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domingo, 30 de setembro de 2018

Descrição do Palácio do Governo: final do século 19

“É um dos principais edifícios das nossas Colónias. Situado proximamente no centro da Praia Grande de Macau foi mandado construir pelo governador falecido visconde da Praia Grande, se bem nos recorda de empreitada por 35 mil pesos.
Não havia então na província engenheiros nem tão pouco serviço de obras públicas. Era urgente fazer-se uma residência para os governadores e nesse tempo principiava o falecido Visconde de Cercal o seu palácio. O governador que conseguira em sua administração tornar replectos de boa moeda sonante todos os cofres da província animou-se a empreender também a construção d´um edifício apropriado. Com um chin mestres d´obras (mata-pau) designou os cómmodos que desejava para esse edifício e estabeleceu as condicções a que devia satisfazer sua construção. Aquelle homem que conhecemos e também já falleceu, como sabia, lá riscou n´um papel pardo, a lápis de côres uma planta e alçado, que depois de soffrer algumas modificações, foi posto em execução.
Ilustração da época de 1880 - revista Occidente
Tem o edifício de frente, quarenta tantos metros e de suas extremidades seguem perpendicularmente à frente alas que para o lado interior fecham até certa altura o jardim do mesmo palácio, o qual depois é protegido por muros e prédios particulares, sendo os fundos do lado fronteiro ao palácio fechado pelas cavalariças e cocheiras pertencentes ao mesmo, cuja frente fica na calçada, se bem nos recorda, do Santo Agostinho.
Comprehende o palacio dois pavimentos, no inferior, lado direito, são as repartições da secretaria do governo e, lado esquerdo, alojamentos dos oficiaes às ordens e adjudantes dos governadores. Nos fundos, arrecadações e quartos de ordenanças. No primeiro pavimento à frente, salas de entrada e na primeira, à direita, mais duas sendo a do topo a do docel; à esquerda, de visitas ou dos retratos dos governadores, reservada, a gabinete particular do governador ou seu escriptorio.”
in "Revista illustrada As Colónias Portuguesas”, 1883

sábado, 29 de setembro de 2018

"Serviço de porcelana chinesa" de D. Pedro III


Réplica de um prato em porcelana da China de exportação europeia decorada com as Armas Reais Portuguesas sobrepostas às da Ordem da Cruz de Malta em esmaltes polícromos e ouro.
À semelhança das cortes de França e Espanha, a realeza, nobres, dignitários da Igreja e alta burguesia portuguesas também não dispensavam à sua mesa as peças de louça da China que importavam através de Macau. Estes serviços - cujas peças podiam rondar as duas centenas - eram constituídos por pratos fundos e rasos, terrinas e travessas de vários tamanhos, saladeiras, molheiras, mostardeiras, saleiros, caixas de especiarias, manteigueiras e cremeiras.
Foi assim desde o século XVII até ao século XX, com os monarcas e aristocratas a importarem serviços e peças avulsas decorados com os seus brasões de armas entre flores, folhas, grinaldas, gregas e outros elementos decorativos coloridos com esmaltes.
Encomendado pelo rei D. Pedro III, em 22 de Agosto de 1775, por via de Bento Dias, segundo um aditamento ao inventário do Palácio de Queluz de 1767, entrou no referido palácio "Hum jogo de Loiça de Macao fundo branco sercadura de rede encarnada e matizes, filetes de oiro e em cada pessa duas tarjas de Armas Reais juntas com as de Malta".
D. Pedro III (1717-1786) era filho de D. João V e de D. Maria Ana de Áustria. O Palácio Nacional de Queluz era a sua residência favorita e foi para lá que foi este serviço completo de porcelana chinesa de exportação ("Companhia das Índias"), do reinado Quianlong (1736-1795), constituído por serviço de jantar, chá, café e chocolate. Foi propositadamente encomendado para o rei, e decorado com as Armas Reais portuguesas sobrepostas à cruz da Ordem de Malta. O serviço é designado por "Louça de Macao" tendo sido feitas reproduções com fins comerciais.


Réplica de um bule em porcelana da China de exportação europeia - do período Qianlong - decorada com as Armas Reais Portuguesas em esmaltes polícromos e ouro. Parte de um serviço de mesa, chá, café e chocolate, encomendado pelo rei D. Pedro III, marido da Rainha D. Maria Pia.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Imposto de selo com sobrecarga "taxa de guerra"

Na falta de estampilhas originais foram colocadas as sobrecargas "Taxa de Guerra" nas estampilhas de "Imposto do Selo" que vigoravam nas diferentes colónias portuguesas, incluindo Macau. Estes são de 1919 e existiram, pelo menos, com os valores de 2, 9 e 11 avos. O valor era direccionado para suportar os custos da participação de Portugal na Primeira Guerra mundial.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Réplicas de Selos e Notas de Macau

“História das Ex-Colónias de Portugal em Selos e Notas”, é uma edição promovida pelo jornal Correio da Manhã em 2018 com réplicas em tamanho real de selos e notas das antigas colónias portuguesas. A colecção é composta por álbum de capa dura com 128 páginas, 30 fascículos sobre a história das notas e selos das ex-colónias portuguesas; 60 blocos com 208 selos reproduzidos em papel filatélico de alta qualidade e 60 notas em papel-moeda, em tamanho real.
Macau na colecção:
Notas: 10 patacas (1907); 100 patacas (1944); 1 pataca (1912); 50 patacas (1944);
Selos: Uniformes Militares (1966); Vistas de Macau (1948); Flores de Macau (1953); Embarcações Típicas de Macau (1951); Retrospectiva (1999).

