Páginas

quinta-feira, 30 de junho de 2022

The Macanese Diaspora in British Hong Kong

Praya Central, Praya West, Soares Avenue, Rozario Street, são alguns dos topónimos de Hong Kong com origem portuguesa. E tudo começou em Macau...
Em 1842 Hong Kong tornou-se formalmente território britânico, fruto da derrota chinesa na guerra do ópio. Para muitos macaenses residentes numa Macau de meados do século 19, atingida por uma forte crise económica fruto das melhores condições do porto de Victoria, o surgimento da colónia britânica significou a oportunidade para uma nova vida: emprego, melhores carreiras, oportunidades de negócio... 
Até 1872 mais de 1300 macaenses saíram de Macau rumo a Hong Kong e muitos viriam a ter um papel de relevo no estabelecimento de Hong Kong (incluindo na estrutura da administração pública), território que o estadista britânico e mais tarde primeiro-ministro por duas vezes, Henry John Temple - Lord Palmerston (1784-1865), classificou no parlamento londrino como uma "rocha estéril", transformando-o  numa pujante e vibrante cidade portuária multicultural. 
É de tudo isto que Catherine S. Chan fala no livro editado em 2021 pela Amsterdam University Press: "The Macanese Diaspora in British Hong Kong: A Century of Transimperial Drifting" / "A diáspora macaense na Hong Kong britânica: um século de deriva transimperial"
Editor sinopsis
Diaspora transformed the urban terrain of colonial societies, creating polyglot worlds out of neighborhoods, workplaces, recreational clubs, and public spheres. It was within these spaces that communities reimagined and reshaped their public identities vis-à-vis emerging government policies and perceptions from other communities. Through a century of Macanese activities in British Hong Kong, The Macanese Diaspora in British Hong Kong: A Century of Transimperial Drifting explores how mixed-race diasporic communities survived within unequal, racialized, and biased systems beyond the colonizer-colonized dichotomy. Originating from Portuguese Macau yet living outside the control of the empire, the Macanese freely associated with more than one identity and pledged allegiance to multiple communal, political, and civic affiliations. 

Sinopse do editor
A diáspora transformou o terreno urbano das sociedades coloniais, criando mundos poliglotas de bairros, locais de trabalho, clubes recreativos e esferas públicas. Foi dentro desses espaços que as comunidades reinventaram e remodelaram suas identidades públicas vis-à-vis políticas governamentais emergentes e percepções de outras comunidades. Através de um século de atividades macaenses na Hong Kong britânica, The Macanese Diaspora in British Hong Kong: A Century of Transimperial Drifting explora como as comunidades da diáspora mestiça sobreviveram dentro de sistemas desiguais, racializados e tendenciosos além da dicotomia colonizador-colonizado. Originários do Macau português, mas vivendo fora do domínio do império, os macaenses associavam-se livremente a mais de uma identidade e juravam fidelidade a múltiplas afiliações comunais, políticas e cívicas. 
Fundado em 1866 o Club Lusitano ainda existe
About the Auhor
Catherine S. Chan acquired her PhD in History at the University of Bristol. She is currently an Assistant Professor of History at the University of Macau where she works on the social and urban histories of Macau and Hong Kong, as well as the Macanese diaspora. She has also done research on heritage issues in East and Southeast Asia. Her recent project concerns greyhound racing, the city and animal welfare in twentieth-century Macau.

Sobre o Autor
Catherine S. Chan é doutorada em pela Universidade de Bristol. Actualmente é Professora Auxiliar de História na Universidade de Macau onde trabalha as histórias sociais e urbanas de Macau e Hong Kong, bem como a diáspora macaense. Ela também fez pesquisas sobre questões patrimoniais no leste e sudeste da Ásia. O seu projecto mais recente diz respeito às corridas de galgos, à cidade e ao bem-estar animal na Macau do século XX.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

"Kanonenboot Macau"

O termo "cromos" deriva da técnica de impressão a cores designada cromolitografia, inventada em 1837 em Inglaterra. As fábricas de tabaco e de chocolates foram das primeiras a oferecer estes brindes aos clientes juntamente com a venda dos produtos.

