
 4 de Março de 1985

sábado, 29 de junho de 2013

Os "Avisos"

“No início dos anos 30 e na sequência de um programa de modernização da sua esquadra que ficou conhecido como 'Programa Magalhães Corrêa', a Marinha Portuguesa começou a dispor de um novo conjunto de navios designados por avisos, especialmente concebidos para operar por longos períodos no Ultramar. O vocábulo 'estação' caiu então em desuso porque a mobilidade dos navios era maior e as comunicações navais se tinham desenvolvido, permitindo uma utilização em áreas mais diversificadas e de acordo com as necessidades. As ausências dos navios de guerra do porto de Lisboa passaram então a ser designadas por 'comissões' e alguns dos avisos depressa passaram a permanecer em comissão em Macau, quer antes, quer depois da II Grande Guerra. O primeiro navio dessa série que visitou Macau foi o aviso de 2.ª classe 'Gonçalves Zarco' que, estando em viagem pela China, Hong Kong e Japão em 1935, esteve em Macau durante alguns dias.
Porém, o primeiro aviso que estacionou em comissão em Macau foi o aviso de 2.ª classe 'Gonçalo Velho', que entrou no porto pela primeira vez no dia 18 de Setembro de 1937 e permaneceu na área durante cerca de 15 meses, regressando a Lisboa em Dezembro de 1938. 
Três meses antes, no dia 4 de Setembro de 1938, também o 'Gonçalves Zarco' iniciava a sua comissão em Macau, que terminou em Abril de 1939, tendo sido substituído pelo aviso da 2.ª classe 'João de Lisboa', que permaneceu em Macau entre Abril e Novembro de 1939. O 'Gonçalo Velho' chegou novamente a Macau para a sua segunda comissão no mês de Junho de 1940, permanecendo até Março de 1941. Em Maio de 1941, o 'João de Lisboa' entrou de novo em Macau para iniciar a sua segunda comissão, que foi dada por finda em 15 de Maio de 1942, exactamente um ano depois. A II Guerra Mundial estendera-se ao Extremo Oriente e o governo português decidiu que o navio regressasse a Lisboa, como afirmação de neutralidade perante o conflito, tendo a viagem para Lisboa sido feita pelo oceano Pacífico. Durante a Guerra, depois da saída do 'João de Lisboa' e da venda da canhoneira 'Macau' aos japoneses, a Marinha Portuguesa não localizou quaisquer outros navios em Macau. O estatuto de neutralidade adoptado na Europa estendia-se à Ásia e ao Pacífico. 
A partir de 1945, quando a Guerra terminou, a Marinha Portuguesa retomou a sua tradição de manter regularmente uma unidade naval em Macau, não só como instrumento de afirmação de soberania, mas também como elemento de apoio ao Governo de Macau, nomeadamente na área das comunicações. Os avisos de 1ª classe 'Afonso de Albuquerque' e 'Bartolomeu Dias', que estiveram empenhados nas operações de reocupação de Timor, também estacionaram em Macau, mas foram sobretudo os avisos de 2ª classe que mais regularmente aí permaneceram.
Nunca se verificaram quaisquer incidentes significativos com esses navios, mesmo durante os tempos de instabilidade provocada pelas transformações políticas que levaram à proclamação da República Popular da China”. (...) Depois da Guerra, voltámos a receber em Macau o “Gonçalo Velho”, de Outubro de 1945 a Julho de 1946 e de Julho de 1950 a Setembro de 1954. Também estiveram aqui o “Afonso de Albuquerque”, em missão de soberania em Macau e Timor de Novembro de 1945 a Janeiro de 1947 e em visitas ocasionais em Janeiro de 1952 e Maio de 1960, o “Pedro Nunes”, de Abril de 1948 a Julho de 1950, o “Bartolomeu Dias” (que já estivera nas nossas águas de Outubro de 1937 a Abril de 1938), de Fevereiro a Agosto de 1946, e de novo o “João de Lisboa”, de Maio de 1949 a Junho de 1951 e de Janeiro a Setembro de 1956.
Fechou este longo ciclo o “Gonçalves Zarco”, o primeiro aviso a entrar em Macau e também o último a sair, quando concluiu a sua missão nos mares do Extremo Oriente, numa comissão derradeira que ocorreu de Outubro de 1956 a Março de 1964. Depois, só ocasionalmente recebemos visitas de navios da Armada Portuguesa."
in "Marinha Portuguesa em Macau”, Capitania dos Portos de Macau, 1999 da autoria do Comandante Adelino Rodrigues da Costa