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"Imagens do Oriente - Impressões de Viagens"

Edição Museu Marítimo de Macau, 1999
António José Gonçalves Pereira nasceu em 26 de Julho de 1855 em Gontinhães (Vila Praia de Âncora, concelho de Caminha), filho de Francisco Gonçalves do Rego e Ana Maria Pereira, modestos lavradores da freguesia.
Foi educado pelos tios, Comendador José Bento Ramos Pereira e D. Maria Gertrudes da Silva Pereira, com casa comercial no Rio de Janeiro. Estudou em Leça, no Colégio dirigido por D. Pedro Montezuma, nos liceus do Porto, Viana do Castelo, na Academia Politécnica e Escola Médica do Porto. Médico Naval, em 1886, no posto de 2.º Tenente, esteve embarcado nas canhoneiras «Bengo», «Diu» e no Cruzador D. Carlos.
Sobre a sua primeira viagem disse: «Abriram-se as portas do mundo, e em toda esta minha vida movimentada percorri quase todos os oceanos, costeei continentes, uns cobertos de luxuriante vegetação, outros áridos e arenosos; as ilhas que pareciam corbelhas de flores baloiçando-se no meio do mar; vi cidades, Babilónias indescritíveis, crianças nos anos e velhas no tamanho; toquei nas águas da mais bela catarata do mundo – o Niágara, atravessei o Continente Norte-Americano, num verdadeiro palácio de rodas – o Pullman, e lagoa em caminho de ferro; planícies que pareciam oceanos de verdura; ascendi ao cume de Montanhas Rochosas cobertas de gelos eternos; vi lagos de água salgada, aonde esta parece não dever existir; atravessei o grande Deserto Americano compreendido entre as Montanhas Rochosas e a Serra Nevada; vi o Oriente e a Oceânia, um com as suas antigas civilizações, outro quase no estado primitivo; assisti a deslumbrantes festas reais e de Chefes de Estado; tomei parte em cerimonial marítimo de indizível grandeza; vi vulcões em actividade e vulcões extintos; admirei a imponência das Pirâmides do Egipto; fotografei-me junto da Esfinge; vi múmias de Faraós de 3.000 anos antes de Cristo; vi o Cairo, vi Malta, vi Argel com os seus famosos templos e velhas mesquitas; vi as novas cidades da América do Sul, vi enfim tanta maravilha da natureza e da arte, que perante tão extraordinária beleza me descobria invocando aqueles que me puseram em estado de as admirar. Foi um nunca acabar de impressões grandiosas, que só as pode bem avaliar quem durante 24 anos vagabundeou quase incessantemente. A minha vida foi um perfeito caleidoscópio, e para que nada faltasse conquistei as mais honrosas condecorações e os melhores amigos. Quem ler esta pequena resenha de impressões, bem poderá ajuizar o que tem de belo a minha peregrinação pelo mundo. E com tal movimento, esta pedra não criou bolor.»
Gonçalves Pereira exerceu cargos directivos no Posto-Médico do Arsenal, da Cordoaria e do Hospital da Marinha. Foi ainda Professor de Ciências Matemáticas, de Ciências Naturais e Cronista.
Viveu em Macau, onde casou, a 25 de Abril de 1892, com a macaense, D. Edith Maria Constança Nolasco da Silva, filha mais velha de Pedro Nolasco da Silva (1842-1912) e de Edith Maria Angier. Senador eleito pelo círculo n.º 50 (Macau) em 1916, fez parte das Comissões de Higiene e Assistência, Marinha, Guerra, Finanças, Orçamento e Colónias.
Na sua primeira intervenção como Senador referiu-se às ocorrências na Ilha da Lapa ou dos Padres: 
«Sr. Presidente: começo por ler uma carta que ultimamente recebi de Macau.
"A notícia, mais desagradável, que lhe posso dar, é a que se refere à ocupação militar da Ilha da Lapa. O governador Maia  (Carlos da Maia, governador entre 1914 e 1916) mandou em tempos desembarcar ali soldados disfarçados vestidos à paisana. Estes reuniram-se numa casa da Ilha, aonde arvoraram a bandeira portuguesa. Os chineses, logo que os viram e reconheceram, correram-nos da Ilha e obrigaram-nos a arrear a bandeira. Consta agora que os chineses, mandaram para ali soldados e metralhadoras de modo a receberem-nos doutro modo, se outra tentativa houver. Foi o acto mais impolítico que o governador podia praticar, e que muito nos pode comprometer no futuro. Todos o censuram e se admiram como cometeu aquela imprudência».
Quando a China implantou, no seu país, o regime republicano, as províncias do sul revolucionaram-se, e essas revoluções reflectiram-se, mais ou menos, nas povoações próximas de Macau, entre as quais está a ilha da Lapa. Esta ilha foi abandonada por grande número dos seus habitantes, de forma que ela ficou, por assim dizer, em poder dos revoltosos que a breve trecho também dela saíram. O Sr. Maia, Governador de Macau, julgou ser este o momento azado para nos apoderarmos da Ilha e combinou com o comandante da polícia estabelecer uma espécie de quartel flutuante, no porto interior de Macau, para os nossos soldados, sob o comando de um oficial. Na Ilha haviam preparado uma casa, para onde iam à paisana, onde arvoraram primeiro a bandeira chinesa, passando depois a arvorarem a bandeira portuguesa. Os chineses logo que viram ali a nossa bandeira, correram os nossos soldados, e fizeram arriar a bandeira. O Governador retirou de Macau no mês de Setembro, mas deixou ali ordem, segundo as informações que tenho, para que a nossa bandeira fosse de novo arvorada na referida Ilha, no dia 5 de Outubro. O secretário do Governo, cumprindo essa ordem, mandou que a bandeira fosse hasteada, mas sucedeu o mesmo que da primeira vez: foi arriada e os soldados postos de lá para fora.
