sexta-feira, 31 de maio de 2013

Próximas sessões de autógrafos na Feira do Livro

Sessões de autógrafos no pavilhão "Livraria Turismo de Macau" (C 02) na Feira do Livro de Lisboa para o período de 1 a 10 de Junho
dia 1 - Ernesto Matos, 17h
dia 2 - Isabel Correia Pinto, 17h e Jorge Arrimar, 18h
dia 6 - Rogério Puga, 18h
dia 8 - Eduardo Ribeiro, 17h e Ernesto Matos, 18h
dias 9 e 10 - Eduardo Ribeiro, 17h
PS: na tarde (18h) do dia 6 no pavilhão da APEL será feita a apresentação do livro os "Os Dores", um romance de Henrique de Senna Fernandes, publicado após a sua morte.
Se está por Macau sugiro uma passagem pelo IIM (7 Junho, 18h.) para assistir a uma homenagem a Monsenhor Manuel Teixeira, com o lançamento do livro “Manuel Teixeira: de menino a Monsenhor”, de José Mário Teixeira e uma conversa com Fernando Vinhais Guedes.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Plano da Loteria (lotaria): 1862

As receitas obtidas nesta "loteria" de Maio de 1862 foram encaminhadas para a Nova Escola Macaense criada em Janeiro desse ano.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Centro Ecuménico Kun Iam

A 21 Março de 1999 o Presidente da República Jorge Sampaio e o Governador Rocha Vieira inauguraram o Centro Ecuménico Kun Iam, construído numa ilha artificial junto aos novos aterros do Porto Exterior. A obra foi projectada em 1996 e ficou pronta três anos depois sendo da autoria da arquitecta Cristina Rocha Leiria que se inspirou em Kun Iam, a deusa da misericórdia, que também consubstancia na sua imagem e mensagem o amor, além da compaixão e da solidariedade. A estátua da deusa, com 20 metros de altura, é de bronze (50 toneladas) e assenta numa cúpula de betão em forma de flor de lótus (com 7 metros de altura), por sua vez implantada numa ilha artificial ligada a terra por um istmo com 65 metros. A flor é uma referência na arte e literatura chinesas e faz parte da bandeira da RAEM.
A cúpula, revestida de 16 pétalas, tem um perímetro circular de 19 metros de diâmetro. O Centro tem dois pisos: uma zona lúdica e de lazer, onde se pode ler, ouvir música e adquirir livros e uma área para palestras, exposições e pequenos espectáculos, tendo  ainda uma biblioteca e mediateca. Incluído nos roteiros das agências turísticas, é um dos locais mais visitados da cidade. Para a autora o Centro "visa perpetuar o respeito mútuo e a amizade entre todos os povos e civilizações, sendo um espelho da tolerância religiosa e do pluralismo cultural, características multisseculares de Macau."

Cristina Rocha Leiria nasceu em Lisboa em 1946 e passou a infância e a adolescência em Moçambique. Formou-se em arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e especializou-se em planeamento no University College de Londres, dedicando-se depois ao aprofundamento de estudos sobre “feng shui” em Macau, China e Japão e sobre electromagnetismo em França. Trabalhou em Portugal, Reino Unido, Moçambique, África do Sul, Zimbabué e Macau. A par da arquitectura, dedicou-se à escultura a partir de 1992, sendo os seus trabalhos concebidos a partir do barro e passados posteriormente para outras escalas, em diversos materiais (cristal, bronze, prata, estanho e pedra). Os seus trabalhos mais emblemáticos são o Centro Ecuménico Kun Iam (1999), “Elan de Mãe”, em pedra branco-mar, no Parque Marechal Carmona em Cascais (2003), “Vela ao Vento”, em bronze patinado, à entrada de Tavira (2003) e “Barco à Vela”, em bronze polido assente numa onda em mármore branco, na Marina de Cascais (2007). Uma reprodução, em bronze polido, com 2,70 m, da estátua de Kun Iam está colocada no jardim da Casa de Macau, em Lisboa, desde 2002.
Helena Vaz da Silva, presidente do Centro Nacional de Cultura, pouco tempo depois da inauguração do Centro Ecuménico Kun Iam, escreveu o seguinte:
“O centro ecuménico Kun Iam — ou Guan Yin como familiarmente se diz na maior parte da China — foi concebido por Cristina Leiria como um espaço que espelha e prolonga o encontro, entre todos histórico, do Oriente com o Ocidente feito pela mão dos portugueses, os primeiros dos europeus a chegarem à China, assim como chegaram ao Sião e ao Japão. Teriam os portugueses particulares razões para este pioneirismo na aproximação dos mundos? Se deixarmos de parte a pobreza congénita do território nacional de então e a sua natureza resistente e aventureira diríamos que não, em especial. Mas a verdade é que tal facto faz pesar sobre nós, hoje, particulares responsabilidades já que a globalização actual que aproxima física — e virtualmente — os povos nos obriga a nós, que a história fez desbravadores de caminhos, a saber uma vez mais apontar a rota, neste final de século. Qual rota? A do aprofundamento do progresso através do espírito e da promoção da paz através do conhecimento mútuo. A Unesco proclama há anos a construção da paz através da educação e da cultura, insistindo que elas são a única forma de prevenção dos conflitos, A União Europeia acaba de reconhecer a urgência de melhorar a qualidade da sua política externa e de cooperação com outros países pelas mesmíssimas razões. É por isso de saudar esta iniciativa da Administração Portuguesa que coloca alta a “fasquia” para as futuras relações Luso-Chinesas, neste particular oásis intercultural que é Macau e que é, não só dever, mas também interesse dos futuros administradores do território preservar. Num mundo onde abundam os conflitos e onde grassa a destruição, Macau pode tornar-se no futuro um lugar de quase peregrinação pela originalidade do seu património e pela sua esplêndida tradição de hospitalidade, forjada em meio milénio de convivência.”

