quinta-feira, 31 de março de 2011

"Serão macaense": 4 Abril

... com o lançamento das obras "Professora Graciete Batalha", de António Aresta, e "Meio Século em Macau", de J. J. Monteiro. 4 Abril, às 18 h. no Instituto Internacional de Macau - Rua de Berlim, Edf. Magnificent Court, Nº240 - 2º (NAPE) 

terça-feira, 29 de março de 2011

"Olhar Macau com os olhos da China"

No dia 7 de Abril, pelas 18 horas, o poeta e investigador António Graça de Abreu apresentará, no âmbito do SPEM -Seminário Permanente de Estudos sobre Macau - um olhar de Macau a partir da China.
O seminário terá lugar na sala de reuniões, no piso 7 da torre B da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL (no recinto principal da Faculdade), em Lisboa.
"Entre Setembro de 1977 e Maio de 1983 vivi em Pequim e Xangai, com curtas estadias em Macau e em Portugal. Na capital trabalhei durante quatro anos e meio com mais de vinte chineses a quem também ensinei Português. Em Xangai casei com uma mulher chinesa em Fevereiro de 1983. Enfim, a imersão em pleno no mundo chinês.
E Macau, como olhar e entender Macau nesses já recuados anos, a partir de Pequim ou Xangai, com os olhos chineses ou com os meus humildes e transviados olhos portugueses? Na altura falava-se muito pouco de Macau, nada se sabia sobre a cidade que era assunto quase tabu na China. Porquê? Procurarei dar algumas respostas possíveis.
Nos anos (19)80 começa-se a falar de Macau, a saber-se que a cidade existe, a separá-la de Hong Kong, a apontar a data mágica de 19 de Dezembro de 1999 para a reintegração na grande pátria-mãe. Que significado tem tudo isto para o anónimo cidadão Wang, Liu ou Yao habitante de uma vila da Manchúria, de Pingyao, cidade da província de Shanxi, de Chengdu, capital de Sichuan? E hoje, como é? Desde 2003, Macau está aberta às sete ou oito dezenas de milhares de chineses que todos os dias atravessam as Portas do Cerco ou aterram no aeroporto da Taipa para se perderem e perderem nos casinos. Embora os visitantes sejam predominantemente gente da província de Guangdong (com 96 milhões de habitantes!) são também oriundos de toda a China. Um dia e uma noite em Macau, os bolsos vazios, e oregresso a casa, muito para lá das Portas do Cerco.
A minha proposta é conversarmos sobre as origens de Macau e o fascinante (des)entender das gentes do velho e sempre renovado Império do Meio, em tudo a que a Macau diz respeito."
A.G.A.

domingo, 27 de março de 2011

Farol da Guia: foto rara

O farol começou a funcionar no final de Setembro de 1865. O tufão de 1874 provocou enormes estragos acabando por ficar sem funcionar até cerca de 1910, altura em que sofreu uma remodelação (a que conhecemos hoje) e passou a ser alimentado por electricidade e a ter o conhecido sistema rotativo oriundo de França. Diversos post's contam esta e outras histórias e mostram imagens do farol antes e depois da remodelação.
 
AVISO AOS NAVEGANTES
Desde a noute de 24 do mez passado se começou a acender um novo pharol construido na fortaleza de Nossa Senhora da Guia, da cidade de Macau. O pharol está na latitude de 22° 11 'N, e na longitude de 113° 33'E, de Greenwich. A elevação da luz é de 101,5 metros acima do nível do mar, nas mais altas marés de tempo calmo.
A torre do pharol mede 13,5 metros da base à cupola, tem a forma octogonal e é pintada de branco. A lanterna é vermelha. A luz é branca e rotatória, fazendo um giro completo em 64" de tempo. Pode ser vista a 20 milhas, em tempo claro. N'esta distancia, a duração da luz é de 6" e a do eclipse de 58". A 15 milhas, vê-se a luz durante 11" e o eclipse dura 54". A 12 milhas, o maior clarão de luz dura 12", e o intervalo do eclipse (de 52") é cortado pelo aparecimento, quazi instantâneo, de uma luz mais fraca. A 7 milhas, a duração da grande luz é de 14", e a do eclipse de 50", aparecendo no meio d' este a pequena luz, como fica dito. Logo que seja possível se publicarão as marcações pelo pharol para demandar o ancoradouro da rada de Macau.
                            Capitania do Porto de Macau, 2 de Outubro de 1865.
                            João Eduardo Scarnicha,Capitão do Porto

