quarta-feira, 2 de maio de 2018

Emissão de Notas “Belchior Carneiro”

Em 1963 - decreto-lei n.º 39 221 - foi autorizada a emissão de novas notas de 10 e 500 Patacas com a efígie do Bispo D. Belchior Carneiro (1516-1583) considerado o primeiro bispo da China e Japão.
A efígie foi colocado em medalhão oval à direita e em marca de água à esquerda; as armas nacionais ao centro e em baixo.  No verso a figuração simbólica da época dos Descobrimentos em posição central e o selo BNU.
As notas tinham diferentes dimensões e cores: a nota de 10 patacas tinha o azul como predomínio e a de 500 patacas foi impressa em tons verde escuro.
A emissão das notas de 10 Patacas foi reforçada com novas emissões semelhantes em 1967, 1969, 1972, 1975 e 1977.
As notas de 500 patacas tiveram reforço de emissão em 1973 e 1979 por razões de segurança: para evitar falsificações foi introduzido um filete de segurança.
A efígie do bispo D. Belchior Carneiro na emissão de notas com o valor de 5 patacas foi colocada em circulação a partir de 1972. Curiosamente já antes tinha sido autorizada a emissão de moedas de prata com esse valor, mas não foram bem aceites pela população dado o seu peso. Em 1971 seria feita nova emissão de moedas de 5 patacas de peso menor e acabaram por circular em simultâneo com a nota de mesmo valor facial.

Estas notas foram impressas na empresa britânica Thomas de La Rue & Co Ltd. A nota impressa em tons de castanho, apresenta na frente a efígie de belchior Carneiro oval, colocada à direita e selo "BNU –Lisboa 1864" à esquerda em moldura elíptica a substituir a marca de água. O verso apresentava o valor da nota em algarismos em ornatos concêntricos lateralmente (à direita e esquerda).
  Em cima imagens da "prova" e do resultado final da emissão de notas de 5 patacas
 Em cima imagens da "prova" e do resultado final da emissão de notas de 500 patacas
Retrato do Bispo D. Belchior Carneiro dentro de moldura oval, à direita. Marca de água do Bispo dentro dum círculo, à direita. Escudo de armas português, em baixo ao centro. Filamento de metal perpendicular, à direita do centro. Duas assinaturas impressas. Côr verde.120 mil notas emitidas a 8-4-1963 e impressas pela Bradbury, Wilkinson & Co., Ltd.

D. Belchior Carneiro Leitão, também conhecido como Melchior Carneiro, foi um bispo jesuíta português que se destacou pela sua acção missionária, caritativa e de beneficência em Macau.
De nacionalidade portuguesa (nasceu em Coimbra em 1516). Professou votos como Jesuíta em 14 de Março de 1453 e foi ordenado padre em 25 de Abril. Foi o primeiro reitor do Colégio dos jesuítas de Évora (que deu origem à Universidade de Évora).
Em 1555, foi nomeado bispo-titular de Niceia e bispo coadjutor do Patriarca da Etiópia pelo Papa Júlio II. Foi consagrado Bispo a 4 de Maio de 1555 pelo bispo D. Gaspar Jorge de Leão Pereira em Goa. Em Setembro de 1565, a pedido do Papa, viaja para Macau onde exerceu o seu ministério episcopal em prol das missões católicas na China e no Japão. Durante a viagem, esteve em Malaca durante o ano de 1567 onde contactou o bispo local (D. Jorge de Santa Luzia) que lhe entregou a jurisdição eclesiástica sobre Macau.
Chegou a Macau em 1568. Em 1569 fundou o Hospital dos Pobres (posteriormente o Hospital de São Rafael), que acolhia doentes cristãos e pagãos, e a Santa Casa da Misericórdia (primeira instituição europeia caritativa e de beneficência de Macau) com o objectivo de atender às necessidades dos pobres da Cidade. Fundaria ainda a leprosaria junto à Igreja de São Lázaro.
Embora tivesse o título de administrador apostólico para a China e Japão até 1576 (ano da criação da Diocese de Macau) é considerado o primeiro bispo destes territórios. Manteve-se no território como Governador da Diocese até 1581 quando chegou ao território o primeiro bispo de Macau (D. Leonardo de Sá). Em 1577 foi nomeado Patriarca da Etiópia após a morte de Andrés de Oviedo, no entanto, nunca chegou a visitar este território.
Após a chegada de D. Leonardo de Sá, D. Belchior Carneiro retirou-se para a Residência da Companhia de Jesus fundada em 1565 pelos jesuítas Francisco Peres, Manuel Teixeira e André Pinto, localizada ao lado da Igreja de Santo António. Nesta residência, veio a falecer na sequência de uma agudização de asma em 19 de Agosto de 1583 aos 67 anos de idade. Foi sepultado junto ao altar-mor da Igreja da Madre de Deus em Macau.

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