As primeiras duas imagens deste post correspondem ao Cromo nº 199 (6x4cm) feito em Berlim, Alemanha, pela empresa de tabaco Saba Schiffsbilder em 1931-33.
O cromo foi impresso a cores em papel. Na parte da frente surge uma ilustração da Lancha-Canhoneira "Macau" e da bandeira de Portugal; no verso tem uma descrição muito detalhada do navio, em língua alemã.
Fazia parte da colecção "Embarcações do Mundo" dividida em várias séries (A a G). Este cromo pertence à série D (Kanonenboote/canhoneiras). Ao todo eram 252 cromos.
Collectible trading card (6x4cm) made in Berlin, Germany, by the tobacco company Saba Schiffsbilder in 1931-33.
The card is printed on cardboard, gold rimmed. The back of the card has a very detailed description of the ship in german language. 
Capa da caderneta e cromos de "cruzadores" e "canhoneiras"
Tecnicamente, a "Macau" - ao serviço da Marinha portuguesa entre 1910 e 1943 - era uma "lancha-canhoneira". Ou seja, um navio com um deslocamento de até 135 toneladas, 35 metros de comprimento, velocidade e calado reduzidos. Este tipo de navios era utilizado na patrulha e fiscalização fluvial, estando dotados de uma ou duas peças de artilharia (canhões, daí o nome...) de pequeno calibre e metralhadoras.
As canhoneiras eram navios maiores /600 a 700 toneladas), 60 metros de comprimento e uma velocidade de cerca de 17 nós (31 km/h). Estavam também armados com uma ou duas peças de artilharia, sendo usadas em funções de patrulha e fiscalização das zonas costeiras.

terça-feira, 28 de junho de 2022

"Selden Map of China"

O denominado "Selden Map of China" é um mapa do final do século 16/início do século 17 que mostra as rotas de comércio marítimo na Ásia. Aliás o nome em chinês é 東西洋航海圖 (Dongxi yang hanghai tu: "Navigation Chart of the Eastern and Western Oceans" / "Cartas Naúticas Orientais e Ocidentais".
À primeira vista, parece uma pintura de paisagem chinesa com anotações muito detalhadas em chinês de assentos administrativos na dinastia Ming na China e cidades e portos na Ásia. 

O mapa (198x56cm) chegou à biblioteca Bodleian Library (Universidade de Oxford) em 1659 e recebeu o nome de John Selden, um proeminente advogado londrino que o doou à biblioteca após a sua morte em 1654. Era um entre os mais de 8 mil artigos doados.
O mapa seria 'redescoberto' em 2008 pelo historiador Robert Batchelor com a ajuda do bibliotecário David Helliwell tendo a partir de então surgido muito interesse pela pesquisa da história e interpretação do mapa, sendo motivo de vários livros.
Estamos perante muito provavelmente um mapa desenhado a tinta e aquarela sobre papel comissariado por um rico comerciante chinês.
Uma curiosidade evidente é que, ao contrário do habitual nesta época, a China não é o motivo central do mapa.
No continente a província de Fujian e em frente Taiwan

Apesar do título, na verdade não é apenas um mapa da China, mas de todo o leste e sudeste da Ásia. A China ocupa menos da metade da área do mapa que está centrado no Mar da China Meridional, com uma área igual representando as Filipinas, Bornéu, Java, Sumatra, Sudeste Asiático até à Índia. Tem ainda a Coreia, o Japão, o reino do Sião (Tailândia), a grande muralha, Camboja, Vietname, etc...
Localização de Macau. 
A capital da província, Guangzhou, é apresentada em destaque.

As rotas de navegação representadas emanam de um ponto da província de Fujian perto das cidades de Quanzhou e Zhangzhou, a partir do qual uma rota principal vai para nordeste em direção a Nagasaki e sudoeste em direção a Hoi An e depois para Pahang com outra rota passando por Penghu em direção a um ponto noroeste de Manila (Filipinas).
Macau fica localizado na intersecção da rota costeira oeste-leste com a rota oriunda das Filipinas.
O mapa com as rotas destacadas.

Nota: Todas as imagens são da Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Austin Healey Sprite: M-19-26

"Integrei, como Alferes Miliciano, a CCAÇ 5040, última força militar expedicionária em Macau, desde Janeiro de 1973 a Setembro de 1974, sedeada 
no Quartel da Ilha Verde, posteriormente destacado para o Esquadrão de Cavalaria 4, instalado no Quartel da Flora.
Tendo esta Companhia e a destacada para a Ilha de Coloane viajado no Navio 'TIMOR', contudo, o regresso a Lisboa processou-se por via aérea. 
Enquanto prestei serviço militar em Macau, adquiri a um Camarada que aí me antecedeu, um pequeno veículo desportivo de origem inglesa, que acabei por recuperar, no caso, um Austin Healey Sprite, com a matrícula M-19-26.
Confrontado com o abreviamento da Comissão militar, na sequência da Revolução de 25 de Abril, vendi o referido veículo, em Setembro de 1974, ao 1º Cabo Silva, originário de Macau e a prestar serviço militar no EC4, situado no Quartel da Flora. 
Tendo já pesquisado através da matrícula do veículo, obtive a informação de que o M-19-26 correspondia a uma viatura Toyota, que, entretanto, fora já abatida.
Persistindo alguns indícios de que o meu antigo veículo possa já não existir ou ter saído de Macau, muito lhe agradeço que tente averiguar o seu actual paradeiro."
Luís M.C.V. de Lemos
Fica aqui lançado o desafio para os leitores do blogue que possam ter informações sobre o 'paradeiro' do Austin Healey Sprite M-19-26 para entrarem em contacto
Regressando às memórias de Luís Lemos que no início de 1973 adquiriu o carro desportivo de dois lugares a outro militar...
"O carro tinha vindo a passar de mão-em-mão, conforme as comissões militares se iam  sucedendo, mudando de proprietário com frequência. (...)
Como é evidente, o carro tinha muito uso e o motor acabou por dar problemas alguns meses depois. (...) Optei pela reparação nas mãos de mecânico militar experiente, nas horas de folga, tendo as peças sido importadas de Hong Kong. (...)
Como se compreende, o automóvel não ficou novo, mas ganhou uma nova vida! (...)
Tratava-se de um exemplar de 1959, importado de Inglaterra e hoje lamento não o ter conservado em meu poder. 
Com efeito, as sensações de condução que proporcionava faziam-nos esquecer os modestos 948 cc do seu motor, não obstante os dois carburadores que o equipavam."
PS: na grelha frontal parece-me estar o símbolo do ACP.

