segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Adé homenageado na Academia Brasileira

Jorge Rangel e José Lobo do Amaral, respectivamente presidente e vice-presidente do Instituto Internacional de Macau, que se encontram no Rio de Janeiro para diversas actividades junto de organismos culturais brasileiros, foram recebidos na Academia Brasileira de Letras no passado dia 25 do corrente, para uma singela homenagem a José dos Santos Ferreira (Adé). Um poema em patuá dedicado ao Brasil, da autoria deste saudoso poeta macaense, inserido num painel graficamente elaborado por Victor Hugo Marreiros, foi oferecido pelo IIM à Academia para colocação numa das paredes da sua sede.
Este gesto simbólico veio na sequência da sessão realizada há dois anos naquela prestigiada instituição, por iniciatica conjunta do IIM e da Academia, de homenagem ao escritor macaense Henrique de Senna Fernandes. Na sua intervenção, Jorge Rangel havia lido esse poema, tendo o então presidente da Academia, Cícero Sandroni, revelado interesse em que o mesmo ficasse oportunamente colocado na sede da Academia.
Durante este novo encontro do IIM com altos responsáveis da Academia, foi decidida a preparação de mais um seminário sobre temática macaense, a incluir no programa daquela instituição em 2012.
Texto e imagens do IIM

sábado, 29 de outubro de 2011

Estátua de Jorge Álvares: dia inauguração

16 de Setembro de 1954: inauguração da estátua de Jorge Álvares
Foi o primeiro navegador português a chegar à China (1513) em nome do rei de Portugal. Segundo Luis Keil Jorge Álvares localizou "o lugar do levantamento do padrão com as armas do Reino, testemunho dessa missão, muito perto do porto de Tamau (Ta-mang), a dezoito quilómetros de Cantão, e estabelecendo a data da sua chegada ali em Junho de 1513." Depois dele outras de outros navegadores se seguiriam.  Jorge Álvares viria a falecer nas proximidades do que é hoje Macau em 1921"(...) e foi enterrado ao pé de hum padrão de pedra com as Armas deste Reyno, que elle mesmo Jorge Alvares alli puzera hum ano ante que Rafael Perestrello fosse aquellas partes."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ana Maria Amaro: as primeiras fotos em 1957

"As primeiras fotografias que tirei em Macau foram precisamente no dia 6 de Outubro de 1957 com uma pequena 'máquina caixote´ que o meu pai me ofereceu quando eu entrei para a Universidade. Foi uma espécie de documentário para mandar à família. As de maiores dimensões já foram, posteriormente, tiradas com a Rolex. São ao todo 86. A mais curiosa é o arco armado em bambu no Largo do Senado em homenagem ao Governador Lopes dos Santos. Estas assim como as outras que estão na mesma caixa foram tiradas por mim. Outras há que eu possuo mas foram-me oferecidas pelo Turismo de Macau e outras por um chinês já idoso que tinha uma loja de fotografia muito antiga na Av. Almeida Ribeiro."





