quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Slides dos anos 60









Festa do dragão embriagado

Conta uma lenda de Zhongshan que, um dia, um ébrio matou uma cobra pitão e lançou-a ao rio. Todos quantos bebessem água desse rio depois da serpente gigantesca ter caído à água, ficavam curados das suas doenças. Foi esta lenda (existe outra versão) que deu origem à Dança do Dragão Embriagado.
As comunidades piscatórias de Macau congregam-se todos os anos para fazerem uma festa com danças e um cortejo em honra do Dragão Embriagado. Esse cortejo parte da Rua dos Mercadores e segue pela Rua do Tarrafeiro, Templo de Hong Kung, Rua das Estalagens e Iao Hon, voltando, no final, ao ponto de partida. Sempre no oitavo dia do quarto mês do calendário lunar.

Correios e Telecomunicações


Os Correios de Macau editaram em 2006 a obra do historiador postal, Luís Virgílio de Brito Frazão, “História e Desenvolvimento dos Correios e das Telecomunicações de Macau, Vol. II – História Postal de Macau 1884-1999”.
Trata-se dum livro com 865 páginas e 361 excelentes figuras impressas em papel couché, onde é reproduzida legislação, mapas, plantas, fotografias, gráficos, balancetes e tabelas de portes.
É reproduzida igualmente correspondência, avisos, circulares, editais, anúncios, regulamentos e boletins dos correios, São reproduzidos ainda carimbos e marcas postais, bem como cartas, selos e blocos de selos, inteiros postais, cintas de jornais, telegramas e cupões resposta internacional.
Antes fora editado “História e Desenvolvimento dos Correios e das Telecomunicações de Macau, Vol. I – do Correio Marítimo ao Início do Período Adesivo”, cuja análise se inicia em 1798 e termina em 1884.
Para esta obra o autor efectuou consultas aos arquivos de Londres, Goa, Portugal e Macau, configurando as actividades do correio marítimo de Macau, em que participaram portugueses e ingleses durante quase 100 anos, na época que foi desde o fim de Quialong até meados de Jiangxu da dinastia Qing.
Trata-se do primeiro livro na história dos correios e das telecomunicações de Macau que fala das actividades postais de Macau desde 1798 até 1884. Redigido em português e chinês, com 502 páginas e 180 excelentes figuras, das quais ressaltam envelopes de grande valor histórico e filatélico, bem como peças do espólio do Museu das Comunicações de Macau.
O livro está à venda nas lojas Filatélicas em Macau, podendo ser adquirido por via postal através de carta endereçada aos Correios de Macau, Largo do Leal Senado, Macau.
Uma edição de postais de 1993 alusivos aos anos de 1950 nos correios

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Filme de 1961

The Ruins of St. Paul's in the Shaw Brothers film I, Murderer (1961)

Antigo Mercado da Taipa


O antigo Mercado da Taipa situa-se no centro da Vila da Taipa e tem em seu redor várias construções de estilo português e chinês, assim como edifícios históricos de grande valor patrimonial, como a ex-sede da Câmara Municipal das Ilhas, a Igreja da Nossa Senhora do Carmo, a Biblioteca, as Casas-Museu da Taipa, o Templo de Tian Hau, o Templo de Sam Po, entre outros locais de interesse.
O antigo Mercado da Taipa, construído há 116 anos, é um edifício cuja arquitectura se baseia na combinação de dois estilos, o chinês e o português. A estrutura do antigo Mercado é semi-aberta, constituída por pilares cilíndricos de estilo português e telhado chinês, sendo um edifício invulgar e por isso com valor arquitectónico que interessa preservar.

This was the place of the first public market in Taipa Island, used probably since the 19th century. It is the only ancient Market that remained in Macao, which had mixed, characteristic, reflecting Portuguese and Chinese preferences for markets place.
Was used by the local population for the selling and buying of fish and agricultural product’s of the island. It is at the crossroad of two main tourist axes that are paths for walking tourists, visiting temples, shrines, the Firecrackers Factory (Yec Long), shops and restaurants, and the former headquarters of the Island Provisional Urban Council (maybe a future museum?).
These harmoniously clustered buildings are what create a pleasant historical and cultural ambience.
This portico structure was in the 1920’s the central place of Taipa Town and the symbolic gate to the maze of streets in the inner urban fabric. In the urban level, this building worked as covered “Entrance Portico”, an hall for Taipa Village. This entrance is through the Rua Direita, coming from the Rotunda of Ouvidor Arriaga. Also serve as an entrance from hill side where the Carmo Church is located.

Testemunho de Michael Rogge: 1950 e 1961

Michael Rogge visitou Macau em 1950 e 1961. Foram poucos dias de estadia mas que perduraram até aos dias de hoje, nas muitas fotografias tiradas e nos filmes de 16mm. Solicitei a Michael, hoje com 80 anos, um testemunho do que viu e sentiu nessa altura. Aqui fica... Noutros post's mais abaixo já coloquei outras imagens destas duas estadias. As que aqui coloco são do ano de 1950.
This is all I can think of after more than fifty years:
"A year after I arrived as sort of a youngster in Hong Kong in 1949 to work for a Dutch bank there, I was given the opportunity to take part in a support team accompanying the hockey team composed of Dutchmen from the Netherlands community in HK. I had little affinity with hockey but found it an excellent opportunity to visit the then Portugese colony. The more so as we had many Portugese in our bank staff we had friendly relations with. The Dutchmen lost traditionally from their Macau opponents, but we had an opportunity to visit the colony. I rented a bike, a vehicle most Dutchmen go around with in the Netherlands.
I found Macau so relaxed and peaceful. In the evening we went to a casino where bets were lowered from an upper level to a lower level table. We also went to a dancing saloon. At the end of the weekend we returned again to Hong Kong by ferryboat.