domingo, 26 de junho de 2022

"1622 Battle of Macau”, de Konstantin Bessmertny

Para encerrar uma série de posts dedicados aos 400 anos da Batalha de Macau, escolhi uma pintura da autoria de Konstantin Bessmertny - artista russo radicado em Macau há mais de 20 anos - com o título "1622 Battle of Macau". Vejamos o contexto desta batalha...
Ansiosos para controlar o lucrativo comércio entre a China e o Japão dominado pelos portugueses a partir de Macau, no início do século XVII, os holandeses fizeram várias tentativas para invadir Macau em 1601, 1603 e 1607.
Os esforços culminaram com uma invasão em grande escala entre os dias 22 e 24 de Junho de 1622. Dezenas de embarcações dispararam sobre vários alvos em terra e cerca de 800 soldados (sobretudo holandeses mas também japoneses) desembarcaram na praia de Cacilhas.
Em número bastante inferior mas mal armadas e nalguns casos desarmados, uma combinação de soldados portugueses, macaenses, frades dominicanos, padres jesuítas, civis e escravos negros defendeu Macau dos invasores.
Após enfrentar uma resistência inicial, a força holandesa marchou da praia de Cacilhas em direção ao que conhece hoje por Jardim da Vitória (devido à batalha), um descampado onde os holandeses ficaram expostos e ao alcance dos poucos canhões estacionados na Fortaleza do Monte que ainda estava em construção. 
Foi dali que o padre jesuíta Jerónimo Rho fez um disparo que atingiu um barril de pólvora do inimigo causando muitas vítimas e mudando por completamente o rumo dos acontecimentos.
Com poucas munições - devido às sucessivas explosões da pólvora armazenada - e pesadas perdas, as tropas inimigas acabaram por bater em retirada.
Estima-se que cerca de 300 holandeses morreram e apenas um punhado de mortos no lado português.
Com o assentamento de Macau muito recente (1557) este episódio viria a ter um papel decisivo no futuro do território. Estava criado o argumento para iniciar a construção de uma série de fortificações, algo que até então as autoridades chinesas proibiam. A Fortaleza da Guia, por exemplo, seria a primeira nova construção.

Pintura intitulada "1622 Battle of Macau” da autoria de Konstantin Bessmertny. 
 Ao fundo Macau no início do século 17 numa perspectiva da baía da Praia Grande. 

A primeira versão dos acontecimentos, da parte vitoriosa, foi publicada no primeiro aniversário da batalha, em 1623. Intitulava-se "Summa victoria lusitanorum in urbe Amachao contra hereticos Hollandas" e foi escrita pedro padre jesuíta Jerónimo Rodrigues.
Seria traduzida nesse mesmo ano para espanhol - Portugal esteve sob domínio da dinastia filipina entre 1580 e 1640 - com o título "Relacion de la victoria que los Portugueses alcançarom em la ciudad de Macao contra los Olandeses no dia de San Juan Baptista deste anno de 1622."

sábado, 25 de junho de 2022

O Padre Rho: disparo milagroso ou científico?

