sábado, 8 de agosto de 2020

"Portugal: diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico": 2ª parte

"Cidade de Macao" Ilustração ca. 1884. (não incluída no dicionário)
O aspecto da cidade, vista do porto, é muito formoso e pittoresco. Está edificada em amphitheatro sobre uma extensa bahia, defendida por três fortes, sendo o principal denominado de S. Thiago da Barra. Para o lado de terra, mas dominando egualmente o mar, defendem a cidade outras tres fortalezas. A mais importante é a de S. Paulo do Monte. Divide-se a cidade em duas partes distinctas, uma habitada pelos portuguezes e estrangeiros  europeus, a outra em que reside a população chineza. As parochias são tres: Sé, a mais populosa, S. Lourenço, e Santo Antonio. A cathedral é um bom templo. Foi fundada per D. Belchior Carneiro. Os outros edifícios religiosos são: a Misericórdia, com um recolhimento annexo para donzellas pobres, o convento de Santa Clara, de freiras franciscanas, duas ermidas, sendo uma da invocação de Nossa Senhora da Penha, outr’ora fortaleza, e os extinctos conventos de S. Francisco e de S. Domingos, dos eremitas de Santo Agostinho. Os jesuitas tiveram em Macau um sumptuoso collegio, da invocação de S. Paulo, edificado em 1662 no mesmo sitio, onde tinham um hospicio fundado em 1565 e Incendiado annos depois. Pela extinção da Companhia de Jesus ficou pertencendo o edificio ao senado da cidade. Em 26 de janeiro 1834, servindo de quartel militar, foi destruido por um violento incendio. No recinto da egreja incendiada, fez-se depois 0 cemiterio publico. O palacio do governador, na Praia Grande, em frente do bello caes, a alfandega, a casa do senado, a casa da companhia ingleza das índias, o paço episcopal, os quartéis, seminário de S. José, lyceu, hospital de S. Januario, são edificios e instituições que opuleiitam a cidade. O paço episcopal ocupa o convento de N. Sra. da Guia, situado dentro da fortaleza do mesmo nome, que se ergue sobre uma montanha alcantilada, dominando a cidade e a bahia. Os arrabaldes da cidade são muito limitados, por não os permittir maiores a exiguidade do território. 
Há em Macau uma curiosidade natural, e ao mesmo tempo sitio historico de grande apreço. É a gruta de Camões, onde o grande epico compoz alguns dos cantos dos Luziadas. É formada esta gruta por grandes rochedos, com duas entradas divididas por um penedo de figura cônica, no qual descança a parte superior da rocha. Achava se esta gruta n’um quintal particular, mas passou depois para o governo, que ali fez um parque. O antigo proprietário, Lourenço Marques, mandou collocar na gruta em 1840 um busto do poeta em bronze, fundido em Lisboa e que foi substituido por outro em 1866. 
Jardim de S. Francisco (imagem não incluída no dicionário)
Jornaes: Teem-se publicado em Macau os seguintes: Abelha da China, 12 setembro 1822 a 27 dezembro 1823, o primeiro jornal que se publicou em Macau, seguido da Gazeta de Macau, Aurora Macaista, 14 janeiro 1843 a 1844; Boletim official do governo de Macau e Timor, setembro 1838 a janeiro 1839, foi seu antecessor Macaista Imparcial, e foi continuado pela Gazeta de Macau; Boletim da Provincia de Macau e Timor, 8 janeiro 1816, em publicação, tem tido muitas variantes no seu título; Chronica de Macau, 12 outubro 1834 a 18 novembro 1836; succedeu á Gazeta de Macau, Commercial (O), 1838 a 1842; Correio O, 1890; Correio de Macau (O), 15 outubro 1882 a 5 outubro 1883; Correio Macaense, outubro 1838 a março 1839; Correio Macaense (O), 2 setembro, 1883, findou em 1890; Echo Macaense, 1893: Farol Macaense (O), 23 julho, 1841 a 1842; Gazeta de Macau, 1 janeiro 1824 a 30 dezembro 1826, proveiu da Abelha da China e succedeu-lhe a Chronica de Macau; Gazeta de Macau, 17 janeiro a 29 agosto 1839, em 1 seguimento do Boletim Official do Governo de Macau e da Chronica de Macau; Gazeta de Macau e Timor, 20 setembro 1872 a 20 março 1874; Imparcial, 1 abril, Independente (O), 1867 a 18 junho 1869; Independente (O), 29 maio 1873 Jornal de Macau, 1 abril, 1875 a 8 março 1876; Liberdade, julho 1890; Lusitano (O), 28 agosto 1898; Macaista Imparcial (O), 2 julho 1836  a 4 julho 1838; antecessor do Boletim Official do Governo de Macau; Macaense (O), 28 fevereiro 1882 a 23 outubro 1883; Noticiário Macaense, 1869 a 1870; Oriente (O), 10 outubro a 18 janeiro 1872; Oriente Portuguez (O), 26 abril 1892; Portuguez na China (O), setembro, 1839 a 1843; Procurador dos Macaistas, 1841 a 1845; Solitário Macaense (O), 1845; Ta-Tssi-Yang Kuo, 8 outubro 1863 a 26 abril 1866; Verdadeiro Patriota, 1839; Voz do Crente (A), 1 janeiro 1887. 
Além d’estes jornaes publicou-se mais o numero único seguinte: Jornal Unico, 18 maio, 1898.
Bibliographia: 
-Tentativa para uma Memória sobre a soberania e posse dos portuguezes em Macau por J. Augusto da Graça Barreto; 
- Memória sobre Macau, por José de Aquino Guimarães e Freitas; Coimbra, 1828. 
- Memória sobre a destruição dos piratas na China, etc. por José Ignacio Andrade, Lisboa, 1824 
- As alfandegas chinezas de Macau por A. Marques Pereira; Macau, 1890. 
- Ephemerides commemorativas da historia de Macau e das relações da China com os povos christãos, por A. Marques Pereira; Macau, 1868. 
- Meteorologia de Macau, relatorio official de Adolpho Talone da Costa e Silva; Macau, 1888. 
- O commercio e a industria do chá de Macau, por J. A. Côrte Real; Macau, 1879. 
- Macau e os seus habitantes, relações com Timor por Bento da França; Lisboa, 1897. 
- Subsídios para a historia de Macau, por Bento da França; Lisboa, 1898. 
- Macau, nº 183 da Bibliotheca do Povo e das Escolas; Lisboa, 1891. 
- Apontamentos para a historia de Macau, por J. Gabriel B. Fernandes; Lisboa, 1883 .
- Relação dos bispos de Macau, por J. Gabriel B. Fernandes; Lisboa, 1884. 
- Historia de Macau, recopilada de autores nacionaes e extrangeiros, etc., por José Manuel de Carvalho e Sousa; Macau, 18 
- Memória sobre o estabelecimento de Macau, Lisboa, 1879. 
- Memória sobre a franquia do porto de Macau, por José António Maia, Lisboa, 1842. 
- O porto de Macau, ante-projecto para o seu melhoramento, por Adolpho Ferreira Loureiro; Coimbra, 1834. 

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