Jogo de hóquei em campo no Tap Seac entre as selecções da Holanda e Macau em 1950
I returned to Macau ten years later in 1961 with linguist Husein Rofé. We stayed for a few days. I was working on a Dutch TV documentary film on HK and Macau. I did not find Macau and Tai Pa changed much. Details of what we saw can be found in the few Macau clips on YouTube. I was staggered when I saw recently a TV item on how Macau looks like now. I wouldn't recognize it anymore and wonder whether I would enjoy it either as before. I'm very pleased with the great interest in the films I took half a century ago, injecting them with a second life."
O deck inferior (classe económica) do ferry que fazia a ligação entre Hong Kong e Macau nos anos 50.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

50 mil visitantes em apenas 6 meses

Criado em Março de 2009 o blog Macau Antigo tem cerca de 800 post's e mais de 2000 imagens e em apenas 6 meses já recebeu a visita de perto de 50 mil cibernautas.
Continuem a visitar o blog e, se possível, façam o v. contributo com imagens ou simples testemunhos de Macau de outros tempos, de Macau di tempo antigo.
Este é, provavelmente, o maior acervo de textos e imagens da História de Macau disponível de forma gratuita na internet; infelizmente, até hoje, nenhuma instituição, de Macau e de Portugal, com responsabilidades na divulgação da História de Macau, se dignou a apoiar o projecto. Quem sabe se no futuro?

Um blog sobre Macau Antigo! A blog about Old Macau ! 美麗的舊澳門不能不看
Estórias que fizeram a História de Macau, do século XVI ao séc. XX, privilegiando a imagem. É esta a viagem (virtual) proposta e que de certo provocará novas (e reais) viagens pelos espaços ali apontados que atravessam gerações e continentes.
Está feito o convite. Para fazer o check-in é só seguir o endereço... A 'estadia' é grátis. O check-out será quando bem entender.
Boa Viagem!
PS: o
blog Macau Antigo estreia-se em breve com a publicação semanal no jornal Tribuna de Macau
.

Mini-Olimpíadas de Novembro de 1951

Organizadas pelo semanário O Clarim realizaram-se em Novembro de 1951 as primeiras Mini-Olimpíadas de Macau no Campo 28 de Maio (Canídromo). Na sessão solene de abertura dos jogos esteve o Almirante Joaquim Marques Esparteiro, governador, que assitiu ao hino nacional tocado pela banda da PSP. No evento participaram diversos clubes: as filiais do Sport Lisboa e Benfica e do Sporting Clube de Portugal, o Clube Desportivo dos Portugueses de Shangai, o Hóquei Clube de Macau, o Clube Recreativo 1 de Junho, o Ténis Civil, o Ténis Chinês, a Associação de Ténis de Mesa de Macau e a Associação de Futebol de Macau. Do lado das escolas, mararam presença o Liceu Nacional Infante D. Henrique, a Escola Comercial Pedro Nolasco da Silva, o Colégio Yuet Wa e o Colégio de S. José.

Holanda vs Macau: hóquei em Campo, 1950

Em 1950 a selecção holandesa de hóquei em campo foi a Macau onde defrontou a selecção local no campo do Tap Seac. Macau dava cartas na modalidade e a selecção holandesa perdeu. Michael Rogge, que veio de Hong Kong acompanhar os seus compatriotas, registou os momentos para a posteridade, mas já não se recorda do resultado final.
Michael Rogge
A equipa holandesa a chegar de ferry a Macau
Michael Roge visitando Macau de bicicleta
Piet Lanting, Arie Heerding e Daan Steyn Parvé da selecção holandesa na Praia Grande

Michael Rogge, em Macau dos anos 50 e 60 - parte II






Perante a minha curiosidade, Michael Rogge, de 80 anos, teve a gentileza de me enviar algumas fotos que tirou em Macau em 1961, quando regressava do Japão em direcção à Holanda, a sua terra natal. Mais novidades em breve... Thanks Michael!

Michael Rogge, em Macau dos anos 50 e 60 - parte I

Michael IJsbrand Cornelius Rogge left Holland in 1949, at the age of 20, to work for the Nederlandsch-Indische Handelsbank in Hong Kong. He spent six years in Hong Kong and moved to Japan, where he lived from 1955 to 1960. In 1961 he returned to Holland. He is now 80. He is also a photographer and filmmaker. He has documented life in the fifties in photo's and 16mm movies. 130 video clips, mainly black and white, some colour, of his travels are on YouTube.
Michael Rogge nasceu em 1929 na Holanda. Aos 20 anos, em 1949, foi trabalhar para o banco Handelsbank em Hong Kong, território onde viveu durante 6 anos. Em 1961 voltou à Holanda. Actualmente com 80 anos, Rogger desde muito cedo registou em fotografia e filme a sua passagem pela Ásia. São dezenas de registos que merecem uma visita, em especial, este pequeno filme de cerca de 4 minutos, registado em Macau http://www.youtube.com/watch?v=SRCxnx8Q5v8
Rogger já teve a amabilidade de aceitar o meu convite para contar aqui a sua passagem por Macau nas décadas de 1950-60. Vamos ficar à espera...