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

The Fan Tan Players: romance

“The Fan Tan Players”, livro que mereceu uma nomeação para o Ásia Man Book Prize de 2010, passa-se em Macau da década de 30. O autor, Julian Lees, nasceu e cresceu em Hong Kong, mas passou grande parte de sua vida no Reino Unido a estudar. Durante dez anos trabalhou no ramo financeiro, decidindo trocar uma carreira de números pela das letras. Tornou-se escritor a tempo inteiro há menos de dois anos e tem, até agora, duas obras publicadas, Vive actualmente na Malásia. Para além do inglês existem versões em alemão, polaco estónio e checo. Fica a faltar, por exemplo, português e chinês.
The Fan Tan Players opens in 1928 in Macao on a cyclone-drenched Quasimodo Sunday. Nadia Shashkova, now in her late twenties, but originally a child refugee from pre-revolutionary Russia, is contemplating her diminishing marital prospects. None of the Portuguese suitors who pay their respects appeal to her in the slightest. Independent, astute, an outsider, Nadia is haunted by secrets from her childhood, memories of violence and rupture, and one terrible secret above all others will not let her go. Enter Iain Sutherland, an enigmatic Scot who is, officially, a British Consular representative, and who is very interested in Nadia for a number of reasons. As Nadia and Iain learn about each others' histories, neither of them can anticipate what the future holds for each of them a journey into Russia to find something that has been lost, internment in a Japanese prisoner-of-war camp, a courageous rescue. The Fan Tan Players is an opulent family saga, set in Macao, Russia, the Scottish Highlands and Hong Kong in the 1920s, 1930s and 1940s. Exotic and beautifully written, it is a story of love, history, adversity and adventure.
Julian Lees was born and raised in Hong Kong. After attending Cambridge University he worked for ten years as a stockbroker with UBS and Société Générale. Since then he has written two novels: A Winter Beauty and The Fan Tan Players . Both novels have been translated into German and published by Random House Germany with a third set for release in 2011. The Fan Tan Players has also been published in Polish by Proszynski Publishers. Julian currently lives in Malaysia.
É um livro que começa com uma grande tempestade, um tufão. Macau está a afundar-se como se fosse hoje, como se fosse na semana passada, com o Nesat. Julian Lees escreveu “The Fan Tan Players” e inspirou-se nesta terra, que considera “uma ponte maravilhosa entre duas culturas”. O autor, que editou a obra pela Sandstonepress, estará na RAEM na próxima sexta-feira, 14, para um encontro com os leitores na Livraria Portuguesa, às 18h30.
O romance, que esteve na corrida ao Man Asian Literary Prize, percorre os anos 20, 30 e 40 do século passado, abre em Macau no ano de 1928 mas vai até às paisagens verdes da Escócia e ao frio russo nos invernos que se seguem. A história de amor entre Nadia, uma russa à procura de rumo na vida, e Iain, um oficial escocês com intenções pouco claras, nasce no enclave então sob administração portuguesa, numa terra em que Julian Lees concebe personagens lusas como Izabel, recorrendo a vários termos na língua de Camilo Pessanha.
O autor natural de Hong Kong e hoje a viver na Malásia vai no segundo romance publicado. Antes deu à estampa “A Winter Beauty” (Random House), uma história de amor, exílio e sobrevivência, que também percorre a Rússia e as regiões de Harbin e Xangai entre 1915 e 1930. A trama, neste caso, é baseada na história da sua própria família.
Em entrevista, Lees fala de como é tentador misturar o trabalho de historiador com o de contador de histórias ficcionadas e defende o potencial literário da Macau dos nossos dias. Antes de rumar à Universidade de Cambridge e de trabalhar nos mercados financeiros durante quase uma década, Lees foi descobrindo um território que, durante a infância, ficava à distância de uma viagem de barco pelo Delta do Rio das Pérolas. Agora ficcionou-o. E gostava de ver a suas palavras vertidas para português e chinês.
- Porque é que decidiu usar Macau como pano de fundo para este livro? Nasceu e cresceu em Hong Kong. Qual é a sua relação com o território?
Julian Lees – A minha relação com Macau é de há muitos anos. Quando era criança o meu avô trazia-me de Hong Kong até aqui regularmente. Costumávamos sentar-nos ao balcão do velho Hotel Bela Vista e pedir galinha africana. Ele geria um negócio de ervas medicinais e a pequena fábrica era na Travessa do Enleio [por trás do Jardim de Camões]. O negócio esteve primeiro estabelecido em Xangai, nos anos 1890, e mudou-se para Macau na sequência da tomada da China pelos comunistas. A minha mãe passou a adolescência em Macau. E da parte da minha mulher há também uma forte ligação a Macau – a minha sogra nasceu aí. Quis que “The Fan Tan Players” fosse passado em Macau porque esse lugar foi, e ainda é em menor escala, uma ponte maravilhosa entre duas culturas – a portuguesa e a cantonense. O facto de a história se passar nos anos 1930 também me deu a hipótese de reflectir sobre a elegância gentil e decadente que a cidade teve em tempos. Foi igualmente importante para o desenrolar da história que Macau não tenha sido ocupada pelos japoneses durante a [II] Guerra [Mundial]. Foi um contraste necessário àquilo que estava a acontecer em Hong Kong naquela altura.
- O livro cobre boa parte da primeira metade do século XX. Fez uma pesquisa histórica forte para escrevê-lo?
J.L. – Todos os meus livros envolvem uma pesquisa histórica intensa. Gosto de dar aos meus leitores um forte sentido de espaço e tempo, mas avisando que não quero ficar acorrentado aos factos e à história. Às vezes tenho de lembrar a mim mesmo que, em primeiro lugar e acima de tudo, sou um escritor de ficção e não um historiador, e por isso por vezes permito-me distorcer um pouco a verdade, se isso servir a trama. Normalmente passo pelo menos seis meses a estudar o período e o contexto político antes de começar a escrever.
- Para escrever sobre Macau esteve algum tempo aqui, a vasculhar arquivos? Entrevistou pessoas?
J.L. – Encontrei muito mapas antigos de Macau e deparei-me com um coleccionador de fotografias raras e de material cartográfico sobre o território. Também passei algum tempo no Arquivo Histórico de Macau, o que foi de grande ajuda. No entanto, a melhor inspiração para o livro foi a avó da minha mulher, que viveu em Macau durante a II Guerra Mundial.
- O livro arranca com uma tempestade enorme em Macau, com descrições que podiam ser dos dias de hoje. Alguma vez experimentou estar em Macau durante um tufão, para perceber como é?
J.L. – Nunca fui apanhado no meio de uma tempestade em Macau, mas experienciei muitos tufões enormes em Hong Kong, e por isso foi fácil escrever sobre esse tema. Lembro-me do tufão Hope, que atingiu Hong Kong em 1979. Fustigou as ilhas com ventos que chegaram aos 130 quilómetros. Morreram 12 pessoas e mais de 250 ficaram feridas.
- E porque é que decidiu chamar “The Fan Tan Players” ao livro?
J.L. – O fan tan é um tipo de jogo muito popular na China e ainda é jogado nos maiores casinos de Macau. Acho que o título dá uma referência oriental ao livro e o tema do jogo emparelha com a aventura arriscada da personagem Iain na Rússia soviética, bem como, mais tarde, a tentativa de Nadia em reencontrar-se com Iain num campo de prisioneiros de guerra.
Excerto de artigo/entrevista da autoria de Hélder Beja publicada no jornal Ponto Final de 9-10-2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Liceu (1958-1986)