Em mais um post que evoca os 400 anos passados sobre a derrota dos holandeses na tentativa de invasão e ocupação de Macau, escolhi falar do Padre Giacomo Rhó, tido como o autor do disparo - da ainda inacabada Fortaleza do Monte* - da bala de canhão que deitou por terra as pretensões holandesas ao atingir um barril de pólvora do inimigo - cujos navios estavam ancorados entre a zona de S. Francisco e a praia de Cacilhas - sucedendo-se inúmeras explosões já que outros barris se seguiram.
Giacomo Rho S.J. (1598-1638), padre jesuíta italiano, acabado de chagar a Macau em 1622, oriundo de Goa, ficou para a história ficou como tendo sido guiado por intervenção divina.  Teve ainda o auxílio de outro padre, o espanhol Burri. Mas na verdade ele era matemático e astrónomo, conhecimentos que por certo ajudaram e lhe deram alguma experiência na ciência dos projécteis o que acabaria por se revelar muito útil no uso da artilharia na defesa de Macau. Recorde-se que na época não era incomum que os padres estivessem envolvidos de forma activa nas artes da guerra
Herói da denominada Batalha de Macau, o padre Rho - de nome chinês Luo Yagu (羅雅谷)  - tornou-se proficiente na língua chinesa e foi convocado para a corte imperial em Pequim, onde trabalhou para o imperador na elaboração do calendário chinês, de 1631 até sua morte em Pequim em 1638. 
Ele e outro padre jesuíta alemão, Johann Adam Schall von Bell (numa ilustração acima do séc. 17, e que também participou na Batalha de Macau), radicado em Pequim desde 1630, recorreram à matemática moderna para reformar o calendário astronómico chinês. Treinaram o Conselho de Matemática da Corte Imperial em astronomia, aritmética, geometria, tendo para o efeito combatido as superstições chinesas tradicionais e a desconfiança em relação à ciência europeia.
São apenas dois exemplos numa época de ouro para os missionários jesuítas na China, sendo amplamente respeitados na corte imperial de Pequim e com várias obras publicadas.
Sugestão de leitura:
"Las Varillas de Napier en China. Giacomo Rho, S. J. (1592-1638) y su trabajo como matemático y astrónomo en Beijing", de José Antonio Cervera Jiménez, México, 2007
* só ficou pronta em 1626

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Cartaz "400 Anos da Batalha de Macau: 1622-2022"

Cartaz da autoria do designer macaense, Victor Marreiros, lançado pelo IIM, para assinalar os 400 anos da "Batalha de Macau" e da vitória sobre os holandeses a 24 de Junho de 1622. O cartaz comemorativo foi feito em chinês e em português.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

A vitória sobre os holandeses em 1622

A 24 de Junho de 1622 - há 400 anos - os invaso­res holandeses foram repelidos e derrotados em mais uma tentativa de invasão (a primeira foi em 1601), abandonando de vez as intenções de tomar o controlo de Macau. Ambicionavam o lucro do co­mércio com o Japão que dependia da quantidade de seda chinesa dis­ponível, e cujo monopólio Macau detinha.
A armada holandesa (14 navios) chegou no dia 21. Os bombardeamentos começaram a 23 e a batalha/invasão terminaria a 24, dia de São João Bap­tista. O investigador Austin Coates relatou assim os acontecimentos.
Ilustração da invasão da autoria de Johan Nieuhof datada de 1665.


(…) a escassa população de Ma­cau – leigos e clérigos, homens livres e escravos – ergueu-se para a defender. Os Jesuítas rapida­mente desalojaram os canhões dos seus postigos originais, po­sicionando-os ao longo da mu­ralha norte do seu seminário-for­taleza. Refira-se a propósito que os padres jesuítas eram peritos em balística, habituados que es­tavam a lidar com a corte de Pe­quim (…).
Neste embate brutal era grande a escassez de armas e homens que as manejassem, especial­mente numa ocasião em que a defesa mais eficaz residia na in­tensidade e na frequência do fogo de artilharia. Mas tal deficiência veio a ser compensada pela pon­taria certeira de um padre-sol­dado. De facto, quando o inimigo se acercava já do sopé do Monte, o padre Rho começou a disparar o seu canhão, cujas balas caíram certeiras sobre os carroções que transportavam a pólvora da força holandesa, que rebentaram com estrondosa explosão. (…)
O grito de batalha lusitano, “Por Sant’Iago!”, brotou a certa altura de um qualquer peito, sendo um segundo depois gritado em unís­sono por todas as gargantas, como em uníssono avançou a multidão, inspirada por uma força comum, caindo de todos os lados sobre o invasor holandês. (…) A coberto da mais intensa fuzilaria, a vanguarda portuguesa enfren­tava já o inimigo em luta corpo a corpo. (…) O comandante da força invasora foi o primeiro a cair, após o que o resto das tropas holandesas, perdendo de vista o seu líder, vacilaram por completo. Momentos depois, tomados de pânico, batiam em retirada, des­fazendo-se das armas, acossados pelos macaenses, que os perse­guiam pelos campos trespas­sando com as espadas tantos quantos podiam. Uma mulher afri­cana, vestida de homem, matou dois deles com uma forquilha."

O dia da vitória sobre os holandeses viria a tornar-se o Dia de Macau sendo feriado até ao ano de 1999. Actualmente ainda existem várias 'marcas' que assinalam a data.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Início do ataque holandês há 400 anos

