Ao longo dos anos tenho encontrado diversas referências a este fotógrafo de Macau na transição do século 19 para o século 20. Graças a esta fotografia pode-se finalmente concluir que a designação correcta do seu nome é Man Foc, e não Man Fook ou Man Took como aparece em muitos documentos que tenho pesquisado. O estúdio de fotografia ficava no Largo da Caldeira, no Porto Interior.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Arquitecto Chorão Ramalho: 1914-2001
A antiga Escola Comercial Pedro Nolasco, de 1966, onde actualmente funciona a Escola Portuguesa em Macau, é, segundo os entendidos, o melhor da obra de Raul Chorão Ramalho (1914-2001), um dos melhores arquitectos portugueses do século XX.
Das suas obras fazem parte hospitais (Viana do Castelo, Beja), centros de Seguranca Social (Funchal, Setúbal, Angra), embaixadas (Brasília), hotéis (Funchal, Alentejo), centrais hidroeléctricas (Madeira) e muitas, muitas obras de habitação, comércio, infra-estruturas (e várias delas em Macau).
O edifício da escola é um dos melhores exemplos da arquitectura moderna de Macau construída no século XX, e um dos melhores representantes da chamada "arquitectura cívica" e urbana dos anos 1960-70, do Sul da Ásia - como foi bem apresentado na conferência promovida pela ARCASIA em Dezembro de 2004, em Macau. Encontra-se em muito bom estado de conservação e uso, tendo sido restaurado em 1998-99 com ampliação das suas instalações.
Lar N. Sra. da Misericórdia
Devido à degradação do antigo edifício construído em 1925 na Rua D. Belchior Carneiro, em 1998, o Lar da Nossa Senhora da Misericórdia foi reconstruído.
O novo Lar da Nossa Senhora da Misericórdia começou, em 21 de Junho de 2000, a prestar serviço de acolhimento. Com o encerramento, no mesmo ano, do Albergue da Santa Casa da Misericórdia, os seus utentes passaram para o novo Lar. O equipamento reconstruído, cuja fachada representa a do antigo lar, dispõe de espaços destinados aos usos específicos, designadamente, secretaria, cantina, cozinha, capela, sala de fisioterapia bem apetrechada, sendo o novo edifício de 5 pisos destinado ao acolhimento dos idosos de ambos os sexos. São os destinatários do lar os idosos desamparados ou que lhes falta suporte de familiares ou amigos, e cujas necessidades não podem ser respondidas por outros meios sociais a não ser o internamento em lar, cujos serviços compreendem serviço de acolhimento permanente, cuidados normais à vida quotidiana e à saúde, actividades de convívio e outros serviços sociais.
Rua D. Belchior Carneiro,
Largo da Companhia, n.º 19, junto às Ruínas de S. Paulo
Augusto Cabrita em Macau
Augusto Cabrita (1923-1995), fotógrafo e cineasta de renome internacional. Ganhou variados prémios nacionais e internacionais, na Europa, Brasil e Oriente. Trabalhou para a Televisão e para o Cinema, tendo ganho o prémios com as curtas-metragens "Macau" e "Improviso Sobre o Algarve" (Prémio Internacional de TV de São Paulo), em 1961. Três fotos de Augusto Cabrita aquando da sua passagem por Macau na década de 1960 Augusto Cabrita efectuou várias missões no Oriente na década de 1960, tendo passado pela Índia e por Macau. Para além do cinema dedicou-se também à fotografia. Em 1983 realizou-se uma exposição intitulada "Impressões do Oriente". Publicou diversas reportagens no "Século Ilustrado".
S. Francisco: convento, quartel e museu
Convento S. FranciscoHá mais de quatro séculos foi construído pelos espanhóis um convento onde hoje existe o Museu das Forças de Segurança de Macau. Os portugueses transformaram o convento em quartel, tendo sido criadas aí uma fortaleza e uma bateria. Durante a administração do território de Macau pelos portugueses, esta construção era usada pelo Comando Territórial Independente de Macau (CTIM), ou seja, um órgão de comando militar. Depois de ter sido retirada, em 1975, a tropa portuguesa que foi destacada em Macau, passou a ser o edifício das Forças de Segurança de Macau.
