Páginas

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Exposição "Instrumentos Musicais Chineses" em Mafra

Está patente no Real Edifício de Mafra a exposição Instrumentos Musicais Chineses, uma organização da Câmara Municipal de Mafra, Centro Científico e Cultural de Macau e da Fundação Jorge Álvares.
A coleção patente na Galeria Torreão Sul integra o acervo museológico do CCCM, representando 167 peças originais utilizadas pela Orquestra Chinesa de Macau nas suas diversas atuações na Europa ao longo das décadas de 80 e 90 do século XX. Entre os instrumentos expostos incluem-se: aerofones, cordofones friccionados, dedilhados e percutidos, bem como instrumentos de percussão em metal, em madeira e em pele.
A exposição conta com o comissariado de Enio de Souza, do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa, e com a colaboração de Frank Kouwenhoven, Diretor da European Foundation for Chinese Music Research (CHIME).
A mostra está patente até 30 de Abril de 2023 e pode ser vista entre as 10h e as 18h, todos os dias, excepto 25 de Dezembro, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e Quinta-feira da Ascenção.

domingo, 30 de outubro de 2022

"Um belo panorama"

"De qualquer das alturas de Macau se goza um belo panorama, mas os viajantes, em geral, preferem ver do mar esta formosa cidade. Dos navios ancorados no porto interior, abraça-se uma perspectiva magnífica: começando na aldeia de Patane, sobre a qual se ergue a decantada gruta de Camões, e correndo ao longo do rio, aqui orlado de casas chinesas, acolá de edifícios cristãos, e todo semeado de embarcações de vários tamanhos e diversíssimas formas, desde o ligeiro gig britânico até à pesada sóma chinesa; vendo mais para interior da povoação as torres da catedral, o zimbório de S. José (colégio das missões, sem missionários) boas casas e jardins, e lá no fundo do quadro as fortalezas do Monte e da Guia, campeando sobre seus elevados outeiros; o grandioso edifício da alfândega, de que já falámos, donde se continua ainda com óptimas habitações, em diferentes planos, até à fortaleza de Sant'Iago da barra, antes de chegar à qual está um dos mais venerado pagodes destas partes.
Olhai que majestade apresenta o todo desse templo chinês, desfeiado apenas por algumas carantonhas, barbaramente pintadas nas suas portas; vêde como sobem essas ruas, costeando a montanha por entre uma vegetação prodigiosa, conduzindo o viajante a várias capelinhas na progressão da subida, um pouco ao gosto do Senhor Jesus da Serra, em Braga, e mesmo em Belas; lá está sobranceira a tudo isto a Ermida de Nossa Senhora da Penha de França, já meia derrocada, e sobre a fortaleza da barra o seu, pessimamente colocado, paiol de pólvora.
É encantador este quadro, mas todos lhe preferem, e eu com as massas, neste ponto, o painel que apresenta Macau, visto do Oceano, quando demandámos o seu porto. Logo para fora da barra se encontra outro forte (pouco forte) que tem a invocação de Nossa Senhora do Bom Parto (do bom porto teimam em chamar-lhe quási todos os turistas destes sítios); forma ele um ângulo agudo, por um lado com a margem do rio, e por outro com a Praia Grande, que se encurva por uma grande extensão até aos escolhos, que servem de antemural à fortaleza de S. Francisco.
A Praia Grande, brilhante aglomerado de palacetes com colunas ao gosto asiático-bretão, e defendida em parte contra o Oceano por muralhas de pedra, tem sofríveis cais, e próximo à residência dos governadores a caricatura de um fortim, à beira-mar, que incomoda os passeantes e não tem utilidade alguma.Por trás desse enorme renque de colunas, sobre as quais assentam arejadas varandas, encobertas por ciosas gelosias, vêem-se os quintais do Bom Parto, a encosta da Penha, e outros risonhos jardins; lá muito longe as montanhas do celestial império.
Seguindo para Oriente torna-se a ver a igreja das Missões, a Sé e o frontespício majestoso do convento de S. Paulo, única parte que resta da incendiada fábrica; para dentro desses cancelos está o campo da igualdade, o cemitério cristão.Depois lá seguem os fortes de D. Maria II, do Monte, e da Guia (onde nunca estiveram os paços episcopais, erro que já li em mais de um viajante), e descendo sobre o mar encontra-se a fortaleza de S. Francisco, fechando esta perspectiva, como dissemos, onde está aquartelada a força de linha.
Seguindo então com a vista pela praia em direcção oposta, isto é, do Oriente para o Ocidente, temos a notar as igrejas de S. Francisco e de Santa Clara (convento de freiras), e junto à casa da legação francesa a entrada da principal rua de Macau, que conduz à porta do campo, uma das que fecham a cidade; continuando porém a examinar a beira-mar, deixando os assentos de pedra, que hoje estão assombrados por novas árvores, começa a longa fileira de habitações elegantes, apenas cortada aqui e ali pela entrada de uma estreita devesa.Negociantes portugueses e estrangeiros ocupam quási todas essas casas, com excepção das duas piores e mais abarracadas, que são as residências do governador e do juiz de direito".