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Os "Cruzadores"


Junto ao hangar do Porto Exterior: década 1940
“Para além das canhoneiras que asseguravam uma presença naval de carácter permanente mas meramente simbólica, em situações de maior melindre político ou militar como as que ocorreram na região, foram destacadas para Macau outras unidades navais, nomeadamente os cruzadores 'Adamastor', 'Vasco da Gama', 'Rainha D. Amélia' e 'República'. Alguns desses conflitos tiveram carácter regional e levaram as nações europeias a manter forças navais na área, mas a permanência dos cruzadores portugueses só podia ser entendida como uma afirmação de prestígio perante outras marinhas europeias e não como uma atitude de afrontamento. O cruzador 'Adamastor', um dos mais emblemáticos navios do seu tempo, que tomou parte nas acções de implantação da República Portuguesa e em operações durante a I Guerra Mundial, esteve em estação em Macau por 5 vezes (1900-1901, 1904-1905, 1912-1913, 1927-1928 e 1930-1933), tendo sido o cruzador que permaneceu em Macau por mais tempo. 
"Gonçaves Zarco" no Porto Interior
Das suas guarnições fizeram parte destacadas figuras da Marinha Portuguesa como o guarda-marinha Carvalho Araújo (Comandante do caça-minas 'Augusto de Carvalho' durante a I Guerra Mundial) e o guarda-marinha Albano Rodrigues de Oliveira (Governador de Macau). O cruzador 'Vasco da Gama' esteve em Macau por duas vezes (1904-1905 e 1909-1910), tendo visitado o Japão e diversos portos chineses. O cruzador 'Rainha D. Amélia' permaneceu em Macau entre Setembro de 1909 e Abril de 1911, tendo passado a chamar-se 'República' em 1910, na sequência da implantação do regime republicano em Portugal. Alguns anos mais tarde, um outro cruzador com o nome de 'República' foi deslocado para Macau desde Julho de 1925 a Setembro de 1927, tendo permanecido em Shanghai durante 4 meses e integrado as forças multinacionais de protecção aos ocidentais residentes na cidade, quando a guerra civil se instalou na região. Desempenhou as funções de navio-chefe das Forças Navais de Macau, então constituídas, que na época também incluíram o cruzador 'Adamastor', as canhoneiras 'Pátria' e 'Macau', e os hidroaviões do Centro de Aviação Naval. Esta foi a maior concentração de meios navais que Portugal alguma vez colocou em Macau, só compreensível num quadro de afirmação portuguesa face às nações ocidentais que então mantinham uma presença naval nos mares da China, mas cujo potencial militar era diminuto.”
in "Marinha Portuguesa em Macau”, Capitania dos Portos de Macau, 1999 da autoria do Comandante Adelino Rodrigues da Costa

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Dóci Papiaçám di Macau distinguido com Prémio identidade

O grupo de teatro em patuá foi o vencedor da edição 2013 do "Prémio Identidade", galardão instituído pelo Instituto Internacional de Macau. Miguel de Senna Fernandes, dramaturgo e encenador do grupo, diz que este prémio “é um importante reconhecimento do trabalho feito”.
A cerimónia pública de entrega do galardão será realizada durante o próximo “Encontro das Comunidades Macaenses”, que terá lugar entre 30 de Novembro e 7 de Dezembro, em Macau. O grupo Dóci Papiaçám di Macau comemora este ano o 20º aniversário. 
Veja aqui quem venceu os "Prémio Identidade" em 2012 e 2011.
PS: para saber mais sobre a história deste grupo de teatro amador sugiro a leitura de um artigo da autoria de Paulo Coutinho publicado na Revista Macau em Maio de 1994.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Banda Municipal: décadas 1920-30