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Acácia rubra

Antes da moradia de Teddy Yip (actual túnel da Guia). Foto de AJMN Silva
Quem já visitou Macau não pode ter ficado indiferente a esta espécie. E que bem que eu me lembro das que existiam junto ao velhinho Liceu na Praia Grande... dando um colorido fantástico (que belo contraste o do verde das folhas e o vermelho das flores!). Actualmente ainda existem muitos exemplares espalhados um pouco por toda a cidade. Por exemplo, no Parque Municipal de Sun Iat Sen, na Praça Lobo de Ávila, junto ao Museu de Arte Sacra, etc..
Acácia rubra em Coloane - foto do blog Asianux (séc. XXI)
Originária de Madagascar (África... em Benguela é o símbolo da cidade), a Acácia Rubra - Delonix regia - também conhecida por chama da floresta, flor-do-paraíso, pau-rosa ou flamboyant... floresce de Maio a Junho (pelo menos em Macau, embora existam referências para outros períodos noutros locais). Existe ainda no Brasil e Timor, por exemplo.
Postal década 1970: jardim Vasco da Gama
Vista sobre a Guia a partir da Escola Leng Nam
 Tens a alma cheia de ipomeas
E de acácias rubras
E de chagas de melancolia nos muros velhos
Teus longos braços novos de betão e vidro
Rompem a bruma matinal
Por sobre os restos da antiga beleza
Poema de Yao Jingming traduzido por Fernanda Dias
 Acesso à Penha. Foto AJMNSilva 1967-68
 Troço da av. da República (junto ao ténis). Foto AJMNSilva 1967-68

 Junto ao Liceu. Foto AJMNSilva 1967-68

sábado, 25 de maio de 2013

Porta da Baía

"Porta da Baía" é o primeiro romance de João Oliveira Lopes. O autor explicou ao "Macau Antigo" como surgiu a ideia deste livro editado em Junho de 2011 e que já vai na segunda edição.
"O Porta da Baía surge da minha vontade em contar uma história. Da vontade de escrever um livro. Começou por um prólogo (muito semelhante ao actual - ainda tenho as folhas originais, manuscritas) e a história foi-se desenrolando na minha cabeça. Em 1997, tive a sorte de poder ir a Macau com o Luís Celínio, ambos jornalistas do Escape Livre, fazer a cobertura do GP. Com o Rui Isidro (à altura no Gabinete de C.S. de Macau) como cicerone, estivemos 10 dias no território. Tempo suficiente para eu me apaixonar e ter a certeza que a minha história tinha que passar por ali. Depois da visita aos templos, nomeadamente ao de A-Má, fiquei com a certeza de que a minha história tinha que estar muito ligada a Macau. Mais tarde, durante a investigação soube da forma como o templo está ligado ao nome e o seu significado em cantonense. Assim surge o Porta da Baía, certeza de que teria que ser escrito depois de dois enfartes (em 2001 e 2007). Que melhor legado se pode deixar a um filho (no meu caso uma filha?)"
Sinopse
Afonso Real construiu um império, fruto de uma aptidão para os negócios em que envolve as empresas que criou, e alimentou um sonho, que começou com o seu Avô Eduardo e continuou com o seu Pai, Pedro. Porta da Baía é um romance, que atravessa três gerações da mesma família. Com início no ano da implantação da República, cruza a Guerra Civil de Espanha e a descolonização portuguesa que termina com a passagem para a China, do território de Macau. A fortuna, ligada ao submundo do crime organizado, e os amores de uma família, culminam na vida de um “playboy” que, lidando com uma luta de anos entre duas Tríades mostra, apesar de uma dupla existência, um lado humano.
Lisboa, Paris, Salamanca mas, sobretudo, Macau são cidades chave de uma história que revela a verdade que todos conhecem: todo o homem tem um segredo.
João Manuel Godinho Oliveira Lopes nasceu na Guarda, em 1959 e é licenciado pela Escola Superior de Saúde de Coimbra. Na comunicação social, foi animador de rádio durante mais de 20 anos (Rádio Altitude e Rádio F.) Desde 1989 colabora com as Organizações Escape Livre como jornalista do sector automóvel e responsável editorial da revista Escape Livre Magazine. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Turismo de Macau na 83ª Feira do Livro

