Quase no final da segunda guerra mundial, a 29 de Julho de 1945, este postal foi enviado de Macau para um campo de prisioneiros de guerra em Hong Kong (Camp N). Carmelina Rodrigues, refugiada em Macau oriunda de Hong Kong, recorreu aos serviços da Cruz Vermelha Portuguesa - Serviço de Prisioneiros de Guerra para fazer chegar notícias a uma familiar, muito provavelmente o marido, capitão José S. Rodrigues.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
domingo, 28 de agosto de 2016
Rua da Alfândega
Transportando água frente ao Armazém do Ópio da Rua da Alfândega: década 1940.
De acordo com o Padre Manuel Teixeira e a sua obra "Toponímia de Macau" esta rua começa na Rua do Seminário, junto ao Largo do Aquino e termina na Rua dos Cules, junto ao entroncamento com a Rua dos Mercadores. Com o mesmo topónimo existe um beco, que se situa junto da Rua do Gamboa, em frente ao Beco das Galinhas.
A alfândega foi estabelecida em Macau, em 1783, pelas "Providências dadas pela Rainha Nossa Senhora, para o porto e cidade de Macau". Até então, não havia alfândega portuguesa, mas havia, desde 1648, o Hopu, ou alfândega chinesa. Existiam dois Hopus, um na Praia Grande e o outro na Praia Pequena (onde actualmente se situa o Pátio da Mina, na freguesia de Santo António).
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Postal de 20 réis: 17 Outubro 1900
Trata-se de um postal com valor facial de 20 réis enviado para a fragata alemã Stein fundeada por aqueles dias de Outubro (dia 17) de 1900 na rada de Macau.
terça-feira, 23 de agosto de 2016
As árvores dos Amantes / Lovers Trees
O postal é do final da década de 1980 e mostra uma parte dos jardins do templo de Pou Chai/Kun Iam Tong (Av. Coronel Mesquita) também conhecidos pela assinatura do primeiro tratado sino-americano.
Na imagem estão umas “árvores entrelaçadas” que segundo reza a lenda ficaram assim tendo por base a história de dois amantes apaixonados mas cujas diferenças sociais e de antecedentes familiares tornavam impossível a união e eles suicidaram-se. Ainda de acordo com a lenda os dois foram enterrados no jardim do templo e depois disso nasceram duas árvores - to tipo pagode - que no crescimento se começaram a entrelaçar.
A este propósito sugiro a leitura do conto da autoria de Alice Vieira intitulado "As Árvores que ninguém separa" e integrado na obra "Contos e Lendas de Macau".
Em 1992 estas árvores foram atingidas por uma praga e morreram.
A este propósito sugiro a leitura do conto da autoria de Alice Vieira intitulado "As Árvores que ninguém separa" e integrado na obra "Contos e Lendas de Macau".
Em 1992 estas árvores foram atingidas por uma praga e morreram.
domingo, 21 de agosto de 2016
Cem patacas de "Julio" de 1919
Exemplar da emissão de 1919. Terão sido emitidas 48.000 notas no total, sendo que destas 21.725 foram enviadas para Timor em 1946. Esta emissão foi colocada em circulação em 1920 e seria retirada apenas em 1948. A título de curiosidade refira-se que só eram válidas depois de receberem a assinatura do gerente do BNU em Macau, um processo que era feito manualmente. Para os amantes da numismática este exemplar tem ainda a particularidade de apresentar um erro de impressão na data: "Julio" em vez de Julho.
Dimensões: 183 x 116 mm
sexta-feira, 19 de agosto de 2016
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Cédulas identificação policial
Artigo 1.º - Cédula de identificação
Enquanto não for remodelado o actual sistema territorial de identificação, qualquer indivíduo de nacionalidade chinesa residente no Território poderá obter uma cédula de identificação policial emitida pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau.
Artigo 2.º - Valor probatório
A cédula de identificação policial, adiante apenas designada por cédula, constitui documento bastante para provar a identidade do seu titular perante quaisquer autoridades, repartições públicas ou entidades particulares.Fica revogada a Portaria n.º 6 740, de 15 de Abril de 1961, bem como os diplomas que posteriormente a alteraram.
As cédulas de identificação policial (CIP) começaram a ser passadas para os cidadãos chineses que vinham da RPC, a "salto", sem terem qualquer documento consigo. Lages Ribeiro, na época ao serviço da PSP em Macau explica que "a CIP era o único documento oficial que passavam a possuir. Os elementos eram os que eles preenchiam num impresso que fornecíamos. Além disso eram fotografados e colhíamos as suas impressões digitais. Hong Kong só passava autorização para desembarcar na colónia desde que possuíssem a CIP há mais de um ano."
