sexta-feira, 31 de agosto de 2018
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Núcleo museológico da Santa Casa
Macau tem actualmente mais de duas dezenas de museus. Entre eles figura o da Santa Casa, porventura o mais pequeno em tamanho, mas não em importância, já que a SCMM é uma das instituições mais antigas do território (1569).
O Núcleo Museológico da Santa Casa foi inaugurado em 2001. Fica na Travessa da Misericórdia, em pleno centro histórico, junto ao edifício da sede da SCM de Macau (Largo do Senado) e classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2005. Contém uma colecção de relíquias católicas de valor incalculável, com peças que datam do século XVI e que testemunham o percurso da cultura ocidental introduzida na China através de Macau.
A maior parte das peças em exposição foram gentilmente cedidas pelos Irmãos da Santa Casa.
O acervo é constituído principalmente por objectos de arte religiosa que serviam de suporte à actividade litúrgica, imagens e esculturas para exposição em altares, bem como outras peças acumuladas ao longo dos séculos com natural destaque para o manuscrito original do Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Macau datado de 1662.
Peças de porcelana com o símbolo dos Jesuítas (JHS)
e o livro do "Compromisso" de 1662
e o livro do "Compromisso" de 1662
O acervo é constituído principalmente por objectos de arte religiosa que serviam de suporte à actividade litúrgica, imagens e esculturas para exposição em altares, bem como outras peças acumuladas ao longo dos séculos com natural destaque para o manuscrito original do Compromisso da Santa Casa da Misericórdia de Macau datado de 1662.
A invulgar colecção de porcelana e de cerâmica chinesa, japonesa e europeia, exibindo o monograma da Companhia de Jesus, revela um misto artístico-religioso único e representativo da herança multicultural de Macau.
Destaque ainda para peças como a caveira do D. Belchior Carneiro e a Cruz com que foi sepultado; o retrato a óleo de corpo inteiro do D. Belchior Carneiro (séc. XVIII) e o sino de bronze do antigo Hospital S. Rafael, que sucedeu ao hospital da SCM, no século XVI.
Entre as peças de Arte Sacra realce para: estátua do Sagrado Coração de Jesus (produção local do início séc. XIX); estátuas de Nossa Senhora da Anunciação e do Cristo Crucificado (em marfim de produção indo-portuguesa séc. XVIII); e os vários exemplares de porcelana e de cerâmica chinesa, japonesa e europeia com o monograma da Companhia de Jesus.
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Tufão em Setembro de 1906
O vapor Tak Hing, de Cantão, afectado pelo tufão a 18 Setembro 1906 |
O tufão de 18 de Setembro de 1906 afectou sobretudo Hong Kong, sendo considerado então o segundo mais mortífero de sempre. Pelo menos 10 mil pessoas morreram e dezenas de barcos foram destruídos. A intempérie que tb se fez sentir em Macau afectou as ligações marítimas entre os dois territórios já que várias embarcações acabariam destruídas/afundadas registando-se centenas de mortes.
Dois dos vapores registados em Macau, o Heungshan, foi desviado para Sau-Chau, perto da ilha de Lantau, com 500 passageiros a bordo. Só teve socorro no dia seguinte tendo morrido alguns passageiros. O Kinshan embateu no fundo do rio junto a Castle Peak e o Perseverance, conseguiu que todos os passageiros saíssem em Chung Chow, mas acabaria por afundar-se no regresso aMacau
terça-feira, 28 de agosto de 2018
100º aniversário do nascimento do Padre Benjamin Videira Pires
”Discreto e avesso ao protagonismo, o Padre Benjamin Videira Pires revelava a sua faceta intelectual quando escrevia", destaca Beatriz Basto da Silva.
O 100º aniversário do nascimento do Padre Benjamin Videira Pires foi assinalado na sexta-feira pelo Instituto Internacional de Macau com uma palestra proferida por Beatriz Basto da Silva, tendo a historiadora recordado a vasta obra deixada pelo missionário que é apontado como uma das figuras mais marcantes da vida cultural de Macau, na segunda metade do século XX.