O Liceu na Praia Grande (1958-1986) numa imagem retirada de uma folheto do turismo (em inglês) publicado no início da década de 1960. Ao fundo destaca-se o ed. D. Leonor e, pela 'ausência', o edifício do hotel Sintra.
Nota: post de homenagem à antiga Prof. do Liceu, Maria Manuel ('Madame'), que no dia 21 de Outubro celebrou o 90º aniversário.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Exposição de homenagem a Nuno Barreto

Aproximou os pincéis da “vida de Macau”. Das pessoas que espreitam pelo fio de uma janela entreaberta. Nas telas de Nuno Barreto encontra-se o movimento da Rua dos Mercadores em acrílico ou os “Sinais de Macau (2)” em aguarela, perpetuando a imagem e o tempo de uma cidade. Mas não são apenas os quadros que desenham o ritmo dos cerca de 20 anos que viveu no território. Na verdade, os seus traços ficaram marcados em muitos percursos artísticos. Para recordar o pintor e fundador da Academia de Artes Visuais de Macau é inaugurada amanhã uma exposição, com 52 das suas obras (datadas de 1981 a 2008), na galeria do edifício do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que organiza o evento.
A mostra, que surge dois anos depois de Nuno Barreto ter desaparecido, é uma “homenagem a um ilustre artista português que se dedicou ao desenvolvimento artístico de Macau”, referiu o responsável pelos Serviços Culturais e Recreativos do IACM, Choi Chi Hong, e também um dos alunos que teve como mestre aquele que diz ser “um dos importantes pintores de gravura”.
A ideia de realizar um evento que prestasse homenagem a Nuno Barreto e aproximasse as novas gerações das suas telas teve origem na sensibilidade de Ernesto Jorge e Jorge Maneiras, curadores da exposição cuja imagem de apresentação remete já para uma característica da sua obra - a temática luso-chinesa. “Depois do desaparecimento de Nuno Barreto penso que não se fez mais do que um evento [no Clube Militar] para homenagear o artista. É um dos maiores artistas plásticos de Macau, por isso considerámos que seria uma boa altura para realizar uma mostra”, explicou Ernesto Jorge.
As obras que serão expostas pertencem a vários coleccionadores privados individuais, como Gonçalo Torres ou Neto Valente, e a instituições como a Autoridade Monetária de Macau, o Instituto Português do Oriente e o Clube Militar. Dado a diversidade de quadros houve alguns obstáculos na organização da exposição, que segundo o IACM, está orçada em 240 mil patacas, sobretudo ao nível do transporte. Um esforço que, reitera o organismo, “vale a pena” pelo contributo artístico para Macau.
A mostra é o resultado de uma escolha que permitia traçar o “retrato” artístico do pintor. “Fizemos uma selecção adequada e equilibrada para que as pessoas tenham essa percepção [da sua obra], sobretudo os mais novos. Todos os artistas plásticos de Macau estão ligados a Nuno Barreto”, enfatizou ainda Ernesto Jorge, acrescentando que desde o início houve apoio dos coleccionadores, mas não foi conseguida uma adesão total.
Nuno Barreto produziu com vivacidade anos a fio, apreciadores e compradores nunca faltaram para as suas obras e nem tudo cabe nas paredes da galeria de exposições temporárias do IACM. Por isso, os curadores da mostra falam na possibilidade de se realizarem outras acções para dar a conhecer um homem que tanto contribuiu para a evolução artística de Macau. O primeiro passo já foi dado.
“O grosso das pessoas em Macau reconheceu a obra de Nuno Barreto. Esta é uma pequena mostra, mas fica lançado o repto para que se façam outras sessões”, referiu Ernesto Jorge notando que poderão ser contemplados espaços maiores para novas exibições dentro e fora de Macau. “Não está fora de questão [uma exposição no Museu de Arte de Macau]. Porque há certamente [outros] interessados em fazer exposições sobre Nuno Barreto em Macau e em Portugal, por exemplo através da Fundação Oriente”, exemplificou. Segundo Ernesto Jorge, mesmo a “própria família de Nuno Barreto está a ponderar expor o seu espólio, com obras que não são ainda conhecidas do grande público”.
Há na verdade muito espólio por mostrar e as acções para aproximar das pessoas a obra de Nuno Barreto “não vão acabar quando esta exposição terminar”, a 20 de Novembro. Até porque como lembra Ernesto Jorge não há um coleccionador que se preze em Macau ou Portugal que não tenha um quadro de Nuno Barreto, homem com coerência que não se sujeitou a modas artísticas passageiras, mas antes segurava firme nas telas as suas impressões.
Homem de talento, que dele já foi dito ser o melhor pintor português das últimas décadas em Macau, entristeceram-no as cópias dos seus quadros que do outro lado da fronteira iam sendo reproduzidas. Na última década não terá havido nenhuma exposição de sua autoria no território, contudo, a sua obra de 1966 a 2006 foi editada em livro pela Fundação Oriente.
O pintor faleceu a 24 de Junho no Porto, a cidade onde nasceu e também iniciou a sua formação artística. Por vários cantos do mundo deixou telas e uma forte impressão artística.
Artigo da autoria de Fátima Almeida publicado no JTM de 20-10-2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Boletim Oficial: a história não se apaga nem prescreve