Depois das tentativas em 1601, 1603 e 1607, a 22 de Junho de 1622 tinha início a primeira tentativa real dos holandeses invadirem Macau procurando com isso passar a dominar o comércio da rota do Japão na altura dominado pelos portugueses.
Nesse dia, há 400 anos, apareceu ao largo de Macau uma armada holandesa composta por mais de uma dezena de navios auxiliada por duas embarcações inglesas.
Era o início de uma batalha que iria durar três dias e que no final seria ganha pelas forças portuguesas apesar de se apresentarem em número muito inferior face aos invasores.
Uma ilustração da batalha feita já por volta de 1665 por Jan Nieuhoff

terça-feira, 21 de junho de 2022

Der erste Stützpunkt europäischen Handels in China

Da autoria de Maximilian Kutschera (1851-1927) que foi vice-cônsul do império Austro-Húngaro em Hong Kong. Max defende no livro que não obstante a proximidade de Hong Kong, Macau continuaria a ter um importante papel em termos económicos na região. O território administrado pelos britânicos tinha na altura pouco mais de meio século de existência e uma pujança económica que provocara efeitos adversos na economia de Macau.
Macau Der erste Stützpunkt europäischen Handels in China
Macau A primeira base do comércio europeu na China
Livro de 69 páginas em alemão. Editado em 1900. 

segunda-feira, 20 de junho de 2022

O Oriente Portuguez

Criado a 26 de Abril de 1892 "O Oriente Portuguez - Semanário Dedicado aos interesses portuguezes da China e Oceania" tinha 4 páginas. A redacção ficava no nº 1 da Rua dos Prazeres e o administrador era A. V. da Silva. Durou até 1894.
Este título concorria com outro, "O Macaense"
Esta rua deixou de existir com este nome na década de 1950 passando a chamar-se Rua da Imprensa NacionalActualmente existe ainda a Travessa dos Prazeres.
Algumas das notícias das primeiras edições

sábado, 18 de junho de 2022

"Pinga" na escadaria das Ruínas de S. Paulo

A fotografia é uma das imagens de marca de Macau até à década de 1960. Uma mulher transporta o que parece ser uma carga de troncos de madeira nas escadaria que dá acesso à fachada da antiga igreja Mater Dei (ruínas de S. Paulo).
Pinga: sistema de transportar objectos suspensos de um varal(de bambú) foi muito comum na Ásia incluindo Macau. Segundo os especialistas a palavra deriva do termo malaio "pungah"
Numa edição de 1978 da Revista Portuguesa de Filologia pode ler-se: "Varal das antigas cadeirinhas ou palanquins , o qual se apoiava no ombro dos cules ou carregadores."

sexta-feira, 17 de junho de 2022

"Kanton und Kantonstrom"

Mapa de origem alemã datado de 1898 cuja tradução é "Mapa de Cantão e do Rio Cantão"
Curiosidade: A legenda "Macao" surge na ilha de "Hong Schan" e também na península que corresponde efectivamente a "Macao" a que é acrescentada a designação "Port", referência a Portugal.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Fotografias da Praia Grande: 1860 a 1870

Esta primeira fotografia da autoria de Lai Fong/Afong (1838-1890) é anterior a 1865 já que ainda não se vê o Farol da Guia inaugurado nesse ano. O registo foi efectuado no jardim da residência do norte-americano James Bridges Endicott (1814-1870) localizada na colina da Penha.
Foi em Macau que Endicott viveu a maior parte dos 35 anos que esteve na Ásia. Primeiro como comerciante na empresa Russel Co. (Cantão e Macau) e depois na marinha mercante e construção naval tendo sido proprietário de várias embarcações e director da empresa Hong Kong and Whampoa Dock Co. fundada em 1863. 
J. B. Endicott morreu em Hong Kong em 1870 e está lá enterrado embora exista uma placa memorial no cemitério protestante de Macau.
Nesta foto da autoria de John Thomson tirada no mesmo local, pode ver-se o Grémio Militar em construção pelo que a foto é de 1868/69. O Grémio ficou pronto em 1870.
De ca. de 1870 nesta foto da autoria de Lai Fong/Afong já se pode ver concluído o edifício do Grémio Militar. Com estúdio em Hong Kong este conceituado fotógrafo chinês voltaria a Macau em 1874 para testemunhar os efeitos to tufão que assolou o território nesse ano. 

Curiosidade:
"No dia 23 do corrente mez (Outubro 1866) uma commissão de cavalheiros estrangeiros residentes em Macau presidida por Mr HD Margesson visitou a S Exa o conselheiro Amaral com o fim de se despedir de S Exa louvando os seus bons serviços em prol d'este paiz. Como testemunho de apreço do caracter recto e justo de S Exa os mesmos cavalheiros lhe offereceram uma miniatura trabalhada em prata da torre farol que S Exa fez erigir na fortalesa da Guia. Mr Margesson leu e entregou a S Exa o seguinte adresse que publicamos a pedido d'este cavalheiro e dos mais que fizeram parte do committé." 
Entre os membros do comité estava J. B. Endicott. O Governador era José Rodrigues Coelho do Amaral.
O excerto é retirado do "Boletim do Governo de Macau" de 29 de Outubro de 1866.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Frei José Jesus Maria

Foi sobretudo com base na documentação da biblioteca do Leal Senado que frei José de Jesus Maria obteve a maior parte da informação com a qual elaborou "desde o anno de 1740 athé 1745" a que viria a ser a importante obra intitulada Azia Sinica e Japonica. Escrevi "viria" porque a obra só veria a luz do dia muitos anos depois e graças a um 'milagre'. 
Perdida durante décadas foi João Feliciano Pereira quem a encontrou no ano de 1889, em forma de manuscrito de 351 páginas de texto, frontispício e índice.
Capa da edição de 1941 coordenada por Charles Boxer.