Michael Rogge em Macau

Macau... por Lisboa

O Centro Científico e Cultural de Macau (com o Museu de Macau) e a Fundação Oriente (com o Museu do Oriente) são espaços a merecer uma visita por parte de quem se interessa pela história de Macau (e não só... por toda a Ásia). Mas há mais Macau para ver por Lisboa.

Museu do Oriente

No Museu do Oriente destaque para o Centro de Documentação, Serviço Educativo e os diversos cursos e conferências que vão acontecendo. Mas este museu não se esgota em Macau...
"O Museu do Oriente define-se como uma unidade museológica permanente, aberta ao público, tutelada pela Fundação Oriente, tendo por missão a valorização dos testemunhos quer da presença portuguesa na Ásia quer das distintas culturas asiáticas.
Trata-se de um museu de âmbito territorial internacional e de carácter transdisciplinar, que procura, através do cruzamento de pontos de vista emergentes dos campos temáticos da História, da Arte e da Antropologia, proporcionar aos Portugueses e aos que nos visitam uma memória viva e actuante das culturas asiáticas e da relação secular que foi estabelecida entre o Oriente e o Ocidente, principalmente através de Portugal.
A esses campos temáticos corresponde um diversificado património cultural de interesse histórico, artístico, documental, etnográfico e antropológico relacionado tanto com a cultura popular e as religiões orientais como com os mais variados aspectos da presença portuguesa na Ásia ao longo de cinco séculos. "
O Museu do Oriente fica na Avenida Brasília, Doca de Alcântara, em Lisboa.
Museu de Macau

O único Museu histórico-cultural sobre Macau existente fora da República Popular da China bem como, uma singular colecção de Arte Chinesa.
"O Museu com recurso a modernas e dinâmicas linguagens, didácticas e interactivas, apoia-se nas mais modernas tecnologias para captar a atenção dos mais jovens e do público em geral. Visa divulgar a condição essencial de Macau enquanto ponto de encontro por excelência de Portugal e da Europa com a China. Procura, ao mesmo tempo, acentuar a importância da milenar herança da civilização chinesa."
O Museu de Macau (tb com serviço educativo) fica na Rua Junqueira, nº 30, Lisboa. Nas imediações está acessível uma excelente biblioteca.
Antiga Missão de Macau

Também a Delegação Económica e Comercial de Macau (antiga Missão de Macau), na Av. 5 de Outubro, em Lisboa, tem uma livraria junto à delegação de turismo, com um vasto espólio do mercado editorial nacional e internacionalm com especial destaque para o que edita por Macau.

Por último, uma referência à Casa de Macau em Lisboa (av. Gago Coutinho).

Revisitar os primórdios de Macau: para uma nova abordagem da história

Com a chancela do IPOR (Macau) e da Fundação Oriente, este livro da autoria de Jin Guo Ping e Wu Zhiliang sobre as origens de Macau e os interesses sino-portugueses para a fundação do enclave apresenta uma nova explicação sobre a presença portuguesa: Cantão aceitou os portugueses na China porque estes eram militarmente superiores. E que não se fale mais em subornos ou piratas, defendem os autores.
Temas abordados nestas edição do final de 2007:
Os impactos da conquista de Malaca em relação à China quinhentista: propostas para uma periodização da História Moderna da China. Tamão portuguesa descoberta. Uma embaixada com dois embaixadores: novos dados orientais sobre Tomé Pires e Hoja Yasan. A canibalização dos Portugueses e o seu significado nas relações luso-chinesas das dinastias Ming e Qing. A Deusa A-má, o topónimo Macau e as suas variantes. Razões palacianas na origem de Macau. Tentativas de uma nova abordagem às origens históricas da presença portuguesa em Macau. Desmistificando a “Lenda de Macau”. A primeira crónica de viagem sobre Macau. A propósito do primeiro procurador do Senado de Macau. Qual teria sido o verdadeiro motivo do vice-rei de Cantão Chen Rui para onvocar os Portugueses de Macau?. O significado de ‘xiang (âmbar cinzento)’ e ‘yan (ópio)’ na História de Macau. O papel que Macau tem desempenhado na História Moderna e Contemporânea da China.