TRANSFORMANDO O CONVENTO EM QUARTEL
TRANSFORMANDO O CONVENTO EM QUARTEL
Frades castelhanos fundaram o Convento de S. Francisco, inaugurado a 2 de Fevereiro de 1580. A estrada e o jardim tomaram também o nome do santo titular do convento, mas os chineses ainda hoje os lhe chamam “ dos castelhanos ”. Em 1861 o governador Coelho do Amaral mandou demolir o convento e construir, para o batalhão de primeira linha, um quartel que o destacamento ocuparia a partir de 30 de Dezembro de 1866. O quartel foi reconstruído em 1937.
ARTIGOS TRANSFERIDOS PARA AS IGREJAS
Após a demolição do convento de S. Francisco, de toda aquela grandiosa fábrica – convento e igreja – hoje nada resta senão o nome de S. Francisco dado ao quartel, ao jardim contíguo e a uma estrada da Solidão. O recheio da igreja de S. Francisco – imagens e alfaias – foi dali transferido, parte para a Sé e parte para S. Domingos ; o altar do Crucifixo foi para a igreja do Seminário de S. José, onde ainda hoje se encontra, bem como umas pilastras que sustentam o coro; quanto às alfaias e objectos da Confraria de N. Sra. dos Anjos foram, em 1872, para a igreja de Sto. Agostinho.
Fortaleza de S. Francisco e Bateria rasante 1.º de Dezembro em 1880;
imagem publicada na revista TA-SSI-YANG-KUO, de J. F. Marques Pereira,
Série I – Vol. II de 1889
FINS MILITARES DA FORTALEZA DE S. FRANCISCO
No passado, acomodando várias fortalezas, a fortaleza de S. Francisco tem demonstrado função primordial para fins militares.
Em 1601 foi iniciada em Macau a fortificação pelos portugueses. Em 1613 foi construído o baluarte da Barra, que é a mais antiga fortificação de Macau. Em 1622 havia então uma bateria no ponto onde hoje existe o forte de Santiago da Barra, outra em São Francisco e uma terceira em Bomparto. Na mesma altura foram mencionadas : Fortaleza de N. S.ª do Monte de S. Paulo, depois fortaleza de S. Paulo ; Forte de N. Sr.ª da Guia ; Forte de Patane e Forte de N. Sr.ª da Penha de França.
A primitiva fortaleza de S. Francisco tinha um plano irregular, a fim de seguir os contornos da base de apoio onde estava localizada. A fortaleza sofreu alterações depois de 1775, e a mesma posteriormente edificada em 1864 tinha uma forma mais regular. Em 1872 foi desenvolvida uma fortificação costeira situada precisamente abaixo da fortaleza de S. Francisco, designada por Bateria 1.º de Dezembro, para controlar, assim, tanto a navegação entre Macau e a Taipa, como a aproximação do Porto Interior. Mas tudo isto desapareceu quando começavam os trabalhos de aterro em 1921.
Em 1601 foi iniciada em Macau a fortificação pelos portugueses. Em 1613 foi construído o baluarte da Barra, que é a mais antiga fortificação de Macau. Em 1622 havia então uma bateria no ponto onde hoje existe o forte de Santiago da Barra, outra em São Francisco e uma terceira em Bomparto. Na mesma altura foram mencionadas : Fortaleza de N. S.ª do Monte de S. Paulo, depois fortaleza de S. Paulo ; Forte de N. Sr.ª da Guia ; Forte de Patane e Forte de N. Sr.ª da Penha de França.
A primitiva fortaleza de S. Francisco tinha um plano irregular, a fim de seguir os contornos da base de apoio onde estava localizada. A fortaleza sofreu alterações depois de 1775, e a mesma posteriormente edificada em 1864 tinha uma forma mais regular. Em 1872 foi desenvolvida uma fortificação costeira situada precisamente abaixo da fortaleza de S. Francisco, designada por Bateria 1.º de Dezembro, para controlar, assim, tanto a navegação entre Macau e a Taipa, como a aproximação do Porto Interior. Mas tudo isto desapareceu quando começavam os trabalhos de aterro em 1921.