Entre os vários motivos de interesse do livro contam-se os documentos dos códices mais antigos do velho núcleo do Leal Senado, que as intempéries e os bichos destruíram, mas a que o autor ainda teve acesso. Nesta edição que conta com notas de Marques Pereira, Charles Boxer e José Maria Braga são apontados alguns erros.

Alguns excertos:
"No anno de 1727 se vio bem embrulhada esta cidade de dezunions entre as justiças, querendo não menos que prender hum ouvidor [Moreira de Sousa] de El-Rey: entrava também o Cappitão Geral [Moniz Barreto] nestas tratadas; que como havia parcialidades [como ainda hoje] logo se havião suscitar desordens e contendas: o Embaixador [Metelo de Sousa] que ahinda aqui se achava quiz com o seu respeito e prudência serenar esta tormenta, mostrando com sua douta litteratura o que podião e não podião fazer; pois que regulados não pellas leis, que ignorão, mas so pellos dictames da vontade e subornos de empenhos, sempre fazendo ao direito torto, obrarão o que quizerão. Com effeito se modificou na prezença o facto, por attenção ao respeito; e obzequiando ao Embaixador que estava quasi de partida, lhe pedirão reprezentasse a El-Rey o mizeravel estado desta pobre cidade, propondo lhe as violências que na alfandega de Goa se faziam aos navios desta terra, pedindo lhe as viagens livres, e licença para cada anno poder hir hum navio ao Rio de Janeiro, e isto por pauta, intereçando se nelle todos os moradores".

No ano de 1745 a sociedade macaense era constituída por "Portuguezes, mistiços, nhons, malaios, canarins, timores, moçambiques, malavares, mouros, cafres e outras naçoens de que este todo se compoem, como também de alguns estrangeiros que aqui rezidem, e aqui cazarão francezes, inglezes, etc., não chegão todos a quatro mil" (...)com pouca difrença oito mil chinas, dos quais, me dizem, que só couza de 40 são cristãos".
(...) "nesta cidade de católicos e dentro das portas deste cerco quatro ou cinco pagodes em que vão adorar os seus ídolos. (...) procissões, comédias e diabólicos festins, não falando já no horrível estrépito de boticas que lhe sofrem nas ocasiões de lua, e muito mais na do seu ano novo, que parece isto um inferno com estrondos, desconcertadas vozes e desentoados instrumentos".
A igreja Mater Dei (antes do último incêndio de 1835).
Pintura de presumivelmente um artista macaense.
Espólio do Museu de Arte de Hong Kong.

Para o autor, escrevendo no século 18, o destino de Macau estava "irremediavelmente perdido" por via das "discórdias, bulhas, pendências e mortes por bebedices, principalmente de gente ordinária e cafre como hoje se está vendo e a cidade o paga". A história viria a provar o contrário.

terça-feira, 14 de junho de 2022

António Correia: 1949-2022

António Correia, o advogado que fundou, juntamente com Rui Cunha, o escritório C&C advogados, em Macau, morreu ontem em Lisboa aos 73 anos. 
António Correia viveu quase 20 anos no território, onde também foi deputado à Assembleia Legislativa entre os anos de 1992 e 1996.
Quando regressou a Portugal, ainda no período da Administração portuguesa, António Correia manteve ligações a Macau, onde também foi colaborador de vários meios de comunicação social e escritor de prosa e poesia.
A actividade profissional de António Correia começou na área da banca, em 1972, no Banco de Angola, tendo ido para Macau a convite do já extinto banco Totta&Açores. Mais tarde enveredou pela advocacia, tendo fundado um escritório próprio e desenvolvido actividade como notário privado. Em 1991 seria nomeado membro do Conselho Consultivo do Governo.
Os projectos profissionais que desenvolveu ao longo da vida mereceram o reconhecimento, em 2000, do então Presidente da República Jorge Sampaio, que lhe atribuiu a Ordem de Mérito, no grau de Grande Oficial. 
António Correia era natural de Resende, no distrito de Viseu, tendo chegado a Macau, pela primeira vez, em 1980.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Dos primeiros estabelecimentos portuguezes na China e especialmente em Macau