domingo, 27 de setembro de 2009

Macau na política externa chinesa: 1949-1979

Macau foi um território que sempre seduziu os portugueses desde que nele se estabeleceram cerca de 1555-1557, até que passou para a administração chinesa. Desde que tal aconteceu tem vindo a diminuir o interesse pela cidade do rio das Pérolas, à qual, contudo, nos continuam a prender elos históricos, que motivam que, de tempos a tempos, surjam trabalhos pontuais do maior relevo que nos permitem conhecer melhor o que foi o seu passado.
Tal é o caso deste livro, no qual se aborda um período recente da História de Macau, correspondendo às duas décadas que vão desde a chegada dos comunistas ao poder na China, em 1949, até 1979. O autor explica, de uma forma refrescante, o que foram os meandros das relações entre uma China, em transformação para um alegado «comunismo», e um pequeno país sob um regime ditatorial cujos governantes teimaram, até 1974, em manter a sua herança colonial. Estamos perante um livro fascinante num estilo que não é muito vulgar em Portugal, pois mistura uma fina análise científica com uma apresentação quase romanesca, tornando esta obra de leitura agradável.
Numa primeira fase Moisés Silva Fernandes aborda a evolução das relações sino-portuguesas entre 1949 e 1966 explicando como num tempo muito conturbado e marcado pela chamada «Guerra fria», as autoridades de Pequim decidiram manter o status quo existente. O autor mostra como se procedeu a uma colisão de interesses entre a eleite tradicional chinesa de Macau e a administração portuguesa, exemplificando tal situação com as actuações de muitas figuras bem identificadas e dando muitos detalhes, nomeadamente relativos a conflitos pontuais que não perturbam o grande interesse que a China tinha por Macau. Com efeito, a partir desta cidade conseguia-se balanças comerciais favoráveis a Pequim, graças às exportações. Entre os muitos motivos de interesse que o leitor pode encontrar nestas páginas podem apontar-se, a título de exemplo pitoresco, as formas como se processava o tráfico de estupefacientes chineses, o comércio de ouro e se organizava um centro de espionagem e placa giratória para agentes chineses.
Texto de José Manuel Garcia
Autor: Moisés Silva Fernandes - Edição do Instituto de Ciências Sociais em 2006
Largo do Senado em Junho de 1949

Gov. José Carlos da Maia (1914-1916)

Nasce em Olhão em 16-03-1878. Aos 19 anos ingressa na Escola Naval, 1897, e em 1900 é promovido a guarda marinha , navegando entre Angola , S. Tomé e Cabo Verde, até à passagem a 2º ten. sendo destacado para a canhoneira Diu e depois para o cruzador Vasco da Gama estacionados em Macau, regressando ao reino em 1905 , voltando ao Oriente para a canhoneira "Rio Lima" , após a sua especialização em Oficial Torpedeiro.
Em 1907 ingressa na maçonaria. Na madrugada de 4 de Outubro de 1910 assaltou, com os camaradas Ladislau Parreira e Sousa Dias, e inúmeros civis , o quartel de marinheiros e intimou o Almirante Pereira Viana a render-se, o que não aconteceu porque este brilhante Oficial defendeu-se a tiro , acabando ferido. Tomado o quartel foi assaltar o cruzador "D. Carlos", comandado pelo cap.m.g. Álvaro Ferreira , que também se defendeu a tiro.
A 18 de novembro de 1910 é promovido a Capitão-Tenente por distinção. Comandou o S. Gabriel e foi capitão de porto de Portimão.
A 10 de Junho de 1914 é nomeado Governador de Macau, sendo exonerado em Setembro de 1916. Passado um ano é promovido a Cap.Fragata e, apoiando Sidónio Pais, é nomeado Comandante da Divisão Naval e vê anulado o despacho da sua exoneração do governo de Macau(!). É nomeado Presidente da Câmara Municipal de Lisboa , substituindo o seu camarada, e futuro 1º Ministro , Alfredo Rodrigues Gaspar.
Assim chega a Ministro, o que dura 6 meses. Em 23 de Janeiro de 1919 tem um importante papel na coordenação das forças republicanas contra a revolta monárquica em Monsanto. Tomou conta ainda da pasta das colónias(27-01-1919/21-03-1919) , antecedendo João Lopes Soares (Pai do Dr. Mário Soares).
Em 19 de Outubro de 1921 (noite sangrenta) é brutalmente assassinado ( igualmente o foi Machado Santos) , quando já se encontrava totalmente fora da política activa.
Assumiu o cargo de governador de Macau a 10 de Junho de 1914 (na imagem à chegada a Hong Kong).

Artur Tamagnini Barbosa

Tamagnini Barbosa com Camilo Pessanha O governador do centro (a circunstância e as pessoas ao lado não consigo identifiocar)

Funeral de Tamagnini Barbosa 10-7-1940

“1926 -Situação Geral de Macau:
Macau tem cerca de 160 mil almas, a maioria chinesa, o mesmo sucedendo nas Ilhas de Taipa e Coloane, com 10 mil habitantes. Nesta década de vida tão agitada a nível mundial, Macau continua pacatamente a sua administração, que compreende o Concelho de Macau e o Comando Militar da Taipa e Coloane. E sede da mais antiga Diocese do Extremo-Oriente que tem jurisdição sobre as Missões de Heang-Shan, Shiu-Hing (na China), Malaca e Singapura (em territórios ingleses), Timor e naturalmente Macau e Ilhas, tudo constituindo o Padroado do Oriente.O ensino é ministrado em numerosas escolas de instrução primária, no Seminário, na Escola Comercial e no Liceu central. Os dois Tribunais encarregados da Justiça estão afectos à Relação de Goa. Hong-Kong e Shanghai têm importantes colónias de macaenses que buscam ali meio de vida (escasso para a classe média no pequeno território de Macau). O mundo do negócio encontra-se quase exclusivamente controlado por chineses e a sua actividade liga-se com a pesca e seus derivados, a construção naval, o fabrico de cimento, a preparação do ópio e manipulação do tabaco, o vinho chinês, os tradicionais panchões e pivetes, etc.. Macau anseia a conclusão das obras do novo porto, ainda em curso, na esperança de reaver parte do significativo comércio que se concentrara em Hong-Kong desde 1841. Começa em Macau a urbanização sistemática das colinas. O território, desenvolvido pelos indesmentíveis encantos de Macau, é beneficiado com a construção do Campo de Corridas de Cavalos, inaugurado em Março deste mesmo ano.
Entusiasta do Estado Novo, Tamagnini Barbosa, acabaria por ser demitido por Salazar. O curioso é que o governador nunca chegou a receber o telegrama, pois falaeceu antes... no Palácio do Governo.
Há uma lenda que diz que de noite o fantasma do Governador percorre o Palácio. Tamagnini Barbosa foi o último governador de Macau a residir no Palácio da Praia Grande. Depois disso a residência oficial dos governadores passou a ser o Palacete de Santa Sancha.