sábado, 26 de março de 2011

Macao Hotel: 27 Novembro 1905


Dinner Menu at the Macao Hotel, November 27, 1905 (Formerly the Hing Kee Hotel). ‎65, Praia Grande, opened in 1880s as Hing Kee Hotel and was rebaptised the Macao Hotel in 1903. Later became the Hotel Riviera. Building demolished in 1971. Currently the Tai Fung bank occupies its space.
No blog existem diversos post's sobre este hotel que no início do século 20 passou a chamar-se "Macao Hotel", antes (desde 1880) conhecido por Hing Kee. Após obras de remodelação nos interiores e exteriores (em 1927) resurgiria como hotel Riviera em 1928 e assim irá permenecer até 1971, ano em que é, infelizmente, demolido. No mesmo espaço está o também muito antigo, banco Tai Fung.
Ficava na esquina da Praia Grande com a San Ma Lou. Em 1948 as arcadas que davam para a rua da Praia Grande foram fechadas. Era 'famosa' a porta em sistema 'revólver'.
Nas imagens uma ementa de um jantar realizado a 27 de Novembro de 1905. Inclui pombo, salada de batatas, caril de camarões, porco com molho de maçã, pudim de pão...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Gastronomia de Macau na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto

O Turismo de Macau promove no dia 6 de Abril um workshop de gastronomia macaense na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.
O workshop será conduzido por Graça Pacheco Jorge, Confrade de Mérito da Confraria da Gastronomia Macaense, numa iniciativa destinada aos alunos e Chefes da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, à semelhança do que já aconteceu no Estoril.
A iniciativa será também ocasião para uma apresentação de Macau enquanto destino turístico, realizada por Rodolfo Faustino, coordenador do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Oriente de influência cultural portuguesa

Em Abril, o Clube Militar de Macau será palco de mais uma exposição de postais antigos da colecção de João Loureiro, organizada pelo Instituto Internacional de Macau. A mostra contará com 170 postais fotográficos, datados dos finais do século XIX até aos anos 60 do século passado, que se referem ao Estado da India (Goa, Damão e Diu), Macau e Timor.
"O Oriente que na era quinhentista começou a ser percorrido por navegadores, militares, comerciantes e missionários lusitanos teve a sua matriz na mítica Ilha de Moçambique, por onde passaram, entre tantos outros vultos ilustres, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Camões e S. Francisco Xavier. Desde então e até ao último ano do Século XX, quando ocorreu a transferência da administração de Macau para a China, decorreram cerca de cinco centúrias em que, a uma escala global, a língua e a influência cultural portuguesas chegaram a terras distantes do Índico e do Pacífico.
É precisamente esta herança cultural lusitana no Oriente, bem como variados aspectos da paisagem geográfica, urbanística, arquitectónica, social e humana dos territórios por ela impactados - documentados de forma singular e muito expressiva nos bilhetes postais - que esta exposição pretende pôr em relevo, contribuindo, desse modo, para ampliar o seu conhecimento e incentivar a sua preservação." Palavras de João Loureiro
João Loureiro é detentor de uma invulgar colecção de mais de 12 mil postais fotográficos, datados desde finais do século XIX até 1975, que foi reunida numa série de 14 livros e que constitui uma imprescindível fonte iconográfica da presença portuguesa em África e no Oriente. Registos fotográficos que ilustram a História, as Regiões, as Paisagens, as Actividades Económicas, os Povos e os Costumes das antigas colónias portuguesas na época em que as fronteiras de Portugal ainda abrangiam terras de África, da Ásia e da Oceania.
Largo do Senado/San Ma Lou: início década 1950
Veja aqui o livro de postais de João Loureiro sobre Macau: http://macauantigo.blogspot.com/2009/12/postais-antigos-de-macau.html

quarta-feira, 23 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Macau na pintura britânica do século XIX