Dos primeiros estabelecimentos portuguezes na China e especialmente em Macau

No anno de 1542 já tinham os portuguezes um estabelecimento consideravel na China a que deram o nome de cidade de Niampó ou Liampó na costa oriental do imperio a 30 graus N. Em 1549 fundaram outro estabelecimento em ChimChée e ultimamente vierâo a fundar o de Macâo, na ponta do sul da ilha de Gaoxam (ou Yanxan) em 1557.
Em 1557 a requerimento dos proprios chinas, segundo escrevem os nossos autores, alcançaram dos mandarins de Cantão licença para commerciarem em Macau ficando todavia inhibidos de se alargarem pelos demais portos do imperio concedendo se lhes a faculdade de irem ás feiras de Cantão. 
Em 1583 e 1585 alcançaram os portuguezes estabelecidos em Macau licença do vice rei de Cantão com autoridade do imperador para entre si administrarem justiça aos seus e em 1587 tiveram licença do dito vice rei Chin sung para o mesmo effeito sendo já tão sensivel o augmento e riqueza da colonia portugueza que os nossos lhe pozeram o nome de cidade do Nome de Deus de Macau.
Estas diversas concessões dos chinas feitas aos portuguezes constam de uns documentos a que chamam Chapas de que possuo algumas copias na minha collecção diplomatica bem como das que existem gravadas em uma lapida nas casas da camara de Macau as quaes me foram dadas pelo coronel Lucas José de Alvarenga que foi governador da mesma colonia.
Sinto não ter aqui estes documentos que poriam talvez em melhor luz a natureza das concessões que nos foram feitas pelos chinas porém se bem me recordo não havia entre ellas nenhuma que delatasse de um modo formal e positivo que os chinas houvessem concedido aquelle territorio á corôa de Portugal. Todavia outros documentos de que em seu tempo farei menção parecem demonstrar que os proprios chinas consideram Macau como uma cidade independente e fóra do dominio territorial do imperio
Das noticias que possuimos acerca do nosso estabelecimento em Macau resulta o conhecimento de que não estamos de posse d aquella cidade e territorio por direito de conquista porque se assim fôra não pagaria a dita cidade imposto territorial ao imperador no principio de cada anno. Não se pode affirmar que seja tão pouco uma colonia com todos aquelles requisitos que a constituem tal nem tambem uma doação feita pelos chinas aos portuguezes por isso que até agora não nos consta que se tenha feito convenção de soberano a soberano ou de governo a governo a este respeito.
O que se colhe de mais positivo do exame das noções que temos é que o estabelecimento portuguez de Macau é uma continuada concessão dos chinas aos nossos mercadores que alli residem. (...)
in Memoria sobre o estabelecimento de Macau: escripta pelo visconde de Santarem (...), Lisboa,1879

domingo, 12 de junho de 2022

Sciences et Voyages: 19 Julho 1934

A edição nº 777 da revista "Sciences et voyages" publicada a 19 Julho de 1934 tem na capa uma imagem de Macau - juncos, sampanas e tancares num porto de abrigo - e o título "A Macao, Terre Portugaise de Chine" / "Em Macau, Terra Portuguesa na China".
No interior está um artigo da autoria de Christian de Caters intitulado: "Macao, terre portugaise de Chine ou l’on fabrique pétards, allumettes et bâtonnets d’encens"
"Macau, terra portuguesa na China onde são feitos fogos de artifício (panchões), fósforos e paus de incenso". 
E assim era, só faltou a referência à pesca que era também uma actividade económico muito importante no território.
Curiosidade: Caters traduziu em 1944 a obra "As Pupilas do Senhor Reitor", de Júlio Dinis.

sábado, 11 de junho de 2022

Restaurante / Casa de Chá Xing Xiang no Largo da Caldeira

Desde os primórdios e até à década de 1960, o Porto Interior foi a porta marítima de entrada e saída de Macau. Em baixo uma vista parcial de uma mapa da década de 1920/30 onde estão assinaladas a "Ponte dos vapores da carreira de Cantão", a "Ponte da carreira de Cantão" e a "Ponte da Carreira de Hong Kong".
Entre as actuais pontes-cais nºs 12 e 16 ficavam localizadas as "pontes das carreiras dos vapores" que faziam a ligação marítima com Hong Kong e Cantão. A zona era em tempos remotos conhecida por Largo da Caldeira, um topónimo que deixou de existir.
No meio náutico Caldeira é uma "espécie de doca para embarcações pequenas". Ou seja, uma pequena enseada que pode ser vista em mapas antigos - veja-se um exemplo abaixo num documento do século 18. 
Existiam várias 'caldeiras' ao longo do Porto Interior, até pequenas praias, e que desapareceram com os aterros feitos ao longo da segunda metade do século 19. Aliás, estes dois postais ilustrados - um a cores e outro a preto e branco, publicados em Hong Kong por M. Sternberg - nos primeiros anos do século 20 já mostram o resultado desses aterros e não as enseadas.