Em memória do general Lages Ribeiro que morreu esta semana aos 82 anos. Em breve um novo post e uma entrevista que me concedeu há uns tempos.
Em memória do general Lages Ribeiro que morreu esta semana aos 82 anos. Em breve um novo post e uma entrevista que me concedeu há uns tempos.
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Jetfoil "Terceira"
Tal como os antecessores, os hydrofoils, também os jetfoils que serviam a carreira marítima entre Macau e Hong Kong, foram baptizados com nomes portugueses, nomeadamente das ilhas dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
domingo, 14 de agosto de 2016
Pinturas "China Trade": 2ª parte
Em cima uma pintura com uma vista da baía da Praia Grande em meados do século XX podendo ver-se várias embarcações britânicas rodeadas de juncos chineses e outras pequenas embarcações, para além de várias pessoas no areal.
Este quadro apresenta uma perspectiva aérea da península (a partir da Barra e anterior a 1835) vendo-se do lado esquerdo o Porto Interior e a Ilha Verde e do lado direito a Baía da Praia Grande. Nas várias edificações representadas destaque para a Penha, Fortaleza do Monte, Igreja de S. Lourenço e Convento de S. José.
PS: clicar nas imagens para ver em tamanho maior.
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
Pinturas "China Trade": 1ª parte
As denominadas pinturas China Trade eram produzidas na China para o mercado de exportação desde o final do século XVIII. A maioria era feita em aguarela e guache sobre papel e tinha como característica a diversidade de cores vibrantes assumindo-se como uma espécie de “postais ilustrados” numa altura em que a fotografia ainda não tinha sido inventada. Estas pinturas atingiriam o pico da popularidade em meados do século XIX e a maioria reproduzia motivos marítimos: embarcações de guerra e de comércio e portos ou cidades portuárias.
A imagem acima - zona do templo A-Ma, na Barra - é retirada de uma colecção de postais editada pelo ICM em 1990. Em baixo um quadro que ilustra Macau ca. de 1840 - é uma reprodução moderna de um quadro antigo - sendo o território apresentado com uma vista panorâmica sobre o Porto Interior.
Para mais informações sobre o tema sugiro o artigo de P. Conner, "Images of Macao", publicado na The Magazine Antiques, em Março de 1999.
Durante este período surgiu o que o mundo da arte denominou como "chinese school", ou "escola chinesa" (1775-1900) e de que num próximo post darei a conhecer mais algumas imagens. Uma das características que tinham era o facto dos quadros não serem assinados pelos pintores.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
"Uma pataca em moeda corrente"
O thesoureiro da agência em Macau pagará a vista ao portador uma pataca em moeda corrente. Valor recebido. Lisboa 1 de Janeiro de 1912.
Criado em 1864 em Portugal como banco emissor para as colónias portuguesas, o Banco Nacional Ultramarino exerceu também funções de Banco de Fomento e Comercial no país e no estrangeiro.
A 30 de Novembro de 1901 foi assinado um acordo entre o Governo português e o Banco Nacional Ultramarino, que levou à criação da Filial de Macau, inaugurada a 8 de Agosto de 1902. O Governo de Macau autorizou o BNU a emitir notas de curso legal, denominadas em Patacas, através de um decreto de 20.2.1902.
Este exemplar pertence à primeira emissão do BNU de Macau, a chamada emissão Antiga Simples. Foram estampadas em Londres, na casa impressora “Barclay & Fry, Ltd”. Entraram em circulação a 19 de Janeiro de 1906 e tinham os valores de 1, 5, 10, 20, 50 e 100 patacas. Incluíam as assinaturas impressas do Governador e Vice-Governador do BNU e manuscritas do Gerente da Filial de Macau. O papel utilizado era de fraca qualidade e só as de 100 patacas apresentavam marca de água.