Bairro Tamagnini Barbosa
PS: a vida de Artur Tamagnini Barbosa dava um livro e diversos post's aqui no blog

Gov. Manuel Firmino de Almeida Magalhães (1925-1926)


Manuel Firmino de Almeida Magalhães (1881-1932) foi governador de Macau entre Outubro de 1925 e Dezembro de 1926. Este oficial de Cavalaria nasceu em Aveiro. Maçon, contribuiu para a preparação da participação portuguesa na I Guerra Mundial, integrando o C. E. P. em 1917. Em 1921 foi chefe do Estado-maior da 1.ª Divisão, cargo que exerceu intermitentemente até ser exonerado em Setembro de 1924. Em 1925 foi nomeado governador de Macau e, em 1926, integrou a Comissão para o Estudo da Campanha Militar do Norte em Moçambique. Foi director dos Serviços Cartográficos do Exército (1927-32) e em 1931 foi preso conjuntamente com um grupo de oficiais envolvidos na Revolta da Madeira, que o regime temia se alastrasse ao continente, vindo a morrer no ano seguinte.

Gov. Isidoro Francisco de Guimarães


Foi um dos governadores que mais tempo governou Macau (1851-1863). Curiosamente, só teve direito a uma rua, a Rua do Guimarães. Felizmente, temos o dicionário da História de Portugal para perceber um pouco mais.
Guimarães Júnior, Isidoro Francisco (1808-1883) Visconde da Praia Grande de Macau, desde 1862. Maçon. Oficial da marinha. Governador de Macau, de 1851 a 1863. Ministro de Portugal no Japão, Sião e China, em 1859. Ministro da Marinha e Ultramar, no governo da fusão, encabeçado por Joaquim António de Aguiar (o mata frades), desde 4 de Setembro de 1865, falecendo no exercício destas suas funções. Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande de Macau, na pasta da guerra, por morte do conde de Torres Novas será interino até 11 de Novembro de 1865 e efectivo até 22 de Novembro de 1865.

Governadores não militares

Em quase 450 anos de presença portuguesa em Macau, quase todos os governadores foram militares. As quatro excepções foram: Rodrigo Rodrigues, Tamagnini Barbosa, Pinto Machado e Carlos Melancia.
Ao longo das muitas centenas de post's já me referi a todos eles. Deixo aqui mais alguns pormenores. Pinto Machado é o que se pode considerar um erro de casting. Governou Macau menos de um ano. Médico e professor não deixou marcas.
Artur Tamagnini Barbosa é o oposto, não só porque foi Governador por três vezes. E foi o único a morrer no posto. Curioso é também o facto de ter sido demitido do cargo por Salazar, mas quando a ordem chegou a Macau já o Governador tinha falecido.
Rodrigo Rodrigues foi o o governador preferido do Monsenhor Manuel Teixeira. Carlos Melancia: a história é recente.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Macau e a Guerra do Ópio: As Memórias de John Elliot Bingham

