Nascido no Palácio da Praia Grande, a 27 de Maio de 1919, três meses depois seguiria com os pais para a metrópole. Os irmãos chamavam-lhe “o chinês”, pois era o único natural do território, tendo ele próprio muito orgulho em ser macaense. Com a segunda nomeação do pai como Governador de Macau, regressou em Dezembro de 1926, aqui frequentando a escola primária e o primeiro ano do Liceu, tendo como um dos seus amigos de então José dos Santos Ferreira, o “Adé”, grande cultor e poeta do patoá, a quem queria como um irmão e com quem se correspondia regularmente.
Em Fevereiro de 1931, Mariano Tamagnini voltou para Portugal, onde fez os estudos liceais na Escola Nacional, ao Largo da Anunciada, em Lisboa, pertencente a seu pai e ao general José Vicente de Freitas, que fora primeiro-ministro já na República. Nutrindo uma profunda admiração pelo seu progenitor e encontrando-se este novamente em Macau, no seu terceiro mandato como Governador do território, correspondendo à vontade deste, aceitou preparar-se para vir a ser seu secretário, matriculando-se no Curso Superior Colonial, que concluiu com 15 valores, por ironia do destino, no mesmo ano em que seu pai faleceu.
Como aspirante e depois alferes, foi ajudante-de-campo do seu tio, o brigadeiro João Tamagnini Barbosa, comandante militar da ilha Terceira, nos Açores, onde conheceu o então major António Spínola. Durante a guerra, em Outubro de 1943, aí assistiria ao desembarque autorizado das forças aliadas britânicas.
Regressado ao continente, contraiu matrimónio com Astri Lunde Wang, filha do ministro da Finlândia, de cuja união nasceria em Dezembro de 1952 o seu filho Miguel Ângelo, divorciando-se um ano mais tarde. Entretanto, acompanhou a missão militar portuguesa a Paris, à conferência dos Estados-Maiores Aliados, na NATO, matriculando-se na Faculdade de Direito de Coimbra, como aluno voluntário.
Em meados de 1953, já na patente de capitão, Mariano Tamagnini é colocado na repartição do gabinete do ministro da Defesa, coronel Santos Costa, onde chefia o Centro de Criptografia Nacional e NATO, transitando posteriormente para a Força Aérea, com idênticas funções no gabinete do chefe de estado-maior daquela arma.
Em Fevereiro de 1931, Mariano Tamagnini voltou para Portugal, onde fez os estudos liceais na Escola Nacional, ao Largo da Anunciada, em Lisboa, pertencente a seu pai e ao general José Vicente de Freitas, que fora primeiro-ministro já na República. Nutrindo uma profunda admiração pelo seu progenitor e encontrando-se este novamente em Macau, no seu terceiro mandato como Governador do território, correspondendo à vontade deste, aceitou preparar-se para vir a ser seu secretário, matriculando-se no Curso Superior Colonial, que concluiu com 15 valores, por ironia do destino, no mesmo ano em que seu pai faleceu.
Como aspirante e depois alferes, foi ajudante-de-campo do seu tio, o brigadeiro João Tamagnini Barbosa, comandante militar da ilha Terceira, nos Açores, onde conheceu o então major António Spínola. Durante a guerra, em Outubro de 1943, aí assistiria ao desembarque autorizado das forças aliadas britânicas.
Regressado ao continente, contraiu matrimónio com Astri Lunde Wang, filha do ministro da Finlândia, de cuja união nasceria em Dezembro de 1952 o seu filho Miguel Ângelo, divorciando-se um ano mais tarde. Entretanto, acompanhou a missão militar portuguesa a Paris, à conferência dos Estados-Maiores Aliados, na NATO, matriculando-se na Faculdade de Direito de Coimbra, como aluno voluntário.
Em meados de 1953, já na patente de capitão, Mariano Tamagnini é colocado na repartição do gabinete do ministro da Defesa, coronel Santos Costa, onde chefia o Centro de Criptografia Nacional e NATO, transitando posteriormente para a Força Aérea, com idênticas funções no gabinete do chefe de estado-maior daquela arma.
Falando italiano, espanhol e alemão e dominando na perfeição inglês e francês, são-lhe confiadas diversas missões de acompanhamento junto de altas entidades estrangeiras de visita a Portugal, como no Verão de 1966, aquando da estada da princesa Margarida, de Inglaterra, ou, em 1960, do general Thomas D. White, chefe de estado-maior da Força Aérea norte-americana, o homem que no auge da “guerra fria” criou o célebre “telefone vermelho”. Nesse mesmo ano é nomeado para, juntamente com 26 oficiais superiores de diversos países, frequentar na base aérea de Sheppard, no Texas, o “Staff Intelligence Course”, digamos que um curso de espionagem, obtendo a terceira classificação.
Talvez que alguns dos conhecimentos adquiridos se revelassem mais tarde úteis, quando incumbido de desempenhar uma missão muito confidencial, que tinha Macau como objectivo.
Talvez que alguns dos conhecimentos adquiridos se revelassem mais tarde úteis, quando incumbido de desempenhar uma missão muito confidencial, que tinha Macau como objectivo.