“Deixou livros, deixou intervenções em revistas académicas, em jornais, em boletins técnicos de história, em boletins de instituições. Fez muitas palestras e muitas conferências e internacionalmente representou Portugal. A sua obra é vasta nesse sentido, mas sempre sobre um assunto pequeno. Ele nunca visou as obras de conjunto, nunca visou a interpretação global da presença de Portugal no Oriente”, afirmou a historiadora à Rádio Macau.
Segundo Beatriz Basto da Silva, o Padre Benjamin Videira Pires “sedimentou aspectos dessa presença, aprofundando e estudando muito a fundo determinados aspectos”, dando o exemplo do foro do chão. “Um pagamento exigido pela China para sermos autorizados a permanecer em Macau sem qualquer outra licença que não fosse pagando a nossa estadia. Era um aluguer de terreno, não era uma posse”.
A historiadora salientou ainda que o missionário aprendeu chinês “para poder entender melhor as pessoas e para poder penetrar na cultura chinesa tanto quanto lhe fosse possível”.
“Podemos dizer que foi um intelectual. Simplesmente não tinha um perfil humano de intelectual, e isso às vezes parece que não cabe na figura dele. Porque era uma pessoa discreta, silenciosa, falava pouco, quando falava correcto, mas não procurava protagonismo. Portanto, não se revelava na sua faceta intelectual, a não ser quando escrevia. Como nem toda a gente lê, nem toda a gente conhece a imagem dele”, acrescentou.
Artigo publicado no JTM de 11.1.2016. Foto do IIM
“Deixou livros, deixou intervenções em revistas académicas, em jornais, em boletins técnicos de história, em boletins de instituições. Fez muitas palestras e muitas conferências e internacionalmente representou Portugal. A sua obra é vasta nesse sentido, mas sempre sobre um assunto pequeno. Ele nunca visou as obras de conjunto, nunca visou a interpretação global da presença de Portugal no Oriente”, afirmou a historiadora à Rádio Macau.
Segundo Beatriz Basto da Silva, o Padre Benjamin Videira Pires “sedimentou aspectos dessa presença, aprofundando e estudando muito a fundo determinados aspectos”, dando o exemplo do foro do chão. “Um pagamento exigido pela China para sermos autorizados a permanecer em Macau sem qualquer outra licença que não fosse pagando a nossa estadia. Era um aluguer de terreno, não era uma posse”.
A historiadora salientou ainda que o missionário aprendeu chinês “para poder entender melhor as pessoas e para poder penetrar na cultura chinesa tanto quanto lhe fosse possível”.
“Podemos dizer que foi um intelectual. Simplesmente não tinha um perfil humano de intelectual, e isso às vezes parece que não cabe na figura dele. Porque era uma pessoa discreta, silenciosa, falava pouco, quando falava correcto, mas não procurava protagonismo. Portanto, não se revelava na sua faceta intelectual, a não ser quando escrevia. Como nem toda a gente lê, nem toda a gente conhece a imagem dele”, acrescentou.
Artigo publicado no JTM de 11.1.2016. Foto do IIM
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
Almirante Gago Coutinho: emissão filatélica de 1972
Carimbo de 24.7.1972
A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi concluída por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922, no âmbito das comemorações do Primeiro Centenário da Independência do Brasil.
Em 1972 assinalou-se os 50º desse feito, em Macau, com uma emissão filatélica especial.
Incluía um envelope com carimbo do 1.º Dia de Circulação e selo comemorativo de 5 patacas que retrata a amaragem do hidroavião “Santa Cruz “ no Rio de Janeiro, em frente às ilhas das Enxadas, nas águas da Baía de Guanabara no dia 17 de Junho de 1922.
Incluía um envelope com carimbo do 1.º Dia de Circulação e selo comemorativo de 5 patacas que retrata a amaragem do hidroavião “Santa Cruz “ no Rio de Janeiro, em frente às ilhas das Enxadas, nas águas da Baía de Guanabara no dia 17 de Junho de 1922.