Programa de 1918 (clicar para ver em tamanho maior)

“Os progressos da Banda Municipal acentuam-se cada vez mais, e tanto que na audição da tarde de 14 do corrente (…) um visitante americano, após a execução de um dos números do programa, se entusiasmou a ponto de subir ao coreto e apertar a mão ao regente, sr. Constâncio da Silva, e a apresentar-lhe as suas congratulações, entregando-lhe ao mesmo tempo um papel em que se dava a conhecer como organizador e director das audições musicais numa estação radiográfica de San Francisco da Califórnia”.
In jornal "A Verdade", 23 Abril de 1929
A banda municipal no Jardim de S. Francisco
Outra notícia:
“Na audição que a Banda Municipal realizou no Jardim de S. Francisco no ultimo sábado, e a que tivemos o prazer de assistir, fizeram-se ouvir, como fôra anunciado, dois números duplos (duas valsas e dois fox-trots) executados por um Jazz composto apenas de doze elementos da mesma banda. Agradou-nos, como a outros, aqueles belos números de dança e bem assim a constituição do Jazz, que, sem duvida, representa mais um esforço do director da Banda, sr. Constâncio da Silva, no sentido de ser útil à sua terra, facilitando aos clubes e a particulares o meio de obter mesmo aqui um bom Jazz para as suas soirées, em vez de para tal fim se recorrer à vizinha colónia, e quasi sempre com dificuldade e grande dispêndio. Pois, ao que nos consta, o Club de Macau, o Grémio Militar e o Club de Recreio e Beneficência 1º de Junho, desdenhando os serviços que satisfatoriamente lhes poderia prestar o Jazz da Banda Municipal, que a cada um deles viria a custar, segundo nos informa o digno director, umas $140 por noite, o máximo, resolveram contratar em Hong Kong dois grupos de 5 músicos filipinos cada, um para o Club de Macau e o Grémio, e outro para o Club de Recreio e Beneficência, vindo-lhes esses grupos de músicos a custar umas $200, pouco mais ou menos, por cada noite, não falando já da dificuldade e do incómodo que tiveram para os obter. Não podemos deixar de lastimar tal facto, pois deixa-se assim de estimular e proteger uma iniciativa local, que aliás tão digna é da simpatia e do favor publico, para se favorecerem estranhos, sem que, de mais a mais, nada de plausível possa justificar uma tal preferência”.
In "A Voz de Macau", 10 Fevereiro 1931
Mais uma notícia:
“O Leal Senado, na sua sessão de 28 de Outubro findo, deliberou dar à proposta apresentada pela Direcção da Banda Municipal, em oficio nº 34 de 20 do mesmo mês o seguinte despacho: Que a séde da Banda Municipal continue instalada no prédio onde habita o actual Director da Banda, pagando-se a este pela parte ocupada pela mesma sede, e a partir de 1 de Janeiro de 1932, a renda de quarenta patacas mensais e mais dez patacas por mês pelo respectivo consumo da iluminação eléctrica. Que assuma interinamente a