Aqui fica o convite.. feito na primeira pessoa por Rogério Miguel Puga... "Mantendo a tradição já mensal do "Seminário Permanente de Estudos sobre Macau", serei eu a apresentar no dia 31 deste mês uma comunicação sobre representações pictóricas do enclave do século XIX, a partir das obras de George Chinnery e de outros artistas que recolhi no espólio inédito nos depósitos e nas paredes do mais antigo museu norte-americano, o Peabody Essex Museum (Salem, MA)."
O Espólio Inédito de George Chinnery (1774-1852) no Peabody Essex Museum (Salem, E.U.A.)
CETAPS (FCSH) 31 Março 2011 18h FCSH - Edifício I&D (Sala 7, piso 0) - Lisboa
Informações adicionais sobre Chinnery neste post, por exemplo
http://macauantigo.blogspot.com/2009/04/george-chinnery.html

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ruas de Macau em... Portugal

Para assinalar o 3º aniversário do "Macau Antigo", proponho uma pequena abordagem ao termo "Macau" na toponímia portuguesa. Para além da existência de 'terras' como nome "Macau" no Brasil e em França, existem em várias localidades portuguesas uma "Rua de Macau".
Em Lisboa, na freguesia dos Anjos (numa transversal da Rua do Forno do  Tijolo - ver imagens) a já existente rua recebeu uma nova placa toponímica - à imagem e semelhança das que existem em Macau -  em 1999, aquando da transferência de soberania. Foi o próprio dono da mercearia, instalada ali há mais de 50 anos que me confirmou.

 Vista dos dois lados da rua



Localidades portuguesas (que consegui indentificar, podendo existir outras...) onde existe uma "Rua de Macau": Amadora, Oeiras, Cuba, Alcanena, Elvas, Estremoz, Montijo, Almeirim, Porto, Gondomar, Loures, S. João da Madeira, Vila Real, Queluz. Se souberem de mais...
Placa toponímica existente em Queluz.

domingo, 20 de março de 2011

250 mil visitantes em 3 anos...

Parece que foi ontem mas já passaram três anos. "Macau Antigo" é hoje um projecto consolidado visitado por uma média de 10 mil pessoas todos os meses. Tem 113 'seguidores', 2600 post's e cerca de 10 mil imagens.
Porto Interior e casino flutuante: final década 70

Rua Camilo Pessanha: anos 70
 Ponte Macau-Taipa: anos 80 e Av. Inf. D. Henrique: anos 70
Portugal, Brasil, Macau, EUA, Hong Kong, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Austrália e China lideram o top 10 do número de visitantes. Obrigado a todos, destas e de outras proveniências. Obrigado ainda aos que partilham as suas memórias e aos que simplesmente fazem perguntas ou críticas. Em suma, a todos os que desde sempre acreditaram neste projecto. Espero continuar a merecer a vossa confiança que tentarei retribuir com mais e melhores post's em nome da identidade histórico-cultural de Macau.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fragata Comandante João Belo: 1970

Chegada a Macau e passeio de riquexó: fotos de A. Martins
 "Foi bastante emotiva a recepção pelo povo Macaense, que nos proporcionou um espectáculo de fogo de artifício à nossa chegada, com música e muita alegria. Enquanto a Fragata esteve atracada naquele local era visitada diariamente por milhares de pessoas sendo necessário fazer filas para a coordenação da respectiva visita." As palavras são de António Martins que fez parte da guarnição e que num blog dedicado à fragata recordou aquela viagem de há 40 anos.
A fragata Comandante João Belo foi a 1.ª de uma classe de quatro fragatas construídas em França para Portugal.. Tratava-se de um 'escoltador oceânico', dispunha de armamento anti-aéreo e anti-submarino, podia transportar uma força de desembarque e  receber a bordo um helicóptero. 
Começou a operar na marinha portuguesa a 1 de Julho de 1967, tomou parte em missões no Ultramar e em exercícios internacionais e nacionais. Realizou frequentemente viagens de instrução com os alunos da Escola Naval de outras escolas da Marinha. Em Abril de 2008, a João Belo foi vendida à Marinha do Uruguai.