A propósito do desaparecimento do símbolo da República Portuguesa na versão digital e arquivada do Boletim Oficial de Macau (publicações anteriores a 20 de Dezembro de 1999), publica-se aqui a opinião de uma jurista português há vários anos radicados em Macau. Louva-se o trabalho de digitalização só não se percebe o porquê da tarefa hercúlea que certamente foi retirar o símbolo de cada capa do BO. Macau é "património mundial da humanidade" pela sua cultura, arquitectura e história. Uma história singular a todos os níveis e sem paralelo no mundo - onde Portugal teve um papel fundamental (com erros certamente) durante quase cinco séculos - que resulta da sã convivência (com um ou outro episódio de excepção) entre chineses, portugueses e macaenses (já para não falar de outros que sempre foram uma minoria). Quem ignora tamanha evidência através de tão fútil acto não presta um bom serviço ao território. Já a retirada de alguns símbolos similares de diversos edifícios tinha sido uma atrocidade. Ou será que também pensam deitar abaixo os edifícios feitos pelas gentes de Macau e que estão na lista da Unesco?
"Em 1994, com a supressão da impressão a chumbo (ruidosa, poluente, morosa) na Imprensa Oficial de Macau (IOM), impunha-se que se desse um outro passo: a impressão digital (silenciosa, limpa, rápida, mais barata a médio prazo e conservadora dos acervos em memória). Mantendo-se embora a impressão «off-set», suprimia-se, de um lado, os vestígios de um passado remoto ainda presente mas, por outro, ia-...se desbravando o futuro, dando cautelosamente os primeiros passos. Ademais, era usual a IOM receber imensos pedidos de exemplares de antigos números de Boletins Oficiais, cuja existência em papel se ia esgotando e que a impressão digital garantiria existência ilimitada e sem ocupar espaço físico.  
Adquiriu-se então por seis milhões de patacas a impressora digital Docutech Xerox que passou a imprimir livros, opúsculos e... a coroa de louros da ideia, a impressão digital do Boletim Oficial! (já agora, e para que conste, data do mesmo ano – 1996 - o lançamento do Boletim Oficial no ciberespaço, e gratuito, ainda por cima!). Ora, desde então, a digitalização dos BOs tem sido um facto, e presumo se mantenham em arquivo na memória da impressora digital Docutech Xerox todos os boletins oficiais. Foi essa uma das ideias que presidiu à sua compra, caramba! Mais: deu-se de imediato início à digitalização de todos os boletins oficiais, de frente para trás, processo que, segundo consulta que fiz na página oficial, continuou e chegou até 1976. Nada mau!
Nos últimos dias tem andado na boca de espíritos legitimamente escandalizados a surpresa por ver a supressão dos símbolos da antiga potência administrante de Macau. É claro que é ridículo, para dizer o mínimo, o querer negar ou esconder a História, se não revelasse uma mesquinhez confrangedora. Mas, pergunto, não era previsível, face a outros dados não menos ridículos e não menos anedóticos de tentativas de negação, senão de supressão, da História? As mentes perturbadas pelos radicalismos dos anos 66-76 também chegaram a Macau e continuam por cá e, pior ainda, não se deram conta de que do Norte sopram outros ventos, mais abertos, mais plurais, mais ecuménicos.
Tenho muitos e bons amigos chineses que comungam deste universalismo do homem e das ideias, mas infelizmente o discurso dos parolos e dos atrasados mentais é muito actuante e atrevido e vem intimidando quem não se revê nesta cartilha e põe-se a pensar se não é a oficial. Eu penso que não é. Não pode ser. A China moderna está a dar passos incomensuráveis a caminho do futuro que não pode, nem deve, acoitar gente desta que ainda se revê na cartilha xenófoba dos que só sabem odiar e desprezar o Outro. Como estão longe dos ‘’humanistas’’ chineses do séc. XVI que usaram de tolerância e compreensão da dimensão universalista do ser humano!
Há que saber dar os sinais certos à avalanche de jovens chineses que estudaram e estudam a língua e cultura portuguesas e nelas investiram a sua escolaridade e os seus futuros profissionais. Impõe-se que o Executivo ponha de vez ‘em sentido’ o grupúsculo diminuto de gente que não percebe nada de história nem de convivência secular entre povos que é o que Macau é e quer continuar a ser! Neste, como noutros temas da actualidade, de que, por ora, me abstenho de comentar! Estará, porventura, à espera que venha de novo a Macau o Presidente Chinês em mais um puxão-de-orelhas à elite amorfa e imóvel que não se sabe impor? Abaixo a xenofobia! Abaixo a ignorância atrevida de quem quer mandar mas não tem competência e que, obviamente, tem de ser afastada, para dar lugar ao ar fresco dos novos cidadãos chineses que clamam pelo seu lugar na História Contemporânea. E nós, gente lusa, impõe-se que nos mantenhamos vigilantes contra os bajuladores de serviço que se deixam ‘penetrar’ pelos cavalos de Tróia de mau augúrio."
Artigo da autoria de Eduardo Ribeiro (jurista em Macau) em Outubro de 2011
Nota do autor do blog: porque a história não se apaga nem prescreve!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Homenagem à Prof.ª Maria Manuel Machado