Até ao próximo dia 10 de Junho a Livraria do Turismo de Macau volta a marcar presença na Feira do Livro de Lisboa (Parque Eduardo VII). No stand, para além dos livros alusivos a Macau e à China, vão estar presentes diversos autores para sessões de autógrafos. O stand da Livraria (C 02) situa-se na faixa direita, para quem subir a Feira indo da Praça do Marquês de Pombal, logo a seguir à Praça Azul.
Para este fim de semana estão agendadas as presenças de:
Dia 25 (sábado)
das 15 às 17h - João Botas
Das 17h às 18h - Isabel Pinto
Dia 26 (domingo)
das 18h às 19h30 - Graça Pacheco Jorge e Pedro Barreiros
das 19h30 às 20h30 - Vasco D'Orey Bobone
A 83ª edição da Feira do Livro conta com 241 pavilhões, 480 editoras e chancelas e mais de 100 mil livros disponíveis.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Carlos D'Assumpção: 1929-1992

Carlos Augusto Corrêa Paes D’Assumpção (1929-1992), advogado, jurisconsulto e político, era oriundo de uma família tradicional e bem instalada na sociedade macaense.
No Liceu Nacional Infante D. Henrique completa o ensino secundário, prosseguindo os seus estudos em Coimbra, matriculando-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Henrique de Senna Fernandes, companheiro de estudo e de boémia, recordava com grande nitidez: “os serões que tínhamos em torno da mesa de jantar ainda se repercutem na minha saudade. Conversávamos sobre os mais variados assuntos – os acontecimentos do dia a dia, a política nacional e internacional, os livros, o cinema, as novidades do burgo universitário. Expúnhamos as nossas ideias e opiniões, os nossos sonhos e ambições. Tínhamos discussões acaloradas, mas logo, antes de azedarmos definitivamente, interrompíamos para contar anedotas, histórias brejeiras e comentários saborosos sobre o eterno feminino. Macau estava sempre presente nas suas diversas facetas, um tema inesgotável”. Carlos D’Assumpção e Henrique de Senna Fernandes viviam na mesma casa, na Travessa do Olimpo, na cidade dos doutores.
Numa reunião com deputados em 1984 em sua casa
Em Coimbra, Carlos D’Assumpção revelar-se-á um aluno brilhante, concluindo a licenciatura em Direito com uma elevada classificação. Presidiu à Associação Académica de Coimbra em 1951-1952, uma rara distinção para um estudante ultramarino. Teve todas as condições, como realça Antunes Varela, para se doutorar e singrar na carreira universitária. Regressou às origens, a Macau, em 1953. Ingressa na advocacia, mais tarde no notariado e, finalmente, na actividade política. É lendária a história de nunca ter cobrado honorários a portugueses e a macaenses. Foi vogal do Conselho Legislativo, vogal do Conselho do Governo, procurador à Câmara Corporativa, deputado e presidente da Assembleia Legislativa, de 1976 a 1992. Em 1974, foi um dos fundadores da Associação de Defesa dos Interesses de Macau (ADIM), que publicou o jornal ‘Confluência’, onde abundantemente deixou colaboração.
Moradia Skyline onde viveu Carlos D'Assumpção