Francisco Maria Bordalo em Sansão na Vingança, título de uma novela publicada em folhetins ao longo do ano de 1854 n'O Panorama. Nomeado secretário do novo Governador, Francisco Maria Bordalo (1821-1861) chegou a Macau em 1850 e ali viveu durante 18 meses.
A foto não faz parte da publicação mencionada. É um panorama de Macau anterior a 1874 obtido a partir da Fortaleza do Monte.

sábado, 29 de outubro de 2022

Anúncios "Epilepsia e "Doenças Secretas": 1883

Anúncio de um professor/doutor de Paris sobre a cura radical de “epilepsia, espasmo, eclampsia e nevralgia” através de "tratamento por correspondência" em que só recebia honorários "depois de provada a cura". 
Também de Paris, mas um Dr. Bella, anuncia a cura radical para "doenças secretas" e “casos mais desesperados consequências dos pecados da mocidade, nevralgias e impotências”.

Anúncios publicados no Boletim da Província de Macau e Timor em 1883

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Instrumentos Musicais Chineses: emissões filatélicas e livro

Em cima a capa de um livro editado em 1998 pelos CTT de Macau. Com textos do maestro brasileiro Oswaldo da Veiga Jardim (chegou a Macau no final da década 1980), tem 92 páginas e inclui 6 selos da emissão filatélica Instrumentos Musicais Regionais (1986) e outros 6 selos da emissão filatélica Festival Internacional de Música (1995). 
Ao todo são 12 selos de Instrumentos Musicais Chineses onde se incluem: Suo Na, Sheng, Er Hu, Ruan, Cheng, Pipa, Gongo, Tambor e Xiao.
Emissão de 22 Maio 1986: 1º Dia de Circulação

Em cima um envelope máximo do 1º dia de circulação da Emissão Instrumentos Musicais Regionais: 0,20 patacas Suo Na; 0,50 patacas Sheng; 0,60 patacas Er-Hu; 0,70 patacas Ruan; 5.00 patacas Heng; 8.00 patacas Pipa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Estátua de Jorge Álvares em Freixo de Espada a Cinta

Enquanto o monumento a Jorge Álvares existente em Macau foi inaugurado em 1954 e diz respeito a um navegador, um outro com o mesmo nome foi inaugurado em 1956 em Freixo de Espada a Cinta - também da autoria do escultor Euclides Vaz - mas diz respeito a um rico mercador português que, em 1544, foi ao Japão com Fernão Mendes Pinto e que escreveu "Informação do Japão", a pedido de São Francisco Xavier.
A história destas duas estátuas começa em 1952 aquando da visita do ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues, a Macau. Na altura Sarmento foi agraciado com um automóvel pela Comunidade Chinesa mas o ministro decidiu que se leiloasse o dito automóvel, revertendo o montante auferido para erigir em Macau um monumento ao navegador Jorge Álvares, primeiro europeu a chegar à China.
Segundo consta terá sobrado dinheiro pelo que o governo de Macau contribuiu com um "subsídio monetário" para o monumento de Jorge Álvares, o cronista em Portugal. Esse facto foi lembrado pelo governador Marques Esparteiro, presente na inauguração. Aqui fica um excerto do longo artigo que o Boletim Geral do Ultramar dedicou ao assunto em 1956.



quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Apresentação da BD "II Raide Macau - Lisboa" (1990)

Decorre no próximo dia 30 de Outubro, pelas 19 horas, no Festival Internacional de Banda Desenhada Amadora BD, a apresentação pública do livro "II Raide Macau - Lisboa - Da China a Portugal pela Rota Proibida - 第二届澳门-里斯本万里行 从中国到葡萄牙,穿越禁路".
O livro vai estar à venda em Portugal (Fnac, Bertrand, livrarias especializadas, etc), Macau (Livraria Portuguesa), Hong Kong e Pequim (com o apoio do IPOR).
Em 1990, uma equipa de 10 aventureiros, que juntou portugueses, chineses e russos, ligou Macau e Portugal por terra, distribuindo entre a população, durante toda a viagem, informação sobre Macau (livros, folhetos, lembranças do Grande Prémio, etc), bem como oferecendo em diversas bibliotecas da China, URSS e Hungria publicações sobre as relações entre Portugal e a China.
Argumento BD: Joaquim Correia (com o apoio de António Calado, Fernando Silva, Mário Sin, James Jacinto e Igor Lomakin) Marco Fraga da Silva
Guião BD: Marco Fraga da Silva
Ilustrações: Matthieu Pereira, Fil, Rui Alex, Rafael Antunes
Desenho e cor: Sofia Pereira
Prefácio
"Após meses de preparação, a caravana constituída por três Mitsubishi Pagero, baptizados com os nomes de Macau, Taipa e Coloane partiram, do simbólico Jardim Camões, em Macau, para o II Raide Macau-Lisboa, no dia 27 de julho de 1990. Uma dezena de aventureiros, entre os quais três naturais de Macau e dois russos, dispuseram-se a cruzar por estrada, seguindo aproximadamente a Rota da Seda, a República Popular da China e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os dois gigantes com regimes comunistas à época, antes de entrar na Europa Central e Ocidental a caminho da Torre de Belém onde a viagem terminou. Relembre-se que a queda do muro de Berlim e os incidentes de Tiananmen em Pequim, prenúncio de grandes mudanças no panorama geoestratégico mundial, tinham ocorrido no ano anterior e estavam ainda frescos na memória de todos. A URSS vivia a Glasnost e caminhava para a desagregação que viria a ocorrer no ano seguinte. Na China os tempos eram de mudança e abertura ao exterior mantendo, no entanto, um férreo controlo político interno na sequência dos “incidentes” de 1989. Em Macau estava-se no início do período de transição em sequência à assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa que formalizou o acordo para a transferência de administração do território, de Portugal para a República Popular da China que viria a ocorrer, como previsto, em 20 de Dezembro de 1999, dando lugar à criação de uma Região Administrativa Especial, com estatuto próprio, para vigorar durante os 50 anos seguintes. A Fundação Oriente, criada dois anos antes, decidiu apoiar a aventura através da atribuição de um subsídio e a oferta de inúmeras publicações que foram distribuídas gratuitamente ao longo do percurso, em consonância com um dos seus principais objectivos, o do reforço da cooperação cultural entre o Oriente e o Ocidente e, nomeadamente, entre Portugal e a China."
Dr. Carlos Monjardino, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente
Excerto
"O Governador Carlos Melancia compreendera que, apoiando o nosso projecto, poderia ser aberta uma porta para a China, então fechada ao mundo ocidental. Em Pequim fomos recebidos na sede da CITS e por outras autoridades chinesas, onde foi realçado que iniciativas como a nossa “em muito contribuíam para uma boa harmonia entre os povos”. Na Embaixada Portuguesa reunimos com o substituto do embaixador, Dr Luís Carmo, que estava acompanhado pela Dra. Magalhães Godinho do Grupo de Ligação, pelo Dr. Fernando Correia de Oliveira, correspondente da Lusa e pelo adido cultural Dr. Jorge Morbey, entre diversas outras personalidades. Falámos sobre as convulsões na China, mas principalmente debruçámo-nos sobre o que todos poderíamos fazer no sentido de deixar em Macau marcas das relações luso-chinesas, de forma a que a sua identidade própria se mantivesse. Foram 50 dias na estrada atravessando dois continentes, mais de 20.000 km de maravilhas, suor, poeira e problemas, optando por itinerário diferente do I Raide Terrestre, concluído em 1988."