direcção da respectiva Banda, a partir de 1 de Janeiro próximo, o musico de primeira classe João Xavier, com o vencimento mensal de $250.00, até que ao Leal Senado se ofereça a oportunidade de contratar outro musico na altura de desempenhar cabalmente as funções desse cargo de modo que a mesma Banda continue a funcionar com a mesma eficiência que até aqui tem mantido. Que, quanto ao oferecimento que o sr. Director da Banda faz para gratuitamente superintender ou fiscalizar os serviços da Banda após a terminação do seu contrato, o Leal Senado infelizmente, não o pode aceitar, visto como tal aceitação implicaria a duplicação de funções que por lei pertencem exclusivamente ao vereador encarregado do pelouro da Banda. Que, entretanto será muito de apreciar e agradecer toda e qualquer cooperação espontânea que o actual Director da Banda, sr. Constâncio José da Silva, após a terminação do seu contrato, possa e queira prestar no sentido de instruir e orientar o Director interino nos serviços inerentes ao respectivo cargo, mesmo assumindo gratuitamente nos casos em que se torne necessário ou conveniente, a regência da mesma Banda, e isso enquanto ao Leal Senado não seja possível encontrar um director efectivo”.
in jornal "A Voz de Macau" 14 Novembro 1931
“(…) A criação de uma Banda de Música em Macau visa especialmente aos seguintes fins: 1º A recreio e educação musical da população; 2º A divulgação da música portuguesa, tão ignorada nestas paragens. Ora nenhum destes fins tem sido ou pode ser alcançado pela Banda Municipal tal como está organizada, porque: A Banda, constituída em grande maioria por músicos feitos à pressa (nem outros será fácil alcançar atentos os exíguos vencimentos que lhe são pagos), está tocando mal, e portanto não recreia nem educa a população, podendo apenas concorrer para agravar o seu  desinteresse por tão sublime arte, não sendo pois, assim, possível, por qualquer forma alcançar o fim educativo; Dos programas da mesma Banda verifica-se o absoluto desprezo a que é votada a música portuguesa, representada apenas de vez em quando por um “Pot-Pourri” ou por uma “Rapsodia popular”, tudo já for a da época, já for a do desenvolvimento da música portuguesa tão acentuado nestes últimos tempos. E disso temos que culpar os dois directores que, até hoje a Banda teve. Uma pequena, quasi insignificante parcela de culpa cabe ao Director interino, mas 99% cabe ao ex-Director da mesma. (…) Aos conhecimentos musicais do seu ex-Director não podemos perdoar essa falta que só podemos atribuir a ignorância e nunca ao desejo de mostrar desprezo pela música nacional. (…) As audições da Banda são escutadas por meia dúzia de pessoas e, francamente não podemos compreender que o Leal Senado mantenha uma Banda nas condições em que a actual se encontra…”
In jornal "A Voz de Macau" 31 Maio 1932