Os momentos de grande turbulência política que agitaram a contemporaneidade em Macau, o maoísmo do 1-2-3 e a dissolução da Assembleia Legislativa, no consulado do Governador Vasco Almeida e Costa, encontraram em Carlos D’Assumpção um defensor acérrimo dos valores nucleares da política, da segurança jurídica e do diálogo edificante e leal. Patriota e conservador, diplomata sagaz, político íntegro e homem probo, Carlos D’Assumpção é uma das figuras mais marcantes de todo o século vinte e que os acasos da história não permitiram que tivesse sido o último Governador de Macau.
Ao receber o Presidente da República, Mário Soares, na Assembleia Legislativa, no dia 17 de Novembro de 1990, profere estas palavras que revelam um pensamento político muito estruturado e coerente: “A miscigenação física e cultural não mudou os que sempre pautaram a sua vida em consonância com a do povo que, impelido pela ânsia criadora e pelo espírito de aventura e descoberta, trouxe até aqui os valores morais e espirituais da civilização ocidental. Tão pouco transformou o povo portador de uma cultura e sabedoria de milénios, com a sua própria concepção do mundo e da vida. Macau é um padrão europeu no Oriente, uma moeda rara e preciosa, concebida e cunhada pelo génio luso-chinês que importa preservar, sejam quais forem os custos”.
Foto de Bessa Almeida.
Numa entrevista ao jornal ‘Comércio de Macau’, em 1988, limitou-se a dar nota em voz alta, como se precisasse, de uma prática cimentada por uma coerência de anos a fio: “o trabalho para a minha terra fá-lo-ei sempre. Seja como advogado ou como simples cidadão, nunca deixarei de fazer aquilo que for necessário
pela terra que me viu nascer e à qual devo tudo o que sou hoje”.
Celina Veiga de Oliveira dedicou a esta figura ímpar uma investigação pioneira, convocando o testemunho dos seus contemporâneos de molde a não ficar perdida a sua lição de vida, a encruzilhada dos afectos e das amizades, e a sua visão ética e política sobre Macau e as suas gentes. É este desiderato que temos a obrigação moral de transmitir e de ensinar às gerações mais novas.
Jorge Neto Valente enfatiza, entre outras, a vertente profissional: “foi sempre, porque quis sê-lo, um jurista na política. Ele, que gostava muito da profissão que escolhera, tinha todas as qualidades para ser um bom advogado: era um estratega de grande mérito, o lutador que não abandonava um combate; dotado de memória prodigiosa e de uma argúcia espantosa, a sua inteligência rápida facilmente apreendia as situações que se lhe deparavam; sabia guardar segredo; os argumentos eram brilhantes, e muitas vezes dilemáticos, mas daqueles dilemas em que qualquer das opções arrasava os oponentes”.
São deveras importantes as apreciações dos diferentes Governadores de Macau, onde se destacam experiências, episódios, considerações ou reflexões sobre alguns aspectos escassamente conhecidos da actuação de Carlos D’Assumpção.
O general Garcia Leandro, o primeiro Governador de Macau após o 25 de Abril, recorda dois pormenores muito significativos: “houve duas acções na área legislativa, que foram de grande importância e que hoje talvez já estejam esquecidas, mas que eu gostaria de relembrar. Quando se preparou o Estatuto Orgânico de Macau, em 1975, o Dr. Carlos Assumpção deu uma grande ajuda em todos os passos que prepararam a sua versão final. Um outro grande trabalho legislativo foi a reforma tributária feita em 77/78, por proposta do Governador, projecto esse que quando passou para a Assembleia Legislativa em muito foi melhorado, tendo para o efeito sido significativo o trabalho pessoal do Dr. Assumpção”.
Um outro Governador de Macau, o general Melo Egídio, deixa vincado alguns traços do seu carácter: “defensor intransigente da coexistência harmoniosa entre as duas comunidades, portuguesa e chinesa, cujos aspectos característicos muito bem conhecia, revelou possuir uma invulgar capacidade de intervenção junto das mesmas. O seu comportamento isento e as atitudes que criteriosamente tomava nas mais variadas circunstâncias, por mais difíceis que fossem, granjearam-lhe o respeito e o apreço de ambas as comunidades que, com frequência, procuravam o seu conselho e apoio”.
O Governador Carlos Melancia lembra o seu patriotismo a propósito da comissão de redacção da nova Lei Básica: “foi uma das poucas individualidades macaenses de origem portuguesa que foi convidada especificamente pelas suas qualidades, pelos seus méritos, pela República Popular da China, mesmo sendo presidente da Assembleia Legislativa. Isto mostra bem o prestígio que o Dr. Carlos Assumpção tinha na República Popular da China. Pois não hesitou em fazer depender a aceitação deste cargo, sem formalmente obter, através do Governador de Macau, que representa os órgãos de soberania da República Portuguesa em Macau, a autorização do Sr. Presidente da República para aceitar aquele cargo. Entendia que, além de tudo, era um cidadão português e não podia aceitar cargos dum governo estrangeiro sem pedir autorização ao Sr. Presidente da República”.
O último Governador, general Vasco Rocha Vieira, aponta uma outra importante característica: “foi também um homem que soube defender e fazer ouvir Macau em Lisboa. Porque Macau, sendo pequeno e estando longe, necessita de ser ouvido e de ter uma voz com credibilidade. E o Dr. Carlos Assumpção, com a força e o prestígio que possuía, prestou inestimáveis serviços ao Território”.
Henrique de Senna Fernandes lamenta-se, “e desapareceu o escritor que podia ter sido, narrando as suas memórias e vivências, através duma lupa única, uma perda irreparável para Macau, para todos que o conheceram e para os vindouros”. Na mesma linha está o jornalista João Fernandes, “repetidamente instei com ele de que tinha de escrever as suas memórias, transmitindo alguma coisa do muito que sabia – até por ter participado activamente em momentos fulcrais – sobre meio século de história de Macau”.
José dos Santos Ferreira, Adé, fixou-lhe para sempre este perfil:
Um advogado tão sabedor
Macaense de tão grande aceitação
Que vive só para Macau
Com Portugal no coração.
Agustina Bessa-Luís nesse fabuloso romance que é “A Quinta Essência”, publicado em 1999, um romance inteiramente consagrado a Macau e estranhamente esquecido, lança este quase aforismo misterioso: “Macau continua a ser a porta da cultura ocidental, e os eruditos tem de que honrar esse pequeno território engastado na aba da China como um manto que vai arrastando consigo uma história fascinante”.
E foi uma plêiade de homens, homens como Carlos D’Assumpção, que permitiu que se fosse garantindo, geração após geração, uma identidade, uma memória e uma história singular e irrepetível. Macau consolidou-se assim.
Artigo da autoria de António Aresta publicado no JTM de 31-3-2011
Carlos D'Assumpção num cerimónia em 1982 no quartel de S. Francisco
Foto cedida por Ana Monge

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Fotobiografia de Carlos D'Assumpção