A série começou no nº 100.000. Esta tem o nº 258,844
Entre 1910 e 1916 o gerente do BNU de Macau foi Artur Drouhin
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Macau por Augusto Cabrita
Já antes tinha escrito um posto a propósito do trabalho de Augusto Cabrita em Macau. Agora sugiro mais algumas imagens recolhidas numa viagem a Macau em 1961. O autor, considerado um mestre da fotografia e com vários trabalhos mo mundo da televisão e do cinema, viveu entre 1923 e 1993.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
Macau na era napoleónica
Livro recentemente editado, da autoria de António Alves Caetano, ex presidente da Companhia de Seguros de Macau, "Macau na Era Napoleónica: início dos tempos gloriosos do ouvidor Arriaga" centra-se na vida de Macau nos primeiros anos do século XIX, período em que Napoleão Bonaparte ameaçou a Europa e o mundo. O essencial da investigação realizada baseia-se em documentos oficiais existentes no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.
Sinopse:
Até que a Inglaterra obtivesse em 1842, como troféu da "1.ª guerra do ópio", a ilha de Hong-Kong, Portugal foi o único país europeu a receber autorização do Imperador Chinês para dispor ali de uma base para realizar comércio marítimo no Extremo Oriente. Durante séculos, Inglaterra, França, Holanda, disputaram o território de Macau aos portugueses e foram organizadas embaixadas ao Imperador a pedir autorização para obter estabelecimento. Que sempre lhes foi negado.
Em 1808, a pretexto de ajudar os macaenses a defender-se de hipotético ataque napoleónico, a Inglaterra ocupou militarmente a Cidade. Durante os três meses que durou a invasão, os mandarins chineses endureceram a posição face às autoridades nacionais e chegaram a ameaçar expulsar os portugueses de Macau, se fosse provado terem sido coniventes com a Grã-Bretanha para a ocupação. Liberto o território das tropas invasoras, poucos meses depois, a intervenção de navios da Cidade, em auxílio da marinha imperial, foi decisiva para ser derrotado Cam Pao Sai, o maior pirata chinês de então. A sua rendição, por ordem do Vice-Rei de Cantão, e vontade do pirata, foi feita perante o ouvidor-geral Miguel de Arriaga, figura cimeira da administração do território.
Em 1808, a pretexto de ajudar os macaenses a defender-se de hipotético ataque napoleónico, a Inglaterra ocupou militarmente a Cidade. Durante os três meses que durou a invasão, os mandarins chineses endureceram a posição face às autoridades nacionais e chegaram a ameaçar expulsar os portugueses de Macau, se fosse provado terem sido coniventes com a Grã-Bretanha para a ocupação. Liberto o território das tropas invasoras, poucos meses depois, a intervenção de navios da Cidade, em auxílio da marinha imperial, foi decisiva para ser derrotado Cam Pao Sai, o maior pirata chinês de então. A sua rendição, por ordem do Vice-Rei de Cantão, e vontade do pirata, foi feita perante o ouvidor-geral Miguel de Arriaga, figura cimeira da administração do território.
Contra-capa:
Correu-se o risco de expulsão da população portuguesa de Macau, por determinação do Imperador da China, se fosse confirmado que a administração do território tinha sido conivente com as forças armadas ingleses na invasão que fizeram de Macau em 1808.
A natureza violenta que a Revolução de 1820 assumiu em Macau, com ataques ferozes ao Ouvidor Miguel de Arriaga, servidor exemplar dos interesses portugueses no Oriente, que determinaram a sua prisão em masmorra infecta que lhe destruiu a saúde e contribui para que falecesse precocemente, com apenas 48 anos.
domingo, 7 de agosto de 2016
Um tufão em 1937
O tufão formou-se no Pacífico, em 28 de Agosto (1937), a norte de Yap (Micronésia)), a NW das Ilhas Carolinas (Micronésia), deslocou-se para W e depois para WNW, atravessou o Canal de Balintang (Filipinas) e o seu centro passou a cerca de 10 milhas a Norte de Macau, tendo o barógrafo registado o valor de 717,5 mm valor muito inferior ao dos tufões de 1923, 1927, e 1936 que causaram muitos danos e vítimas na Província.
Excerto do livro de Agostinho Pereira Natário, "Tufões que Assolaram Macau", editado pelo Serviço Meteorológico de Macau/ Imprensa Nacional em 1957.
As referências () são da minha autoria sendo que o tufão assolou Macau a 2 de Setembro.
Excerto do livro de Agostinho Pereira Natário, "Tufões que Assolaram Macau", editado pelo Serviço Meteorológico de Macau/ Imprensa Nacional em 1957.
As referências () são da minha autoria sendo que o tufão assolou Macau a 2 de Setembro.
Entre os estragos provocados duas imagens: ao lado a zona do Porto Interior (Rua Almirante Sérgio) e em baixo uma das torres de telecomunicações da zona de D. Maria.