O tenente inglês John Elliot Bingham participa na Guerra do Ópio a bordo da corveta HMS Modeste e permanece em Macau durante a mesma altura que o famoso capitão Charles Elliot. Bingham entra ao serviço da Marinha inglesa em 1820 e é promovido a comandante em 1841, sendo autor da obra Narrative of the Expedition to China from the Commencent of the War to its Termination in 1842 with Sketches of the Manners and Customs of that Singular and Hitherto Almost Unknown Country (2 vols., 1841) que descreve a captura de Cantão e inúmeras batalhas navais, bem como, no capítulo 4, Macau, onde o militar inglês permanece algum tempo.
O autor começa por descrever a posição geográfica da península, a chegada dos portugueses à mesma e o seu estabelecimento, sobretudo a construção da muralha das Portas do Cerco. O viajante, contextualizando um dos episódios bélicos entre ingleses e chineses, afirma que a Taipa e os restantes ancoradouros do território foram, até aos conflitos sino-britânicos, considerados neutrais, e descreve o uso que os chineses fazem do enclave durante a Guerra do Ópio. São ainda descritos o poder e a vigilância dos chineses (Mandarim da Casa Branca) na cidade, podendo os portugueses apenas governar os seus compatriotas e os demais residentes ocidentais através do governador e do Senado, cujas funções, direitos e deveres são igualmente apresentados. As casas, algumas das quais ao longo da “Praya Grande”, são descritas como robustas, cobertas de cimento branco, ladeadas por estreitas ruas com pavimentos horríveis, perguntando-se o viajante: “Em que outra cidade portuguesa não é assim?”.
A urbe é considerada a mais europeia do Oriente português, contando com cinco fortes inexpugnáveis e treze igrejas onde reina o fanatismo dos padres, tratando-se de um olhar protestante sobre Macau que descreve igualmente o espaço chinês, com o seu confuso labirinto de vielas em que se acumulam uma corrente de comerciantes e compradores.Os passeios a pé e a cavalo dos ingleses, o comércio decadente, as rendas elevadas cobradas aos estrangeiros são também referidos, bem como a população (trinta e cinco mil habitantes, dos quais apenas cinco mil são súbditos portugueses, que se casam com chinesas), concluindo o visitante que o comércio de Macau beneficiou com a Guerra do Ópio, pois os vendedores de Cantão abriram lojas no enclave: “O novo estabelecimento de Hong Kong, em crescimento, retirará brevemente a Macau a sua última esperança comercial, e a cidade tornar-se-á apenas uma recordação daquilo que já foi.”Bingham transcreve ainda frases em Chinese Pidgin English proferidas por comerciantes chineses (“Can sendee, then catchee tolha”), adensando assim a cor local da sua descrição através do registo linguístico. Entre muitos outros militares referidos pelo viajante, encontra-se o capitão Sir Edward Belcher (1799-1877), comandante de uma expedição da Marinha Real inglesa ao Sul da China em Dezembro de 1840, durante a Guerra do Ópio.
Já após a fundação de Hong Kong, as tripulações inglesas descansam em Macau, que serve de “hospital” e local de descanso para os residentes ingleses de Hong Kong, pois, como Bingham afirma na sua narrativa, fora alugado na cidade um edifício amplo para ser convertido em hospital naval, existindo ainda um outro hospital financiado por subscrição pública da Medical Missionary Society e que assiste ocidentais e chineses. Dignos de menção são ainda as várias construções do Templo de A-Má e a Gruta de Camões, visitados por todos os estrangeiros, sendo o aspecto deste último monumento criticado e longamente descrito. Breves apontamentos etnográficos familiarizam ainda o leitor/futuro visitante com a cultura das tancareiras (caso o primeiro queira fazer um passeio fluvial marcado pela presença feminina), com o Ano Novo Chinês, com o vestuário dos nativos, o jogo, o teatro chinês, os guarda-nocturnos, os diversos vendedores ambulantes, os produtos comercializados e as formas de os vender, os pedintes e os malabaristas que constituem o quadro humano descrito e que marcam presença em muitas outras descrições inglesas de Macau.
Texto de Rogério Puga no jornal Hoje Macau 23-06-2009