No segundo semestre de 2013 será lançada mais uma edição do projecto “Foto Bios” do Albergue SCM, desta vez, sobre Carlos D’Assumpção, advogado natural de Macau e antigo presidente da Assembleia Legislativa, falecido em 1992. Como afirmou ao JTM a professora Celina Veiga de Oliveira, desde 2009 que se encontra preparada uma obra de sua autoria sobre Carlos D’Assumpção, a ser editada e lançada pelo Albergue SCM. A presença da autora em Macau levou-a a reunir com o arquitecto Carlos Marreiros, tendo ficado certo que o livro será uma realidade ainda este ano.
1929-1992
Contactado pelo nosso jornal, o arquitecto, director do Albergue SCM, disse que Celina Veiga de Oliveira regressará a Macau para finalizar alguns aspectos e “estará tudo pronto nos próximos dois meses”. Sobre a demora no lançamento, o arquitecto frisou que “só não saiu porque requeria mais imagens e entretanto a viúva de Carlos D’Assumpção já descobriu e vai produzir as legendas com a autora”. Há outras obras em perspectiva, mas Carlos Marreiros garantiu que esta fotobiografia sairá “definitivamente primeiro”.
Sobre Carlos D’Assumpção, sublinha que “foi uma figura de proa em Macau, especialmente a partir da democracia, ou seja, depois de 1979”, lembrando igualmente que “era conhecido como um homem de muito hábil tacto e sensibilidade para a democracia”.
Para Marreiros, o co-fundador da Associação para a Defesa dos Interesses de Macau “conseguiu através das suas plataformas fazer entender, quer portugueses, quer chineses, e o seu carisma é, ainda hoje, relembrado”. Formou-se em Direito e “enquanto estudante em Coimbra foi brilhante”, lembrando que o macaense frequentou o sexto ano jurídico, algo apenas reservado para os alunos com médias superiores a 16 valores. “Regressou a Macau com os conhecimentos adquiridos em Coimbra e aqui exerceu advocacia com grande brilhantismo e com grande sentido de humanidade”. A faceta de “grande humanidade” é uma das que realça em Carlos D’Assumpção. “Dizem as pessoas que quando se tratava de clientes sem posses, ele ajudava a defendê-los e nem recebia honorários”, contou. Falecido em 1992, “nos últimos anos como presidente da Assembleia Legislativa, e com a natural complexidade da situação social de Macau, tendo em vista a crescente participação cívica e também o horizonte de 1999 de uma transferência sem sobressaltos, obrigou-o a uma agenda extremamente apertada”. Nesse contexto, destaca “o altruísmo dele para servir a causa pública”, dizendo ainda que “prestou sempre pouca atenção à sua actividade privada como advogado”, apesar de encabeçar um escritório de sucesso.
O projecto do Albergue SCM, denominado “Foto Bios”, pretende lançar obras trilingues sobre figuras importantes de Macau, quer chinesas, quer portuguesas, “para fazer chegar a um público muito vasto que não tem tempo para ler grandes tomos”. A primeira fotobiografia foi lançada em Dezembro de 2011, sobre José Vicente Jorge, cujos autores foram Graça Pacheco Jorge e Pedro Barreiros. “A ideia é lançar uma a duas por ano, uma vez que é um trabalho que necessita de investigação e o Albergue SCM não tem essa vocação”. Segundo Carlos Marreiros, o objectivo do “Foto Bios” é “fixar a memória de pessoas falecidas muito recentemente que os jovens não chegaram a conhecer”, e adiantou que já há projectos a andar sobre outras figuras, “mas sem data”.
A obra do jornalista e autor do blog “Macau Antigo”, João Botas, sobre Manuel da Silva Mendes é uma delas, mas personalidades como Chui Tak Hei, Roc Choi, Deolinda da Conceição, Luís Gonzaga Gomes ou Ho Yin também estão pensadas. Apesar do Albergue SCM “estar mais ligado às questões culturais”, esta iniciativa contemplará personalidades de várias áreas, “até da política, como é o caso de Carlos D’Assumpção”, afirmou Carlos Marreiros.
Artigo de Sandra Lobo Pimentel publicado no JTM de 21.5.2013

terça-feira, 21 de maio de 2013

Negócios da China... em 1513

O primeiro contacto documentado de portugueses com território da China aconteceu há 500 anos, na actual província de Guangdong, no sul, entre Julho e Agosto de 1513, numa aventura de mercadores saídos de Malaca. Dois ou três portugueses embarcaram a bordo de um junco [navio à vela usado na China e no Japão] de mercadores malaios, que saiu de Malaca, na actual Malásia, em Maio de 1513 e chegou ao litoral da actual província de Guangdong, entre Julho e Agosto do mesmo ano, de acordo com o  historiador Rui Loureiro. “Antes disso não há qualquer documento sobre contactos portugueses com o sul da China”, disse Rui Loureiro à Lusa, justificando o significado desse momento de primeira presença que agora se assinala.