PS: No próximo mês, aquando da celebração do 14º aniversário do blogue Macau Antigo, um dos prémios para os leitores será um exemplar desta banda desenhada. Mais pormenores em breve.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Carlos Montez Melancia: 1927-2022

O ex-governador de Macau, Carlos Melancia, morreu este domingo aos 95 anos.
Carlos Montez Melancia nasceu a 21 de Agosto de 1927 em Alpiarça. Licenciado em Engenharia Mecânica e Electrotécnica em Lisboa, trabalhou na Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas (Sorefame) até 1976. 
Enquanto político ocupou diversos cargos públicos: secretário de Estado da Indústria Pesada e da Coordenação Económica no I Governo Constitucional, em 1976; Ministro da Indústria e Tecnologia no II Governo Constitucional, em 1978; Ministro do Equipamento Social e Ministro do Mar no IX Governo Constitucional, em 1985, ambos os governos liderados por Mário Soares. 
Foi ainda deputado eleito pelo círculo de Leiria nas listas do Partido Socialista, cargo que ocupou antes de ir para Macau - nomeado a 3 de Julho - onde foi governador de 1987 a 1991.
Durante o seu mandato esteve ligado às negociações para a construção do aeroporto, porto de águas profundas, a nova ponte entre Macau e Taipa (a segunda), a ligação de Macau à província de Guangdong, a localização das leis e dos quadros, e a implementação da Declaração Conjunta.
Recorde-se que a 13 de Abril de 1987, os governos de Lisboa e Pequim assinaram a Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau, que previa o ano de 1999 como a data da transferência da administração do território.
A 28 de Setembro de 1990 Carlos Melancia demitiu-se do cargo de governador na sequência do designado Caso do Fax de Macau, que envolvia financiamentos partidários do PS, processo de que Melancia foi ilibado em 2002. A história foi tornada pública pelo jornal "O Independente" a 16 de Fevereiro de 1990.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Anúncio "To Let"

 

Anúncio de arrendamento de uma casa no nº 10 da Calçada da Paz - excelente localização, perto da Praia Grande e da Rua Central - publicado no Boletim Oficial em 1908. Tinha electricidade, campainha e algum mobiliário.

domingo, 23 de outubro de 2022

BNU: antes e depois nos 120º aniversário

O BNU de Macau assinala este ano 120 anos de existência
O edifício da filial do BNU em Macau - Praia Grande - pouco depois da inauguração em 1926 e sensivelmente a mesma perspectiva mas já no século 21: cruzamento da Av. da Praia Grande com a Av. de Almeida Ribeiro (San Ma Lou).
A primeira agência do Banco Nacional Ultramarino em Macau foi inaugurada a 20 de Setembro de 1902. Ficava numa moradia no nº 9 da Rua da Praia Grande, um edifício pertencia a D. Anna Theresa Ferreira, antiga Condessa de Senna Fernandes. Em 1906 a sede passou a ocupar uma parte do piso térreo do Palácio do Governo e ainda no palácio das Repartições.
Desde 1 de Março de 1926 a sede do BNU de Macau passou a funcionar no cruzamento da Praia Grande com a Av. Almeida Ribeiro, onde ainda se encontra em funcionamento.