CANHÕES E PAIOL
A fortaleza de S. Francisco tinha seis aberturas para seis armas de bronze e dois pequenos torreões de observação no cimo das muralhas de Leste e Oeste. Na base da fortaleza havia um reduto, construído em 1623, que se projectava para o mar e que tinha apenas uma abertura para a maior peça de artilharia de Macau – uma colubrina que disparava tiros de balas de ferro de 16kg com um alcance de 2,5km. Em 1745 a fortaleza de S. Francisco tem sete peças e um paiol do lado esquerdo.
Texto do site da Direcção dos Serviços de Forças de Segurança de Macau
Presença militar portuguesa em Macau: obras de referência
Para além de informação avulsa sobre o tema, existem pelo menos duas obras de referência. A saber:
“Os Militares em Macau”, publicada pelo Comando Territorial Independente de Macau, em 1975, da autoria do Pe. Manuel Teixeira;
“Unidades Militares de Macau”, de Armando A. Azenha Cação, edição das Forças de Segurança de Macau, 1999.
Forças Armadas Portuguesas em Macau
Imagem inédita: Quartel de Mong Ha, 1949
(foto cedida por Luís Amadeu Marrucho, militar em Macau de 49 a 51)
Nome da 'entrada' incluída no Dicionário Temático da Lusofonia, da autoria do General José Eduardo Garcia Leandro, ex-Governador de Macau.
“Numa expansão oriental que tem a sua referência inicial com a chegada de Vasco da Gama a Calecute em 1498, o Império Português do Oriente expandiu-se com grande rapidez, tendo Diu sido conquistada em 1509, Goa em 1510 e tendo atingindo Malaca em 1511, naquela que foi uma das principais bases de Afonso de Albuquerque. Em função do conhecimento já existente daqueles mares, em 1513 Jorge Álvares chega a Macau numa viagem que parece ter sido de iniciativa própria.
De Macau partiu-se para a China e o Japão, tendo-se aqui chegado em 1557. Nesta concepção de império comercial existia um triângulo estrutural Goa-Malaca-Japão, sendo Macau apenas um ponto de passagem e de apoio logístico, com grande actividade comercial que também beneficiava a China.
Não existe comparação entre a presença portuguesa em Goa e em Macau. Aquela foi a cabeça de um império político, económico, religioso, militar onde a presença portuguesa se afirmou fazendo quase apagar os traços locais. Macau foi um caso diferente, contando a presença de portugueses com um número reduzido, onde duas culturas e populações coabitaram sem se chocar. Tratou-se de uma chegada com pequenos efectivos em que o comércio e a religião tinham o primeiro lugar, e os militares faziam a protecção possível embora sem grandes efectivos. Historiadores afirmam que em 1568 já viviam em Macau cerca de novecentos portugueses.
Criou-se ali, aquilo a que o professor Almerindo Lessa chamou a ‘I República Democrática do Oriente’, no sentido em que foi uma República de Comerciantes tendo como órgão representativo e eleito o Senado criado em 1583; entretanto, já havia diocese desde 1576 (a terceira do Oriente depois de Goa e Malaca).
Até 1841, data em que os Ingleses tomaram posse de Hong-Kong, Macau foi o ponto de chegada e de apoio para qualquer ocidental que quisesse visitar a China.
Com a transferência do esforço estratégico para o Brasil (D. João III), com as consequências da dominação filipina, com a expulsão do Japão (1639), a perda de Malaca (1641) e, mais tarde, com a presença imperial britânica em Hong-Kong, Macau foi perdendo importância.
Nos períodos de maior fraqueza afirma-se que ‘a soberania portuguesa naquele território era quase letra morta’ (Dicionário de História de Portugal Ilustrado).
Com o governador Ferreira do Amaral (1846-1849) é feito um grande esforço de afirmação de soberania, jogando com os problemas internos da China e com as consequências da Guerra do Ópio (1839-1842) com o Império Britânico. Tais acções concretizaram-se nos Tratados de 1862 e de 1887.