Foi ainda editado um um postal ilustrado com a fotografia do Almirante Gago Coutinho e um selo de 20 avos (imagens acima) emitido em 1969, no centenário do nascimento do almirante.
domingo, 26 de agosto de 2018
Porta de saída dos evadidos da China popular
Edição nº 1506 de "O Século Ilustrado" em 1966 que inclui um artigo sobre os chineses que fugindo da China procuravam refúgio em Macau. Apesar do título - "porta de saída" - Macau era, ao contrário, uma porta de entrada o que representava uma "saída" para todos os que na China passavam fome. Já o tinha sido outras vezes antes e viria a sê-lo a posteriori, não só porto de abrigo para os refugiados oriundos da China mas também de outras paragens do sul da Ásia.
Na imagem obtida a partir do Farol da Guia ("Vista panorâmica da costa de Macau") pode ver-ser a baía da Praia Grande e a entrada para o Porto Interior.
Numa outra fotografia surge a legenda: "Evadidos da China formam bicha à porta de refúgio para eles montado em Macau por ordem dos jesuítas". O espaço parece ser a actual Escola Ricci.
Na imagem obtida a partir do Farol da Guia ("Vista panorâmica da costa de Macau") pode ver-ser a baía da Praia Grande e a entrada para o Porto Interior.
Numa outra fotografia surge a legenda: "Evadidos da China formam bicha à porta de refúgio para eles montado em Macau por ordem dos jesuítas". O espaço parece ser a actual Escola Ricci.
sábado, 25 de agosto de 2018
Produtos filatélicos vendidos antes de tempo...
No início da década de 1910 a polémica em torno da venda de produtos postais emitidos propositadamente para Macau mas que eram postos a circular mesmo antes de chegar ao território, causou uma acesa discussão entre o responsável dos Correios de Macau e a Repartição das Colónias em Portugal.
A 20 de Março de 1912 o Director dos Correios de Macau remete o ofício n.º 135/12 para a 3.ª Repartição da Direcção Geral das Colónias enviando 4 sobrescritos franquiados com selos de Macau sem a sobrecarga “Republica” da Casa da Moeda criada por Decreto de 20 de Abril de 1911. No ofício explica que na vizinha colónia inglesa de Hong Kong estavam a ser comercializados a preços bastante elevados aquele tipo de selos não sabendo ele onde foram adquiridos, visto que ainda não tinham sido postos em circulação em Macau e nem tão pouco chegado, aquele tipo de selos, à Repartição de Fazenda de Macau. Mais informa que da Rússia, Hungria e outros países, têm-lhe sido enviadas cartas pré-franquiadas com esses selos, com a solicitação que fossem carimbadas e feitas circular de Macau para esses destinos. Conclui informando que não satisfez os pedidos presumindo que fossem falsificações.
A 23 de Março de 1912 por ofício n.º 143/12 dirigida à mesma 3.ª Repartição o mesmo Director volta a reclamar sobre a situação...
Exm.º Snr. Engenheiro Chefe da 3.ª Repartição da Direcção Geral das Colonias
Em aditamento ao meu offício n.º 135/12 de 20 do corrente cumpre-me enviar a V. Ex.ª um novo pedido feito por carta dirigida pelo Sr. A. Berdoz residente em Modu-Suissa, afim de serem aqui consideradas e devolvidas as formulas de franquia que remette. Devo dizer a V. Ex.ª que, á excepção do selo de 2 avos affixado n’um dos bilhetes postaes, todas as outras formulas de franquia estão sendo consideradas por esta Direcção como sendo falsificadas visto que aqui ainda não foram postas à venda ao publico, nem existem na caixa do thesouro d’esta provinciao. Os objectos contendo estes sellos e os cartões postais e bilhetes com a sobrecarga “Republica” recebidos ou encontrados nos receptáculos postaes d’esta província estão sendo expedidos multados em virtude de ainda não terem sido postas á venda estas formulas de franquia e se suppor que as estejam falsificando, sendo consideradas como já innutilizadas."