Visita oficial duma unidade da marinha de guerra em 1970
Vinda de Hong Kong, aportou à Ponte Nova do Porto Exterior no dia 14 de Março pelas 13h30 a fragata da nossa Marinha de Guerra “João Belo” coadjuvada na sua pilotagem por um prático da barra devido aos numerosos baixios existentes nas águas ribeirinhas de Macau. A bateria da fortaleza da Guia troou festivamente numa sentida salva aos sucessores de Peres de Andrade, orgulhosos de apresnetarem no seu trilho um dos mais modernos navios da sua classe. A guarnição foi recebida com simpatia quer pelas autoridades quer pela população portuguesa e chinesa. Durante vários dias a fragata esteve patente ao público, tendo surpreendido e entusiasmado todos quanto a visitaram pelo ser equipamento electrónico e pelas suas instalações. Partiu no dia 24 em direcção a Timor, a caminho da Austrália, onde se dirige em representação oficial.
NA: a notícia e imagem acima apresentados foi retirada de uma publicação - Lanceiros do Oriente  - feita em Macau por uma unidade militar, a CPM 2428.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Grande Prémio: 1977

Riccardo Patrese follows Alan Jones on the R bend.
Ricardo Patrese persegue Alan Jones na curva 'R'.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Alberto Alecrim: 79 anos

Alberto Magalhães Alecrim nasceu em 1932 e “atracou” em Macau em 1965, após um rol de aventuras. Esteve para ser fuzilado, foi expatriado para o Paquistão. Passou uns anos pela Índia, em Goa. Voltou a Portugal no paquete “Vera Cruz”, um dos mais emblemáticos navios da Companhia Colonial de Navegação, que faz parte da história da emigração para o Brasil e, na década de 60, do transporte de tropas de e para as ex-colónias.
Era para ir para Angola, mas o destino quis que Alberto Alecrim, adepto do Sporting, viesse para Macau, onde chegou a dirigir a Rádio. Escreveu durante anos para o semanário católico “O Clarim” e livros. Uns quantos também foram escritos sobre si. Sabe contar até três em cantonense, mas “tem de ser devagar” e, em 1999, chegou a mandar a sua “biblioteca” para a terra que o viu nascer.
Hoje celebra 79 anos de vida. Mais de metade... 46... foram passados em Macau. Parabéns!
NA: escrito a partir de diversos artigos publicados no JTM

terça-feira, 15 de março de 2011

Pinto Machado: 1930-2011

Pinto Machado ocupou o cargo de governador de 15 de Junho de 1986 a 8 de Julho de 1987, tendo sido o primeiro governador não militar daquele antigo território português.
O antigo governador de Macau, médico, professor universitário e político, Joaquim Pinto Machado, morreu esta segunda-feira, no Hospital de São João, no Porto, onde encontrava internado há já algum tempo.
Pinto Machado teve uma preenchida trajectória académica e também exerceu o cargo de secretário de Estado do Ensino Superior, em 1984 e 1985, num governo do “Bloco Central” e chefiado por Mário Soares. Por escolha de Mário Soares, Pinto Machado manteve-se como governador de Macau de 15 de Junho de 1986 a 8 de Julho de 1987, tendo sido o primeiro governador não militar daquele antigo território português. (o 124º)
O Presidente da República, Cavaco Silva, enviou já uma mensagem de condolências à família de Pinto Machado frisando que este foi "um médico e professor universitário de renome, que desde o início da sua vida pública se destacou pela defesa dos valores da liberdade e da democracia e que deu um contributo decisivo para o prestígio de Portugal no mundo".
Já a Faculdade de Medicina do Porto declarou três dias de luto pelo falecimento do antigo professor catedrático.
Pinto Machado em Março de 1987. Foto do JTM - Jornal de Macau