Só depois da zona Guerra Mundial os tufões passaram a ter cada um o seu nome
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Sabatino de Ursis: 1575-1620
O livro de Sabatino publicado em 1612 |
Sabatino de Ursis (1575-1620), conhecido pelo nome chinês de Xiong Sanba, foi um missionário jesuíta italiano, que chegou à China através de Macau para auxiliar Matteo Ricci. É de Sabatino a autoria da primeira obra sobre tecnologia hidráulica do Ocidente introduzida na China publicado pela primeira vez em 1612. 泰西水法六卷 Tai xi shui fa é o nome em chinês do livro que em português se denomina Mecanismos hidráulicos do Ocidente.
Vem tudo isto a propósito de um recente artigo publicado no jornal Hoje Macau (4.8.2016):
António Vasconcelos de Saldanha, professor da Universidade de Macau (UM), descobriu um documento que poderá ajudar a perceber como é que Ciência Ocidental chegou à China. A recente descoberta foi anunciada durante uma conferência na Universidade de Tubingen, na Alemanha, e remete para um diário pessoal do jesuíta Sabatino Ursis. Este padre foi um dos sucessores do Padre Matteo Ricci, geógrafo, cartógrafo e cientista renascentista italiano que esteve em Macau e que era considerado uma importante figura da corte na dinastia Ming. Sabatino Ursis trabalhou em parceria com Matteo Ricci e chegou mesmo a escrever um livro em Chinês. O manuscrito recém descoberto reforça como Sabatino Ursis discutia já problemas práticos e questões teóricas relacionadas com a Hidrologia e a gestão hí- drica na sua obra. Aliás, o mesmo já tinha publicado em Pequim, em 1612, um tratado dedicado ao tema, intitulado “Hydromethods of the Great West”. Na altura, a divulgação foi patrocinada por “importantes figuras da dinastia” Ming, como indica um comunicado da UM, tendo mesmo um prefácio de Xu Guangqi - importante figura no intercâmbio cultural - antes de ser apresentado ao imperador Wanli. Segundo a UM, este estudo pode dar uma perspectiva mais abrangente de como os padres jesuítas influenciaram a introdução dos conhecimentos científicos ocidentais deste lado do mundo.
Este manuscrito português pertencia aos arquivos jesuítas em Macau, mas encontrava-se agora caído no esquecimento na Biblioteca Real da Ajuda, em Lisboa, onde foi redescoberto e identificado pelo professor António Vasconcelos de Saldanha. O académico é especialista na História de Macau e da Companhia de Jesus, na China. O seu trabalho está a ser desenvolvido em associação com outros projectos de pesquisa “importantes e inovadores”, como indica a UM, sobre Ciência, Tecnologia e Medicina na dinastia Ming. Os jesuítas são tidos como uma referência no mundo das ciências e na divulgação de artigos científicos. Existem nomes sobejamente conhecidos, como é o caso de João Rodrigues, na área da Geografia, e Manuel Dias com o estudo “Uma explicação da Esfera Celestial”, datado de 1615.
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
A propósito de romarias...
Por Portugal o Verão é tempo de romarias, umas mais pagãs, outras de pendor mais religioso. A esse propósito lembrei-me da Ermida da Penha em Macau, destino de várias procissões/peregrinações.
As imagens são de diferentes épocas mas todas posteriores a 1935, ano da reedificação da Ermida. Ao lado fica a antiga residência do Bispo (imagens abaixo).
Aspectos do interior da Ermida da Penha localizada no topo da colina como mesmo nome
terça-feira, 2 de agosto de 2016
De "Pátria" a "Fu Yu"
Já escrevi vários posts a propósito da canhoneira "Pátria" (em cima ca. 1904) e que podem ser vistos, por exemplo, aqui. O que destaco hoje é o 'fim de vida' do navio português que teve várias missões em Macau (em baixo em 1924) e na China, só para nomear algumas. Curiosamente, quando foi 'abatida' ao arsenal da Marinha Portuguesa, a "Pátria" seria vendida à armada chinesa em 1931. Ainda ali serviu até 1937 quando foi afundada pelos navios Ryujo e Hosho, da marinha japonesa, aquando da segunda guerra sino-japonesa.
PS: A "Patria" tem uma forte ligação a Macau. Um dos exemplos é Jaime do Inso (1880-1967), que nela embarcou pela primeira vez em 1904 e da qual viria a ser comandante. Recomendo a esse propósito o artigo por ele publicado acerca da canhoneira nos Anais da Marinha em 1951.
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