Consta-me que o Governo chinês, em consequência destes casos, mandou ocupar a Ilha, militarmente, mandando para ela, soldados e munições. Sr. Presidente: não faço largos comentários a este facto, que tem tanto de deplorável como de impolítico e imprudente, mas sempre direi que, se não estamos hoje a braços com uma complicação grave com a China, havemos de a ter num futuro mais ou menos próximo, quando nos decidirmos a solucionar o problema da delimitação de Macau. E, Sr. Presidente, para que não se julgue que as minhas palavras são fantasiosas, eu vou referir à Câmara o que se passou em 1908, com uma imprudência quase igual à de agora. Em 1908, o Governa Chinês soube que tinha partido do Japão para Macau um navio carregado de armas para serem introduzidas na China clandestinamente. O Governo Chinês mandou uma canhoneira próximo de Macau ao encontro desse navio e tendo-o encontrado próximo da ilha de Woucame, levou-o para Cantão e apresou as armas.
O Governo Japonês, logo que soube deste aprisionamento, mandou quatro cruzadores a Cantão, exigiu o navio e as armas, uma indemnização e uma satisfação à bandeira japonesa no próprio local onde o navio fora apresado. A China sofreu estes vexames, satisfazendo todas as exigências, menos a da entrega das armas, porque, dizia ela, se as entregasse iriam para Macau e seriam, introduzidas na China, mas teve de pagar uma indemnização pelas armas, proximamente 2:000.000$. Ficou assim o negócio liquidado com o Japão, mas a China veio depois pedir satisfação a Portugal. Quando se tratou de resolver este problema o Governo Português, cujo Ministro dos Negócios Estrangeiros era o Sr. Venceslau de Lima, para o solucionar satisfatoriamente para Portugal, declarou que as armas tinham sido aprisionadas em águas chinesas e não portuguesas.
Os chinas calaram-se e aceitaram esta explicação como boa. Poucos anos depois, o Governo Português mandava a Macau uma comissão composta dos Srs. General Machado e Norton de Matos, que é hoje Ministro da Guerra (1915-1917), para proceder à delimitação daquela nossa colónia, e quando se tratou de discutir o direito que tínhamos às ilhas que rodeiam Macau, entre elas a da Lapa, os comissários chineses declararam que Portugal tinha dito que eram chinesas as águas onde o navio tinha sido apresado e, portanto, chinesas eram as ilhas banhadas por essas águas e não quis admitir mais que na conferência se tratasse da posse das ilhas que rodeiam Macau, ficando assim malogradas as delimitações de Macau.
Agora, quando o Governo Português se resolver a solucionar este problema das delimitações, que é urgente fazerem-se, ela há-de dizer que lhe pertence a Ilha da Lapa, que está ocupada militarmente, sem apresentarmos reclamação nenhuma, e por consequência os trabalhos das delimitações ficam malogradas, como da primeira vez.
É esta a consequência fatal do acto imprudente e impolítico praticado pelo governador Maia. Sr. Presidente: na minha qualidade de Senador, representante de Macau, protesto energicamente contra este facto e protesto mais contra a volta do governador para Macau, porque a presença dele ali há-de ser irritante, principalmente entre os chinas da Ilha da Lapa, que têm vivido constantemente em óptimas relações de amizade connosco, prestando-nos até importantíssimos serviços, de que eu fui testemunha, quando se tratou da epidemia da peste bubónica, sujeitando-se a receber na sua ilha todos os empestados de Macau para que pudéssemos sanear a nossa colónia à vontade.
É preciso que o Governo saiba que, se um dia tomarmos posse da Ilha da Lapa, não há-de ser pela força, que ali não temos, nem pela violência, mas sim por actos de boa amizade entre os dois países e mercê duma hábil diplomacia da nossa parte para com a China.
É necessário também que se saiba que em Macau há uma população de 100:030 almas; que só 4:000 ou 5:000 almas são portuguesas; que quase toda a polícia de Macau é composta de chineses, em que se não pode ter grande confiança.
Ainda na última mala que chegou recebi um jornal que dizia o seguinte:
«Esteve em Macau, a conferenciar com o governo da colónia, dizem que sobre assuntos respeitantes aos territórios vizinhos, o secretário do governador civil de Cantão, Sr. Dr. Lin-tsu-fang. Não sabemos o que resultou da conferência». Ora os territórios vizinhos de Macau, em que nós podemos ter interesses, são as ilhas que rodeiam Macau. Não sei o que se tratou na conferência, mas, com certeza, que não havia de ser cousa nenhuma favorável para nós. Sr. Presidente: brevemente vão ser postas em execução, nas colónias, as cartas orgânicas. Os governos das colónias tornam-se, por isso, mais difíceis. Eu pedia ao Governo que não mandasse para as nossas colónias senão homens ponderados, e não aprendizes, a fim de que não haja complicações, das quais poderão resultar graves dificuldades para nós. Sobre o caso não faço mais considerações. Estas deviam ser feitas na presença do Sr. Ministro das Colónias ou do Sr. Ministro dos Estrangeiros, mas S. Ex.as nem sempre podem vir â Câmara, e por isso peço a V. Exa., Sr. Presidente, que tenha a extrema amabilidade de as fazer chegar ao conhecimento desses Srs. Ministros para que sejam tomadas na consideração que mereçam (Apoiados).
Vozes: - Muito bem.»