A 3.ª Repartição da Direcção Geral do Ultramar responde pelo ofício n.º 300/5857912 de 22 de Abril de 1912, informando que a Direcção dos Correios de Macau não pode deixar de aceitar esses selos, nem multar as cartas e inteiros postais, pois eles foram emitidos segundo um decreto governamental que o director não poderia desconhecer. O director acata as ordens mas não deixa de contestar e faz um novo Ofício n.º 237/12 de 16 de Maio.
Exm.º Snr. Engenheiro Chefe da 3.ª Repartição da Direcção Geral das Colonias
Em aditamento ao meu offício n.º 135/12 de 20 do corrente cumpre-me enviar a V. Ex.ª um novo pedido feito por carta dirigida pelo Sr. A. Berdoz residente em Modu-Suissa, afim de serem aqui consideradas e devolvidas as formulas de franquia que remette. Devo dizer a V. Ex.ª que, á excepção do selo de 2 avos affixado n’um dos bilhetes postaes, todas as outras formulas de franquia estão sendo consideradas por esta Direcção como sendo falsificadas visto que aqui ainda não foram postas à venda ao publico, nem existem na caixa do thesouro d’esta provinciao. Os objectos contendo estes sellos e os cartões postais e bilhetes com a sobrecarga “Republica” recebidos ou encontrados nos receptáculos postaes d’esta província estão sendo expedidos multados em virtude de ainda não terem sido postas á venda estas formulas de franquia e se suppor que as estejam falsificando, sendo consideradas como já innutilizadas."
A 3.ª Repartição da Direcção Geral do Ultramar responde pelo ofício n.º 300/5857912 de 22 de Abril de 1912, informando que a Direcção dos Correios de Macau não pode deixar de aceitar esses selos, nem multar as cartas e inteiros postais, pois eles foram emitidos segundo um decreto governamental que o director não poderia desconhecer. O director acata as ordens mas não deixa de contestar e faz um novo Ofício n.º 237/12 de 16 de Maio.
“Sobre o assunto do officio n.º 300/585/912 datado da 2.ª Secção de 22 d’Abril findo, permitta-me V. Ex.ª que exponha o seguinte:
Devo primeiro logar dizer a V. Ex.ª que a partir desta data determinei que fossem cumpridas as ordens a que allude o referido offício, não sendo de futuro multadas as correspondências que trouxerem sellos com a sobrecarga “Republica” ou ainda outras fórmulas de franquia com a mesma sobrecarga, muito embora nunca tivessem existido à venda nos correios de Macau para onde exclusivamente ellas se destinam.
Passando a expor o assumpto, devo dizer a V. Ex.ª que se torna maxima conveniência que sejam adoptadas providencias afim de todas as formulas de franquia que puzerem à venda na Casa da Moeda em Lisboa, e que sejam para circulação n’esta província, não sejam alli vendidas antes de serem mandadas para esta província.
Porvindo o valor e existência das formulas de franquia da sua applicação na transmissão da correspondência nas Administrações Postaes a que dizem respeito, ellas nenhum valor teem, pelo menos, se não chegarem a circular nas referidas Administrações postaes, o que se pode dar se se esgotarem as suas emissões e se tenham de fazer outras de emissões diversas, caso que parece susceptível de se dar no actual momento pela circulação de novos sellos do regime republicano.
Alguns colleccionadores teem-se admirado de na Casa da Moeda venderem sellos e mais fórmulas de franquia, adeantando-se alguns a dizerem que os compradores teem sido enganados pelo Governo Portuguez, porque as formulas de franquia que lhes venderam são falsas visto que não existem nas respectivas Administrações postaes.