sábado, 22 de outubro de 2022

Anuário de 1925

Em Setembro de 1924 a Secretaria Geral do Governo publicava no Boletim Oficial um "aviso" onde informava dos preços dos anúncios a inserir na edição do "Anuário da Colónia relativo ao ano de 1925" que estava a ser preparado.
Em baixo a capa do Anuário de Macau de 1925 com uma ilustração da Torre de Belém (Lisboa) na capa: "1524 -1924 A “Torre de Belém” em Macau nas festas centenárias de Vasco da Gama". 
A publicação foi coordenada pelo Governo da Província de Macau e impressa na Escola de Artes e Ofícios. Total: 171 páginas. Ilustrado.
A Escola de Artes e Ofícios funcionava no Orfanato da Imaculada Conceição.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A Villa Branca de Luís Gonzaga Nolasco da Silva

"Vivendas no Monte da Guia" * é a legenda deste postal ilustrado da década 1910/20. Nele podem ver-se (da esq. para a dta.) a Vila Alegre (Francisco Anacleto da Silva), a Vila Branca (Luiz Nolasco da Silva) e uma pequena parte da Vila Primavera (Casa de Manuel da Silva Mendes). São três edifícios com fins residenciais, de grandes dimensões, construídos nos primeiros anos do século 20 por três homens abastados residentes no território.
Interessa para este post apenas a Villa Branca.
* em rigor trata-se da encosta sudoeste da colina de S. Jerónimo.
1915年12月澳門省政府輔政司(Secretário Geral do Governo)費雷拉•羅莎(Manuel Ferreira da Rocha)向澳門政府申請位於東望洋斜巷和白頭馬路之間的土地,建造房屋。1917年該幅土地由著名土生葡裔律師盧義士 • 施利華(Luís Gonzaga Nolasco da Silva) 購入,聘用香港建築師約翰•萊姆(John Lemm) 負責設計,1918年建成,是一座氣派豪華的法國宮廷堡壘式建築,故名白宮(Casa Branca)。1938年中山縣被日軍佔領,白宮地面層租予遷澳的“總理故鄉紀念中學” 繼續辦學,直至1941年。施利華家族居住於此大宅直至1959年,1960年物業售予寶血女修會並作為耶穌寶血女修院。1998年澳門貨幣暨匯兌監理署以一億二千萬元購入,並委託蘇東坡建築師(António Bruno Soares)負責更新及擴建設計,現在是澳門金融管理局的辦公大樓。
Foto da década 1940
A Villa Branca foi projectada pelo arquitecto John Lemm (1867-1917), de Hong Kong, embora durante algum tempo tenha tido uma representação em Macau. Ca. de 1915 chegou a projectar um edifício para um liceu no território, uma obra que nunca se fez.

O macaense Luís Gonzaga Nolasco da Silva (1881-1954) foi o sétimo filho de Pedro Nolasco da Silva e de D. Edith Maria Angier. Formou-se como bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra (1898-1903). Foi notário e advogado em Macau, empresário, fundou vários jornais (O Macaense, Vida Nova...), e presidente do Leal Senado. Casou em 1906 com Beatriz Emília Bontein (1885-1959). Tiveram 10 filhos. 
Luís G. Nolasco da Silva começou por comprar a Manuel Ferreira da Rocha um terreno  - entre a Estrada dos Parses e as calçadas do Gaio e do Paiol - local onde mandou construir uma casa apalaçada para a sua residência e que viria a ficar conhecida como Villa/Casa Branca.
Numa das fachadas do enorme palacete está a inscrição "1917" admitindo-se ser o ano da conclusão da obra. Está actualmente classificado como edifício de interesse arquitectónico.
A casa foi vendida em 1960 à Ordem das Irmãzinhas do Precioso Sangue, que aí instalou o convento com o mesmo nome. Em 1996 o governo de Macau adquiriu o edifício que após remodelação passou a albergar a Autoridade Monetária de Macau.
Perspectiva actual da entrada do edifício
Luís Gonzaga com a mulher e os filhos à entrada do palacete em 1929
Curiosidade: Luís Gonzaga Nolasco da Silva foi aluno de Camilo Pessanha e, já como notário, registou o testamento do poeta.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Comissariado de Polícia

Em 1914, Daniel Ferreira, Administrador do Concelho, Procurador Administrativo dos Negócios Sínicos e Chefe dos Serviços de Polícia, organizou a Polícia Civil de Macau, com um efectivo de 300 homens.
Em 1916 foi criado o Comissariado da Polícia substituindo a Repartição dos Serviços de Polícia do Concelho de Macau. Esta força policial era constituída maioritariamente por militares que, no contexto da primeira guerra mundial, eram convocados para "recolher aos quartéis". No Boletim Oficial nº 14, de 1 de Abril de 1916, publica-se a Portaria nº 52 que autoriza a admissão dos oficiais para, sob as ordens do Administrador do Concelho (era também o Comissário), constituir a secção do comissariado especialmente destinada à Polícia de Segurança comum efectivos de 304 elementos.
Em 1920 a Polícia de Segurança é integrada no Comissariado de Polícia; no B.O. nº 15, de 10 de Abril desse ano é publicado o regulamento desse comissariado definindo as missões gerais e a estrutura. Em 1923 é criado um Posto de Identificação e Investigação Scientífica.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A cidade por Manuel da Silva Mendes em 1929

Em 1º plano o bairro de S. Lázaro; ao fundo assinalei a casa de MSM na encosta do monte da Guia onde se pode ver o farol e a ermida ao centro. Foto década 1920