Já como tenente-coronel é colocado no comando da 1.a Região Aérea, em Monsanto, e posteriormente como adjunto do comando da Zona Aérea dos Açores. Entretanto, realizara um vasto programa de dinamização desportiva dentro da Força Aérea, tendo ele próprio vencido diversos troféus de ténis e feito parte de equipas de futebol e voleibol vencedoras de campeonatos militares.
Em representação da FAP fez uma visita às diversas bases aéreas brasileiras, tendo efectuado por diversas vezes curtas missões em Cabo Verde e na Guiné.
Devido a sequelas de um antigo acidente aéreo, Mariano Tamagnini tem de ser internado na neurocirurgia do hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris, onde permanece cinco anos em tratamento. Regressado a Portugal, é autorizado a exercer funções de administrador da Companhia Europeia de Seguros e na direcção administrativa da Imprensa Nacional - Casa da Moeda. No dia 4 de Março de 1974 parte para Macau, no maior dos secretismos, transportando duas malas pesando mais de 50 quilos, contendo notas de 500 patacas, totalizando então um valor facial de cerca de 900 mil contos. Após várias peripécias, a missão é cumprida e o dinheiro depositado nos cofres do BNU.
A seguir ao 25 de Abril vê-se obrigado a recusar um convite de António de Spínola para criar um gabinete de Macau, por não lhe parecerem reunidas as mínimas condições. Pouco tempo depois declina igualmente um convite para ser o primeiro embaixador de Portugal na Argélia. Como não se sentia identificado com os desmandos do chamado “processo revolucionário em curso”, aceita o convite do seu amigo Tahar Mekouar, embaixador de Marrocos, para fixar residência em Casablanca e dirigir a sociedade Moror, Ltd., virada para a colaboração luso-marroquina, tendo contribuído para a implantação naquele país de grandes empresas portuguesas, como a Companhia Portuguesa de Pescas, a Hidroeléctrica Portuguesa (de Cabora-Bassa), ou a Sorefame (...).
A seguir ao 25 de Abril vê-se obrigado a recusar um convite de António de Spínola para criar um gabinete de Macau, por não lhe parecerem reunidas as mínimas condições. Pouco tempo depois declina igualmente um convite para ser o primeiro embaixador de Portugal na Argélia. Como não se sentia identificado com os desmandos do chamado “processo revolucionário em curso”, aceita o convite do seu amigo Tahar Mekouar, embaixador de Marrocos, para fixar residência em Casablanca e dirigir a sociedade Moror, Ltd., virada para a colaboração luso-marroquina, tendo contribuído para a implantação naquele país de grandes empresas portuguesas, como a Companhia Portuguesa de Pescas, a Hidroeléctrica Portuguesa (de Cabora-Bassa), ou a Sorefame (...).
Em Casablanca, criaria posteriormente com um arquitecto marroquino uma empresa especializada na construção de piscinas e impermeabilizações, a Aquatec, ocupando a sua presidência, mantendo-se esta sociedade em plena actividade. Por razões familiares regressa a Portugal em 1989.
Registada em 1962, a Casa de Macau teve no coronel Tamagnini um dos seus fundadores e um dos seus presidentes, tendo igualmente participado em 1973 na primeira “romagem” ao território, levada a efeito pela CM. Pertence também à Associação da Força Aérea Portuguesa, de cuja direcção fez parte até há pouco tempo, tendo em Outubro de 1991 organizado uma outra “romagem” a Macau, ao todo 85 participantes, entre oficiais, sargentos e familiares, o que lhe deu particular satisfação, pois foi a primeira vez que tantos membros da Força Aérea estiveram no território, dado que ao longo da sua história apenas o Exército e a Marinha aí prestaram comissões de serviço. Muito recentemente esteve de novo na sua terra natal, aqui participando no II Encontro das Comunidades Macaenses.
Cultor de poesia, ao que não será estranha sua mãe, a poetisa Maria Anna Acciaioli Tamagnini, Mariano Tamagnini é um homem de uma grande jovialidade e um excelente porte físico, daquelas pessoas para quem a idade não conta, tendo sido convidado, e tendo já aceite, vir a ser um dos curadores da Fundação da Casa de Macau.
Cultor de poesia, ao que não será estranha sua mãe, a poetisa Maria Anna Acciaioli Tamagnini, Mariano Tamagnini é um homem de uma grande jovialidade e um excelente porte físico, daquelas pessoas para quem a idade não conta, tendo sido convidado, e tendo já aceite, vir a ser um dos curadores da Fundação da Casa de Macau.
Excerto do artigo "Uma missão quase impossível" da autoria de Eduardo Tomé publicado na Revista Macau de Dezembro de 1996.
NA: há uns anos conheci o coronel Mariano Tamagnini num evento que decorreu na Casa de Macau em Lisboa. Conversámos e pedi-lhe uma entrevista ao que ele acedeu muito simpaticamente. Trocámos de número de telefone e falámos posteriormente mas vicissitudes várias nunca permitiram que a dita entrevista acontecesse. Recordo-me de ter tomado notas dessas conversas. Quando as encontrar publico.