Ainda em 1912, a presença dos Portugueses não estava consolidada em todo o território, tendo havido naquele mesmo ano uma batalha com os piratas em Coloane.
Num território com estas características, dentro de uma lógica de império e com a sociedade que ali se foi criando, ocorreu naturalmente que os militares, quer do Exército, quer da Marinha, tiveram grande importância, tanto no povoamento, como nas funções desempenhadas que ultrapassaram quase sempre o aspecto estritamente militar.
Embora com todas as contingências e eventos do século XX (quedas das Monarquias portuguesa e manchú em 1910 e 1911), regimes autoritários (Ditadura Militar e Kuomintang) ambos em 1926, ocupação da China pelo Japão e II Guerra Mundial (final da Guerra Civil e regime comunista em 1949, revolução portuguesa em 1974), a situação de Macau tendeu a estabilizar-se, muito contando com a participação dos militares na Administração, na Educação, na Saúde e em actividades técnicas como a Engenharia e a Hidrografia.
A presença de forças militares constituídas começa praticamente com a fundação em 1557, sendo que o primeiro capitão-geral é de 1623, mas o governo da cidade foi desde 1583 do Senado ( mais tarde designado por Leal Senado).
O governador mandava apenas nas fortalezas e nos soldados que as guarneciam, o que provocou atritos frequentes entre a autoridade militar e a civil. Esta situação só terminou em 1833 quando, por decreto régio, o Senado viu reduzidas as suas funções às de uma simples Câmara Municipal.
Desde 1616 que existia um comandante militar com forças que em 1622 não ultrapassavam cento e cinquenta homens (sessenta portugueses e noventa macaístas). A designação de Leal Senado foi atribuída por, mesmo durante a ocupação filipina, nunca ter sido arreada a bandeira de Portugal.
Os efectivos militares atingiram os seus valores mais elevados no primeiro lustro dos anos 50 do século XX. Após a criação da República Popular da China em 1949, os militares europeus e os de Moçambique terão atingido cerca de seis mil, havendo a considerar ainda o pessoal de Macau (de origem europeia, macaense e chinesa). Grande parte da população europeia e mista de Macau foi-se constituindo e crescendo à custa dos militares que ali prestavam serviço e depois ali se radicavam e constituíam família.
Em 31 de Dezembro de 1975 foi posto um fim formal à presença de unidades militares, nomeadamente o Comando Territorial Independente de Macau e o Comando da Defesa Marítima de Macau e suas unidades subordinadas. Todo o seu património foi integrado no território.
Em 1 de Janeiro de 1976 criou-se o Comando das Forças de Segurança de Macau na dependência do Governador, cuja responsabilidade exclusiva era a Segurança Interna, já que a Segurança Externa passou a ser da competência do Presidente da República e assegurada por meios diplomáticos e políticos (Estatuto Orgânico de Macau - Lei Constitucional 1/76, de 17 de Fevereiro de 1976). Oficiais e sargentos do Exército e da Marinha continuaram a prestar serviço nestas Forças.
Atendendo a que a população portuguesa nunca terá ultrapassado os 4%, o que teve obviamente consequências na própria expansão da língua, população que tem vindo a reduzir-se após a transferência da Administração, pode-se já concluir sobre as áreas onde a influência portuguesa foi mais marcante e que são (para além de uma comunidade católica que terá atingido cerca de vinte e cinco mil), indiscutivelmente, a urbanização, a arquitectura, a gastronomia e a estrutura do Estado e da máquina administrativa. Nesta última assumem particular relevância o funcionamento da máquina judicial e dos serviços de saúde e, muito particularmente, o das Forças de Segurança.”
De Macau partiu-se para a China e o Japão, tendo-se aqui chegado em 1557. Nesta concepção de império comercial existia um triângulo estrutural Goa-Malaca-Japão, sendo Macau apenas um ponto de passagem e de apoio logístico, com grande actividade comercial que também beneficiava a China.