Um Retrato Caleidoscópico de Macau (séc. 19) por Jules Dumont d'Urvillle

O contra-almirante francês Jules Sébastien César Dumont d'Urvillle (1790-1842) começa a sua carreira como botânico e linguista e em 1807 integra a tripulação do L'Aquillon, onde inicia a sua formação profissional como 'noviço' até se tornar aspirante em 1809. Em 1821, sendo já tenente, planeia, juntamente com Louis Isadore Duperrey, uma expedição científica nos oceanos Atlântico e Pacífico, que vem a acontecer a bordo da corveta Coquille, comandada por este último, sendo d'Urville segundo-comandante.
A viagem inicia-se em Agosto de 1822 e dura três anos, chegando a Marselha em Janeiro de 1825. D'Urville parte de novo, em Abril de 1826, encarregue de encontrar o paradeiro da expedição do conde de Lapérouse, desaparecido há cerca de 38 anos durante a sua circum-navegação. A Coquille é rebaptizada de l'Astrolabe em honra do barco de Lapérouse, descobrindo d’Urville os destroços da embarcação que dera nome à sua num recife das ilhas Vanikoro, regressando a Marselha em 25 de Março de 1829. A narrativa da viagem é paga pelo Ministro da Marinha, sendo publicada em Paris no ano de 1835: Voyage de la corvette l'Astrolabe éxécuté par ordre du roi, pendant les années 1826, 1827, 1828, 1829 (13 vols.). Aos 50 anos, e após a sua última viagem, em 1840, o já contra-almirante d'Urville recebe, da Sociedade de Geografia francesa, uma medalha de ouro.
Na obra Voyage pittoresque autour du monde. Resumé Général des voyages de découvertes publié sous la direction de M. Dumont d'Urville, o navegador resume a sua estada em Macau, começando, tal como muitos outros visitantes, por descrever a população marítima e fluvial que observa à chegada ao enclave, onde avista desde logo os conventos, os fortes, acabando, com um certo pendor lírico, por personificar as casas de Macau que descem até, onde banham os pés. O viajante descreve posteriormente, tal como a maioria dos visitantes franceses que se devem influenciar entre si nos relatos de viagem, o ancoradouro da Taipa, a localização e o relevo da península, bem como a história do estabelecimento dos portugueses dentro da muralha com que os chineses delimitam o espaço luso de comércio e residência no Império do Meio. Desconhecendo o final do comércio da nau de trato, d'Urville, tal como muitos outros seus compatriotas que visitaram o enclave, apresenta como causa da decadência do comércio português local apenas a chegada dos rivais norte-europeus a Cantão, afirmando que os energéticos e empreendedores chineses construíram Macau. É também abordado o poder das autoridades mandarínicas que podem isolar a cidade, suspendendo o comércio e a entrada de víveres na mesma, poder esse que exercem sobre os portugueses. Mal desembarca, a tripulação pede guarida a um comerciante norte-americano e passeia pela Praia Grande, descrita no texto, tal como as construções de prestígio avistadas. No dia seguinte, a tripulação almoça com um inglês num local que “cheira a perfume de poesia antiga”, o quiosque ou pequeno observatório no Jardim da Gruta de Camões e visita as fortalezas. A narrativa descreve a guarnição militar do território, as lojas e os cemitérios chineses, a lei chinesa em caso de homicídio, algumas igrejas, os hospitais, as sinuosas e estreitas ruas do enclave, São Paulo, abordando o autor temas como a missionação francesa e a arte de enganar o cliente demonstrada pelos vendedores do mercado chinês.
O viajante descreve os portugueses que habitam as feitorias “fundadas por Albuquerque e Andrade, a miscigenação, o vestuário e a tez e a fisionomia dos homens e das mulheres da urbe, estas últimas antipáticas e reservadas, encontrando-se na rua cobertas por um véu transparente. D'Urville, tal como muitos outros visitantes estrangeiros, também enumera os pássaros do aviário de Thomas Beale, antes de descrever um passeio até à Taipa e uma festa chinesa por entre tambores, bandeirolas, templos, capelas e marinheiros que prestam culto às suas divindades. O texto refere ainda as chinesas aportuguesadas (“chinoises portugaisées”) e o facto de os chineses venderem as suas filhas aos portugueses, acabando as mestiças por trabalhar nos opiários. A importância do comércio do ópio para Macau é também referida, bem como os seus elevados lucros financeiros. O autor descreve igualmente o parco comércio português, a actividade das alfândegas portuguesa e chinesa, bem como a actividade do mandarim da Casa Branca e do governo português do território. Uma outra presença observada no enclave são os mercadores europeus e norte-americanos, que se estabelecem em Macau entre as 'épocas comerciais' de Cantão e que constroem e alugam luxuosas moradias. O retrato que d’Uberville nos apresenta de Macau é, portanto, caleidoscópico e de todo o interesse no que diz respeito ao estudo da vida social e do quotidiano da urbe oitocentista.
Texto de Rogério Puga

A expedição de Lapérouse passou por Macau (1787)

Entrou na Marinha aos 15 anos, em 1756. Com 39 anos é feito capitão de navio, devido à sua brilhante trajectória nesta guerra. Após o Tratado de Paris, o ministro da Marinha de Castries e o rei Luís XVI escolheram-no para dirigir una expedição à volta do mundo, cujo objectivo era completar os descobrimentos de James Cook no Oceano Pacífico. A expedição, que tinha 220 homems, deixa Brest em Agosto de 1785 com dois navios, o Boussole e o Astrolabe, barcos mercantes de 500 toneladas remodelados como fragatas para esta ocasião.
Entre os participantes na expedição, havia numerosos cientistas: um astrónomo, um médico, três naturalistas, um matemático, três desenhadores e sacerdotes que contavam con uma formação técnica. A expedição tinha vários objectivos: geográficos, científicos, etnológicos, económicos (prospecção das possibilidades de caça de baleias ou de peles), mas também tinha objectivos políticos e pretendia estabelecer bases francesas ou de cooperação colonial com os aliados espanhóis (nas Filipinas). Assim o que se lhe propôs foi um programa de exploração planetário no Pacífico Norte e no Pacífico sul, incluindo as costas do Extremo Oriente e da Austrália.
Em 1787 chega a Macau, onde vendeu as peles que tinha comprado no Alaska e efectuou reparações nos navios. Seguiu depois em direcção às Filipinas. Em 1788 acabou por naufragar na costa australiana. Não foi mais visto nem ele nem nenhum dos seus homems. Em 2005 identificaram-se registos do naufrágio. Felizmente, meses antes, em Sidney, entregou os seus diários e cartas para que chegassem à Europa.