Terá lugar na Casa de Macau em Lisboa no próximo dia 22 de Outubro (sábado), a comemoração do 90º aniversário da Professora Maria Manuel Machado.
Nascida em 1921, casada com um Oficial do Exército, José Luís de Azevedo Ferreira Machado, a Prof.ª Maria Manuel Pereira Sanches Pimenta de Castro Machado desenvolveu toda a sua carreira profissional como professora de francês, tendo leccionado em três continentes: na Europa (Lisboa), em África (Luanda) e na Ásia (Macau).
A estadia em Macau ocorreu em dois períodos, primeiro entre 1954 e 1960, e depois entre 1967 e 1973, acompanhando o marido nas suas comissões de serviço. Ensinou no antigo Liceu Nacional Infante D. Henrique e na Escola Comercial, para além de ter dado explicações a inúmeros jovens macaenses de diversas gerações, tendo ficado conhecida por “Madame”, nome pelo qual ela própria gostava de ser tratada pelos seus alunos, e que ainda hoje muitos carinhosamente mantêm.
As suas qualidades humanas e pedagógicas granjearam-lhe profunda admiração e respeito de todos quantos tiveram a felicidade de a ter como Mestra, continuando até hoje a receber inúmeras provas de amizade dos seus antigos alunos. É mãe de quatro filhos, a Isabel, o Manuel, a Margarida e o Luís. Este último, nascido em Macau e onde praticamente sempre residiu, veio reforçar ainda mais a profunda ligação, quer afectiva, quer profissional, à Cidade do Nome de Deus.
A comemoração do aniversário incluirá o lançamento do livro biográfico “Há Biscoitos no Armário”, da autoria de Jorge Pinheiro, segundo encomenda dos filhos da Aniversariante, sendo convidados a participar na apresentação, e partilha dos “biscoitinhos”, todos os familiares, amigos e antigos alunos.
Excerto de um texto do último boletim (Qui-Nova?) da Casa de Macau em Lisboa

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Banda do Batalhão de Macau: 1863

Publicado na "parte não oficial" do Boletim do Governo de Macau em Dezembro de 1863.
Em 1869 a reorganização das forças militares das províncias ultramarinas, reduziu as forças coloniais mas manteve quatro Bandas militares no ultramar constituídas por 20 músicos: a Banda do Batalhão de Caçadores n.º 3 em Angola; a Banda do Batalhão de Caçadores n.º 1 em Moçambique; a Banda da Guarda Municipal de Nova Goa; a Banda do Batalhão de Macau.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Exposição de Postais Ilustrados Antigos no Brasil

A abertura da exposição de postais ilustrados antigos intitulada “ O Oriente de Influência Cultural Portuguesa (Goa, Macau e Timor)”, acontece dia 18 de outubro de 2011, pelas 19h, no Brasil (Recife). Trata-se de uma Organização do Gabinete Português de Leitura e do Instituto Internacional de Macau. A mostra é constituída por 170 imagens da colecção de João Loureiro.
Na ocasião será apresentada a obra “Liou She_Shun, Plenipotenciário do Império da China.Viagem ao Brasil em 1909”, de Carlos Francisco Moura, co-edição do Instituto Internacional de Macau e do Real Gabinete Português de Leitura.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Macau... em Gaia

Exposição Orientalismo Português: Textos e Contextos (1850-1950)

Exposição bibliográfica e iconográfica. De 11 a 22 de Outubro  na Galeria da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O evento servirá ainda para apresentar o livro "Macau na Escrita, Escritas de Macau". Edição conjunta da Húmus e do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, organizada pelas Profª.s Doutoras Ana Paula Laborinho e Marta Pacheco Pinto, reúne as contribuições dos participantes nacionais e internacionais do Colóquio Internacional “Macau e a Escrita” realizado em 2008 no âmbito do Projecto Orientalismos.
Excerto:
«(…) o estatuto ímpar de Macau como uma “região literária” capaz de continuar a assegurar a ligação complexa entre Portugal e a China, mas também entre a Europa e o Extremo Oriente. Num momento como o actual, em que se procuram recuperar, de forma mais complexa e justa, os termos da complexa relação que Leste e Oeste foram tecendo ao longo da história, este volume vem contribuir, de forma decisiva, no sentido de se olhar para Macau não apenas como um território geográfico, mas como um conceito cuja força simbólica não deve ser descurada, e com conteúdos literários pelos quais passam também determinações históricas e políticas. Escrever (em) Macau é, desta forma, um acto que constitui parte integrante daquilo que Macau sempre foi e continua a ser.»