"Um português que se deixasse adormecer em Lisboa e, por magia, acordasse em Hong Kong, não conseguiria identificar o lugar onde se encontrava, mas decerto que saberia que não se encontrava numa cidade portuguesa. Se o mesmo português acordasse perto das Nove Ilhas e conseguisse, a partir do seu navio, avistar ao fundo a Capela de Nossa Senhora da Guia, o Hospital de São Januário, o Quartel de São Francisco e as construções ao longo da Praia Grande, por trás destas as casas do Chunambeiro e, finalmente, no cimo da colina, a Capela de Nossa Senhora da Penha, diria para si mesmo: não sei que cidade é esta mas estou com toda a certeza em presença de uma cidade portuguesa à beira-mar. 
Ao chegar ao Porto Interior, o mesmo português sentir-se-ia de novo perdido: o que é isto? Que tipo de barcos é este? Quem é esta gente estranha? E aquela casa ali, como nunca vi igual? Estarei a sonhar ou estou acordado? Em seguida, ainda sob a mesma impressão, dirigir-se-ia à Praça do Leal Senado. Depois de esfregar os olhos, como que para acordar de um sonho surreal, olharia então para o Leal Senado e para o edifício de granito da prisão e sentir-se-ia na certeza de que tudo o que o rodeava era, na verdade, português. Depois de se passear pela zona da Praia Grande quereria ver o Chunambeiro e visitar as várias igrejas, todas indubitavelmente portuguesas.
Hoje em dia, apesar de tudo isto, o mesmo não acontece. A cidade tem infelizmente vindo a perder, ao longo dos últimos trinta anos, grande parte do seu carácter português. O governo e os habitantes da cidade têm gasto, praticamente sem qualquer hesitação ou interferência, milhões de patacas na substituição do bom pelo pior que se possa imaginar, arruinando e desnacionalizando a cidade. O que era tipicamente português ou tipicamente chinês foi destruído. Tínhamos uma cidade como ninguém tinha no Extremo Oriente, uma cidade que merecia ser visitada. Hoje temos uma cidade informe e incaracterística de onde foi praticamente removida, sem deixar qualquer rasto, toda a atracção e pitoresco. Ainda recordo, ao chegar a Macau, ouvir os estrangeiros admirar e contemplar a cidade".
Texto de Manuel da Silva Mendes publicado num jornal de Macau em 1929

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Gree Island Cement Co.

Green Island (Ilha Verde) Cement é o nome da única fábrica de cimento de Hong Kong. Ainda labora e as origens remontam a Macau e ao ano de 1886. O actual logotipo da empresa remete para a colina da referida ilha. Na época era de facto uma ilha...
Anúncio de 1897

Anúncio de 1917

Vejamos um pequeno texto de 1922 intitulado "Green Island Cement Works"
Two cement works are operated by the Green Island Cement Co Ltd a British corporation operating under a Hongkong_charter with its head offices at Hongkong and managed by Shewan Tomes & Co. One of these plants is at Kokun, a suburb of Kowloon just across the bay from Hongkong. The second is on Green Island Ilha Verde at Macao about 40 miles by water from Hongkong. This is the original plant for which the company is named It was established in 1886.
The Green Island plant at Macao consists of five vertical kilns with necessary crushing mixing and grinding machinery of English make. The clinker is ground to 180 mesh in tube mills using local pebbles. The average production is about 350 barrels of 375 pounds net each. Barrels are made at the plant from pine brought from North China which cost 0.72 Mexican each. 
Limestone is brought down the river from Yintak on the North River in Kwangtung about 200 miles distant by water and costs 3.50 Mexican per ton at the plant. Clay is dug from the mud flats about one half mile from the plant and is dried on extensive drying floors in good weather and in kilns in wet weather. This plant supplies about 900 tons of this clay each week to the allied plant 40 miles distant at Hokun. The coal used varies according to the price at which the coal can be obtained. When visited by the writer, the plant was using Japanese coal from Ochi which was then quoted at 24.30 Mexican per ton in the open market at Hongkong. Before the war the price was approximately 9 Mexican for the same coal. Cement from this old type plant probably costs 5 Mexican per barrel considering the prices for raw materials to be those already stated. (...)
Excerto de Cement Industry of China, Julius Morgan Clements, 1922
Informação de um directório/lista de classificados de 1920

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

"Extracção da Loteria da Santa Caza": Novembro de 1836

"Avizo" de "extracção da Loteria da Santa Caza": 10 de Novembro de 1836
Curiosidade: Um Decreto de 6 de Abril de 1893, em Portugal, "Auctorisa a santa casa da misericordia e mais corporações de beneficencia da cidade de Macau a empregarem os seus capitaes disponiveis na compra de predios situados na mesma cidade."

domingo, 16 de outubro de 2022

"Por Macau!... Artigos e Discursos"