Em 1933 a Banda Municipal estreou-se aos microfones da Rádio:
“Como anunciamos, ontem, S. Exa. o Governador da Colónia, antes da execução do programa da Banda Municipal no estúdio da Estação Emissora C.Q.N. de Macau dirigiu (…) saudação aos portuguezes espalhados por todo Extrêmo-Oriente (…) 
O Programa da Banda foi ouvido demasiadamente forte, pelo que sugerimos que enquanto o Estudio não estiver completamente adaptado a números de Banda a sua execução se faça numa outra sala ou no Salão do Leal Senado, onde um microfone devidamente instalado possa receber mais harmoniosamente o instrumental”.
O governador era António José Bernardes Miranda.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Origens da estátua de Jorge Álvares

O navegador Jorge Álvares foi o primeiro europeu a chegar à China por via marítima. Levantou um padrão perto de Macau, na ilha de Lin Tin, onde o seu barco aportou. Em 8 de Julho de 1521 morria nessa ilha, onde fora enterrado o seu filho e onde também foi sepultado junto do padrão português.
Albertino Dias de Almeida recorda no texto que se segue as origens da estátua de Jorge Álvares que existe em Macau.
"Como nós sabemos, encontram-se por esse mundo fora estátuas de grandes homens que levaram até às mais longínquas paragens os conhecimentos de outras civilizações, os benefícios das suas artes e ciências e a fé cristã, com o fim altruísta de fazer com que partilhassem desses bens temporais e espirituais, num admirável espírito de abnegação, que tantos e tantos portugueses levaram através do Mundo, onde ainda hoje o nome português é relembrado e respeitado. Faltava, assim, nestas paragens, pagar uma dívida de gratidão a um grande português – o primeiro a demandar a China no princípio do século XVI.
«Antes tarde do que nunca!» e, talvez por isso, o Governo da Metrópole achou que era tempo de prestar uma homenagem a Jorge Álvares, encarregando um escultor português de grande mérito, Euclides Vaz – irmão do meu antigo professor do Liceu de Macau, Cândido Vaz – de fazer a estátua do navegador. Construída em mármore de lioz, com um pedestal em azulino de Sintra, a estátua chegou a Macau em Junho de 1954, a bordo do paquete português «Índia», propriedade da Companhia Nacional de Navegação. A fim de escolher o local mais apropriado para a sua colocação, o então governador de Macau, almirante Joaquim Marques Esparteiro, nomeou uma comissão para se pronunciar sobre o assunto.
A comissão apreciou a opinião do conhecido historiador e investigador, Jack Braga, o qual sugeriu que a estátua devia ser colocada no Miradouro da Estrada D. Maria II, voltada para o mar, pois ficaria de frente para a ilha Lin Tin, onde Jorge Álvares pisara pela primeira vez terra da China. Esta opinião, com muito peso histórico, foi, porém, desvalorizada por dois membros da comissão, nomeadamente, pelo director das Obras Públicas, José dos Santos Baptista e pelo reitor do Liceu de Macau, Pedro Guimarães Lobato, com o argumento de que o local não era o mais apropriado, não só por estar afastado do centro da cidade, como pelo facto da estátua ter sido construída em mármore de lioz e, naquele ponto, estar mais exposta às inclemências do tempo e a brincadeiras de mau gosto. Para ambos, a estátua devia ser erguida numa das praças da cidade. Falou-se também no Jardim de São Francisco, mas, examinados alguns esboços, chegaram à conclusão de que, devido à sua disposição, não se prestava para o fim em vista, sem grande prejuízo da sua estética, tornando-se oneroso o seu arranjo, pois seria necessário demolir a biblioteca chinesa que lá se encontra e construir outra no mesmo jardim.
Finalmente, Luís Gonzaga Gomes, conhecido historiador e escritor macaense, também membro da comissão, disse que, como as estátuas se destinam a ornamentar as praças de uma cidade, portanto, os centros, achava que um dos pontos mais centrais – passagem obrigatória de todas as pessoas que vivem ou visitam a cidade – era em frente do Palácio das Repartições Públicas, à Praia Grande, no começo da então Avenida Salazar.
Foto de AJMN Silva
A comissão submeteu à apreciação do governador os resultados a que chegou, tendo o mesmo dado o seguinte despacho: «Examinando as três hipóteses consideradas, reconhece-se que:
a) o Miradouro de D.Maria II, se bem que haja razões históricas a seu favor, tem o inconveniente de deixar a estátua à acção do tempo e dos homens, como friza a comissão;
b) o Jardim de S.Francisco, a ser usado, implicaria a mudança da biblioteca chinesa, com grande aumento de despesas;
c) na Praia Grande, em frente do Palácio das Repartições Públicas, evitam-se os inconvenientes apontados.
Por estas razões escolho este último local.»
Junto ao Hotel Metrópole e o Solmar no início da década de 1980
Em cumprimento desse despacho, a estátua de Jorge Álvares foi erguida no local escolhido pelo governador, onde hoje, felizmente, ainda podemos contemplá-la, toda inteirinha, muito embora, em tempos idos, tivesse sido «abusada» – deceparam-lhe um braço – pelas diabruras importadas da Revolução Cultural da China, no ano de 1966. E onde está o problema?"