Republicano convicto desde a primeira hora, Gonçalves Pereira cedo se desiludiu com o rumo dos acontecimentos. 
Reformou-se, a seu pedido, com o posto de Capitão-de-fragata. 
«A minha tristeza», diz ele, «foi enorme. Escondi os meus uniformes, cujos galões tanto honrei, guardei a minha espada virgem e impoluta, beijei as condecorações que tão honradamente ganhei; e reportei-me ao meu passado tão belo, tão distraído e tão honroso.» 
Colaborou na Ilustração Portuguesa e publicou as obras "Manifesto Eleitoral" (1915), "A minha auto-biografia" (1941) e "Imagens do Oriente, Impressões de viagens", editada depois da sua morte (1999), que ocorreu em Lisboa a 9 de Fevereiro de 1942.

domingo, 23 de setembro de 2018

Reportagem em dois continentes (1962)

"Reportagem em dois Continentes" é um livro da autoria de Fernando Laidley, editado em Portugal em 1962.
O autor e a mulher percorreram cerca de quinze mil quilómetros de automóvel partindo de Moçambique rumo ao Extremo-Oriente visitando Macau, a pérola do Oriente; Hong Kong, a magnífica; Saigão, a capital do Vietname do Sul; Bangkok, a exótica; Ceilão e Carachi. Atravessaram duas vezes o Quénia, Tanganica, Rodésias e a África do Sul; Regressou a Lourenço Marques e partiu para Angola onde acompanhou as tropas portuguesas no final de 1961.
O repórter angolano Fernando Laidley levou uma vida de aventureiro e foi um dos inúmeros retornados. Fugiu de Luanda numa traineira e refez a vida em Portugal como filatelista com banca no Mercado da Ribeira. O período abrangido pela obra coincide com o princípio do fim do império colonial português.
A parte em que surge Macau é o capítulo II. (...) "Devo esclarecer que Macau e Timor eram as únicas parcelas do nosso Ultramar que ainda não havia visitado. A oportunidade não se fez esperar. (…) Como a minha velha «station» se encontrava em Lourenço Marques, resolvemos seguir nela até Nairobi, uns sete mil quilómetros ao Norte de Lourenço Marques e daí seguirmos de avião para Macau. É essa viagem maravilhosa ao Oriente e através da África, terminando em Angola, que vou tentar contar-lhes na minha prosa rudimentar (...)
Capítulo II - Viagem ao Extremo Oriente
- Voos Nairobi-Carachi e Bangkok-Hong-Kong;
- Da galanteria gaulesa à cortesia britânica...;
- Quatro séculos de história;
- 'Intermezzo' oriental;
- A maior população escolar do mundo;
- O problema dos refugiados e as serviços de saúde;
- Dois mundos diferentes: Macau e Hong-Kong;
- Macau, cidade industrial;
- O desporto em Macau;
- Tufão sobre Macau;
- A cidade magnífica;
- Formosa: Bastião n.º 1 contra o comunismo chinês;
- Quemoy, ilha fortaleza;
- Visita ao lago do sol e da lua;
- Voos Hong-Kong-Saigão-Singapura-Penang-Colombo-Bombaim-Carachi-Nairobi;