É grave e urge providencias immediatas, quando demais se me affigura não haver necessidade de estas formulas de franquia deixarem de ser enviadas para esta província.Devo ainda dizer que não ignorava que na Casa da Moeda em Lisboa se vendessem formulas de franquia privativas das Colónias, mas o que nunca suppuz foi que ellas fossem vendidas ali antes de serem enviadas para as respectivas Colónias, motivo porque determinei que fossem multadas as correspondências nestas condições."
Devo primeiro logar dizer a V. Ex.ª que a partir desta data determinei que fossem cumpridas as ordens a que allude o referido offício, não sendo de futuro multadas as correspondências que trouxerem sellos com a sobrecarga “Republica” ou ainda outras fórmulas de franquia com a mesma sobrecarga, muito embora nunca tivessem existido à venda nos correios de Macau para onde exclusivamente ellas se destinam.
Passando a expor o assumpto, devo dizer a V. Ex.ª que se torna maxima conveniência que sejam adoptadas providencias afim de todas as formulas de franquia que puzerem à venda na Casa da Moeda em Lisboa, e que sejam para circulação n’esta província, não sejam alli vendidas antes de serem mandadas para esta província.
Porvindo o valor e existência das formulas de franquia da sua applicação na transmissão da correspondência nas Administrações Postaes a que dizem respeito, ellas nenhum valor teem, pelo menos, se não chegarem a circular nas referidas Administrações postaes, o que se pode dar se se esgotarem as suas emissões e se tenham de fazer outras de emissões diversas, caso que parece susceptível de se dar no actual momento pela circulação de novos sellos do regime republicano.
Alguns colleccionadores teem-se admirado de na Casa da Moeda venderem sellos e mais fórmulas de franquia, adeantando-se alguns a dizerem que os compradores teem sido enganados pelo Governo Portuguez, porque as formulas de franquia que lhes venderam são falsas visto que não existem nas respectivas Administrações postaes.
É grave e urge providencias immediatas, quando demais se me affigura não haver necessidade de estas formulas de franquia deixarem de ser enviadas para esta província.Devo ainda dizer que não ignorava que na Casa da Moeda em Lisboa se vendessem formulas de franquia privativas das Colónias, mas o que nunca suppuz foi que ellas fossem vendidas ali antes de serem enviadas para as respectivas Colónias, motivo porque determinei que fossem multadas as correspondências nestas condições."
A troca de argumentos continua e este ofício será respondido pela Direcção Geral das Colónias com o ofício n.º 445/585/912 de 8 de Junho de 1912 onde informa que os elementos essenciais para que as repartições de correio coloniais passassem a conhecer a validade ou não das fórmulas de franquia, independentemente de as já terem ou não à venda nas estações postais, eram os diplomas que autorizam as emissões ou sobrecargas, assim como os espécimes que a Direcção Geral das Colónias distribuía juntamente com as circulares da Secretaria Internacional de Berna. Diz ainda que com estes documentos as Repartições dos Correios estavam habilitadas a esclarecer o público sobre a validade das fórmulas de franquia que aparecessem afixadas nas correspondências, ainda que tais fórmulas não tivessem sido postas à venda nas colónias, embora já se tivesse iniciado a sua venda na Casa da Moeda.
Curiosamente não se faz qualquer referência à publicação das normas nos Boletins Oficiais das Colónias. No caso de Macau só em finais de Setembro de 1912 é que chegaram os selos sobrecarregados com “Republica” pela Casa da Moeda (imagem acima, à esq.).
Curiosamente não se faz qualquer referência à publicação das normas nos Boletins Oficiais das Colónias. No caso de Macau só em finais de Setembro de 1912 é que chegaram os selos sobrecarregados com “Republica” pela Casa da Moeda (imagem acima, à esq.).
Nota: texto elaborado a partir de um trabalho de investigação de Elder Correia, autor do blog A Mala Posta.
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
Carta dirigida ao imperador Yongzhen por D. João V em 1725
Como rei, D. João V tentou projectar Portugal como uma potência de primeira grandeza, principalmente nas primeiras décadas do reinado. Exemplos disso são as faustosas embaixadas que por motivos vários enviou ao imperador Leopoldo I em 1708, a Luís XIV da França em 1715, ao papa Clemente XI em 1716, ou ainda ao Imperador da China em 1725.
