quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Luís Maria Baptista da Costa: recordações dos familiares

Este post é mais um exclusivo do blog Macau Antigo. Conta a história de um militar, Luís Maria Baptista da Costa, que no final da década de 1940 cumpriu uma missão em Macau como ajudante-de-campo (militar oficial às ordens de um general) de Laurénio Cotta Morais dos Reis que assumirá o cargo de Comandante Militar da Colónia de Macau a 27 de Agosto de 1949. Este cargo era até então desempenhado em acumulação pelo Governador. Morais vai manter-se no cargo até Setembro de 1950. Voltando a história do então tenente Luís Costa...
Vista da Penha: década 1950
"Meu irmão, Luís Maria Baptista da Costa, na altura tenente, integrou o contingente que partiu para Macau a 15 de Julho de 1949 na qualidade de Ajudante de Campo do Comandante Militar, Gen. Cotta de Morais. Regressou com o mesmo contingente em 1951. Cerca de dois anos depois casa e parte para Moçambique onde, em 1955, nasce sua filha Luísa Maria G.S. Baptista da Costa. Passam os anos e chegamos ao 25Abril. Sendo um homem progressista integrou o MFA. Sucede o 25 de Novembro e…é passado à reserva. Entretanto, como tinha concluído o ISCEF, passa a trabalhar em consultadoria, apoiando o Poder Autárquico. No verão de 1983 aparecem complicações digestivas, sintomas da trágica doença que, em três meses, o leva à morte. 
 Baptista da Costa: da esq. para a dta. é o 4º

 Baptista da Costa junto à estátua
Onze anos mais tarde, nossa sobrinha Luísa Maria vem com a novidade que nos deixou de boca aberta:Parece que tenho uma irmã chinesa!!!…e conta que entraram em contacto com ela informando-a que tinha uma irmã, Maria da Fátima , filha de Matilde Rosa Dias, funcionária dos Correios de Macau na altura. Matilde teve um romance com meu irmão, de que resulta a Fátima. Entra em baixa médica, evitando assim qualquer contacto com meu irmão. Fê-lo com receio que, aquando do seu regresso, lhe ‘roubasse’ a menina (situação que constava ocorrer com frequência). Assim, meu irmão nunca soube que teve esta filha! Em princípios de 1974, Matilde e Fátima resolvem vir para Portugal. Aqui, Fátima, sabendo há muito quem era o pai, procurou seu nome na lista telefónica e encontra-o. Contou à mãe, que confirmou mas não deu saída, pois já sabia que ele tinha constituído família.Um pouco mais tarde junta-se-lhes o tio Aka, de seu nome Carlos Henrique Dias. Passam-se mais uns anos e, em 1993 Aka morre; cinco meses depois, véspera de Natal, Matilde desaparece também.
Porto Interior (hotel Kuok Chai ao fundo) no início da década de 1950
Em cinco meses Fátima vê-se só. Colegas dão-lhe apoio; a mulher do Director instiga-a e apoia-a a encontrar a família paterna. O que faz. Quando a Luísa traz a novidade, ficámos demasiado interessados e pedimos-lhe que a convide a vir a nossa casa, o que sucede em 15 de Maio de 1994.Naturalmente que a curiosidade era muita e, procurando ver nela sinais de meu irmão, reparo em suas mãos: cópia fiel das de nossa mãe e sua avó… ficando tudo esclarecido!P assa a visitar-nos com assiduidade, desenvolvendo-se a intimidade. Passando fins de semana connosco, passamos em breve a viver juntos (ela, eu e minha mulher Mariana Baptista da Costa) .Cumprindo o que meu irmão não deixaria de fazer, em 17/7/98 foi registada como minha filha, incluindo ‘Baptista da Costa’ no seu apelido conforme seu direito, e ficando plenamente integrada na família. Ainda uma questão: grandes afinidades marcam nossas carácteres e os mistérios do amor fazem com que, sendo filha de meu irmão seja minha filha também!" A. J. Baptista da Costa
Como forma de agradecimento pela partilha desta história, reproduzo um conjunto de imagens retiradas de um pequeno filme feito em Macau nos primeiros anos da década de 1950 pelo director dos Serviços de Obras Públicas.

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