O cronista português João de Barros afirmou que Jorge Álvares, um mercador estabelecido por conta própria, foi o primeiro português a chegar ao sul da China, mais especificamente a uma ilha, designada pelas fontes históricas portuguesas como “Tamão”, que também foi designada como “Lintin” e identificada como a actual ilha de Nei Lingding, no centro do delta do rio das Pérolas, a norte de Macau. Os portugueses da época iam para a Índia como funcionários públicos (soldados ou feitores) durante três ou seis anos. Terminado esse período, alguns regressavam a Portugal e outros estabeleciam-se na Ásia por conta própria, como comerciantes ou mercenários. Os portugueses tinham armamento superior e eram muito cobiçados por todos aqueles potentados asiáticos, onde podiam actuar como “conselheiros militares”, disse Rui Loureiro.
Jorge Álvares foi um desses portugueses, que primeiro esteve ligado à estrutura do Estado na Índia e depois se estabeleceu por conta própria. Com ele, a bordo do junco malaio, encontravam-se o filho, que morreu já no litoral chinês durante a viagem, e um outro português, de nome desconhecido. Rui Loureiro afirmou que os lucros obtidos nessas viagens eram tão grandes que “incitaram imediatamente outros portugueses” a partir de Malaca para o sul da China. “Daqui nasce uma expressão ainda hoje utilizada, os ‘negócios da China’, algo que dá lucros fabulosos. De acordo com um cronista da época, o lucro era quatro vezes superior ao investimento. Portanto, era um destino comercial muito atractivo para os portugueses, que não param de ir à zona todos os anos”,  acrescentou o historiador. Os portugueses vendiam especiarias, em especial pimenta (muito consumida na China), e madeiras aromáticas (usadas em rituais religiosos). Jorge Álvares regressou a Malaca, em Abril ou Maio de 1514, com produtos manufacturados chineses: porcelanas e sedas, mas também almíscar, aljôfar (pérolas miúdas), enxofre e salitre (componentes para o fabrico de pólvora), cânfora, ruibarbo e “abanos léquios” (os ‘leques’, nome que deriva do topónimo Léquios, como eram conhecidas as ilhas japonesas Ryukyu), explicou. João de Barros escreveu que Jorge Álvares foi uma segunda vez à China em 1521, morrendo de doença na ilha de Tamão, a 8 de Julho do mesmo ano. Foi enterrado junto a um padrão que ali tinha colocado oito anos antes.
Um outro Jorge Álvares frequentou as rotas comerciais de Goa, Malaca e sul da China, mas já na  década de 1540, disse Rui Loureiro. Famoso por ser o primeiro português que escreveu um texto sobre o Japão, em 1548, este “segundo Jorge Álvares” foi um dos primeiros portugueses a visitar o arquipélago japonês, talvez com Fernão Mendes Pinto, “mas não está ligado a esta primeira fase” de contactos comerciais, afirmou o historiador. “Há uma certa confusão entre os dois. Seria o Jorge Álvares que tinha chegado à China e 20 anos mais tarde também tinha chegado ao Japão?, o que faria dele um homem espectacular, mas são duas personagens diferentes”, sublinhou. 
Para o historiador, do ponto de vista chinês, no início os contactos com os portugueses eram “semi-legais”, tolerados, e os novo visitantes apareciam associados a mercadores malaios que visitavam a China regularmente.
A primeira viagem - a do primeiro Jorge Álvares - foi realizada num junco malaio. Há documentação sobre a compra desse junco e sobre a compra das mercadorias que ele leva para a China, referiu Rui Loureiro. “O litoral da China participa nestes negócios, mas não há uma intervenção estatal”, disse. Posteriormente, entre 1517 e 1521, Portugal enviou uma “embaixada”, liderada por Tomé Pires, que foi o primeiro enviado oficial português à China, cuja missão de estabelecimento de uma posição na zona fracassou. “Normalmente, os portugueses usaram na aproximação àquelas zonas, do que nós  hoje chamamos Malásia e Indonésia, uma espécie de posição de força, ou seja, tinham armas, tinham canhões e tinham o equivalente a espingardas (mosquetes) e tinham navios poderosos e, portanto,  conseguiram ocupar determinadas posições pela força”. Rui Loureiro deu o exemplo de Malaca e das ilhas Molucas, em que os portugueses ocuparam uma cidade portuária e construíram uma fortaleza. O mesmo tentaram  na China, disse. “Mas o exército chinês não tinha nada a ver com todas as outras potências ali à volta. Era um Estado sólido, com recursos infinitos e não autorizou esse estabelecimento dos portugueses, nos mesmos moldes que tinham feito noutras zonas, levando à adopção - pelos portugueses - de uma posição mais informal de comércio, de contactos que, a pouco e pouco, se foram desenvolvendo e nos anos 1550 veio a dar origem ao estabelecimento de Macau”. Para a China, “com um Estado muito centralizado, que  tentava controlar todo o litoral, era mais lógico concentrar todos os estrangeiros num ponto só” como Macau, concluiu Rui Loureiro. 
Agência Lusa - Maio 2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Os adivinhos chineses