Em cima a reprodução da carta de 29 de Março de 1725 que está no Arquivo Histórico da China. Informações adicionais sobre o tema aqui.
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Transporte de um canhão...
A 6 de Janeiro de 1913 teve início a construção de um abrigo e bateria na Colina da Guia. Já antes tinha havido e depois voltaram a ser construídos abrigos, subterrâneos e baterias . Às duas primeiras foi dado o nome de «5 de Outubro» que depois passou a «Almirante Gago Coutinho e Sacadura Cabral» sem perder o nome inicial, por ocasião da viagem aérea ao Brasil."
O facto é assinalado pela revista “Illustração Portugueza” na edição de 12 de Janeiro de 1914 onde é publicada uma imagem com a seguinte legenda: “A companhia europeia de artilharia depois do transporte d´um canhão do Fortim da Bahia para o abrigo da colina da «Guia» sob a direcção do tenente d´artilharia sr. Farinha e Relvas no que foram empregados apenas 37 homens.” Deve ser uma referência apenas ao número de militares já que o número de pessoas que surgem na fotografia é superior...
Este fortim da Bahia era nada mais nada menos que o fortim de S. Pedro (ficava junto ao Palácio do Governo e foi demolido em 1934). A peça de artilharia foi pois transferida para a Guia onde tinham sido construídas duas posições para a artilharia que constituíram a “Bateria 5 de Outubro”, na época do início da República e em virtude da grande agitação que passava pela China.
terça-feira, 21 de agosto de 2018
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
O Brinco do Leão de Ana Maria Amaro
A propósito do livro O Brinco do Leão, da Prof. Ana Maria Amaro (1929-2015),edição da DST em 1984, recordo aqui alguns excertos deste 'ritual' que cimentou raízes em Macau a partir da década de 1940.
O título vem da expressão chinesa "mou si", cuja tradução à letra significa leão dançando ou dança
do leão. Sobre as origens, AMA escreve: "Deve ter sido inspirada, directamente, na observação de leões amestrados que domadores estrangeiros exibiam na corte do antigo Império, fazendo dançar as feras ao som de tambores e de outros instrumentos ruidosos, capazes de despertarem, nos animais, os necessários reflexos acrobáticos". (...)
“No período da Dinastia Qing, a
ópera chinesa e a Dança do Leão andavam
de mãos dadas. Foram as companhias
de ópera que navegavam nos
lendários Barcos Vermelhos, quais
ciganos do Delta do Rio das Pérolas,
que deram a conhecer as modernas coreografias
da Dança do Leão. Eram os
actores que faziam desta uma arte do
palco em Macau, Hong Kong e na região
do Delta, mais tarde adaptada pelas
escolas de kung fu”. (...) “Junto ao altar da trindade taoista
protectora dos dançarinos do leão, na
sede da associação, na Areia Preta, o
mestre acende paus de incenso. Numa
bandeja, um velho rizoma de gengibre,
um símbolo de poder, é almofada de
um novo pincel de caligrafia chinesa.
Aí está o vermelho puro do cinábrio
(chu sa, em cantonês, ou zhusha, em
mandarim) que vai dar vida ao leão” (...) “É na testa que Pun lhe
dá o primeiro toque de cinábrio, sob a
forma de um tridente, bem no centro
do espelho que tão bem caracteriza os
leões do sul, afugentando os espíritos
que ali vêem o seu reflexo”.(...)
Mais sobre o tema e sobre a dança do dragão neste post.
domingo, 19 de agosto de 2018
Viaggio Intorno al Mondo
Viaggio intorno al mondo fatto negli anni 1803-4-5 e 1806: d'ordine di sua maesta' imperiale Alessandro Primo su i vascelli la Nadeshda e la Neva sotto il comando del capitano della marina imperiale A.G. di Krusenstern.