Sendo a zona mais movimentada da cidade era aqui que ficam por exemplo, alguns hotéis e também um restaurante/casa de chá muito conceituado denominado Xing Xiang Cha Lou - 杏香茶樓. É o edifício que está ao centro da imagem acima da década de 1870
Em alguns postais ilustrados desta zona da cidade surge a legenda "Praya of Macao". Foi também neste largo que funcionou durante muitos anos o estúdio de fotografia de Man Fook: ficava no piso superior da primeira arcada do edifício do lado direito.
Na mesma imagem ainda se pode ver de forma parcial uma torre prestamista - demolida após um incêndio no ano 2000 - localizada na Travessa das Virtudes.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

"The city of Macao is interesting in various ways"

Duas fotografias, uma da Praia Grande e outra da Gruta de Camões, ilustram este artigo que seleccionei para assinalar o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas". 
Foi publicado em Janeiro de 1918 num jornal dos EUA. Numa altura em que a Europa ainda estava em guerra, os turistas norte-americanos viajavam sobretudo para o Oriente e muitas das vezes passavam por Macau.
In these years of war when Europe is closed to the tourist, thousands of American travelers are turning to the Orient, and most of those who reach the coast of Asia get a glimpse at least of the oldest foreign colony In China. This is the Portuguese colony of Macao, at the western entrance of the Canton river and only 40 miles from Hongkong, the great British base. Macao is perched on a peninsula which Is itself a part of the Island of Hlangshan, separated from the mainland by a narrow arm of water. It was occupied by the Portuguese In 1557 and has been held ever since by that once great maritime nation. For nearly three hundred years the Portuguese paid ground rent to China for the colony, and in 1887 the sovereignty of Portugal was recognized by China. But the extent of the territory has never been settled, for China has always disputed the right of the Portuguese to the Islands of Taipa and Kolowan and to the coastal waters. Commissioners were named in 1909 for the dellmlnatlon of the boundaries, but they could not reach an agreement. 
The city of Macao is interesting in various ways and, despite its age, much of it is well built and not unhandsome. Along its curving water front, known as the Praya Grande, is a long row of fine residences and other buildings. Among the most imposing of these is the three-story house of Ah Fong, the Chinese millionaire, who lived in Honolulu for so many years and, after marrying his beautiful daughters to naval officers, departed with all his wealth to his mother country. Several miles inland is Ah Fong’s birthplace, the village of Wong-rao-sl, and there he has created a magnificent estate which Is his favorite place of abode In his old age. 
San Paulo and Camoens’ Grotto. 
In the most ancient part of the city are the ruins of San Paulo church. This was the collegiate church of the Jesuits and dates from the sixteenth century. In 1835 It was destroyed by fire, but Its great front wall still stands. There Is also an old castle that Is worth seeing, and several Portuguese forts that are garrisoned In ordinary times by 500 soldiers, and visitors of a commercial bent will wish to Inspect the cotton, canning and oil factories and the brick and cement works that, aside from fishing, comprise the chief industries of the place. 
To the literary tourist the place of most Interest In Macao Is the grotto of Camoens. The author of the Lusiad, the epic poem of Portugal, when he was banished from Lisbon In 1547 because of a love affair, first fought against the Moorish pirates on the Barbary coast and then, after being pardoned and again banished, betook himself to Macao and took up his residence In a house with a beautiful garden. There, In a rocky grotto, he composed the latter part of his great epic, and In the same recess now stands a bust of the poet who did so much for the literature and language of his country. 
Its Gambling Houses. 
If you say Macao to the ordinary globe trotter or the sailor whose voyages take him to the Orient, the name means chiefly a place where he can gamble, for the city Is one of the few places where the goddess of chance may still be wooed with the sanction of the law. 
Gambling licenses and opium supply the greater part of the colony’s revenues, and such a sign as “FirstClass Gambling House” is frequent on the main street. Naturally, one result of this Is that Macao swarms with lawless characters from all parts of the world and deeds of violence are rather frequent. The gambling dens are conducted by Chinamen, and fan-tan is the game usually played. It is apparently the simplest of all games, and one at which It should be Impossible to cheat. A sheet is spread on a table or on the floor, and the banker sits with a bowl full of copper coins in front of him. These he counts out by fours, and the gamblers stake their money on there being three, two, one or none remaining at the end In the bowl. Chinamen with a practised eye can tell while there are still a great heap of the coins In the bowl how this final counting will result, and the banker has probably a keener eye than any of the Chinese gamblers, and has seen before them what the count will be.
Some of the copper coins are really three coins Joined together, and a blow from the stick with which the banker counts out the coins will turn one coin into fwo or three if required. To counteract the possibility of the banker not being too honest, Europeans who gamble in large sums put their notes into envelopes before they throw them down on the divisions of the sheet. A man can back all four numbers if he will, one envelope containing notes for hundreds of dollars, while the others may each contain a note for a small sum. The banker, however very often guesses In which envelope is the big sum of money, and the division on which It Is laid Is not very likely to be the one to win.
Newcastle News (EUA), 16.1.1918

quinta-feira, 9 de junho de 2022

"Your Trip to Macau"

 










Guia turístico em português, inglês, chinês e japonês editado em 1967. Desdobrável com mapa de Macau e principais pontos de interesse turístico, da agência de viagens Estoril Tours - da STDM - criada em 1965.