domingo, 23 de junho de 2013

O 24 Junho de 1622 e o Monumento da Vitória

Início do século XX 
Do Boletim Oficial do governo "parte não oficial", Macau, 27 de Junho de 1870. Era governador (de Macau e Timor) António Sérgio de Sousa.
"Collocou-se, no dia 23 do corrente, às 6 horas da manhã, a primeira pedra do alicerce sobre que ha-de aleventar-se um padrão de gloria, que recorde à posteridade um dos mais brilhantes feitos dos nossos maiores. Foi S. Exa. o governador celebrar esta ceremonia e vio à roda de si quasi todos os funccionarios civis e militares, que annuiram solicitos ao convite de S. Exa.; patenteando assim a sua veneração por tudo que signifique gloria das armas portuguezas, desde tanto acostumadas a vencer. Teve lugar a solemnidade na Praça da Victoria, junto da Flora Macaense, na estrada que por s. Lazaro conduz à Porta do Cerco. Depois da leitura do auto que foi assignado por todos os funccionarios presentes foi elle encerrado n'um cofre com as moedas nacionaes como é d'uso praticar-se nestes actos. Em seguida S. Exa. o governador deitou a primeira colher de cal para segurar ao solo a pedra fundamental de todo o alicerce - a apoz elle algumas outras auctoridades praticaram egual ceremonia. foi uma festa toda patriotica e que assignalou um dia nunca esquecido pelo povo de Macau. No sítio destinado a receber o monumento já existia uma pilastra de pedra (...)" 
Década 1970 - foto IICT 
Este monumento foi mandado fazer pelo Leal Senado como forma de "commemoração da victoria alcançada em Macau pelos portuguezes contra a frota hollandeza, que em 23 de Junho do anno de 1622 desembarcou na praia de Cacilhas". O desenho do monumento foi enviado ao rei de Portugal bem como o pedido para a respectiva inauguração.
  Antes das obras em 1935 quando foi mudado de local

 As obras de1935: ainda por mudar de local
  Plano de obras em 1935
 

O monumento (da autoria do escultor Manuel Maria Bordalo Pinheiro) só seria inaugurado a 26 de Março de 1871 pelo Governador António Sérgio de Sousa.
Numa das inscrições pode ler-se: "No mesmo local onde uma pequena cruz de pedra comemorava a acção gloriosa dos portugueses mandou o Leal Senado levantar este monumento no ano de 1864*". (*será uma referência à decisão e não à construção)
Noutra inscrição: "Para perpetuar na memória dos vindouros a vitória que os portugueses de Macau por intercessão do Bem Aventurado S. João Baptista a quem tomaram por padroeiro alcançaram sobre oitocentos holandeses armados que de treze naus de guerra capitaneadas pelo almirante Roggers desembarcaram na Praia de Cacilhas para tomarem esta cidade do Santo Nome de Deus de Macao em 24 de Junho de 1622"
Em 1965 
No início do séc. XX
Ca. 1965



 Séc. XXI

Primeira tourada em Macau: Agosto de 1966

Testemunho de Fernando Camacho: "Realizaram-se 9 touradas, sendo que a primeira teve início às 18h30 do dia 1 de Agosto de 1966. Manuel dos Santos era cabeça de cartaz. Mas quem mais se salientou perante a assistência, foi o Chibanga que ao terminar a sua faena, atirava a capa e a espada para o chão e ajoelhava-se de costas à frente do touro. Pela assistência ouvia-se um enorme woaaaa. Evidentemente que o animal já extenuado, incidia o seu olhar na capa vermelha que se encontrava a cerca de 2 metros do toureiro."
 Chibanga e o empresário Alfredo Ovelha em Macau. Agosto 1966
A praça junto à av. Dr. Rodrigo Rodrigues 
Num descampado nas traseiras do hotel Lisboa:
lá em cima o Farol da Guia e o hospital S. Januário. 1966