Não existe comparação entre a presença portuguesa em Goa e em Macau. Aquela foi a cabeça de um império político, económico, religioso, militar onde a presença portuguesa se afirmou fazendo quase apagar os traços locais. Macau foi um caso diferente, contando a presença de portugueses com um número reduzido, onde duas culturas e populações coabitaram sem se chocar. Tratou-se de uma chegada com pequenos efectivos em que o comércio e a religião tinham o primeiro lugar, e os militares faziam a protecção possível embora sem grandes efectivos. Historiadores afirmam que em 1568 já viviam em Macau cerca de novecentos portugueses.
Criou-se ali, aquilo a que o professor Almerindo Lessa chamou a ‘I República Democrática do Oriente’, no sentido em que foi uma República de Comerciantes tendo como órgão representativo e eleito o Senado criado em 1583; entretanto, já havia diocese desde 1576 (a terceira do Oriente depois de Goa e Malaca).
Até 1841, data em que os Ingleses tomaram posse de Hong-Kong, Macau foi o ponto de chegada e de apoio para qualquer ocidental que quisesse visitar a China.
Com a transferência do esforço estratégico para o Brasil (D. João III), com as consequências da dominação filipina, com a expulsão do Japão (1639), a perda de Malaca (1641) e, mais tarde, com a presença imperial britânica em Hong-Kong, Macau foi perdendo importância.
Nos períodos de maior fraqueza afirma-se que ‘a soberania portuguesa naquele território era quase letra morta’ (Dicionário de História de Portugal Ilustrado).
Com o governador Ferreira do Amaral (1846-1849) é feito um grande esforço de afirmação de soberania, jogando com os problemas internos da China e com as consequências da Guerra do Ópio (1839-1842) com o Império Britânico. Tais acções concretizaram-se nos Tratados de 1862 e de 1887.
Ainda em 1912, a presença dos Portugueses não estava consolidada em todo o território, tendo havido naquele mesmo ano uma batalha com os piratas em Coloane.
Num território com estas características, dentro de uma lógica de império e com a sociedade que ali se foi criando, ocorreu naturalmente que os militares, quer do Exército, quer da Marinha, tiveram grande importância, tanto no povoamento, como nas funções desempenhadas que ultrapassaram quase sempre o aspecto estritamente militar.
Embora com todas as contingências e eventos do século XX (quedas das Monarquias portuguesa e manchú em 1910 e 1911), regimes autoritários (Ditadura Militar e Kuomintang) ambos em 1926, ocupação da China pelo Japão e II Guerra Mundial (final da Guerra Civil e regime comunista em 1949, revolução portuguesa em 1974), a situação de Macau tendeu a estabilizar-se, muito contando com a participação dos militares na Administração, na Educação, na Saúde e em actividades técnicas como a Engenharia e a Hidrografia.
A presença de forças militares constituídas começa praticamente com a fundação em 1557, sendo que o primeiro capitão-geral é de 1623, mas o governo da cidade foi desde 1583 do Senado ( mais tarde designado por Leal Senado).
O governador mandava apenas nas fortalezas e nos soldados que as guarneciam, o que provocou atritos frequentes entre a autoridade militar e a civil. Esta situação só terminou em 1833 quando, por decreto régio, o Senado viu reduzidas as suas funções às de uma simples Câmara Municipal.
Desde 1616 que existia um comandante militar com forças que em 1622 não ultrapassavam cento e cinquenta homens (sessenta portugueses e noventa macaístas). A designação de Leal Senado foi atribuída por, mesmo durante a ocupação filipina, nunca ter sido arreada a bandeira de Portugal.
Os efectivos militares atingiram os seus valores mais elevados no primeiro lustro dos anos 50 do século XX. Após a criação da República Popular da China em 1949, os militares europeus e os de Moçambique terão atingido cerca de seis mil, havendo a considerar ainda o pessoal de Macau (de origem europeia, macaense e chinesa). Grande parte da população europeia e mista de Macau foi-se constituindo e crescendo à custa dos militares que ali prestavam serviço e depois ali se radicavam e constituíam família.