segunda-feira, 14 de março de 2011

Janeiro 1939: militares japoneses

Contra-torpedeiro japonês “Sagi” de 595 toneladas da classe “Otori” construído em 1937 e afundado pelos norte-americanos em 1944.
É recebido em Macau a 10 de Janeiro de 1939 com a tradicional salva de 21 tiros pelas autoridades locais. A bordo possui três canhões de 4,7 polegadas, uma metralhadora e três lançadores de torpedos de 21 poleghdas. A tripulação passeia pelos mais diversos locais da cidade. Os momentos são registados em fotografia com destaque para a zona do Porto Exterior onde ficava um cais e o hangar de aviação.
Conjunto de fotografias tiradas pela tripulação do contra-torpedeiro japonês Sagi que visitou Macau a 10 de Janeiro de 1939 sendo recebico com uma 'salva' de 21 tiros. Desde 1937 que o Japão iniciara uma nova guerra com os chineses tendo invadido o país. Portugal, e por via disso Macau, manteve-se neutral face ao conflito. Por esta altura a cidade já começara a receber milhares de refugiados, a sua maioria chineses, mas também os portugueses da comunidade de Xangai e os funcionários das legações estrangeiras espalhadas pela China. Era o prenúncio da pior fase da história de Macau que já orignou alguns posts e que certamente originará outros.
Em Macau exisitia uma grande comunidade civil de japoneses, a maioria comerciantes cujo negócio começou a ser boicotado pelos chineses de Macau. A 1 de Outubro de 1940 é instalado o comsulado do Japão em Macau. Ficava na esquina das ruas Ouvidor Arriaga e Pedro Coutinho. Afecto ao consulado existia uma “agência especial do exército japonês.”
No final de 1941 o Japão invade Hong Kong e Pearl Harbour. Os EUA entram na 2ª  G. Guerra  que ao estender-se ao Pacífico e Extremo-Oriente é verdadeiramente de âmbito mundial.

sábado, 12 de março de 2011

Workshops de gastronomia macaense

A Casa de Macau promove a partir deste mês de Março a realização de 4 workshops sobre culinária macaense orientados por Graça Pacheco Jorge. "Venha aprender a confeccionar os pratos típicos da cozinha de Macau e surpreenda-se com diferentes sabores e texturas, no jantar que encerrará cada um dos eventos."
As sessões realizam-se nos dias 17 Março, 7 Abril, 9 e 30 Junho, às 18h30 na Casa de Macau - Av. Almirante Gago Coutinho, nº 142, Lisboa.
Preço por workshop: €35,00 para Sócios da Casa de Macau, cônjuges e filhos a cargo; €50,00 para o público em geral.
Inscrições limitadas a 10 participantes por workshop (aceites por ordem cronológica de entrada na Secretaria da Casa de Macau).
Tel: 21 849 53 42 / Fax: 21 843 91 31 e-mail: casademacau@mail.telepac.pt

sexta-feira, 11 de março de 2011

Postal: Trajes de Macau

Vestido, calças e sapatos de seda. Leque e jóias de jade. Penteado enfeitado com flores.



Trabalho de: Laura Costa - Colecção Trajes do Mundo
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal (por datar ca. 1980?)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Danilo no "Sentir Macau": 14 Março

O Centro de Promoção e Informação Turística de Macau, em Portugal, tem a honra de convidar V.Exª para a próxima sessão do Ciclo "Sentir Macau", que terá como convidado o Dr. Pedro Barreiros, a propósito do seu livro "Danilo no Teatro da Vida", romance biográfico, tendo Macau como palco principal.
Apresentada por Maria José Baião, a sessão tem lugar no próximo dia 14 de Março, às 18h30, no auditório da Delegação Económica e Comercial de Macau, Av. 5 de Outubro 115, r/c, em Lisboa.
Informações adicionais e imagens sobre o livro aqui:
http://macauantigo.blogspot.com/2011/03/homenagem-danilo-barreiros.html

