quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O Ano Novo chinês no final do século 19

Na edição de 30 de Janeiro de 1895 do jornal Echo Macaense está um pequeno artigo sobre o ano novo chinês:
“É bem merecido este curto descanso, pois não ha no mundo povo algum mais laborioso e mais tristemente avergado ao trabalho, do que o chinez. (...) D'esta pressão economica, transmittida de geração em geração, é que procedem a frugalidade e a tenacidade no trabalho que caracterizam o povo chinez, e o habilitam a levar de vencida os outros povos na lucta do trabalho".
A festividade fazia-se sentir sobretudo na chamada 'cidade chinesa',  as ruas da zona do Bazar, principalmente a Rua do Jogo e a Rua Nova d’el Rei que ficavam repletas de gente para fazer compras e onde em qualquer canto montavam-se barracas de jogo que atraíam os que procuravam a sorte. No porto interior, as embarcações enfeitavam-se, durante o dia, com bandeiras encarnadas e, de noite, com lanternas o que provocava uma vista deslumbrante.
Ainda segundo o Echo Macense, mas de 7 de Fevereiro de 1897:
“À meia noite de 1 do corrente, véspera do anno novo, começaram a queimar-se grandes quantidades de panchões e os filhos do império celestial, com suas familias, dirigiram-se ao pagode do Hong-kongmiu, a baterem as cabeças aos seus deuses. Esta cerimonia durou até às 3 horas da madrugada. No dia do anno novo a semsaboria desceu 5 graus abaixo do que eu tinha observado na véspera. As lojas fecharam as suas portas. E nas ruas, apparecia, de espaço a espaço, uma ou outra familia a largar os seus baguinhos nas bancas do cluclu, ou algum guloso a besuntar os beiços com o cebo de um pato
assado, d’esses que se vendem nas próprias bancas do jogo."

A queima de panchões era constante, trazendo muitas inconvenientes à população. Em alguns anos, chegou mesmo a ser interrompido o trabalho nas repartições públicas devido ao excesso de barulho e o governo proibiu o rebentamento a determinadas horas da noite.

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