Versão da tradução para italiano do livro editado originalmente em russo. (expedição russa)
Neste livro surgem duas representações/ilustrações do território: a Veduta Della Grotta Di Camoens à Macao Nel Giardino Del Signor Drummond e Veduta Della Citta Di Macao Dal Lato Del Mare.
O Drummond referido era James Drummond, escrivão da Companhia das Índias Orientais, e o arrendatário da Casa Garden na época. Na primeira embaixada à China Lord Macartney escreve (1792/94):
“A maioria dos conselheiros da Embaixada está alojada na feitoria (da Praia Grande). Eu fico numa casa, na parte superior da cidade, arrendada por Drummond, que teve a gentileza de a ceder durante a sua ausência. Está numa posição muito encantadora e fica junto dum jardim muito agradável e romântico, que é duma extensão considerável.”
sábado, 18 de agosto de 2018
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
"Folha Solta": 1923
Nas imagens a primeira página (de um total de 4) do "Folha Solta de Propaganda Católica". Trata-se da edição nº 3 do primeiro ano da publicação "com aprovação da Autoridade Eclesiástica" redigida pelo cónego João Clímaco do Rosário.
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Carta de 1911
Neste envelope o termo "paquebot" remete para o correio marítimo. A carta é destinada a Hong Kong mas curiosamente apresenta um selo de Macau com um carimbo dos correios de Hong Kong.
terça-feira, 14 de agosto de 2018
How mediocre paintings of China became prized collectors’ items
How mediocre paintings of China became prized collectors’ items
As an illustration of life on the other side of the world, mediocre paintings were all many early expats had to offer those ‘back home’, writes Jason Wordie
Article by Jason Wordie, 27.6.2015 Post Magazine (SCMP)
As an illustration of life on the other side of the world, mediocre paintings were all many early expats had to offer those ‘back home’, writes Jason Wordie
Article by Jason Wordie, 27.6.2015 Post Magazine (SCMP)
From the mid-18th century onwards, large numbers of foreign (mostly European) merchants and traders came to live on the China coast. Until the establishment of Hong Kong as a British colony in 1841-42, and the opening of the first treaty ports such as Shanghai, they operated out of Canton (modern Guangzhou) and Macau.
Most expatriates didn’t return home for at least a decade – if they survived that long. Without direct personal experience, friends and relatives had only the sketchiest of ideas about the realities of foreign community life on the other side of the world. Before photography was invented, oil and watercolour paintings were all that offered them an impression of what these far-flung places were like.
Paintings served as illustrations (of a sort) for letters sent home. People who would never visit the Far East were able to visualise, to some degree, the remote place where Uncle Harry had gone to work. When he eventually returned, either on leave or to retire, these images provided a point of reference for his earlier China life.
Canton’s foreign factories and the Pearl River waterfront, along with Macau’s Praia Grande and other local landmarks, were stereotypical scenes depicted for “the folks back home”.
After Hong Kong was established, Victoria Harbour and the mountainous Hong Kong skyline also became commonplace subjects.
Regionally famous ships that operated on the Calcutta-Canton run were popular with artists, too. Few China-trade paintings were – even when judged by prevailing contemporary aesthetic standards – particularly artistic.
As China’s early foreign community existed only for money, explicitly philistine tastes predominated. Most paintings were churned out in local artists’ workshops for a (numerically small) mass-market audience. Scenes that sold well among the foreign community tended to be widely copied. In due course, Chinese artists started to produce works, in quantity, that utilised Western methods, art materials, techniques and perspectives.
Viewed objectively, many of these paintings are the early 19thcentury equivalent of the colourful daubs-on-canvas of sailing junks and illuminated skylines that can be seen piled up in Stanley market, along Temple Street and in other places where undiscriminating tourists acquire a “distinctive souvenir” from their visit to the fabled Orient; less a piece of art, with personal meaning and broader cultural significance, than a picture to fill up some wall space.