sábado, 22 de setembro de 2018

O "Tratado" de Frei Gaspar

http://macauantigo.blogspot.com/2014/05/tratado-das-cousas-da-china-e-de-ormuz.htmlTratado das cousas da China de Frei Gaspar da Cruz (frade dominicano), publicado em 1569-1570, em Évora, a primeira obra exclusivamente dedicada à China a ser impressa na Europa.
Frei Gaspar da Cruz esteve em Cantão durante seis semanas, em 1556. Do que viu e dos testemunhos que recolheu escreveu esta obra que compila o que até à data os portugueses sabiam sobre a China:
 vida económica, política, administrativa, social e intelectual. Aborda a localização geográfica, os limites e divisões administrativas, a fauna, a flora, o vestuário, hábitos culinários, festividades, música, escrita, crenças, o chá, a escrita chinesa, a antiguidade da tipografia, a grande muralha, o hábito de atar os pés às mulheres, as estradas e pontes, a agricultura, a polícia, etc.
Para Frei Gaspar "os Chinas a todos excedem em multidão de gente, em grandeza de reino, em excelência de polícia e governo, e em abundância de possessões e riquezas".
O Tratado de Frei Gaspar da Cruz viria a ser uma das principais fontes da célebre obra Historia de las cosas mas notables, ritos y costumbres del gran reino de la China (editada em Roma pela primeira vez em 1585), escrita por Juan Gonzalez de Mendoza e que teve cerca de 40 edições entre 1585 e 1600. Foi ainda a principal fonte da descrição da China incluída na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, primeira edição em 1614.
Na imagem uma edição de 1996 feita em Macau. Existem abundantes reedições.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

As 'garrafas de cimento'

Em Maio último referi aqui o caso singular da promoção da Coca-Cola em Macau. O caso foi notícia na newsletter da empresa, denominada "Journey" em Maio de 1989 e meses depois também na imprensa chinesa publicada em Macau como se pode ver nestes dois recortes de Setembro de 1989.
Agradecimentos: Alan Young (imagens)


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Yick Loong / Yec Long

A Yick Loong / Ieck Loong foi uma fábrica de panchões criada na Taipa em 1925 e a de maior longevidade. Existiram ainda, entre outras, a Him Yuen, Him Son, Kwong Yuen, Po Sing, etc...




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A Expo de 1900




Na imagem, a capa do "Almanach Illustrado do Occidente" edição de 1901. Era editado pela Empresa do Occidente, Largo do Poço Novo, Lisboa.

Na capa surge uma ilustração do "Pavilhão Colonies Portvgaises (das Colónias), o nº 32A da Exposição Internacional de Paris 1900, da autoria do arquitecto Ventura Terra.

Para este certame foi criada em 1898 a Comissão de Macau para a Exposição Universal de Paris, de que fizeram parte, entre outros, o médico Gomes da Silva.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Flora de Macau e de Timor


Apontamentos para o Estudo da Flora de Macau e de Timor foi editado em 1934. É da autoria de Paulo Emílio Cavique Santos, engenheiro agrónomo e silvicultor, botânico do Jardim Colonial de Lisboa. 
Com 76 páginas é bastante ilustrado com reprodução de folhas do herbário das plantas de Macau e de Timor à escala. 
O livro contém contém ainda todas as proveniências e as referências cientificas das recolhas das plantas efectuadas no Extremo Oriente.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

"A Primeira Polícia de Macau"

Uma edição de 1962 - separata da revista "Religião e Pátria" - da autoria de Benjamim Videira Pires. O exemplar que possuo inclui uma dedicatória manuscrita pelo punho do autor e é dedicado a "S. Exa. O Governador da Província", 16 de Março de 1963.
Aborda a implementação da polícia em Macau, no período compreendido entre 1712 (primeiras referências) e 1788, e os esforços desenvolvidos pelas várias forças institucionais presentes no território para exercerem o controlo da dita. Na conclusão, o autor faz "uma derradeira observação: só cerca de 100 anos depois de Macau é que o Portugal Europeu, por meio do Intendente D. I. de Pina Manique, estabelecia um Corpo de Polícia Regular."(...)
No Canídromo: anos 50/60

Década 1980

domingo, 16 de setembro de 2018

Ilustração do período "China Trade"



Mid 19th century (1865-1870): 
Print photograph of a China trade painting of Macao. Reverse has the photographer Pun Lun advertisement. He worked in Hong Kong and Canton with a studio on Queen's Road Central in Hong Kong.


Ilustração de meados do século 19 (1865-1870):
Postal ilustrado que reproduz uma "pintura China Trade" com uma representação de Macau.
No verso da imagem surge o nome do estúdio de fotografia - Pun Lun - localizado na Queen's Road Central, em Hong Kong.