Em 31 de Dezembro de 1975 foi posto um fim formal à presença de unidades militares, nomeadamente o Comando Territorial Independente de Macau e o Comando da Defesa Marítima de Macau e suas unidades subordinadas. Todo o seu património foi integrado no território.
Em 1 de Janeiro de 1976 criou-se o Comando das Forças de Segurança de Macau na dependência do Governador, cuja responsabilidade exclusiva era a Segurança Interna, já que a Segurança Externa passou a ser da competência do Presidente da República e assegurada por meios diplomáticos e políticos (Estatuto Orgânico de Macau - Lei Constitucional 1/76, de 17 de Fevereiro de 1976). Oficiais e sargentos do Exército e da Marinha continuaram a prestar serviço nestas Forças.
Atendendo a que a população portuguesa nunca terá ultrapassado os 4%, o que teve obviamente consequências na própria expansão da língua, população que tem vindo a reduzir-se após a transferência da Administração, pode-se já concluir sobre as áreas onde a influência portuguesa foi mais marcante e que são (para além de uma comunidade católica que terá atingido cerca de vinte e cinco mil), indiscutivelmente, a urbanização, a arquitectura, a gastronomia e a estrutura do Estado e da máquina administrativa. Nesta última assumem particular relevância o funcionamento da máquina judicial e dos serviços de saúde e, muito particularmente, o das Forças de Segurança.”
Autocarros: anos 60
Na década de 1960, quando António Cambeta chegou a Macau foi estes autocarros que encontrou. Aqui fica o seu testemunho sobre esses tempos.
Nota: neste blog existe um outro post sobre o tema intitulado "Autocarros Antigos"
"Os autocarros utilizados eram velhos, sem portas, sem ar condicionado, aliás até o havia, o ar natural, podia-se fumar e transportar todo o tipo de mercadorias, havia uma revisora que recebia o dinheiro e entregava um bilhetinho, o custo esse era de 10 avos. As rotas eram poucas e parte da cidade de Macau nao era servida de autocarros. Por essa altura era ainda muito popular o uso de triciclo, Sam Lam Ché, bicicletas táxis e táxis propriamente ditos.
O mesmo acontecia nas Ilhas da Taipa e de Coloane, onde havia igualmente uma rede de autocarros, para ser mais explicito, havia um em cada uma das ilhas, utilizam autocarros velhos, e as carreiras efectadas na Ilha da Taipa eram só da Ponte Cais até à vila.
Em Coloane, e para não variar o tipo de autocarro usado era igualmente velho. Numa das muitas viagens que efectuou entre a Vila de Coloane e Ká-Kó teve por companhia um porco, vários sacos e arroz e outras iguarias desse género. Tempos que já lá vão!..."
O mesmo acontecia nas Ilhas da Taipa e de Coloane, onde havia igualmente uma rede de autocarros, para ser mais explicito, havia um em cada uma das ilhas, utilizam autocarros velhos, e as carreiras efectadas na Ilha da Taipa eram só da Ponte Cais até à vila.
Em Coloane, e para não variar o tipo de autocarro usado era igualmente velho. Numa das muitas viagens que efectuou entre a Vila de Coloane e Ká-Kó teve por companhia um porco, vários sacos e arroz e outras iguarias desse género. Tempos que já lá vão!..."
Ilha Verde: armazém do boi
Postal de ca. 1930 - Ilha Verde
O Armazém do Boi é um dos espaços reservados às Artes do antigo Asilo das Senhoras Idosas. Este bairro de barracas da Ilha Verde onde se destaca os telhados de zinco... depressa foi 'engolido' pelas instalações industriais que se foram construindo ao redor e mais dia menos dia vai acabar por desaparecer.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Arquivos documentais
São cada vez em maior número os vistantes deste blog que me pedem informações avulsas sobre este ou aquele tema. Para além do que possa indicar como matéria já tratada, não nos podemos esquecer das ditas 'fontes' primárias.
Para quem tenha interesse deixo aqui uma lista dos arquivos onde se pode encontrar documentação sobre a História de Macau.
- «Macau e o Oriente nos Arquivos Nacionais Torre do Tombo», Isaú Santos. Macau: Instituto Cultural, 1995. ISBN 972-35-0204-6.
