quinta-feira, 25 de abril de 2013

Os últimos governadores do império

Este livro com coordenação de Paradela de Abreu e colaboração dos jornalistas Händel de Oliveira, Rui Nunes e J. Villas Monteiro foi editado em 1994. No que a Macau diz respeito, a referência vai para Lopes dos Santos, governador entre 1962 e 1966, "único governador ainda vivo do período anterior ao 25 de Abril." Lopes dos Santos (1919-2009) passou ainda por Cabo Verde de onde saiu já em 1974 sendo o último governador daquele território.
Nesta edição 'juntaram-se' os depoimentos na primeira pessoa dos "últimos governadores do império" ainda vivos na época. Eram 15 no total. Lopes do Santos (1919-2009), governador de Macau entre 1962 e 1966 foi um deles mas a sua 'estreia' no Território aconteceu antes, em finais de 1955, quando foi nomeado para desempenhar as funções de Chefe de Estado-Maior da Guarnição Militar de Macau, cargo que manteve até Abril de 1958. Era governador o comandante Correia de Barros.
Lopes dos Santos será convidado para governador de Macau em Outubro de 1961 por Adriano Moreira, ministro do Ultramar. Silvério Marques saíra da curta estadia no cargo por motivos de saúde. Não é objectivo deste post analisar o seu mandato 17 Abril 1962 a 25 Novembro 1966 - (fica para uma próxima oportunidade) pelo que limito-me a referir a título de exemplo algumas das palavras-chaves que o ajudam a caracterizar: planos de fomento, estudos localização aeroporto Ponte da Cabrita, primeiros estudos da ponte Macau-Taipa, refugiados, planos urbanização, contrato concessão de jogo, etc...
Lopes dos Santos em 1962 numa visita ao colégio Yuet Wha
Excertos de Garcia Leandro, tb ex-governador de Macau (1974-79), sobre Lopes dos Santos:
“Governou Macau em época politicamente difícil para Portugal e para a China, a que se adicionaram também problemas financeiros locais, tendo criado um excelente relacionamento com as comunidades locais e com os representantes da R.P. da China. Deste período ressalta como decisão fundamental o ter alargado para 25 anos a concessão do jogo à STDM, com revisões possíveis em cada cinco anos.(...) Com a alteração de Lopes dos Santos tal tornou-se possível, situação de que ainda vim a beneficiar com a primeira grande revisão do contrato dos jogos com a STDM assinado em Abril de 1976, em que a posição do Governo saiu muito reforçada, não só nas receitas que aumentaram muito, mas também noutras condições como as relacionadas com a fiscalização e respectivo controlos. Foi um processo muito difícil e tenso, tendo o futuro vindo a provar a justeza das exigências do Governo; veio a verificar-se que a SDTM poderia pagar muito mais, o que posteriormente se concretizou. E uma árvore para crescer precisa sempre de uma semente; o bem-estar e os créditos que Macau passou a receber e que têm vindo sempre em crescendo têm a sua origem nestas sementes lançadas há mais de quarenta anos". (...) Era um transmontano de gema, grande caçador, foi um excelente administrador, sendo um homem gerador de consensos”.
Aniversário do governo de Lopes dos Santos em 1963
A "Lição Proferida no dia 17 de Novembro de 1966, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, Integrada no Curso de Extensão Universitária, Sobre as Províncias do Oriente" foi transformada num pequeno livro de 42 páginas.

"Macau foi sempre ao longo de mais de quatro séculos de presença portuguesa, um território, embora minúsculo, muito difícil de governar, um quebra-cabeças quase permanente para os capitães-gerais e depois para os governadores" - Lopes dos Santos no livro (pág. 355) citado no início deste post.

1 comentário:

  1. Estimado Amigo e Ilustre Jornalista João Botas,
    Conheci desde o Governador Lopes dos Santos até ao último, Rocha Vieira. Fui condecorado por deles, Carlos Melancia e Rocha Vieira.
    De todos os governadores que conheci, e na minha modesta opinião o Governador General Nobre de Carvalho foi um dos melhores governadores.
    Abraço amigo

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