 O cartaz da edição de 1997


sábado, 22 de junho de 2013

Dumont d'Urville: 1790-1842

Jules Sébastien César Dumont d'Urville (1790-1842) foi um oficial naval e explorador francês que viajou pelo sul e oeste do Pacífico, Austrália, Nova Zelândia, Antártica e Ásia tendo passado por Macau.
Em 1812, após entrar para a Marinha francesa, Dumont aperfeiçoou seu conhecimento cultural: falava já latim e grego e aprendeu inglês, alemão, italiano, russo, chinês e hebreu. Dotado de uma prodigiosa memória, durante suas viagens aprendeu um grande número de dialetos locais. Na Marinha, também aprendeu botânica e entomologia. Fez sua primeira viagem de navegação no Mar Mediterrâneo, em 1814. Em 1819 partiu com o navio Chevrette para as Ilhas Gregas. Enquanto estava na ilha de Milo, um representante francês local falou para ele sobre a descoberta, feita por um camponês local, de uma estátua de mármore. A estátua, agora conhecida como A Vênus de Milo, fora concebida no ano 130 AC. Dumont escreveu para o embaixador francês em Constantinopla para convencê-lo a comprar a estátua o que lhe valeu o título de Chevalier (Cavaleiro) da Legião de Honra e a promoção a tenente.
Em 1822, Dumond e outro tenente, Louis Isidore Duperrey, começaram a planear uma expedição para explorar o Pacífico, uma área na qual a França tinha sido expulsa durante as Guerras Napoleónicas. René-Primevère Lesson, médico e naturalista, também estava na expedição. No regresso a França trouxeram uma grande colecção de animais e plantas das Ilhas Malvinas, das costas do Chile e Perú e de vários arquipélagos do Pacífico, Nova Zelândia, Nova Guiné e Austrália.
Dois meses depois, Dumont apresentou ao Ministério Naval um plano para uma nova expedição pelo Pacífico, que ele esperava agora comandar. A proposta foi aceite e o navio foi rebatizado Astrolabe. Partiu de Toulon e viajou por todo o Oceano Pacífico, Austrália e e Polinésia. A expedição trouxe uma enorme quantidade de informações científicas. Em 1830, o navio,  numa nova missão, chega à Antártica e Dumont descobre a 25 de Fevereiro do mesmo ano, o Pólo Sul Magnético (A estação francesa de exploração na Antártica é denomonida Estação Dumont d'Urville em sua homenagem). Já em França, entre 1841 e 1854, lançou livros com o relato de suas viagens, em 24 volumes. Em Maio de 1842 morre num acidente de comboio perto de Versalhes. Nesses livros encontramos Macau de meados do século XIX.
A Praia Grande e a gruta de Camões (ainda sem o busto) em cima; em baixo: Riviére de Macao
Ilustrações de Macau incluídas nos livros que Dumont deixou escrito como registo das suas viagens
Jules Sébastien César Dumont d'Urville (1790-1842) was a French explorer, naval officer and rear admiral, who explored the south and western Pacific, Australia, New Zealand and Antarctica. As a botanist and cartographer he left his mark, giving his name to several seaweeds, plants and shrubs, and places such as D'Urville Island. And he was in Macao...
Book sugestion/Sugestão de leitura:
This four-volume (2011), illustrated collection, issued by the Paris publisher Furne in the mid-nineteenth century, showcased the work of recent French explorers for a popular readership avid for accounts of exotic foreign lands. It contains lightly fictionalised versions of accounts by three influential geographers and naturalists. Volumes 1 and 2, by the naval officer Jules Dumont d'Urville (1790–1842), cover his first two voyages to the Pacific; originally published in 1832, the printings reissued here date from 1863 and 1859. Volume 3 contains an account by Alcide d'Orbigny (1802–57) of his travels in South America in 1826–33, supplemented by material on North America and Iceland. It was first published in 1841; this posthumous 1859 printing was updated by Alfred Jacobs (1802–70). Volume 4 (1859), substantially updated by Jacobs, is based on an 1839 publication by Jean-Baptiste Benoit Eyriès (1767–1846), a founder member of the French Geographical Society.