A comunidade portuguesa conhece-o por “Tio Pak”. Desde a antiguidade (segundo o calendário chinês, há cerca de 5000 anos a.C.) já os homens procuravam através de várias maneiras, predizer o futuro. Assim, os homens da antiguidade foram, pouco a pouco, introduzindo processos, uns mais simples e outros mais complicados, que lhes permitiam ultrapassar o presente, para tentarem conhecer o futuro.
A China terá sido a nação onde surgiu maior variedade desses métodos. Infelizmente durante a Revolução Cultural da China, em 1966, a adivinhação foi totalmente abolida, só voltando a reaparecer, pouco a pouco, após a morte de Mao Tsé Tung.
Em Macau, foi sempre comum verem-se pelas ruas, arcadas e templos, uns indivíduos sobriamente vestidos sentados numa cadeira e tendo à sua frente uma pequena mesa sobre a qual se vê uma pequena estátua de um ídolo ou a imagem do Buda Sorridente, um receptáculo cilíndrico dentro do qual estão hastes de bambu, t’chock-t’chim, (o número de hastes varia entre sessenta a cem e tem cerca de metade do comprimento dum fai-chi) e a carapaça oca de um cágado contendo no interior, três sapecas. 
Todo aquele que desejar saber o futuro bastará sentar-se na cadeira em frente e combinar seguidamente com o adivinho o custo para as previsões que deseja saber. Os preços variam conforme as espécies de perguntas, fáceis ou difíceis de responder. Esses adivinhos são geralmente consultados por pessoas de menos posses, o que não acontece com os adivinhos que trabalham nos templos cujos preços por cada visita são bastante elevados.
Há quem diga que os chineses não são religiosos como parece, mas sim muito supersticiosos. Ao entrar num templo, a primeira coisa que um devoto faz, é ajoelhar-se com os dois joelhos sobre umas almofadas que podem ter o feitio dum quadrado ou duma circunferência. Este acto é repetido três vezes, fazendo chegar a cabeça sobre o chão, quando executa o bate-cabeças.
No chão, estão os tais recipientes cilíndricos com tabuinhas e ao calhar, escolhe um, agitando-o seguidamente com ambas as mãos, até que, com o chocalhar, uma das tabuinhas numeradas caia para fora. O número impresso na tabuinha é o início da resposta às suas preces. Para saber a sorte que lhe cabe, leva então a tabuinha ao adivinho que está próximo, sentado num balcão vendendo pivetes e dinheiro do inferno, que por sua vez tira duma armação fixada na parede, um papelinho amarelo com um número igual ao da tabuinha. É nesse papelinho que estão gravadas as mensagens dos deuses, as quais geralmente dizem respeito à saúde, felicidade e boa sorte da pessoa no futuro, se cumprir à risca o que nele está estabelecido. Finalmente, o devoto não tem mais do que pagar o que foi exigido pelo adivinho. Se por acaso a pessoa deixou alguma pergunta por fazer, ele terá de negociar novamente.
Além dos tais papelinhos amarelos há também duas pequenas peças de madeira, que são designadas por seng pui cuja finalidade é quase idêntica. Cada peça tem o comprimento aproximado de quatro polegadas, sendo plana num dos lados e um pouco curvada, no outro. Há também quem chame a essas peças de madeira, chôk-tchau. Recorde-se que antigamente esses pauzinhos eram utilizados pelas aguadeiras quando transportavam água para as casas, no tempo em que não havia canalização de água em Macau. Cada tchau valia naquele dez avos e dava direito a uma pinga de água que correspondia a duas latas vazias de petróleo completamente cheias desse precioso líquido.
A seguir e com as duas mãos, o devoto lança sobre a esteira colocada no chão, as duas palhetas a fim de obter os favores dos deuses da sua devoção. Se as palhetas ficam uma com a parte plana, e outra com a parte curva voltada para cima é sinal de que a prece foi ouvida e em breve, será recompensada. Mas se as palhetas, ficarem com as duas faces planas voltadas para cima, então a resposta será negativa. No caso de caírem as duas iguais, o devoto terá o direito de lançar novamente. O livro The Book of Records, dá-nos alguns nomes de postos autorizados a adivinhos. São eles O Grande Adivinho, O Mestre de Adivinhação, O Defensor das Tartarugas ou Cágados e Respeitadores e Interpretadores de Prognósticos.
Em Macau existe um pequeno e pobre santuário, na Rua Tomás Vieira, de nome Sói Fât. Este santuário é escuro por dento e vem servindo de relicário a budistas e taoistas. No interior desse relicário, está a estátua do Buda, que, segundo se afirma, tem existência de mais de mil anos e que terá sido trazida para Macau nos princípios deste século.
No interior desse templo vivem alguns adivinhos, , recebendo cerca de uma dezena de pessoas que vão saber o seu futuro. Além de trabalhar com os tais pauzinhos, são também procurados para praticar o exorcismo, e as grávidas vão procurá-lo para saber se o filho será rapaz ou rapariga.
Para isso utilizam o seguinte método: suponha-se que a futura mãe tem, naquele momento vinte anos de idade e que ficou grávida em Março. Escolhe-se seguidamente o número quarenta e nove, adicionando-lhe três que é o terceiro mês do ano o que dará cinquenta e dois. Subtrai-se de cinquenta e dois a idade da mulher que é vinte e o resultado será trinta e dois. Sendo o número par, será filha e se for ímpar um rapaz, cálculos que segundo os adivinhos têm sido muito satisfatórios acertando muitas vezes. Para clientes que solicitem uma só pergunta os adivinhos utilizam então a carapaça do cágado cujo resultado está referenciado num livro, que no final será consultado.
Artigo da autoria de Leonel Barros publicado no JTM em 2008

domingo, 19 de maio de 2013

Visionamento de "Amor e Dedinhos de Pé"