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Macau no intercâmbio sino-luso-brasileiro

O Instituto Internacional de Macau e o Instituto Brasileiro de Estudos da China e Ásia-Pacífico estão a organizar o III Seminário “O Papel de Macau no Intercâmbio Sino-Luso-Brasileiro”.
Depois de ter ocorrido em Macau (no dia 6), acontece em Portugal a 14 de Outubro (Sexta-Feira), pelas 17h30, no Palácio da Independência, (Largo de S. Domingos) em Lisboa.
Na ocasião serão apresentados pela primeira vez em Portugal os últimos títulos editados pelo IIM. Entre eles está o Volume XXI da Colecção Mosaico - "Sun Yat-Sen e a fundação da República Chinesa vistas de Portugal" de António de Vasconcelos Saldanha; e "Liou She-Shun Plenipotenciário do Império da China - "Viagem ao Brasil em 1909", da autoria de Carlos Francisco Moura.Este seminário será ainda apresentado no Brasil (Rio de Janeiro) no dia 26 de Outubro.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Memórias contadas por Ana Maria Amaro

O Seminário Permanente de Estudos sobre Macau "tem a honra de apresentar e de usufruir das narrativas etnográficas e das fotos inéditas da colecção privada da Professora Ana Maria Amaro, numa palestra que será ilustrada". A iniciativa está agendada para o próximo dia 27 de Outubro às 18 horas na sala de reuniões fica na torre principal (7º andar) da FCSH (Av. de Berna, n. 26 Lisboa).
Ana Maria Amaro é Professora Catedrática Jubilada (ISCSP)  e Presidente do Instituto Português de Sinologia. Viveu em Macau durante a década de 1960.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Estátuas... que regressaram

Derrubada durante o “1,2,3” de 1966, a estátua do herói Nicolau de Mesquita nunca mais foi exibida. A Associação de Comandos promete voltar a mostrá-la em breve em Portugal.
Na galeria de heróis da história de Macau dois nomes se destacam: Ferreira do Amaral e Vicente Nicolau de Mesquita. Entre eles, vários pontos de contacto: ambos militares, desempenharam papéis relevantes num dos momentos mais tensos da história do território (provavelmente o momento mais complicado da relação entre a administração portuguesa e a China). Por isso, ambos tiveram direito a estátuas que, também aí se encontram, passaram pelas mais diversas vicissitudes. As de Ferreira do Amaral são conhecidas e acabaram por ter um desfecho que, apesar de tudo, se pode considerar positivo, face ao que aconteceu à de Nicolau de Mesquita.
Derrubada por manifestantes chineses durante o “1, 2, 3″, ficou recolhida em Macau até meados dos anos 1980, à guarda das Oficinas Navais. Em meados dessa década, a Associação de Comandos fez um pedido junto do então governador Almeida e Costa para trazer a obra para Portugal, através da delegação no território. Desde então que está à guarda da Associação. José Lobo do Amaral, presidente da direcção nacional da Associação, esclareceu o Ponto Final que a estátua, que se encontrava bastante danificada, veio para Portugal, mas nunca foi exibida por falta de um local adequado. Agora que a Associação está a constituir o Museu Comando, a estátua será finalmente mostrada ao público, já restaurada. “Encontrado esse local, que pertence à Associação, está a estudar-se a melhor maneira de a exibir, integrada no espólio do Museu Comando”, diz José Amaral.
“Heróica e corajosa”
Após o assassinato de Ferreira do Amaral, coube a Nicolau de Mesquita defender a então colónia; cerca de 500 chineses encontravam-se reunidos no Forte do Passaleão, que Mesquita tomou, com a ajuda de 32 homens. A sua acção é rotulada, em diversos livros, como heróica e corajosa. Uma frase do tenente Mesquita entrou para a história: ‘quem quiser morrer que me siga’. Como lembrava este ano o investigador António Aresta, “as Portas do Cerco, melhor dizendo, Porta do Cerco, foi inaugurada em 1871, ostentando duas datas simbólicas, uma referente ao assassinato de Ferreira do Amaral (22 de Agosto de 1849), a outra, dedicada a Vicente Nicolau de Mesquita e à Batalha do Passaleão (25 de Agosto de 1849)”. O acerto de contas fez-se, mais de um século depois, em 1966, durante o “1,2,3”, tendo a estátua sido vandalizada. Restou o busto no Cemitério de São Miguel.
A estátua mais antiga
Diz-se que a história está cheia de ironias e esta pequena ronda por algumas das estátuas mais importantes de Macau comprova-o: não foi apenas Ferreira do Amaral que ‘perdeu’ a cabeça e não foi apenas a estátua de Nicolau de Mesquita que foi derrubada em Dezembro de 1966. Também aquela que é provavelmente a estátua mais antiga conhecida em Macau foi decapitada nessa altura. Conhecida como a Estátua do Holandês (ou mais correctamente ‘Figura de Ocidental [Holandês?]’, como é referido nos documentos da Fundação Oriente, “teria sido realizada por prisioneiros holandeses, na sequência da tentativa falhada de conquista do território por uma armada dos países baixos, no ano de 1622” (a batalha de 24 de Junho de 1622, uma das datas mais importantes da história de Macau).
Foi Monsenhor Manuel Teixeira quem mais se interessou pela estátua, registando que terá estado na Fortaleza da Guia, tendo sido levada por ordem do governador Silvério Marques (1959-1962) para um ‘Museu Arqueológico das Ruínas de São Paulo’. Degolada em 1966, a estátua foi novamente unificada por iniciativa de Alfredo Augusto Almeida, que recolheu o corpo da figura, e de funcionários das Obras Públicas, que encontraram a cabeça num esgoto. Na década de 1990, a estátua encontrava-se na Casa Garden, sede do extinto Museu Luís de Camões até 1989, e edifício principal da Fundação Oriente em Macau. Em 1999 veio para Lisboa, para integrar a exposição “Os Fundamentos da Amizade. Cinco séculos de relações culturais Luso-Chinesas” e no final passou para os jardins da sede da FO em Lisboa, de onde transitou para o Museu do Oriente. Ou seja, tal como as estátuas de Ferreira do Amaral e de Nicolau de Mesquita, também esta se encontra em Portugal.
Artigo intitulado "Voltar a ver gente 45 anos depois" da autoria de J.P.M. no jornal Ponto Final de 11-10-2011
Nota: informação (e fotos) adicional em vários post's, incluindo este:

domingo, 9 de outubro de 2011

ADM prepara "Álbum da Malta"

A ADM celebra este ano o 15º aniversário. O ano ficou marcado pela renovação do site www.admac.org e alguns novos conteúdos. “A Voz”, boletim trimestral da associação, passou também para formato digital e iniciou-se a preparação do “Álbum da Malta”, uma recolha de fotografias de membros da comunidade macaense, com propósitos tanto documentais como afectivos, e das quais aqui se reproduzem alguns exemplos. Os contributos devem ser feitos através dos contactos da ADM que estão no site.
Em declarações à imprensa de Macau Miguel Senna Fernandes, o presidente da ADM revelou que “Em princípio, pensamos publicá-lo no próximo ano”. MSF diz ainda que “As pessoas que estão nas fotografias ainda estão vivas e vão recordá-las com muita saudade. A geração nova vai ter uma noção de como eram os seus pais, o que é que eles faziam. E aqueles que não fazem parte da comunidade pelo menos têm uma ideia de que os macaenses estão sempre em todos os aspectos da vida social de Macau. Uma foto vale muito mais do que palavras. As pessoas vão poder ver o que é que era a comunidade macaense, o que fazia. O macaense não caiu do céu. Esteve sempre no terreno, em todos os aspectos da vida de Macau”.
 Pessoal do jornal Notícias de Macau num convívio cerca de 1965 no restaurante Fat Siu Lau. Na imagem reconheço por exemplo: António Maria da Conceição, Herman Machado Monteiro, Adelino Conceição, Luis Gonzaga Gomes, Abreu, Raúl Rosa Duque, Patricio Guterres, Chicho Luz, Leonel Borralho.
Foto cedida por Domingos Rosa Duque.
Equipa de futebol do Seminário de S. José. Campeonato inter-escolar 1957-58.
Foto cedida por Sebastião Rosa.
Os Rockers. Foto cedida por Mário Siqueira
Equipa de hóquei em campo da Escola Comercial em 1961.
 Foto cedida por Roberto Badaraco
Procissão do 13 de Maio em 1960. Foto cedida por Gina Badaraco Vieira

sábado, 8 de outubro de 2011

Postal: Gruta de Camões início séc. XX

Colecção "Colónias Portuguesas". Editado cerca de 1910 a partir de um cliché* de Joaq. António feito cerca de 1890. Nesta colecção existiam pelo menos mais três postais alusivos à gruta.
*Na linguagem tipográfica diz respeito a uma matriz geralmente feita em metal cuja técnica é a mesma usada na linotipia ou anterior a essa na xilogravura. Clichê é uma placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, habitualmente zinco, para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica. Pensem num jornal à moda antiga, daqueles em que o tipógrafo ia formando as palavras e os textos  numa caixa de madeira, onde as letras estavam separadas por ordem alfabética. Esta era a função da composição. Com as fotografias acontecia o mesmo. Primeiro tirava-se a fotografia, depois ela era enviada para onde se fabricava o cliché. A foto voltava numa placa de zinco sobre uma madeira para que ficasse da mesma altura dos tipos. Em suma, as fotos eram transformadas numa espécie de carimbo pelo que para publicar novamente uma determinada foto era necessário ir a um depósito onde havia pilhas de clichês e encontrar o clichê desejado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