Most expatriates didn’t return home for at least a decade – if they survived that long. Without direct personal experience, friends and relatives had only the sketchiest of ideas about the realities of foreign community life on the other side of the world. Before photography was invented, oil and watercolour paintings were all that offered them an impression of what these far-flung places were like.
Paintings served as illustrations (of a sort) for letters sent home. People who would never visit the Far East were able to visualise, to some degree, the remote place where Uncle Harry had gone to work. When he eventually returned, either on leave or to retire, these images provided a point of reference for his earlier China life.
Canton’s foreign factories and the Pearl River waterfront, along with Macau’s Praia Grande and other local landmarks, were stereotypical scenes depicted for “the folks back home”.
After Hong Kong was established, Victoria Harbour and the mountainous Hong Kong skyline also became commonplace subjects.
Regionally famous ships that operated on the Calcutta-Canton run were popular with artists, too. Few China-trade paintings were – even when judged by prevailing contemporary aesthetic standards – particularly artistic.
As China’s early foreign community existed only for money, explicitly philistine tastes predominated. Most paintings were churned out in local artists’ workshops for a (numerically small) mass-market audience. Scenes that sold well among the foreign community tended to be widely copied. In due course, Chinese artists started to produce works, in quantity, that utilised Western methods, art materials, techniques and perspectives.
Viewed objectively, many of these paintings are the early 19thcentury equivalent of the colourful daubs-on-canvas of sailing junks and illuminated skylines that can be seen piled up in Stanley market, along Temple Street and in other places where undiscriminating tourists acquire a “distinctive souvenir” from their visit to the fabled Orient; less a piece of art, with personal meaning and broader cultural significance, than a picture to fill up some wall space.
Early China-coast residents purchased artworks and decorative objects in the same formulaic manner as they lived the rest of their lives. Standing out too much from the crowd wasn’t really done; unusual personal tastes often brought negative consequences in a small, inwardly focused community. Consequently, nothing too avant-garde was ever produced and, given the distances involved, contemporary tastes in Europe – whether in terms of art, dress or modes of thought – took at least a couple of years (sometimes several decades) to arrive on the China coast.
Large numbers of early Chinatrade paintings ended up on the walls of drawing rooms from Massachusetts to Sussex, and in due course these transitioned into family heirlooms and then auction house staples. Over time these once-commonplace items became scarce, prices rose, and collectors of China coast artefacts started to display serious interest in a once-dismissed regional art form.
Nota: Texto de Jason Wordie publicado em 2015 na revista Post Magazine (SCMP - Hong Kong) ilustrado com algumas pinturas do período china trade.Large numbers of early Chinatrade paintings ended up on the walls of drawing rooms from Massachusetts to Sussex, and in due course these transitioned into family heirlooms and then auction house staples. Over time these once-commonplace items became scarce, prices rose, and collectors of China coast artefacts started to display serious interest in a once-dismissed regional art form.
Sugestão de leitura: Paintings of the China Trade: The Sze Yuan Tang Collection of Historic Paintings by Patrick Conner. Hong Kong Maritime Museum, June 2012
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
Postal "Penha Hill": a preto e branco e pintado
A Colina da Penha eleva-se a quase 63 metros acima do nível do mar sendo o terceiro ponto mais alto da península. Dali consegue porventura a melhor vista sobre os portos interior e exterior.
Este dois postais - um a preto e branco e outro pintado - são um clássico de Macau nos primeiros anos do século 20.
Este dois postais - um a preto e branco e outro pintado - são um clássico de Macau nos primeiros anos do século 20.
Num livro de 1905 de James Dyer Ball (Macao: The Holy City; The Gem of Orient Earth) pode ler-se: "Another short city wall is to be seen to the south of the city. It runs from the church on Penha Hill to the road above the disused Bom Parto Fort or just about opposite the old Boa Vista Hotel".
Perspectiva sobre a Baía da Praia Grande a partir da colina da Penha na mesma época dos postais.
Subscrever:
Mensagens (Atom)