Macau, sul da China, 1900: dos fabulosos salões da Cidade Cristã às sórdidas vielas do Bairro Chinês, uma jovem mal-amada defronta um arrogante filho-família. Francisco Frontaria - de boas famílias mas estróina, entre o jogo de cartas, as apostas e o vinho do Porto - desdenhou, nos faustosos salões da Cidade Cristã, a introvertida Victorina Vidal, que se converterá em atraente mulher, emancipada quanto aos preconceitos da elite social. Vítima de ostracismo, o arrogante mancebo acabará, doente e miserável, pelas sórdidas ruas do bairro chinês. Em desgraça pungente, a regeneração chega enfim, com aquela a quem o destino falara, no silêncio do coração...
Esta pode ser uma sinopse do filme de Luís Filipe Rocha estreado em 1991 e tendo por base o romance homónimo de Henrique de Senna Fernandes (1923-2010).
O filme será exibido dia 21 de Maio no âmbito do 2º Festival de Cinema e Sabores. Estarão presentes o produtor e realizador do filme para falar sobre o mesmo. A entrada é livre mas requer reserva antecipada. Info: Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa

sábado, 18 de maio de 2013

Dia Internacional dos Museus

Macau não se resume a hotéis e casinos. Para além de dezenas de templos e igrejas e de um património arquitectónico único no mundo, o território tem nada mais, nada menos, que 20 museus. Desde o Museu de Macau ao Museu do Grande Prémio, passando pelo das Comunicações, Marítimo, Penhores, Vinho, Bombeiros, Arte Sacra, Sun  Iat Sen, Taipa e Coloane... e o das Forças de Segurança. Opções não faltam. E neste Dia Internacional dos Museus (criado em 1977) a entrada até costuma ser grátis.

Se está por Portugal pode sempre visitar espaços como o Museu do Oriente e o Museu do CCCM, ambos em Lisboa.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Dia do Buda - 佛誕


Na véspera de mais um Dia do Buda - 佛誕 - aproveito para sugerir uma 'viagem' a uma dos muitos templos budistas existentes em Macau (são dezenas!), o Pao Kong. Esta data é celebrada em dias diferentes nos diversos países asiáticos. Em Macau/China é celebrado no oitavo dia do quarto mês do calendário lunar chinês, o qual corresponde, no calendário ocidental/gregoriano, algures entre Abril e Maio.
Neste dia evocam-se os ensinamentos budistas. Os monges recitam versos que falam de paz, harmonia e felicidade entre os homens seja qual for a sua crença religiosa. Os templos de Macau são disso um bom exemplo... um misto de Budismo com o Taoísmo e o Confucionismo. É tempo de praticar boas acções e purificar a mente. As pessoas deslocam-se aos templos para oferendas de comida e queimar incenso e papéis. Os mais desfavorecidos (pobres, velhos, doentes) têm especial importância nos rituais.
A imagem de cima é tirada do livro "Macau: património arquitectónico" com textos de Francisco Figueira e desenhos e selecção de fotografias de Carlos Marreiros. ICM, 1988. A imagem de baixo é uma desenho do templo a partir da fotografia. É da autoria de Rita Figueira  Pereira, filha de Francisco Figueira, que aceitou o desafio que lhe lancei. Em breve haverá mais...

O templo Pao Kong fica na Rua da Figueira e foi construído em 1889. Nessa época Macau foi assolada por uma peste o que levou a população a trazer de Foshan, em Cantão, uma imagem de Pao Kong (um personagem histórico). O acalmar da peste levou os locais a acreditarem que tinha sido obra de Pao Kong e construíram um templo em sua homenagem. É dos mais concorridos no ano novo chinês. Lá dentro destacam-se as figuras de 60 budas (30 de cada lado) todos alinhados.
À direita do Pao Kong situa-se o Templo de Nam Shan, construído em 1895 para venerar Zhong Kui (Deus que elimina os diabos). À esquerda, situam-se os Templos de Loi Chou (1891) e I Leng (1895). 
Buddha Day is also known as Vesak Day, or Teacher’s Day. Buddhists celebrate this day as the Buddha’s (Shakyamuni) Birthday. It is considered the most important day in Buddhism and most Buddhists spend the day in contemplation of the Buddha’s life and enlightenment. Celebrations outside the temples often involve ceremonial bird releases and some local traditions or culture into the festivities.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Maio de 1985: Eanes visita Macau

De 21 a 26 de Maio de 1985 o Presidente da República português, Ramalho Eanes, faz uma visita oficial à China e a Macau. Segue acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, e pela secretária de Estado do Comércio Externo, Raquel Ferreira. O tema transição é abordado pela primeira vez.
Postal comemorativo (CTT Macau) e foto de Filipe Rosário
Após o encontro (24 Maio) entre Ramalho Eanes e o Director do Conselho Consultor do Partido Comunista Central Chinês, Deng Xiaoping, chega-se a um consenso sobre a questão de Macau ficando acertado o início das discussões para o ano seguinte o que veio a acontecer a 30 de Junho. Seria o embaixador Rui Medina (1925-2012) a chefiar a delegação de Portugal que negociou a transferência da soberania de Macau.


A 13 de Abril de 1987 é assinada, em Pequim, a Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre Macau assinada por Cavaco Silva e Zhao Ziyang.
A viagem de Eanes a Macau foi assinalada com diversas emissões filatélicas (selos. envelopes e postais) e numismáticas (moeda de prata com valor facial de 100 patacas - máx. 10 mil moedas). Era governador Vasco de Almeida e Costa.