Henrique Valdez é o autor deste "Por Macau!... Artigos e Discursos", um livro de 216 páginas publicado em 1922 que inclui artigos e discursos do mesmo, bem como inúmeras imagens.
No essencial são artigos e discursos proferidos por Henrique Valdez no tempo em que foi eleito Senador*, representando os interesses de Macau no Parlamento português em Lisboa.
Na introdução Constâncio José da Silva, responsável pela edição, escreveu:
Não precisa o sr. Henrique Valdez (...) de que eu o apresente ao povo de Macau (…). Senador eleito pela Colónia onde viveu durante quasi cinco anos e cujos problemas conhece melhor que nós mesmos, os macaenses, pôde S. Exa. demonstrar, nos dois anos em que esteve no Parlamento, quanto ama a nossa boa terra e quanta honestidade põe na defesa dos nossos interesses (…). E sempre com uma paixão, uma competencia e um espirito de sacrificio que dificilmente poderiam ou poderão ser egualados. (…). 
Foi em 10 de Maio de 1921, quando ainda estava no Senado, que o sr. Valdez nos escreveu, a mim, e aos seus amigos, dr. Camilo Pessanha e tenente coronel Marques, a pedir que promovêssemos a publicação deste livro, editando-o eu. Pretendia então, apenas, tornar conhecido o seu ultimo discurso, o brado que soltou a favor da integridade desta infeliz Colónia. Isso era pouco. (…) Aconselhei-o a compilar os seus artigos e discursos (…). 
Excertos:
Semanário macaense A Colónia, 21.12.1918
Teria sido Macau, nas mãos dos seus velhos habitantes, alguma cousa que possa comparar-se á alegre e pitoresca cidade que os nossos olhos de europeus se comprazem em admirar e em venerar? Que o digam Cantão, Shiu-heng, Chin-san, e todas as cidades que nos rodeiam e que nos entristecem com o seu aspecto miserável, doentio e soturno. A China, vendo-se bem, só teve a lucrar com a nossa presença aqui, tendo sido nós, os pioneiros da civilização, quem lhe abriu as portas ao comercio do Ocidente, dando-lhe mercados inexgotaveis para as suas sedas, para as suas inimitaveis obras de arte e para os milhares de produtos que os seus povos laboriosos sabem arrancar á terra ou á industria. E as ideias de liberdade devem também ter vindo comnosco, dando-se até a singular coincidencia de que a sua Republica foi proclamada momentos depois da nossa gloriosa Revolução!...

Semanário macaense A Colónia, de 22.3.1919
A 60 milhas ao Sudoeste de Macau, encontra o navegante um grupo de duas ilhas interessantíssimas e destinadas talvez a desempenhar um papel de relevo e de importancia na Historia da Humanidade. A primeira (…), se encontra uma encantadora capela, mandada erigir em 1868 para sufrágio da memoria do grande vulto que se chamou S. Francisco Xavier. Não poderia ser mais pitoresco nem mais docemente impressionante o local onde foi construido o piedoso monumento!... 

Semanário macaense O Liberal, de 11 e 18.10.1919 
Macau está quasi como era em 1910 (…). Macau era digna de melhor sorte. Ha aqui um povo trabalhador, honesto, inteligente, que tem sido deitado á margem, espesinhado, ludibriado; e -isto é que custa dizê-lo - e, muitas vezes, teem sido os seus proprios irmãos, os filhos do mesmo sangue e da mesma raça que assim o teem deprimido, achincalhado!... (…) Outro dos problemas que se debatem aqui na Colonia, problema importantíssimo e que á Republica, á gloriosa Republica do 5 de Outubro, cabe resolver, é o da delimitação de Macau (…). Curioso é que nem todos os chinas pensam como esses portugueses sem dignidade nem coração: em Cantão descobrimos um mapa do Kwangtung, edição moderna e dedicada ás escolas oficiais, em que os limites de Macau são já qualquer coisa razoavel. Compreende: a peninsula até ás portas do Cerco; a ilha da Taipa; a ilha de Coloane; a ilha de D. João; a parte norte da Ilha de Wong-cam e as aguas inteiras do Porto interior, com as duas ilhotas de Malao-Chao. Não e tudo; mas já é alguma coisa. (…)
É preciso que a Republica se lembre de Macau e que estabeleça a carreira para o Oriente. (…) A Metropole terá tudo a ganhar (…); esgotada como está a Europa por 5 anos de guerra, é daqui, do Extremo-Oriente, que poderá refazer os seus mercados e suprir os seus deficits. As sedas, o chá, o tabaco, as madeiras, o minério, os charões e as porcelanas, podem muito bem ser trocados, aqui no nosso entreposto comercial, pelos vinhos, azeites, conservas e cortiças do nosso belo País. (…) Disto sim, meus senhores e não dos rendimentos dos vicios é que nós deveremos viver. (…) Mas....ha ainda um problema que a Republica tem a resolver e que muito interessa á Colonia. É o da instrução.

Semanário macaense A Colónia, de 8.3.1919
Constou-nos (…) que o Governo de Hongkong pensa em destinar um bairro especial para alojamento dos numerosos portugueses que habitam a visinha Colonia. É a Camões City, denominação infeliz que, dada a qualquer dependencia de uma cidade nossa, representaria uma homenagem ao grandioso e sublime cantor dos Luziadas, mas que (…) representa uma irrisão, um escarnéo que, para sempre, ficaremos a dever aos nossos velhos aliados!... Diz-se que esta separação do elemento português (macaense, quasi todo) tem por fim calar a boca aos japoneses que, pouco a pouco, haviam invadido os mais pitorescos e salubres logares da florescente possessão, pouco faltando para que se instalassem comodamente... no proprio palacio do governo. E, para que os dilectos Filhos do Sol do Nascente se não mostrassem ofendidos com uma enxotadela tão fora de proposito, estendeu-se a determinação a individuos de outras raças, pretendendo-se formar com eles interessantes grupos poeticamente distribuídos pelas encostas verdejantes da encantadora ilha!... (…) Mas o reconhecimento deste direito de defeza não vai ao ponto de se achar justo que se persiga ou se coloquem em situação aviltante os povos irmãos (…) esquecendo o governo de Hongkong o quanto a cidade deve aos macaenses, desde a sua fundação até á defesa desinteressada e patriotica que eles, nos dias amargos da guerra, se prontificaram a fazer dos seus muros e das suas edificações!...Então choviam os elogios (…) Era aqui em Macau que, se as coisas corressem com justiça e com dignidade, se deveria arranjar emprego e colocação para os pobres filhos desta terra, evitando-se que andassem por esse mundo á mercê de tais enxovalhos e de tão injustas classificações.