- «Macau e o Oriente nos Arquivos Nacionais Torre do Tombo», Isaú Santos. Macau: Instituto Cultural, 1995. ISBN 972-35-0204-6.
- «Macau e o Oriente no Arquivo Histórico Ultramarino», Isaú Santos; indexação onomástica e introdução de dados Sou Lai Seong. Macau : Instituto Cultural, 1996.
- «Fontes para a história de Macau existentes em Portugal e no estrangeiro», Isaú Santos. Macau: Instituto Cultural, 1999. ISBN 972-35-0283-6.
- «Macau e o oriente: nos arquivos nacionais; Torre do Tombo», Isaú Santos. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1995. ISBN 972-35-0204-6.
- «Macau e o Oriente na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora: séculos XVI a XIX», Isabel Cid. Macau: Inst. Cultural; Lisboa: Arquivos Nacionais -Torre do Tombo; Évora: Biblioteca Pública e Arquivo Distrital, 1996
- «Macau e o Oriente na Biblioteca da Ajuda», Francisco G. Cunha Leão,Macau: Instituto Cultural de Macau, 1998
- «Jesuítas na Ásia: catálogo e guia», coord. Francisco G. Cunha Leão. Macau: Instituto Cultural de Macau: Instituto Português do Património Arquitectónico: Biblioteca da Ajuda, 1998. ISBN 972-35-0265-8. ISBN 972-35-0266-6. ISBN 972-35-0267-4.
- «Colecção de fontes documentais para a história das relações entre Portugal e a China», Apresentação e coordenação António Vasconcelos de Saldanha; trad. Jin Guo Ping. 1ª ed. Macau: Fundação, 1998. 10 volumes.
- «Arquivos do entendimento: uma visão cultural da história de Macau», António Aresta, Celina Veiga de Oliveira. Macau: Dir. dos Serv. de Educação e Juventude: Fundação Macau: Instituto Politécnico, 1996. ISBN 972-8147-65-1
Macau e o Oriente no...
Catálogo dos documentos do Arquivo Histórico Ultramarino, o mais rico manancial documental sobre a história da expansão e da colonização portuguesas no mundo.
A obra integra a descrição catalográfica de 3088 documentos, com as datas extremas em 16 de Fevereiro de 1587 e 30 de Dezembro de 1833 e divididos por dois volumes.
Informação recolhida no site do ICM.
Macau e o Oriente no...
Dando continuidade ao tratamento da documentação sobre Macau, existente no Arquivo Histórico Ultramarino, apresenta-se agora o Inventário das séries compreendidas entre 1834 e 1910, a que corresponde o fundo da Secretaria de Estado da Marinha e Ultramar. A documentação, matéria deste trabalho, sucede orgânica e cronologicamente ao fundo do Conselho Ultramarino, 1643 a 1833, que já foi objecto de tratamento e publicação. Esta obra inclui ainda as "Consultas" do Concelho Ultramarino, nomeadamente a descrição, a nível de catálogo, da documentação de Macau e Timor integrada na Direcção-Geral do Ultramar.
"Macau e o Oriente no Arquivo Histórico Ultramarino 1833-1911", de Maria Luísa Abrantes, Miguel Rui Infante e José Sintra Martinheira, em 1999.
A imprensa de Macau...
O objectivo da pesquisa e interpretação do tema das imprensas no Oriente tem como alvo principal o documentar uma acção que foi relevante, a partir do século XVI, para o diálogo entre asiáticos e europeus. A tipografia desempenhou um papel decisivo nesse diálogo, desde Goa a toda a Índia, passando pela antiga Ceilão, Malásia, China - através da porta de Macau -, Japão e outras regiões dos numerosos arquipélagos do Índico e do Pacífico. Trata-se de uma abordagem geral, sem entrar em pormenores eruditos, embora se destaque a participação de Macau, fulcro das missões religiosas, económicas, políticas e culturais de Portugal no Extremo Oriente.
"A Imprensa de Macau e as imprensas de língua portuguesa no Oriente", de João Alves das Neves. Editado em 1999 pelo ICM.