sábado, 15 de setembro de 2018

Os tufões de 1874 e 1875

A 22 e 23 de Setembro de 1874 Macau foi assolada pelo mais devastador tufão de que há memória. Mal refeita dos estragos causa, menos de um ano depois, a 31 de Maio de 1875 um novo tufão viria a atingir o território.
Artur Lobo d'Ávila, filho de José Maria Lobo de Ávila (1817-1889), governador entre 7 de Dezembro de 1874 e 30 de Dezembro de 1876), deixou um relato do que se passou nesse dia no Palácio do Governo.
“O Governador, Visconde de S. Januário, aconselhara a família do seu sucessor, a transferir-se para a ala direita do palácio, por ter sido a menos batida pelo tufão. Assim fizemos , mas com resultado exactamente negativo, pois foi essa ala a que ruiu com a nova tormenta de Maio de 1875.
O tufão começou, como de costume, por uma lestada. E quando da Secretaria da junta, quis regressar a casa, já os cules não puderam trazer-me na cadeira; e, de gatas, tive de atravessar o jardim na parte posterior do palácio para entrar em casa.
Os tufões ficam assinalados com os nomes dos governadores. No de S. Januário, o barómetro desceu tanto, que acabou por estoirar a coluna de mercúrio, a ponto de o oficial às ordens - 1.º tenente Júlio Elbão de Sampaio - dizer ao Governador, que a agulha doidejava, marcando o nome do fabricante.
Durante essas tormentas, os telhados são descosidos e, em pedaços, voam pelos ares. Quem se arrisca a sair, corre perigo de vida, mesmo resguardado com um tundum, espécie de capacete de duríssimo bambu. (...)
António de Azevedo e Cunha defendeu o palácio, enquanto foi possível. As janelas foram interiormente, revestidas com taipans de madeira e escoras. Mas, mesmo assim, o mar, rugindo furiosamente, despedaçou as da secretaria, instalada no rés-do-chão. Foi neste momento que o Cunha, o ajudante do Governador, a ordenança Carlos, - filho de macaístas - eu, alguns soldados e operários, descemos ao referido andar, onde a tremenda inundação começava a causar terríveis e trágicos efeitos.
O Cunha, que empunhava uma pequena lanterna, vendo os da frente atingidos por uma derrocadas, gritou aos que o seguiam: – Para trás, rapazes. . .
Quinze pessoas, entre europeus e chinas, ficaram soterrados nos escombros negros e tristes.  Quando foi possível, à luz de archotes desenterrámos o ajudante-de-ordens do Governador, Alferes Caetano Diniz Junior, que tinha ficado entre as ruínas, a sua figura era confrangedora e arrepiante. Tinha perdido os sentidos e ao recobrá-los todo ensanguentado e de olhos esbugalhados, muito a custo, disse-nos: - Lembrei-me de meu pai...  Vi-o...  Foi ele que me salvou...
Depois foram desenterrados e socorridos, como era possível, os demais sinistrados, que, entre ais e gemidos, aflitivamente, pediam que os salvassem. A ordenança de cavalaria, Carlos de Manila, achou-se também às portas da morte; o china, Paulo, morreu.
Um pesado banco chinês, revestido de mármore, depois de despedaçadas as janelas, deslocou-se com o furacão e veio bater nas pernas do Governador, meu pai, ferindo-o profundamente. Este desastre, porém, evitou que ele caísse do primeiro andar para o montão de ruínas que aumentava no pavimento inferior.
Até ao amanhecer, os que escaparam aos horrores desta tragédia e os feridos, estiveram refugiados num godão - pequena arrecadação, semi-subterrânea, em que entrava a água do amor, depois de ter galgado as ruínas do aterro da Paria Grande - sobre feixes de lenha.
A população de Macau, passada a tormenta, julgou que no palácio só havia cadáveres…E pela tarde, uma proclamação do Governador terminava assim:
“Macaenses – A cidade de Macau, que ia ressurgindo das ruínas do terrível tufão do ano passado, foi novamente experimentada por idêntico flagelo. Peço-vos serenidade, conformidade e trabalho, para vencermos esta nova crise, pois que, como vosso Governador, velarei por vós, assim como convosco partilhei os horrores do cataclismo que, como é notório, esteve a ponto de deixar sem família."

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Tufão "Ruby": 5 Setembro 1964

Tal como por estes dias, há 54 anos Macau era atingida por um tufão. As duas imagens deste post ilustram os estragos provocados por um dos mais violentos tufões que assolou o território no século XX.
Ao lado a primeira página do jornal "Notícias de Macau" que na primeira página titula: "O tufão Ruby causou grandes estragos em Macau". E acrescenta: "Um armazém completamente destruído por um dos maiores incêndio registados em Macau nos últimos anos. O Governador de Macau esteve no local do sinistro. Uma morta e seis feridos nos hospitais. Foram registadas rajadas de 211 quilómetros por hora." Destaque ainda para os danos causados no armazém-fábrica Tai Wah Hong avaliados em 400 mil patacas e para a destruição do parque coberto do Grande Prémio.
A pressão mínima registada foi de 954.6 com os ventos fortes a fustigarem o território durante seis horas. O centro da tempestade tropical esteve a menos de 185 km de Macau.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Macau por John Webber

John Webber (1751-1793) foi um artista inglês (pintor e autor das imagens neste post) nomeado pelo Almirantado para acompanhar a 3ª expedição de James Cook que começou em 1776 e terminou em 1780.
Nesta aventura participaram as embarcações "HMS Resolution" comandada por James Cook e a "HMS Discovery" comandada pelo capitão Charles Clerke. Estiveram em Macau desde 1 de Dezembro de 1779 até 13 de Janeiro de 1780
John Webber was the official artist appointed by the Admiralty to accompany Captain James Cook’s third voyage of discovery to the Pacific, a journey which began in 1776 and ended in 1780.
The brief was that he should record the places, people, objects and events encountered along the way because, explained the Admiralty, pictures ‘would give a more perfect idea thereof than can be formed from written descriptions only’. Webber’s work would then be turned into illustrations to accompany the published account of the trip. Webber painted A View in Macao when the two ships, Resolution and Discovery, were on their return journey from North America. 
Cook had been killed in Hawaii in 1779 and the ships had stopped at the Portuguese colony in order to take on supplies. The picture shows the mountainous landscape of Macau and its subtitle refers the home of the 16th-century poet Luis de Camoens, who wrote a celebrated Homeric epic there. On Webber’s return to England he used the watercolour as the basis for one of 16 etchings, which were later gathered together in the volume Views from the South Seas (1808/09)
Vista de Macau por John Webber ca. 1779 com o título original: "View in Macao, including the residence of Camoens, when he wrote his Lusiad.” A obra pode ser vista no Captain Cook Memorial Museum em Inglaterra.
View of Macao near the Canton River/Coastal landscape in Macau
View in Macao