HSF: um ano depois da morte

“Melhor homenagem era ser lido pelos alunos”
Professor, advogado, mas sobretudo um contador de histórias, um retratista de Macau através das palavras. Um ano depois de Henrique de Senna Fernandes ter falecido permanece a obra, a memória de um homem simples e ainda tantos episódios por contar. A intenção do Instituto Cultural de editar contos inéditos e reeditar algumas obras do escritor macaense é “um grande passo”, considera o filho Miguel de Senna Fernandes.
Desde pequeno que sabe que as gavetas guardam partes de Macau, algumas ainda escritas à mão. Nas memórias de infância há até “um livro completo”num baú que talvez tenha desaparecido durante “as mudanças de escritório”. O pai falava-lhe sempre desse conto e de outros que guarda e também ainda não são conhecidos do público. Mais páginas com recantos (desconhecidos) que Henrique de Senna Fernandes descreveu com palavras que às vezes são mais imagens, que às vezes são mais as pessoas do que as personagens, que existem. A obra de Henrique de Senna Fernandes não acaba nos livros publicados. Aliás, quem se recorda de o ouvir contar histórias sabe que está a ler uma narrativa aberta.
Nas gavetas ficaram mesmo romances completos, ou talvez inacabados para o autor, pequenos contos pitorescos que falam da essência de Macau. Dado o peso desta obra para a comunidade, o Instituto Cultural (IC) já manifestou o interesse de reeditar alguns romances, como “Amor e Dedinhos de Pé” ou “A Trança Feiticeira” e publicar os inéditos, mencionou Miguel de Senna Fernandes. “Há muita coisa escrita, incompleta, texto disperso, há que pensar num plano para recuperar a obra. Ainda bem que o IC manifestou vontade de reeditar e publicar os livros”, já no ano passado, frisou na terça-feira, dia em que família e amigos recordaram o contador de histórias, um ano depois do seu falecimento.
Ciente de que as obras do pai “são importantes” para compreender a alma desta terra, Miguel de Senna Fernandes concorda com este projecto, que reconhece entretanto ainda não ter avançado por falta de tempo. Além de ser necessário dactilografar vários manuscritos, terá ainda de se pensar como recuperar a obra, dado que alguns contos estão inacabados, explicou, ao sublinhar que será um projecto muito significativo. “Julgo que este iniciativa é importante. O meu pai queria que as obras fossem editadas. Ainda em vida soube que havia uma movimentação para que tal fosse feito e mostrava-se satisfeito”, recordou ao JTM.
HSF na sala de aulas da Escola Comercial em 1966
“Vamos precisar de ajuda. Ainda bem que o IC mostrou este interesse. É já um grande passo”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes, que neste momento se encontra a preparar as comemorações do 15º aniversário da Associação dos Macaenses e a candidatura do Teatro em Patuá a Património Cultural Intangível da RAEM.
O que está por publicar contém também excertos de uma Macau que Henrique de Senna Fernandes parecia desenhar nas suas mãos, todos os dias. “São pequenos contos, pitorescos. Sem querer exagerar, já que dizem que há essa tendência por parte dos filhos, o certo é que ele tinha uma capacidade para recriar situações e muitas experiências vividas, numa rua, num beco. Pinta com grande mestria o ambiente de Macau. O meu pai era muito apaixonado pelos acasos, e inspirava-se muito em episódios espontâneos”, frisou.
Um ano depois do falecimento de Henrique de Senna Fernandes, que estava prestes a completar 87 anos, seria também “interessante” ver a sua obra mais perto das escolas. Até porque, “a melhor homenagem a Henrique de Senna Fernandes era ser lido pelos alunos”, reconhece o filho do “homem simples”, que além de advogado também foi um professor capaz de cativar os estudantes com as histórias que só ele lhes sabia contar.
Artigo da autoria de Fátima Almeida publicado no JTM de 6-10-2011
HSF no Clube de Macau. Foto de AJM Nunes da Silva
Nota: HSF morreu a 4 de Outubro de 2010. Antes do final do ano deverá ser publicado um dos seus últimos trabalhos, o romance "A noite caíu em Dezembro".

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Novas edições IIM

A saber:
- “Sun Yat-Sen e a fundação da República Chinesa vista de Portugal” do Prof. António Vasconcelos de Saldanha, ex-presidente do IPOR e catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (Universidade Técnica de Lisboa).
- “Macau e o Intercâmbio Sino-Luso-Brasileiro — Importância do Fórum de Macau para o Brasil”, da Embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
- “Liou She-Shun, Plenipotenciário do Império da China – Viagem ao Brasil em 1909”, de Carlos Francisco Moura, investigador académico e colaborador do IIM no Rio de Janeiro.
As três novas edições do Instituto Internacional de Macau (IIM) vão ser apresentadas no seminário “O Papel de Macau no Intercâmbio Sino-Luso-Brasileiro”, que se realiza esta 5.ª feira, às 18 horas, no auditório do IIM, sendo oradores o Prof. Severino Cabral, presidente do Instituto Brasileiro dos Estudos da China e da Ásia Pacifico, e o Eng.º Lourenço Cheong, empresário e ex-membro do Conselho Executivo do IPIM.