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval: décadas 1920-40

Conforme relatos de épocas passadas e testemunhos que foram sendo transmitidos até aos nossos dias, sabemos que o Carnaval foi das festas mais alegres e mais amplamente participadas da comunidade portuguesa de Macau. Os “assaltos”, os bailes, as tunas, as máscaras e as brincadeiras dos foliões quebravam completamente a rotina da vida citadina durante alguns dias, mas os preparativos eram feitos, pelo menos, com semanas de antecedência. Foi assim no dealbar e nas primeiras décadas do século XX, perdendo definitivamente a importância a partir da Guerra do Pacífico, não obstante os esforços feitos por agremiações várias para o revitalizar.
Tuna na casa de Lara Reis (hoje Cruz Vermelha) na Av. da República. Foto da Pou Man Lau. Data: ca. 1935
Este curioso relato do Carnaval, cujo autor apenas utilizou a letra “Z” para se identificar, foi publicado na revista “Renascimento”, de Fevereiro de 1944, centrado nos festejos promovidos pelo vetusto Clube de Macau e pelo Grémio Militar (nome antigo do Clube Militar), onde se concentrava a alta sociedade local:
“(...) Ora eu quero dizer-te, Leitor Amigo, (...), o que era esta época de festa, há muitos anos, quando eu era menino e moço, nesta cidade de Macau.”
No sábado gordo, grandes eram os preparativos para o “baile masquée”que começava às 22 horas nos salões do Clube de Macau. Por volta da hora marcada começavam a chegar os convivas em ar festivo, exibindo os mais luxuosos trajes. O salão, primorosamente ornamentado, era um mar de luz: grandes caraças encimavam os espelhos onde, por mão de mestre, eram desenhadas figurinhas alusivas aos trajes dos grupos que, previamente anunciados, viriam exibir-se em danças de conjunto, à hora marcada, que nunca ia além das 24.
O baile era obrigado a casaca ou a traje carnavalesco e, assim, as pessoas idosas apresentavam-se num rigor de “toilette” impecável, capaz de dar assunto para um jornal de modas e ilustrar um manual de etiqueta.
A gente nova cobria-se de brocados, sedas, cetins, tules, gases, crepes variados, em trajes estranhos e imprevistos, policromando o ambiente de modo estonteante.
Baile de Carnaval no Teatro D. Pedro V ca. 1935 - foto de Neves Catela