Macao: the holy city; the gemn of the orient earth

Este é o título do livro de 1905 da autoria de James Dyer Ball (1847-1919). Destaco aqui dois excertos: um referente à Porta do Cerco (na imagem como o autor a conheceu) e outro sobre a Baía da Praia Grande (tb com uma imagem da época).
The Barrier
This is the division between Portuguese and Chinese territory. It is some distance along the long isthmus which unites the peninsula of Macao to China. To reach it from the Macao Hotel you pass the Public Gardens at the end of the Praya Grande on your right hand and keep straight on, passing a number of Chinese houses; before quite reaching the end of these houses you turn to the right and then to the left along a boulevard, on your left being the open Campo or a Chinese village, &c. The boulevard ended you pass in front of barracks and then the Governor of Macao's country house set in a garden. You keep on in the same direction, bearing a bit to the left until, the road comes out on the sea. Turn to the left and follow the road till a road, leading directly to the Barrier Gate. down the centre of the isthmus, turns to the right. Soon after passing the Governor's summer residence a road turns to the right which leads to Cacilha's Bay with a pretty little sandy beach.
Above the road and the Bay is the Plague Burying Ground, the graves marked by wooden crosses. By this road one may return to the Praya Grande at a distance of several hundred feet above the sea. But to return to the road which leads to the Barrier. Just before coming in sight of the sea one sees to the left enclosed in a wall, the new Protestant Burying Ground. The old Protestant Cemetery is below the Protestant Chapel, next Camoen's gardens. Below the new cemetery are the courts of the Macao tennis club. Just before reaching the Barrier a short distance is the bathing place, the whole coast line here forming with the sandy beach on the seaward side a magnificent roughly semi-circular bay. Many large fishing stakes are seen with the hovels of their owners perched up amongst the rocks. The whole of Macao seems dominated by forts. To the left is a large one, topping a hill, commanding the Barrier, while to the left are two small ones overlooking the sea and Cacilha's Bay. Once on the road, leading to the Barrier, we see facing us the large gateway which marks the boundary line. As already said the sandy beach is below us on the light with some rough grassy ground between. The muddy shores of the Inner Harbour on the left and on the falling or lower ground between the road and the water, the ever- industrious Chinese market-gardener has brought his skill to bear and the result is beautiful plots of vegetables, plan- ted in symmetrical rows, lovely in their weedless conditions and green freshness to the eyes, but anything but agree- able to the olfactory nerves. Arrived at the gate a guard- house with outbuildings is seen on the left on the Portu- guese side with soldiers. The gate itself is a large arched one with 6 stone tablets let in, bearing different dates such as 22nd August 1849, 22nd August 1870 and 31st October 1871. The remains of an old wall is seen on each side of the gate, though not now continuous. The cause of the Barrier Wall being made in A. D. 1573 was, so it was stated, for the protection of the country (China) and to prevent Chinese children from being kidnapped. A few Chinese soldiers and an officer guarded the door of communications, 6 which was called by the Portuguese Porta do Cerco, so that no stranger might pass the boundary. At first the door was only opened twice a month, then every fifth day for the purpose of selling provisions ; after that it opened at day- light . The tables are now turned ; for this old gate wan destroyed in some of the wars and the present gate is a large foreign structure with a guard house of Portuguese at it. Beyond the Barrier there appears to be a piece of neu- tral ground. The distinction between occidentalism and orientalism; between civilisation and barbarism ; between the European and the Asiatic is noticeable at once : for the well-made Portuguese road is at once changed for the wretched little foot path, meandering hither and thither, rugged and uneven never, properly made, unkept and un- cared for, running through a perfect necropolis of poorer graves; or, at the very best, irregularly paved with long granite slabs unevenly laid and further allowed to sink to all angles.

The Praia Grande
One of the most enchanting scenes in Macao is that of this beautiful bay, quiet and graceful sweep of sea wall and rows of houses rising up the gentle slopes and the ancient forts and modern public buildings dotted here and there, while behind all rise the Mountains of Lappa and to the right those beyond the Barrier. All descriptions are imper- fect; some fail from an attempt to liken this beautiful little gem with another world-renowned spot, the Bay of Naples. Let it be acknowledged at once that each is sui generis and attempt no comparison. There is no doubt when coming in from sea towards Naples and trying to detect Macao in Naples one does see a faint resemblence in one of the house- c-lad hills of the latter to Macao's central portion ; but ra- ther let one be content with enjoying the beauties of each and attempt no belittling of the grand proportions of the one or try to greaten the sweet gem-like curves and colour* of dear old Macao. As an instance of what the artistic eye finds in the latter we quote from a short account of Macau appearing in the u Dublin University Magazine " for 1848: "A view of Macao from the sea is exquisitely fine. The semicircular appearance of the shore, which is unencumber- ed and unbroken by wharfs or piers [there are one or two small landing places projecting] and upon which the surge in continually breaking and receding in waves of foam, whereon the sun glitters in thousands of sparling beams, presents a scene of incomparable beauty. The Parade [Praia Grande] which is faced with an embankment of stone, fronts the sea and is about half a mile in length. A row of houses of a large description extends along its length, * * * Home are coloured pink, some pale yellow and others whit.e The houses, with their large windows extending to the ground * * * with curtains. * * convey an idea to the visitor that he has entered a European rather than an Asiatic seaport. This idea becomes still stronger by tin; constant ringing of the church bells and passing and repass- ing of * * priests clad in cassocks and three-cornered hats. But this illusion is quickly dispelled when the eye, turning towards the sea beholds the mumerous sampans and mat-sail boats * * * , or glancing shore wards rests upon figures clad in Chinese costume. " Unfortunately the outer Harbour on which the Praya (Jrande faces is shallow and any large vessels which may call at Macao have to lie some miles from the shore in the offing. The Inner Harbour lying between the Peninsula and the Island of Lappa affords a secure harbour, but, un- fortunately it has been silting up with mud for many years past. Of late years, however, a dredger has improved matters. The Praya on the Inner Harbour presents a great contrast to the other Praya for whereas quiet reigns on the seaward one, the inland one is all bustle ; rows of Chinese vessels are anchored off the shore and boats and sampans line the banks on which coolies are busy loading or unloading cargo to carry into the stores, shops, and wholesale Chinese merchants' places of business on this Menduia Praya or into the back streets.