Semanário macaense O Liberal, de 15.5.1920
Sr. Presidente – (…) Creio bem que Macau é muito pouco conhecida em Portugal. Está muito longe, e talvez isso dê razão a essa ignorância. Mas, sr. Presidente, Macau é uma das nossas colonias mais belas, mais valiosas, mais florescentes e mais ricas. (…)
Temos vivido ali de olhos fechados, numa somnolencia criminosa! (…) A Lapa fornece a agua a Macau pois como essa ilha está em litigio, dá-se a circunstancia curiosa de que, sempre que ha qualquer questão com a China, Macau fica aterrada, sem se saber o que os chineses farão á agua, se a cortam ou se a envenenam! Não houve tempo ainda, em 4 séculos, de tratar da questão das aguas!... E não houve tempo também de cuidar, até agora, dos esgotos, porque a verdade é que Macau não tem ainda um sistema de esgotos!... Nem esgotos, nem coisa alguma!...Fala-se por lá também na construção de casas baratas, porque em Macau a propriedade é hoje caríssima, mercê da afluência de chinas que as constantes revoluções ali têm trazido. (…) Creio que foi o nosso inimitável Eça quem disse que Macau era terra chinesa governada por um mandarim português. Ora isto é falso, excepção feita, as vezes, do mandarim... Na população de Macau ha um núcleo importante de portugueses, gente ilustrada, instruída e cheia de patriotismo e de abnegação, gente que confia em absoluto no espirito de justiça da nossa jovem Republica. E é o conhecimento que eu tenho desse bom povo ilustrado e sofredor que me obriga a pedir ao Parlamento que não me leve a mal o apresentar-lhe agora um projecto que tenda a melhorar as suas tristes condições de existência (…)

Diário de Noticias, de 18.6.1920
Fala-se em Angola e em Moçambique, cita-se S. Tomé, a Guiné e Cabo Verde e, no entanto, pouca gente conhece... Macau!... (…) Mas o que é difícil é precisamente conseguir-se que os governos lhe deem a consideração e a importância a que tem incontestável direito!... A Metrópole lembra-se, em geral, de Macau quando, dos seus cofres, pretende sacar as dezenas e até mesmo centenas de contos com que usa tapar buracos na administração de outras colonias menos prosperas ou mais mal governadas. Fora disto - que não interessa evidentemente a Macau - tudo lhe regateia e tudo lhe dificulta. Há quatro séculos que se firmou ali o nosso domínio e, no entanto, Macau, a pérola do Oriente, a estancia favorita do sublime cantor dos Lusíadas, encontra-se desprovida de tudo o que representa conforto, higiene, bem estar e até... defesa!... Desconhecemos mesmo quais sejam os limites do território nacional!... (…)
É o Monte Carlo do Extremo-Oriente: mas um pobre Monte-Carlo que não seduz, que não enfeitiça, que não se enche de louçanias e de tentações para atrair a si os forasteiros, os turistas que rodopiam pelas cidades que a rodeiam. E, no entanto, a natureza, que tão dura se mostrou para com as ásperas regiões do sul da China, foi extraordinariamente pródiga para com Macau, dotando-a de uma baia elegantíssima, a Praia Grande, e dando ás suas colinas relevos interessantíssimos e extremamente graciosos. É um pequeno Eden, sem conforto nem outras atracções que não sejam as naturais.
* O Senado da República foi a câmara alta do Congresso da República criado pela Constituição Portuguesa de 1911 e funcionou até ser dissolvido pelo Golpe de 28 de Maio de 1926 que pôs termo à Primeira República Portuguesa.
Os senadores eram eleitos por listas, por distritos e por províncias ultramarinas, para um período de 6 anos. Competia aos Senadores, para além do que era comum com os Deputados, aprovar ou rejeitar, por votação secreta, as propostas de nomeação dos governadores e comissários da República para as Províncias Ultramarinas.

sábado, 15 de outubro de 2022

"É muito considerável a indústria da pesca..."