Excertos do livro The Voyages of Captain James Cook Round the World - Cap. IX(1813):
At nine o clock the tide beginning to ebb; we again came to anchor in six fathoms water; the town of Macao bearing north west three leagues distant and the island of Potoe south half west two leagues distant. This island lies two leagues to th north north west of the island marked Z in Mr Dairy m pie's chart which we at first took to be part of the Grand Ladrone. It is small and rocky and off the west end there is said to be foul ground though we passed near it without perceiving any In the forenoon of the 2d one of the Chinese contractors who are called compradors went on board the Resolution and sold to Captain Gore two hundred pounds weight of beef together with a considerable quantity of greens oranges and eggs. A proportionable share of these articles was sent to the Discovery and an agreement made with the man to furnish us with a daily supply for which however he insisted on being paid beforehand. Our pilot pretending he could carry the ships no farther Captain Gore was obliged to discharge him and we were left to our own guidance. At two in the afternoon the tide flowing we weighed and worked to windward and at seven anchored in three and a half fathoms of water Alacaw bearing west three miles distant. This situation was indeed very ineligible being exposed to the north east and having shoal water not more than two fathoms and a half deep to leeward but as no nautical description is given in Lord Anson's voyage of the harbour in which the Centurion anchored and Mr Dalrymple's general map which was the only one on board was on too small a scale to serve for our direction the ships were obliged to remain there all night.
In the evening Captain Gore sent me on shore to visit the Portugueze Governor and to request his assistance in procuring refreshments for pur crews which he thought might be done on more reasonable terms than the comprador would undertake to furnish them.
At the same time I took a list of the naval stores of which both vessels were greatly in want with an intention of proceeding immediately to Canton and applying to the servants of the East India Company who were at that time resident there. On my arrival at the citadel the fort major informed me that the governor was sick and not able to see company but that we might be assured of receiving every assistance in their power. This however I understood would be very inconsiderable as they were entirely dependent on the Chinese even for their daily subsistence Indeed the answer returned to the first request. 
I made gave me a sufficient proof of the fallen state of the Portugueze power for on my acquainting the major with my desire of proceeding immediately to Canton he told me that they could not venture to furnish me with a boat till leave was obtained from the Hoppo or officer of the customs and that the application for this purpose must be made to the Chinese government at Canton. The mortification I felt at meeting with this unexpected delay could only be equalled by the extreme impatience with which we had so long waited for an opportunity of receiving intelligence from Europe It often happens that in the eager pur suit of an object we overlook the easiest and most obvious means of attaining it. 
This was actually my case at present for I was returning under great dejection to the ship when the Portugueze officer who attended me asked ine if I did not mean to visit the English gentlemen at Macao. I need not add with what transport I received the information this question conveyed to me nor the anxious hopes and fears the conflict between curiosity and ap prehension which passed in my mind as we walked toward the house of one of our countrymen. (...)

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

The Great Ship from Amacon / O Grande Navio de Amacau


The Great Ship from Amacon: Annals of Macao and the Old Japan Trade, 1555-1640, de C. R. Boxer. 
Edição: Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, Lisboa, 1959.
Estudo de Charles Boxer sobre a história económica do Japão e suas relações com Macau. Inclui a transcrição de numerosos documentos.

Houve uma segunda edição poucos anos depois, em 1963. E ainda em 1988 pelo ICM e em 1989 (versão portuguesa por Manuel Vilarinho) pela Fundação Oriente/Museu e Centro de Estudos Marítimos).
Charles Boxer (1904-2000), foi doutor "honoris causa" pelas mais prestigiadas universidades do mundo e o historiador estrangeiro que mais escreveu sobre os Descobrimentos portugueses. Sem qualquer título académico, começou a carreira de investigador apenas aos 43 anos, já depois de deixar o exército com o posto de major. Publicou livros entre 1926 e 1984.
Em 1988 Charles Boxer estava no território para ser homenageado pelo governador e deu uma entrevista à Revista Macau (nº 12) onde disse que gostaria de morrer em Macau:
“Quando vi Macau pela primeira vez, em 1933, era uma ‘vila pacata’, talvez como uma terra portuguesa semi adormecida no Alto Alentejo, onde muita gente vinha para descansar. Agora, não posso deixar de sentir uma certa nostalgia desse tempo embora saiba que as coisas não podem parar. […] Gostava muito de poder fazer como George Chinnery e morrer aqui, mas nunca fiquei em Macau mais do 10 ou 15 dias seguidos. A curta duração das minhas visitas foi compensada pelas inúmeras vezes que cá tenho vindo e como Macau é bastante pequena deu para ficar a conhecer a cidade bastante bem.”
Curiosamente o seu primeiro trabalho sobre Macau foi escrito em 1926 - "O 24 de Junho, uma façanha dos portugueses" - quando ainda nem tinha ido a Macau. Tinha o posto de tenente e sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa. Este trabalho foi feito originalmente em inglês e seria publicado (a primeira parte) em português logo em Setembro desse ano na edição nº 15 do Boletim Geral das Colónias.
Em baixo o Ex Libris de Charles Boxer.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Descrição da Cidade de Macau por Marco d'Avalo (1638)