400 anos de organização e uniformes militares em Macau
Este trabalho aborda as forças de terra que estiveram em Macau ao longo de quase quatro séculos.
Para além da descrição detalhada dos uniformes, são focados os regulamentos e outros aspectos menos conhecidos da vida militar de Macau, desde a organização da artilharia e seu funcionamento até à confecção e regulamentos sobre fardas, etc.
Livro editado em 1999 pelo ICM em chinês, português e inglês. Tradução de Peter Abbot e Wei Ling. Foi seu autor Manuel A. Ribeiro Rodrigues.
Livro editado em 1999 pelo ICM em chinês, português e inglês. Tradução de Peter Abbot e Wei Ling. Foi seu autor Manuel A. Ribeiro Rodrigues.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Fortaleza da Taipa
Erigido sob a direcção do Tenente Pedro José da Silva Loureiro em 1847 constituía um pequeno baluarte de protecção contra os ataques de piratas que ameaçavam constantemente a vida da população. Mais tarde, após alguns trabalhos de remodelação, foi convertida em residência de Verão dos Governadores de Macau. A Esquadra Policial da Taipa esteve ali instalada até há pouco tempo. A entrada à encimada por dois canhõeos pequenos, protegidos por dois leões de pedra, e uma rampa de cimento dá acesso ao interior da Fortaleza.
A fachada central da Fortaleza está virada para o mar, com um alpendre suportado por seis colunas simples, e, na zona lateral esquerda da mesma, encontra-se no topo um escudo, com data de 1847 (data da sua construção). Encontram-se ainda, nas duas zonas laterais da Fortaleza, duas casas de guarda, de estilo muçulmano, decoradas com mosaico nas paredes exteriores, sendo a zona esquerda ladeada por dois canhões grandes. Nas traseiras do edifício, existem umas escadas que dão acesso a uma pequena construção na encosta da monte, que era o antigo armazém de pólvora.Escondida nas traseiras dessas escadas, encontra-se, junto à parede que separa o monte da Fortaleza, uma pequena porta que dá acesso ao Jardim do Monumento, erigido em 1851, em memória das vítimas da explosão da Fragata D. Maria II. Junto à Fortaleza, existe um pequeno terreno assoreado, onde se criou o Jardim do Cais, que pertence à Câmara Municipal das Ilhas.
Texto do Turismo de Macau: no meu regresso a Macau no Verão de 2009 ainda pude testemunhar tudo isto que aqui está descrito em termos de património edificado.
Gravuras
Antes do aparecimento da fotografia eram as gravuras que ilustravam a realidade. Aqui ficam algumas preciosidades de Macau de há vários séculos... Sé
Templo de A-Ma
Praia Grande
Incêndio no bazar chinês... naquele tempo a cidade estava dividida entre a parte católica (os portugueses) e o bazar (os chineses), embora houvesse convívio regular entre as duas comundiades
Hospital de S. Januário
Em 1991 a Câmara Municipal das Ilhas construiu o Jardim do Monumento na Estrada Noroeste da Taipa, À saída do túnel, junto da fortaleza. No dia 29 de Outubro de 1850, data em que se celebrava o aniversário da rainha D. Maria II de Portugal, ocorreu uma trágica explosão junto à fragata, atracada no porto da Taipa, e em que perderam a vida 188 pessoas da sua guarnição de 224 tripulantes, e ainda de muitos chineses que estavam a bordo, ou em embarcações próximas. Em 1851, foi mandado erigir um monumento junto à fortaleza, em memória da vítimas. Este monumento continha algumas incorrecções de datas que em 1995, a Câmara Municipal das Ilhas mandou rectificar. O ano da ocorrência da tragédia estava assinalado como tendo sido em 1848, quando a data correcta é 1850; quanto ao ano da construção do monumento lia-se 1850, o que também estava errado pois o ano certo é 1851. Todos os anos, no dia 29 de Outubro, a Capitania dos Portos presta homenagem às vítimas da fragata D. Maria II, depositando, durante uma cerimónia religiosa, grinaldas de flores junto ao monumento.
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