Cidade costeira, Macau, juntamente com as ilhas da Taipa e de Coloane, tem a sua história intimamente ligada à pesca, um sector que atingiu o expoente na primeira metade do século 20.
No livro "Portugal e as suas colónias", de Fortunado de Almeida, publicado em 1920, pode ler-se: "É muito considerável a indústria da pesca, que abastece de peixe fresco, sêco e salgado a cidade de Macau, Hong Hong e outras povoações."
Na década de 1940/50 existiam cerca de 60 mil pescadores e todo o sector dava emprego a cerca de 70 por cento da população.
Loja de "Peixe salgado e óleo de ostra": década 1960

A partir da década de 1960 o sector entrou em declínio, em parte devido ao aumento da poluição. Actualmente contam-se pelos dedos as empresas/lojas que se dedicam ao peixe seco capturado nas águas de Macau, mas sendo muito utilizado na gastronomia chinesa (e até na macaense) este produto é importado da China continental.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

"China Revolutionized": 1913

"China Revolutionized" de John Stuart Thomson foi publicado nos EUA em 1913. Macau surge no capítulo 21 - "Foreign Cities of China". Eis um excerto:
The writer in his book, The Chinese, dealt at length with the oldest foreign settlement in China, the Portugese city of Macao, and its famous author, Camoens, who wrote The Lusiads. Authors who have written on quaint medieval Macao are Doctor Eitel, Norton Kyshe, Montalto de Jesus, Kutschera, Ljungstedt, the famous Sir John Bowring and the immortal Camoens himself. The largest library on the subject is to be found in the National Libraries of Lisbon, Coimbra, and other educational centers of old Portugal. The first American consuls lived at Macao, as did also the noted Jesuit explorer Abbé Huc, in 1840, in the seminary here. 
The British artist, Chinnery, lived and painted at Macao, as did the lovely Chinese colorist, Nam Cheong. Edmund Roberts, the first American ambassador of the United States “to Siam, Cochin and Muscat” died of bubonic plague here on June 12, 1836. In a study of Macao384 the old volume of the Chinese Repository should not be left unsearched. In a temple at Wang Hiya, beyond the quaint Porto Cerco gate, the first commercial treaty between America and China was signed respectively by Cushing, Daniel Webster’s son Fletcher, and Ki Ying. The remarkable miniature garden at the governor’s summer palace on the Monte Road should be seen, and rather amusing miniature photo statues are to be seen in the cemeteries. 
The largest cement factory in China (British owned) is on Green Island, which is connected by a causeway with Macao. The silted up harbor is being dredged in an effort to bring the long lost shipping back to old Macao. There is to be railway connection with Canton, and there is palatial steamer connection with Hongkong and Canton. The modern hotels, such as the Boa Vista and the Hing Kee, are excellent, the former occupying an unusually scenic site. The drives and Praya Grande are delightful. Macao is famous for its medieval carnivals and processions. It has an ambitious Chinese population whose leading spirits are the progressive Ho Sui Tin and Fong families. Its gambling houses are possibly notorious, and its opium farm, now somewhat restricted, was once a great thorn in international and hygienic matters. (...)
Lovely flowery Macao, of fast and festival, is the favorite health resort of Hongkong, because of its soutwest monsoon in the summer months. 
The wave of the Portuguese republican revolution took a month to reach Indian Goa and Cathayan Macao. The newspapers were read by the soldiers in the two beautiful barracks which stand high over Cape Sao Francisco and beneath Monte Fort. They were then loaned to the sailors on the gunboat Patria which rose and fell on the yellow tide in the offing. 
On November 29, 1910, the sailors of the Patria landed, marched to the square where the Senato Leal stands on high ground on Rua Central in the center of the closely built city. There three volleys were fired as a signal to the troops who, a mile away, broke into the armories and armed with ball cartridge ready for liberty’s business! 
The Legionaires Regiment first proceeded to the Santa Clara Convent, drove the nuns to the steamboats lying in the inner harbor, and forced them to sail for Hongkong, forty miles away, the objection to the long intrenched religious orders being that they successfully compete with business by not paying taxes. Then the revolutionists, dragging cannon, marched to the artistic government “Palais” on the picturesque Praya Grande, where the governor and representatives of the Senato Leal were forced at the bayonet’s point to agree to the expulsion of favored religious orders, the establishment of a republic in Portugal and her colonies, the suppression of the oligarchic and religious organ, Vida Nova, and similar reforms obtained by the republicans in Portugal. 
Most wonderful to relate, as a new sign on the horizon of the twentieth century, the Chinese viceroy of Kwangtung province brought up his Chinese army to stand by and see that order elsewhere was maintained while European revolutionists, European monarchists and reactionary Catholics fought out questions of representative and popular government in a corner of the sacred soil of old China. Correctly speaking then, it was little historic Portugal, and not ancient China, that first established a republic on Chinese soil, and Portugal’s republican influence, multum in parvo, as well as America’s and France’s, has been influential with Chinese reformers.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

"Inspiração - Paisagens Antigas de Macau"

Por estes dias é possível ver em Macau - Fundação Rui Cunha - uma exposição de pintura da autoria de Emílio Cervantes Júnior, intitulada "Inspiração - Paisagens Antigas de Macau".
O artista nasceu a 9 de Julho de 1931 no México e foi viver para Macau com apenas cinco anos de idade, com os pais, tendo ficado no território até morrer em 2017.
Ao todo são 33 obras a óleo, aguarela, guache e tinta-da-china que revelam imagens do quotidiano de Macau pintadas ao longo de 17 anos.
Para além da pintura, em Macau Emílio Cervantes Jr. dedicou-se ainda ao desporto e à música. Pertenceu à orquestra da Tuna Negro-Rubro, de Pedro José Lobo, onde tocava clarinete, saxofone, banjo e viola.
Em baixo a capa do catálogo "Aguarelas de Macau", exposição realizada na Galeria da Direcção dos Serviços de Turismo em Setembro de 1996.