Alguns excertos da “Descrição da cidade de MACAOU ou MACCAUW, com as suas fortalezas, peças, negocio e costumes dos habitantes”, escrita por Marco D'Avalo, italiano, em 1638, com apenas oito páginas, tornadas públicas pela primeira vez em 1645 na obra impressa em Amesterdão "Begin ende Voortgangh van de Vereenighde Nederlantsche geochtroyeerde Oost-Indische Compagnie" e incluída por Charles Boxer no livro Macau na Época da Restauração / Macao Three Hundred Years Ago.
Gravura feita por holandeses reproduzida no livro "Begin ende Voortgangh", de 1646, onde se inclui o relato de Marco D'avalo, de que só se conhece o nome e a nacionalidade italiana. Vê-se a Porta do Cerco, igrejas e fortificações. Curiosa, também, a representação da Igreja Mater Dei.
"A cidade de Maccaou ou Maccauw está situada em uma das pequenas ilhas ao longo da costa do excessivamente rico império da China a 20,5 graus de latitude norte. ainda que chamada de ilha encontra-se tão próxima do continente que se pode atravessar a pé por uma pequena tira de terra entre a ilha e a costa chinesa existe uma muralha de  pedra com uma porta. (...) Esta ilha foi oferecida ou garantida aos portugueses pelos mandarins de Canton a fim de que pudessem aí edificar uma cidade, pois que eles primitivamente residiam na ilha de Hanpehoao (Lampacao). (...)
A dita cidade é cercada de fortes muralhas e baluartes e tem três montanhas com fortalezas nos cimos, situadas à maneira d eum triângulo. O principal e mais forte destes castelos é chamado De São Paulo (...) tem 34 canhões todos de bronze o mais pequeno dos quais dispara uma bala de ferro com peso de 34 libras.
Chama-se o segundo dos fortes Nostra Seignora de la Penna de Francia, porque tem dentro uma ermida com este nome. Está guarnecido com «6 pequenas peças, de 6 a 8 libras de balla (...) Desta Hermida descobre o mar da parte de Oeste, e tem hua peça de bronze de seis libras invocada N. Snr.ª de Penha, e correndo a ilha da parte de sudoeste a largo de tiro de peça está a Fortaleza da Barra. (...)
Baluarte de Santiago de la Barra, por onde os navios passam e que é muito bom e forte dando a aparência de ser por si uma pequena cidade quando visto à distância devido às grandes construções e aquartelamento existentes no seu circuito. Existe um reduto no tôpo da montanha que serve de refúgio, aonde há 16 peças pesadas 4 das quais têm bôcas largas para tiros de pedras, enquanto as restantes são de calibre para bala de ferro de 24 libras. Dentro dêste referido baluarte há um outro baluarte mais alto, provido de seis canhões, como os referidos, que têm um alcance muito longo.(...)
Todos os navios e juncos que desejam entrar esta barra ou pôrto têm necessariamente que passar dentro de 3 ou 4 alabardas de distância do forte [c. 6-7 metros] porque os portugueses bloquearam a restante parte do canal a fim de protegerem melhor o local. (...) O capitão deste baluarte é nomeado directamente pelo rei ou em seu nome e o capitão geral da cidade não pode substitui-lo por outro, excepto em caso de negligência manifesta ou então, provisoriamente até que seja recebida a aprovação do Rei.” (...)
Deste último forte recebe a cidade aviso dos navios que se avistam no mar, quer venham do Norte ou do Sul, do Japão ou de Manila, para entrar no seu porto. Logo que se avista qualquer , toca-se o sino na montanha e, segundo as maneiras como for tocado, indica de qual lado eles aparecem. (...)

A cidade de Macau tem cinco conventos dos quais 4 são de frades e 1 de freiras. (...) Há também 3 paróquias.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sabia que...

... o que se conhece hoje por Biblioteca Chinesa (inaugurada em 1948) está num edifício que já existia e foi construído para outro fim? 
O espaço original foi projectado por Chan Kun Pui em 1921 e começou por ser salão de chá/café e sala de jogos e não tinha dois 'pisos' fechados como se pode verificar na imagem de cima. Na primeira versão, tinha um terraço. A estrutura foi alterada quando o edifício foi transformado em biblioteca da Associação Comercial de Macau. Foi o Ho Yin, na altura vice-presidente da Associação Comercial de Macau que comprou o espaço e o transformou em biblioteca. É conhecido em chinês por Pak Kok Ting.

domingo, 9 de setembro de 2018

"Macau Souvenir": 1938

"Macau Souvenir" é o título de uma pequena brochura (19cmx13,5cm) publicada em 1938 pela Comissão de Turismo (impressa na tipografia Mercantil). Tem 23 páginas com cerca de 20 imagens do território com legendas em português, inglês e chinês.