Uma numerosa orquestra, vinda expressamente de Hong Kong para tocar no chamado baile de gala, colocada a um canto do salão, oferecia aos bailarinos as mais alegres e variadas músicas de dança.
Os decotes, ligeiramente atrevidos, descobriam colos de alabastro esculpidos por mão de grande artista.
No bar, quatro grandes poncheiras de louça da China, ofereciam aos sequiosos os mais variados e primorosos ponches. As serpentinas e os “confetti” polvilhavam o chão dum colorido estranho e perturbador. O baile decorria na maior animação até à 1 hora em que era servida na plateia do Teatro D. Pedro V uma admirável ceia. Um primoroso caldo era como que o rescaldo do incêndio que o bem provido bar provocara até aí. “Maionnaises” de vários mariscos; “galantines de pâté de foie-gras”; carnes frias como capões, faisões, perús, carneiro, vaca, porco, fiambre, língua salgada, veado, caças variadas; croquetes de toda a espécie, pastéis de massa folhada com recheios variados; pastelinhos de massa fina recheados a primor; bolos, doces, pudins e cremes variados; vinho do Porto à descrição, etc.
Ouvia-se então pelas mesas o desarrolhar das garrafas de “champagne” “Pommerie”, “Mum”, “Coquelicot”, etc. e, nesse salão imenso, todo ornamentado a primor com ricas colchas de seda e brocados encantadores, a alegria reinava sem que a mais pequena nota discordante prejudicasse a distinção, que sempre caracterizava tão faustoso baile.
Finda a ceia, as senhoras, pelo braço dos cavalheiros, dirigiam-se ao salão, e o baile continuava até altas horas da madrugada. Domingo gordo rompia sempre alegre, como a noite da véspera. Tunas, organizadas por rapazes foliões, percorriam as ruas da cidade seguidas de mascarados, não sem que uma certa rivalidade existisse no capricho, em que se colocavam, de oferecer a melhor música em marchas escolhidas.
Os mascarados, que seguiam as tunas, eram uma espécie de bonecos de trapos, empenhando-se cada qual em vestir o mais ridiculamente possível. Pequenos grupos isolados de mascarados percorriam as ruas da cidade cantando e brincando, sem que a ordem pública fosse ao de leve perturbada.
As tunas invadiam então as casas das pessoas conhecidas, e tudo era pretexto para tocar, dançar, rir, comer e beber. Na noite desse gordo Domingo, realizava-se o baile de gala no Grémio Militar. Empenhava-se, então, a direcção do Grémio em oferecer aos sócios um baile tão animado e rico como o do Clube de Macau. Tal finalidade, porém, raras vezes era alcançada, e isto devido apenas à pequenez do salão e ao facto de não haver tão grande número de sócios.
Era, no entanto, o baile do Grémio um rico baile de gala, “masquée” também e — oh vaidade feminina! — não se via nele um único traje dos exibidos na véspera, apesar das senhoras serem as mesmas.
Após a rica e opípara ceia, que era servida na sala de leitura, especialmente arranjada e decorada para esse fim, dançava-se até altas horas da madrugada, sempre na maior animação.
Quer no Clube de Macau, quer no Grémio Militar, organizavam-se “matinées” para crianças, festas que constituíam o encanto das mamãs e das crianças, que brincavam loucamente, rasgando e sujando os ricos trajes variados, que exibiam em manifesta competição, afim de alcançarem o lindo prémio, que era oferecido à criança mais bem vestida.
Desfile de tuna no final da década de 1930: foto do espólio de Maria Augusta de Garcia e Figueiredo publicada pelo projecto Memória Macaense
E pelas ruas continuavam as tunas enchendo os ares dos trinados dos bandolins e a passo marcado pelo ferir violento dos bordões dos violões. A segunda-feira de Carnaval era reservada para os assaltos às várias casas particulares, que recebiam principescamente oferecendo aos convidados e aos assaltantes ricas e abundantes ceias regadas com os mais caros e variados vinhos.
Nestas ceias familiares, ceias verdadeiramente pantagruélicas, apareciam sempre os doces próprios da época, à cabeça dos quais figuravam o “ladú” e a “barba”. A alegria parecia não ter fim, e todos viviam felizes. Na terça-feira continuava a folia pelas ruas e as tunas tocavam sem cessar os seus vastos reportórios.
À noite realizava-se no Clube de Macau a “soirée masquée” de despedida, quase sempre por subscrição entre os sócios.
Era esta a festa mais popular e menos cerimoniosa, sendo recebidas as tunas, que eram sempre acompanhadas de mascarados, na maioria muitíssimo desengraçados, ou então extremamente inconvenientes. Era, porém, pouco duradoura a sua passagem pela “soirée”, e a noite seguia alegre e despreocupada até o romper do dia. Bastante à vontade, os sócios apresentavam-se com trajes exóticos e extremamente ridículos, aparecendo alguns que focavam personalidades de destaque, que nunca se davam por achadas. Geralmente era dada tolerância de ponto nas repartições públicas, na parte da manhã de quarta-feira, porque tanto os chefes como os subordinados não estavam em condições de poder trabalhar, devido ao cansaço. (...)”.
Nas décadas de 50 e 60, nos clubes atrás referidos, em escolas e em algumas outras agremiações recreativas, com destaque para o já extinto Clube 1.º de Junho, que tinha boas instalações e localização privilegiada, entre a Rua do Campo e o Jardim de Vasco da Gama, ainda se organizavam animadas festas de Carnaval, mas o seu impacto na comunidade foi sendo, progressivamente, reduzido. Perduraram, porém, na memória de quantos nelas tomaram parte e nos relatos, escritos e orais, que foram sendo passados às novas gerações.
Artigo de Jorge Rangel, pres. do IIM,  publicado no JTM de 7-3-2011